No dia 2 de julho de 2008, há
exatos dez anos, o Cinemaniac nascia como um projeto despretensioso de um
então estudante de Jornalismo fã da Sétima Arte. Uma janela para expor as
minhas opiniões cinéfilas enquanto aprimorava o meu (problemático) texto. Sim,
escrever é difícil! Mesmo com a prática conquistada após mais de 430 críticas
postadas, ainda hoje peno para traduzir em palavras as minhas impressões sobre um
filme. As vezes as frases vêm com extrema facilidade. Em outros casos elas
custam para ganhar forma. Um esforço recompensado no momento em que aperto o botão
publicar. Ao longo dos últimos dez anos, aliás, fiz questão de manter esta
proposta pessoal, de não me preocupar muito com números, ou com o potencial
retorno financeiro. Uma expectativa que, verdade seja dita, se revelou cada
vez mais distante com o ‘boom’ dos vlogs, do You Tube e a crise no mercado
jornalístico. Seriedade, entretanto, nunca faltou. Me orgulho em dizer que, em
alguns momentos, consegui acompanhar o ritmo dos gigantes, oferecendo uma
cobertura satisfatória sobre lançamentos, premiações e as principais novidades
dentro da indústria. O nosso foco, porém, sempre foi eclético. Já escrevi sobre
filmes de diversos gêneros, das mais variadas regiões do mundo, procurando dar
um espaço para todo e qualquer tipo de produção. Nos últimos anos, inclusive,
tenho tentado fugir do ‘hype’ dos poderosos blockbusters, deste concorrido
segmento, me distanciando do considerado “conteúdo fácil” em prol de uma visão
mais particular sobre o Cinema. Para celebrar uma década de Cinemaniac,
portanto, nada melhor do que olhar para trás numa lista com dez dos melhores
filmes lançados nos últimos dez anos. Com base no meu gosto pessoal, no Top 10
traremos os longas que receberam nota máxima aqui no blog. Dito isso, começamos
com...
Revigorante, puro e apaixonante, La
La Land: Cantando Estações (leia a nossa opinião aqui) se revela uma obra
otimista que "nasceu" para brilhar. Um daqueles raros projetos em que
a máxima dedicação dos seus realizadores, entre eles o magnético casal
Ryan Gosling e Emma Stone, pode ser percebida em tela. Muito mais do que uma
moderna e graciosa homenagem aos clássicos musicais, este magnífico longa
comprova durante os seus envolventes 128 minutos a força, a pureza e o
virtuosismo do cinema de Damien Chazelle, um jovem realizador que nos seus dois
primeiros grandes trabalhos (ou outro foi Whiplash: Em Busca da Perfeição) mostrou
ser capaz de enfrentar o marasmo criativo que tomou conta de Hollywood.
9º Avatar (2009)
O que falar sobre um longa que
faturou US$ 2,7 bilhões ao redor do mundo. Dirigido por James Cameron, do
igualmente fenomenal Titanic, Avatar leva o espectador para uma empolgante
viagem ao planeta Pandora. Um marco dentro do cinema moderno, o grandioso longa
elevou consideravelmente o patamar das produções do gênero, comprovando a
genialidade de um realizador apaixonado pela face mais fantástica da Sétima
Arte. Com pretensões elevadíssimas, Cameron “arregaçou as mangas” para dar vida
a uma imponente aventura espacial, desenvolvendo novos dispositivos para tirar
do papel a história de um militar paraplégico (Sam Worthington) que, durante
uma missão de colonização de um planeta distante, se envolve com uma tribo de
nativos e passa a conhecer o outro lado da moeda. A partir de uma premissa
teoricamente “requentada”, Cameron reinventou o universo do cinema blockbuster
ao nos brindar com um espetáculo visual inigualável, uma obra com coração, a simbiose
perfeita entre a tecnologia e a arte.
8º Toy Story 3 (2010)
Uma surpresa fenomenal, a
trilogia Toy Story chegou ao fim com o profundo e comovente Toy Story 3.
Novamente dirigido por John Lasseter, o longa colocou uma geração para chorar
ao acompanhar a transição da adolescência para a fase adulta sob um prisma
mágico. Prestes a ir para a faculdade, o agora jovem Andy resolve guardar os
seus queridos brinquedos em uma caixa. Numa virada de última hora, no entanto,
a mãe de Andy confunde as embalagens e os envia para uma creche recheada de
pirracentas crianças. Lá, sob as ordens de um simpático urso rosa, Woody, Buzz
e sua turma resolvem dar uma chance para o lugar. Não demora muito, porém, para
eles perceberem os perigos do local. Mesmo sem abdicar do tom lúdico, Lasseter
absorveu sentimentos mais complexos ao narrar esta poderosa história de
amizade, encontrando um caminho especial para tocar o coração do espectador que
cresceu acompanhando a série. Além disso, recheado de expressivos novos
personagens, o longa se revelou um retumbante triunfo visual, um espetáculo
virtuoso e especial. Sem querer revelar muito, o último ato do longa é uma das
coisas mais belas que já vi no cinema, um arremate capaz de provocar uma
mistura de emoções tão sinceras e genuínas. Em suma, Toy Story 3 é a Pixar em
sua mais pura essência.
7º A Rede Social (2010)
Elegante e imersivo, A Rede Social
(leia a nossa opinião aqui) é um drama biográfico exemplar. Inspirado na
trajetória do criador do Facebook, o introspectivo Mark Zuckeberg, o talentoso
David Fincher enche a tela de estilo ao tentar entender o homem por trás da sua
criação. Num recorte envolvente e provocador, o realizador promove um profundo
estudo de personagem, indo além das polêmicas ao revelar os bastidores da
consolidação desta poderosa plataforma. Impulsionado pela cínica performance de
Jesse Eisenberg, magnífico ao capturar o misto de genialidade, arrogância e
sagacidade de Zuckeberg, Fincher pinta um retrato intimista sobre um homem
falho. Num ‘mise en scene’ repleto de ritmo, o longa costura o passado e o
presente do executivo com desenvoltura, “despindo” esta incoerente figura ao
mostrar como o desenvolvedor de uma das mais populares redes sociais do mundo
conseguiu afastar todos que nutriam o mínimo de carinho por ele. Na verdade, o
grande trunfo de A Rede Social está na maneira com que Fincher narra a jornada
de Zuckeberg como se fosse um segredo proibido, como se realmente estivéssemos
diante de uma verdade nunca contada, uma abordagem hipnótica que se sustenta do
primeiro ao último minuto de projeção. O resultado é uma obra enérgica que
fascina ao tratar esta enigmática figura com zero condescendência. Um fato raro
dentro do terreno das cinebiografias.
6º Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
Talvez o primeiro filme de
super-herói a transpor as barreiras do gênero, Batman: O Cavaleiro das Trevas é
uma obra-prima do universo blockbuster. Num projeto marcado pela ousadia,
Christopher Nolan diluiu as barreiras entre a ficção e a realidade ao inserir o
legendário Homem-Morcego num cenário urbano e hostil. Mais do que simplesmente
valorizar o elemento humano, o realizador é incisivo ao trazer o peso das
consequências para o centro da trama, ao contestar o fantasioso senso de
onipresença do herói. Um viés anárquico, inegavelmente, potencializado pela
magnífica performance do saudoso Heath Ledger. Bancado por Nolan contra a
vontade de um grupo de fãs do universo DC, o australiano conquistou o público e
a crítica ao entregar uma das melhores versões do caótico Coringa. Feroz,
inteligente e temido, o antagonista elevou o patamar do longa para um nível
poucas vezes vista dentro do gênero, surgindo como o contraponto perfeito para
o atormentado Batman de Christian Bale. Com diálogos inesquecíveis, personagens
sólidos, espantosas sequências de ação e a direção elegante de Nolan, O
Cavaleiro das Trevas se tornou um evento inigualável dentro do gênero.
5º Wall-E (2008)
Inventivo, crítico e
absolutamente humano, Wall-E encanta ao colocar em cheque o destino da raça
humana. Narrativamente ousado, o longa dirigido por Andrew Stanton se revela um
relato inestimável sobre a degradação ambiental do nosso planeta. Com um
expressivo protagonista em mãos, um robozinho simpático responsável por
"higienizar" o inabitado planeta Terra, o diretor constrói uma
história vigorosa e altamente questionadora. Fazendo um excelente uso da ausência
de diálogos, que só surgem em cena a partir do segundo ato, Stanton explorar
com rara inspiração elementos do cinema mudo, como a expressão e o gestual,
transformando Wall-E num dos personagens mais particulares da Pixar. Não se
engane, porém, com a aparente sisudez da trama. Por trás do forte tom crítico
existe uma fascinante história de amor, um romance sincero e apaixonante.
Enfim, Wall-E é uma aventura recheada de camadas. Um trabalho esteticamente
magnífico, narrativamente impecável e essencialmente universal.
4º Mad Max: Estrada da Fúria (2015)
Um espetáculo de pura intensidade
visual e narrativa, Mad Max: Estrada da Fúria (leia a nossa opinião aqui) nada
contra a corrente ao comprovar que alguns 'remakes' podem sim ser necessários.
Fazendo um competente uso do 3-D, que, apesar de convertido, amplia o senso de
loucura em torno da trama, e do primoroso design de som, que faz o ronco dos
motores ecoar de maneira avassaladora, a eletrizante nova aventura de
Max Rockatansky evidencia que em alguns poucos casos o bom gosto e o
bizarro podem "acelerar" lado a lado. Trazendo um surpreendente
frescor a este longa, que nem de longe se resume as magníficas sequências de
ação, George Miller mostra fôlego ao liderar esta trabalhosa continuação, dando
uma verdadeira aula de cinema ao construir uma aventura engajada, empolgante e
- acima de tudo - surtada. E numa época em que muitos executivos discutem a
viabilidade de uma mulher estrelar um blockbuster de ação, o experiente diretor
australiano se posiciona à frente da concorrência ao fazer do novo Mad Max -
pasmem vocês - uma honesta ode ao 'girl power' e ao feminismo. Uma daquelas
peças que só poderiam ser pregadas por um experiente realizador, daqueles com
energia de sobra para brincar com as expectativas e produzir um material
visceral e genuinamente ousado.
3º Os Vingadores (2012)
Reunindo pela primeira vez a
super equipe de heróis Marvel, Os Vingadores (2012) figura na minha lista
pessoal de melhores filmes do gênero. Estupidamente divertido, o longa dirigido
por Joss Whedon conquistou o público ao valorizar a dinâmica deste grupo,
abrindo espaço para as rixas, as diferenças ideológicas e para a construção da
tão celebrada química entre eles. Através de uma premissa bem resolvida, a
película premiou o público com uma sucessão de momentos empolgantes, oferecendo
muita ação, personagens bem construídos e uma premissa naturalmente envolvente.
Investindo no humor e nos primorosos efeitos visuais, Whedon esbanjou categoria
ao abraçar as características mais marcantes de cada um dos super-heróis,
realçando a pluralidade deste carismático super grupo. O resultado não podia ser
outro. Recebido com entusiasmo pela crítica, Os Vingadores se tornou um
estrondoso sucesso comercial ao faturar US$ 1,5 bi ao redor do mundo.
2º A Chegada (2016)
Trazendo na sua essência o DNA do
gênero Sci-Fi, A Chegada (leia a nossa opinião aqui) é uma película maiúscula. Tensa, inteligente e
constantemente reflexiva, a nova produção do arrojado Denis Villeneuve
(Sicario, Os Suspeitos) esbanja sensibilidade ao transitar por assuntos tão
complexos com extrema plenitude. Com uma premissa instigante em mãos, o diretor
canadense utiliza uma enigmática invasão alienígena como o estopim para a
construção de um relato humano e pacifista, um longa com múltiplas camadas
capaz de abranger temas proporcionalmente contrastantes sem nunca perder o
foco. Indo além dos dilemas recorrentes da ficção-científica, incluindo o
medo do desconhecido e o velho dualismo razão\emoção, Villeneuve é primoroso ao
apontar a sua contextualizada mira para a frágil relação entre as grandes
potências globais, escancarando o distanciamento e as perigosas diferenças
ideológicas com inegável sagacidade. É quando se volta para a intimista
jornada da sua magnífica protagonista, porém, que o longa alcança um patamar realmente
extraordinário, principalmente por dialogar com delicadas questões universais
sob um ponto de vista absolutamente único. Em suma, independente dos
ligeiros percalços, A Chegada é um Sci-Fi raro, um longa surpreendente que
consegue desafiar o cérebro do espectador sem esquecer de tocar o seu coração.
1º Gravidade (2013)
Um passo adiante para o cinema,
Gravidade (leia a nossa opinião aqui) é uma obra completa, um grande trabalho
cinematográfico que reúne tudo aquilo que o espectador busca em um filme. É uma
mistura simples e ao mesmo tempo complexa, que sufoca o espectador ao longo dos
seus 90 minutos. Uma experiência única, que de tão verossímil poderia até ser
adotada pela NASA como um novo simulador para os seus astronautas. Me arrisco a
dizer que será, daqui para frente, mais um daqueles eventos rotineiramente
lembrados na história da Sétima Arte. Uma genuína obra-prima.
Menções Muito Honrosas
- A Ghost Story (2018)
Confesso que gostaria de escrever
melhor para entregar um texto à altura desta pérola chamada Sombras da Vida (A
Ghost Story, no original). Denso, melancólico e reflexivo, o longa dirigido por
David Lowery é um daqueles títulos impossíveis de se traduzir em palavras. Um
filme raro capaz de transitar por temas tão complexos com a leveza de um
fantasma preso às suas memórias. Numa proposta imersiva e delicadamente
imagética, o talentoso realizador norte-americano provoca uma mistura de
sentimentos e emoções ao tecer um poético comentário sobre o luto, a
efemeridade do tempo e a complexa experiência que é estar vivo. Sem medo de
soar pretensioso, Lowery encanta ao investir numa silenciosa atmosfera
contemplativa, encontrando na força das suas imagens e na poderosa performance
de Casey Affleck a inquietação necessária para questionar a nossa imaturidade
quanto ao fim, quanto a nossa finitude e quanto a difícil missão de dar adeus.
- Up: Altas Aventuras (2009)
Impulsionado pela memorável
trilha sonora de Michael Giacchino, Up - Altas Aventuras já começa arrebentando
o coração do espectador. Numa das sequências de abertura mais memoráveis da
história do cinema, o diretor Pete Docter impressionou o público ao acompanhar
o início, o meio e o fim da poderosa história de amor entre dois apaixonados
sonhadores. Em cinco minutos, Docter construiu um romance mais sincero e
profundo do que muitas películas que chegam aos cinemas. Não se engane, no
entanto, com a aparência melancólica do longa. Up é uma fantástica aventura
estrelada por um velhinho ranzinza obrigado a vender a sua casa e um escoteiro
persistente disposto a fazer uma boa ação para conseguir a sua tão esperada
medalha de honra ao mérito. Numa vertiginosa mistura de cores, Docter constrói
uma trama simples recheada de sentimento, incrementada pelo humor ingênuo,
pelos adoráveis personagens e pelas espetaculares sequências de ação. Isso para
não falar da dublagem do saudoso Chico Anysio, um trabalho (me arrisco a dizer)
melhor do que o apresentado no idioma original.
- Divertida Mente (2015)
Nos conduzindo por uma mágica e
genial viagem pelo cérebro humano, Divertida Mente é uma obra magistral, um trabalho que se orgulha em resgatar à identidade que
consagrou a Pixar. Num período em que as mesmas fórmulas e personagens são
requentadas em busca do necessário sucesso comercial, a empresa deixa a crise
financeira de lado e volta aos trilhos com um trabalho comovente, inteligente,
revigorante, ousado e acima de tudo original. Utilizando o fantástico mundo da
animação para levantar preciosas questões inerentes à nossa existência, Pete
Docter mais uma vez nos conduz por uma jornada repleta de situações divertidas
e reflexivas, evidenciando que, tal qual a alegria e a tristeza, a inocência e
a complexidade podem sim caminhar lado a lado.
- Questão de Tempo (2013)
Considerado um dos melhores
filmes de 2013 pelo Cinemaniac, Questão de Tempo é um daqueles longas
indispensáveis para os fãs do gênero. Dirigido por Richard Curtis, que traz no
currículo trabalhos como Quatro Casamentos e um Funeral, Um Lugar Chamado
Nothing Hill e O Diário de Bridget Jones, o longa nos apresenta uma inusitada e
brilhante mistura de Sci-Fi com comédia-romântica. Na trama, acompanhamos a
vida do tímido Tim (Domhnall Gleeson), um jovem desajeitado que sonha com a
possibilidade de conseguir uma namorada. Incomodado com uma série de
frustrações amorosas, Tim parecia distante do seu objetivo. Tudo muda, no
entanto, quando o jovem descobre que ao completar 18 anos ganhará um dom
especial: o de viajar no tempo. Ao invés de usar esse dom para ficar rico, ou
para se tornar famoso, Tim passa a investir na busca pelo amor de sua vida. É
ai que ele conhece a carismática Mary (Rachel McAdams) e passa a tentar
conquistar a mulher de seus sonhos. Com uma narrativa tocante e sensível,
Questão de Tempo conquista o espectador desde a primeira cena. Uma grande
pedida para o Dia dos Namorados.
- Rush: No Limite da Emoção (2013)
Todos que acompanham a Fórmula 1,
como esporte, sabem que a modalidade talvez seja uma das que mais mobilizam a
paixão dos fãs mundo afora. Para se ter uma noção exata disso, na Itália, a escuderia
Ferrari consegue até mais atenção do que a própria seleção nacional de futebol.
Aqui no Brasil, mais um exemplo, a Fórmula 1 é presença marcante nas manhãs de
domingo de todos os fãs, e a morte do grande Ayrton Senna representou um dos
dias mais tristes da história recente do nosso país. Escrevo isso para destacar
a principal característica de Rush - No Limite da Emoção: a forma passional
como ele leva para as telonas a grande rivalidade entre o Inglês James Hunt e o
austríaco Nikki Lauda. Conduzido com primor por Ron Howard, este afiado drama
se revela um relato fiel, humano e tecnicamente primoroso, um longa à altura do
enorme talento desses dois grandes pilotos.
- Dunkirk (2017)
Sem a pretensão de construir um
complexo relato histórico sobre o episódio, Dunkirk se revela um filme de guerra à moda antiga, um relato íntegro, verossímil e
incrivelmente sensorial sobre uma das manobras militares mais celebradas do
conflito. No seu melhor trabalho desde Batman: O Cavaleiro das Trevas,
Christopher Nolan encontra aqui a perfeita sincronia entre o virtuosismo
técnico e a construção narrativa, reforçando o seu status ao revelar os
bastidores desta operação sob um poderoso ponto de vista humano. Na verdade,
além de ressaltar as diferenças entre heroísmo e patriotismo, o realizador
britânico se preocupa em dar voz aos esquecidos, se sustentando em símbolos
universais ao nos oferecer uma arrebatadora experiência cinematográfica. Uma
obra em que o ato de sobreviver já é o bastante.
- Blade Runner 2049 (2017)
Denis Villeneuve conseguiu o que
parecia impossível. Contrariando as compreensíveis expectativas mais
pessimistas, afinal de contas a reflexiva película de Ridley Scott se tornou
uma espécie de pilar da ficção-científica moderna, Blade Runner 2049 hipnotiza
ao resgatar o espírito do cultuado filme original do primeiro ao último minuto.
Assim como no clássico de 1982, o longa estrelado por Harrison Ford e Ryan
Gosling, através de um argumento completamente acessível, levanta uma série de
profundas questões filosóficas, propondo uma genial mudança no 'status quo' da
trama ao refletir sobre o que é real num mundo virtualizado. Indo além do teor
reverencial, Villeneuve consegue expandir a mitologia clássica sem esquecer de
contextualiza-la junto às novas audiências, dialogando com conceitos já
enraizados no nosso modo de vida urbano ao traçar um precioso panorama sobre a
nossa relação com as novas tecnologias. Na verdade, mais do que uma simples
"atualização", 2049 fascina ao subverter alguns dos paradigmas da
versão original, se distanciando dos debates requentados ao se revelar uma
continuação com pensamentos próprios, uma película que merece fazer parte do
universo Blade Runner. O filme certo, na hora certa e feito da maneira certa, uma
obra contemplativa, instigante e visualmente estonteante que faz jus ao legado
deixado por Deckard, pelos replicantes e pela criação de Philip K. Dick
.
- Gran Torino (2008)
Ao contrário de muitos, eu
considero Gran Torino a grande despedida de Clint Eastwood do seu principal
personagem: o pistoleiro sem nome. Embora o seu personagem ganhe um nome e um
passado, o veterano realizador nos presenteou com uma releitura moderna e
urbana do gênero que o consagrou, o tradicional western. Num drama denso e
naturalmente tenso, Eastwood usa a sua reconhecida sensibilidade ao discorrer
sobre o preconceito em solo norte-americano. Na pele de Walt, um veterano
ranzinza e solitário que, numa surpresa do destino, passa a se afeiçoar pelos
seus vizinhos asiáticos, o diretor causa empatia ao construir uma singela
história de amizade, refletindo sobre a ignorância e a violência nos EUA sob
uma perspectiva íntima e realística. Uma obra com a assinatura de um dos
realizadores mais versáteis e multifacetados do cinema norte-americano.
- Homem de Ferro (2008)
O Abre Alas da Marvel Studios,
Homem de Ferro conquistou a crítica e o público ao investir numa aventura
irônica e repleta de personalidade. Responsável por ditar o tom que viria a
guiar esta poderosa franquia, o longa dirigido por Jon Favreau (Chef) reuniu
tudo aquilo que um filme de super-herói deveria ter. Com personagens
carismáticos, espetaculares cenas de ação e um argumento impecável, a cereja do
bolo caiu nas mãos do ator Robert Downey Jr. Numa performance magnífica, o ator
deu a volta por cima em sua carreira ao absorver as nuances por trás do
complexo Tony Stark. Além disso, Downey Jr. trouxe popularidade a este
personagem do time B da Marvel, o transformando numa das peças chaves dentro do
Universo Vingadores. Uma aposta de risco do estúdio que, ao contrariar todas as
expectativas, começou a redefinir o gênero ao valorizar acima de tudo a
diversão e o entretenimento.
- Moana (2017)
Dois dos grandes responsáveis
pelo renascimento da Disney no final da década de 1980, Ron Clements e
John Musker escreveram o seu nome na história do estúdio com sucessos do
quilate de A Pequena Sereia (1989), Aladdin (1992), Hércules (1997) e o
subestimado A Princesa e o Sapo (2009). Reconhecidos pela exuberância
estética e pela musicalidade das suas animações, a aclamada dupla de
realizadores sempre procurou nos brindar com projetos únicos e vigorosos, obras
marcadas pelo forte teor aventuresco, pelos carismáticos personagens e pelo seu
edificante conteúdo. Como podemos perceber no extraordinário Moana: Um Mar de Aventuras, mais um exemplar memorável da sua respeitada filmografia.
Através de uma narrativa familiar aparentemente requentada, Clements e Musker
bebem da mais pura essência do estúdio ao construir uma película triunfante,
uma fábula mágica e visualmente poderosa sobre a nossa predatória relação com a
natureza. Sem nunca soar panfletária ou didática, a nova pérola da Disney
esbanja sensibilidade ao propor não só esta urgente e simbólica reflexão
ambiental, como também ao falar sobre o amadurecimento, o medo do desconhecido
e os obstáculos em torno do empoderamento feminino. Temas variados que,
abordados sob um prisma moderno e etnicamente plural, transformam a indomável
Moana numa das mais relevantes protagonistas da história da companhia.
Outros filmes com avaliação
máxima aqui no blog: A Grande Aposta (2016), O Artista (2011), Histórias Cruzadas (2011), A Hora Mais Escura (2012), Capitão Philips (2013). Star Wars: Rogue One (2016), Capitão América: Guerra Civil (2016).
Grato pelas visitas, pelos comentários e por aqueles que dedicaram alguns minutos do seu tempo aos textos aqui postados.
Grato pelas visitas, pelos comentários e por aqueles que dedicaram alguns minutos do seu tempo aos textos aqui postados.
Um comentário:
Boa lista! Definitivamente Questao de Tempo é um dos melhores filmes! . Quando eu vi a atriz Rachel McAdams no filme no seu papel eu fiquei muito animada! Vi no cinema e gostei. Foi uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. Eu amo o trabalho que Rachel McAdams faz no cinema. É uma boa atriz que geralmente triunfa nos seus filmes. Recém a vi também em Game Night filme e sendo sincera eu acho que a sua atuação é extraordinária, em minha opinião é a atriz mais completa da sua geração, mas infelizmente não é reconhecida como se deve neste filme. Já estou esperando o seu próximo projeto, seguro será um sucesso.
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