terça-feira, 12 de junho de 2018

Top 10 (Romances Lacrimosos)


Guiados pelo ideal do amor impossível, um arco romântico\dramático que desde o clássico Romeu e Julieta tem sido reciclado dentro do universo dos romances cinematográficos, alguns realizadores resolveram pregar as suas peças e “testar” as emoções do público. E, aqui, não estou me referindo às histórias de amor que - por um motivo ou outro - simplesmente não deram certo, como As Pontes de Madison (1995), Closer: Perto Demais (2004), Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004) e o recente La La Land (2016). Não, alguns diretores\autores preferem pegar pesado, levando a sério demais o conceito do “até que a morte nos separe”. Como para bom entendedor meia palavra basta, neste Top 10 uma lista com alguns dos romances mais lacrimosos do Cinema. Eu disse lacrimosos e não desoladores, por isso não incluirei nesta seleção títulos como Namorados para Sempre (2010), Amor (2012), O Segredo de Brokeback Mountain (2005) e Meninos não Choram (1999). Dito isso, começamos com... 


10º Moulin Rouge (2001)


Sob a exuberante batuta de Baz Lurhmann, Moulin Rouge nos brinda com um intenso e comovente triângulo amoroso envolvendo uma “cortesã”, um ricaço e um romântico escritor. Em meio aos imagéticos números musicais, o realizador conquistou o público e a crítica ao tirar do papel uma apaixonante história de amor, um romance que ganha contornos dramáticos à medida que descobrimos um segredo por trás da magnética Satine. Com Nicole Kidman na sua mais radiante forma, Ewan McGregor esbanjando o seu reconhecido charme e uma série de fascinantes números musicais, Moulin Rouge encanta e comove ao nos oferecer uma história de amor com prazo de validade.

9º Ghost: Do Outro Lado da Vida (1990)


Um dos maiores e mais populares romances da frutífera (para o gênero) década de 1990, Ghost: Do Outro Lado da Vida flertou com elementos do espiritismo ao prorrogar o conceito do “até que a morte nos separe”. Recheado de sequências memoráveis, como não citar, por exemplo, a icônica cena do vaso de argila, o diretor Jerry Zucker é astuto ao solidificar o romance entre os personagens de Patrick Swayze e Demi Moore, estreitando os laços entre os dois num curto prazo de tempo para preparar o terreno para a sua lacrimosa reviravolta. Transitando habilmente entre o romance, a comédia e o drama, o realizador consegue emocionar com uma “disfuncional” história de amor, unindo corpo e alma numa obra que capaz de arrancar lágrimas genuínas sem soar melodramática e\ou apelativa.

8º Cidade dos Anjos (1998)


Cruel ao explorar as peças que só a vida é capaz de pregar, Cidade dos Anjos misturou fantasia e realidade ao narrar a história de amor impossível entre um anjo e a sua “protegida”. Inspirado no clássico Asas do Desejo, do cultuado Wim Wenders, o longa dirigido por Brad Silbering emocionou plateias ao redor do mundo ao oferecer uma releitura popular e igualmente instigante. Com Nicolas Cage e a queridinha Meg Ryan na pele do casal Seth e Maggie, o longa instiga ao dar asas (com o perdão do trocadilho) a um improvável casal, refletindo sobre a fragilidade humana e o poder dos sentimentos numa obra bela, sensível e desconcertante. Uma releitura inteligente.

7º Love Story (1970)


Diferente dos filmes acima, Love Story não parece nem um pouco interessado em esconder os fatos do espectador. Bastam alguns acordes para que percebamos o teor agridoce da película. Bastam alguns diálogos para entendamos os motivos. Bastam algumas cenas para que enxerguemos o quão apaixonante e dolorosa será esta história de amor. Denso e comedido, o envolvente longa do diretor Arthur Hiller cativa ao aproximar o romance da realidade. Por mais que num primeiro momento a premissa beba da fonte de clássicos do gênero como Aconteceu Naquela Noite e A Princesa e o Plebeu, principalmente por unir dois personagens “separados” pelas barreiras sociais, o realizador esbanja delicadeza ao gradativamente se distanciar do lugar comum. Com a sua imersiva câmera na mão, seus íntimos planos longos e a sua abordagem quase naturalista, Hiller conquistou uma geração ao torar tudo muito reconhecível aos olhos do público, ao fazer de Oliver e Jennifer um casal mundano, com problemas reais, com conflitos verdadeiros, com um revigorante senso de humor. Impulsionado pela extraordinária química entre os protagonistas Ryan O’Neal e Ali MacGraw, a película é sutil ao desenvolver os altos e baixos da relação, o estreito elo entre os dois, o pano de fundo familiar que os separava, preparando o terreno para um último ato robusto e naturalmente pesaroso. Ao se distanciar por completo do melodrama, aliás, Arhur Hiller acerta ao capturar o sofrimento sob um profundo ponto de vista sóbrio, comovendo ao mostrar o crescente impacto da ausência e da perda nos seus complexos personagens. Um dos mais populares representantes do gênero na década de 1970, Love Story é um romance com pedigree, um filme honesto e sentimental que encanta ao valorizar a jornada em detrimento do fim.

6º Alabama Monroe (2012)


Por falar em dolorosas histórias de amor, Alabama Monroe mistura música, romance e luto num filme capaz de provocar as mais variadas emoções. No ritmo do ‘bluegrass’, o longa dirigido por Felix Van Groeningen nos presenteia com uma intensa história sobre o amor e as suas idiossincrasias. Com Veerle Baetens e Johan Heldenbergh na pele de um entrosado casal, o longa envolve ao mostrar os altos e baixos de uma relação, o primeiro encontro, o florescer da paixão, a formação da família, um arco universal que ganha contornos originais graças ao esmero do roteiro em explorar os conflitos entre os protagonistas. O choque de ideologias e crenças que cresce à medida que uma dilacerante descoberta toma conta da rotina do casal. Daí em diante, Groeningen nos coloca numa montanha russa de emoções, investindo pesado na construção do drama familiar. Em suma, visceral e comovente, Alabama Monroe pinta um retrato nu e cru sobre o impacto de uma doença na rotina de um apaixonante casal.

5º Meu Primeiro Amor (1991)


No nosso quinto lugar, porém, o argumento nos prega uma peça quase que covarde. Com Macaulay Culkin e Anna Chlumsky num singelo romance infantil, Meu Primeiro Amor despedaça o coração do público num romance dramático terno e tocante. Sob a batuta de Howard Zieff, o longa apresentou a realidade a uma série de pequenos fãs de cinema, realçando também a nossa fragilidade e a importância de viver o agora ao narrar a pueril história de amor entre um simpático garoto e uma destemida menina. Recheado de momentos cativantes, o argumento nos brinda (que presente hein) com uma desoladora reviravolta, um último ato capaz de desidratar o espectador mais vulnerável tamanha a sequência de cenas tristes. Indiscutivelmente, uma obra corajosa.

4º Titanic (1997)


Falar sobre Titanic é praticamente irrelevante. Com um dos casais mais marcantes da história do cinema, o longa dirigido por James Cameron fascina ao unir dois personagens num cenário naturalmente divisivo. Com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet esbanjando química em cena, o longa é categórico ao realçar o aspecto micro dentro uma película de grandes proporções, se encantando pelo fator humano ao construir uma história de amor sincera e comovente. Recheada de sequências memoráveis, embaladas ao som da inesquecível trilha sonora do saudoso James Horner, Cameron arrastou multidões aos cinemas de todo mundo ao resgatar o viés mais clássico do romance, exaltando os sentimentos em meio a tragédias num clímax imponente e emocionante. Poucas vezes experimentei um silêncio tão “ruidoso” numa sala de cinema quanto na sessão de Titanic. Um mérito para o casal de protagonistas que, ao longo de quase três horas de projeção, cria uma inabalável conexão com o público. Ao contrário de muito desta lista, porém, Cameron nos presenteia com uma pequena concessão na sua última cena, um desfecho arrepiante que surge como um pequeno alento para os fãs do bom e velho final feliz.

3º Diário de uma Paixão (2004)


Não sou um fã das apelativas versões cinematográficas das obras de Nicolas Sparks. Diário de Uma Paixão, entretanto, caiu em ótimas mãos. Sob a batuta de Nick Cassavetes, o longa estrelado por Ryan Gosling e Rachel McAdams se revela uma poderosa história de amor, um filme profundo e envolvente que ganha contornos naturalmente surpreendentes. Dividido em duas linhas temporais, o longa é astuto ao estabelecer o mistério que une os quatro personagens centrais, os jovens Noah e Allie, e os “coadjuvantes”, os idosos Duke (James Garner) e Calhounn (Gena Rowlands), solidificando o elo entre eles numa história de amor marcada pelos altos e baixos, por crises e reconciliações. O resultado é uma obra delicada que cresce consistentemente até o extraordinário clímax. Curiosamente, porém, apesar da magnífica química entre Gosling e McAdams, nos bastidores a relação entre os dois era no mínimo complicada, o que, de certa forma, talvez explique a energia presente nas cenas.

2º Em Algum Lugar do Passado (1980)


Quando o assunto são os romances impossíveis, entretanto, poucos se revelam tão originais quanto Em Algum Lugar do Passado. Com o saudoso Christopher Reeve e Jane Seymour na pele de um casal de românticos, o longa dirigido por Jeannot Szwarc transita entre gêneros contrastantes ao tirar do papel uma inventiva história de amor. Flertando com elementos da ficção científica, a película envolve ao narrar a jornada de um escritor que, após um enigmático encontro, ganha um relógio que o leva ao passado. Lá, ele se apaixona por uma mulher, iniciando uma relação separada pelo tempo e pelo espaço. Indo além da excelente química entre os protagonistas, o filme instiga ao explorar os segredos em torno deste evento, culminando num dos desfechos mais tristes e melancólicos desta lista.

1º A Escolha de Sofia (1982)


Nada que sequer se compare ao nosso primeiro lugar, o magnífico A Escolha de Sofia. Implacável ao escancarar as sequelas da guerra, o longa dirigido por Alan J. Pakula desconcerta ao construir um apaixonante triângulo amoroso entre uma radiante mulher, um instável ‘bon vivant’ e um tímido escritor. Com Meryl Streep, Kevin Kline e Peter MacNicol em grande forma, o longa é cuidadoso ao proteger os segredos em torno dos personagens, ao alimentar as dúvidas do espectador quanto as motivações dos personagens. Por que ela não se deixa abalar por nada¿ Por que ela tolera as atitudes do seu companheiro¿ Por que ele é tão irritadiço assim¿ Por que este radiante casal parece esconder algo do seu vizinho¿ Respostas que preenchem a trama até o catártico final, daqueles capazes de nos fazer repensar a maneira com que enxergamos os nossos problemas do dia a dia. Um dos filmes mais tristes da história do Cinema, principalmente pela forma com explora o seu realístico pano de fundo. 

Menções Honrosas


- Direito de Amar (2009)


Oriundo do mundo da moda, o estiloso diretor Tom Ford estreou em Hollywood com o primoroso Direito de Amar. Estrelado pelo excelente Colin Firth, o longa emociona ao revelar o estado de espírito de um professor gay desolado após a perda do grande amor de sua vida. Ambientado num cenário bem específico, a transformadora década de 1960, o filme é elegante ao expor as nuances emocionais do protagonista, a desilusão, a depressão e a sua completa falta de rumo. Com um texto sofisticado em mãos, Ford fascina ao dar contornos esteticamente expressivos para a jornada do personagem, ao acompanhar as idas e vindas num dia D para a sua vida. Um filme universal e narrativamente instigante sobre o amor e as suas consequências.

- A Culpa é das Estrelas (2014)


Adaptação de um dos maiores best-sellers de 2012, a versão cinematográfica de A Culpa é das Estrelas é certeira ao capturar a essência básica da obra assinada por John Green. Evitando se acomodar diante a legião de fãs, o que vem se tornando recorrente em meio à invasão de filmes baseados em livros teen's, o diretor Josh Boone mostra sensibilidade e inocência ao narrar uma história de amor em meio ao "Mal do Século XXI". Fugindo dos melodramas descartáveis e dos clichês que cercam o gênero, o longa é um relato otimista, quase mágico, que não deixa de fora o viés realístico presente na obra original. Isso, claro, sem esquecer das concessões às fãs mais histéricas, que inundaram as salas de cinema por todo mundo. Uma cativante história de amor entre dois jovens abalada por uma destrutiva doença.


- Como eu Era Antes de Você (2016)


Com personagens adoráveis e uma fotografia revigorante, Como Eu Era Antes de Você se revelou uma grata surpresa no cenário dos romances literário. Embora repita erros de algumas das mais populares adaptações do gênero, principalmente quando o assunto é o “desleixo” quanto aos interessantes coadjuvantes e aos conflitos periféricos, o longa dirigido por Thea Sharrock cativa pela forma com que respeita a integridade dos protagonistas. Diante de um tema espinhoso em mãos, a realizador é delicada ao explorar os conflitos do tetraplégico Will e da sua expansiva cuidadora Lou, se distanciando positivamente dos melodramas ao investiga-los dentro de um contexto maduro e comedido. Os personagens são o que são. Por mais que em alguns momentos o longa valorize demais a visão de mundo de Will, é legal ver como o roteiro se distancia dos clichês ao tratar a transformação de ambos durante a jornada sob uma perspectiva íntima. Enquanto Lou segue sendo uma matraca com roupas coloridas, Will continua o ricaço blasé intrigado por esta figura alto astral. Na verdade, Sharrock é habilidosa ao explorar estes contrastes, a expressividade de Emilia Clarke e a impavidez de Sam Clafin, flertando com o humor sarcástico e com o drama enquanto constrói esta singela história de amor. Cuidadoso ao tentar entender as motivações de Will, um arco atual que ganha um reflexivo desenvolvimento, Como Eu Era Antes de Você aperta os botões certos, na hora certa ao tirar do papel uma das mais requentadas fórmulas deste concorrido gênero. Numa bem-vinda renovação, entretanto, as barreiras sociais (aqui) mais unem do que atrapalham, se tornando o motor desta simpática produção.

- Eu, Você e a Garota que vai Morrer (2016)


Um prato cheio para os cinéfilos de plantão, Eu, Você e a Garota que Vai Morrer se revela um drama juvenil virtuoso, honesto e absolutamente relevante. Conduzido com vigor estético pelo promissor Alfonso Gomez-Rejon (Glee), o longa absorve elementos do cinema independente ao narrar uma sensível e agridoce história de amizade e amadurecimento. Indo além das inspiradas e nada óbvias referências à sétima arte, a película se esquiva dos melodramas ao transitar por temas naturalmente espinhosos, encontrando no carismático elenco a maturidade necessária para dar corpo a este leve e apaixonante relato sobre as dores da juventude. 

- P.S: Eu Te Amo (2007)


Por fim o comovente P.S: Eu Te Amo, um romance dramático que tenta colocar a morte em segundo plano. O foco, aqui, não está na perda em si, mas na superação, no altruísmo de um homem na luta para que a sua esposa, e futura viúva, reencontre o seu rumo e as forças para seguir. Como Gerard Butler e Hillary Swank no auge das suas carreiras, o longa dirigido por resgata o melhor dos romances britânicos numa obra emotiva, divertida e visualmente estonteante.


E para os românticos de plantão, confira a nosso Top 10 Romances Noventistas e a nossa lista com alguns dos romances mais sinceros da Sétima Arte.

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