E neste final de semana chegou aos cinemas o adorável Minions (confira a nossa opinião), o derivado da elogiada animação Meu Malvado Favorito. Mostrando a origem das carismáticas criaturas amarelas, e a sua vocação para servir os maiores vilões da Terra, o longa é apenas mais uma das animações em que os coadjuvantes roubam completamente a cena, se tornando um grande sucesso dentro da indústria do entretenimento. Aproveitando a estreia do novo longa da Universal Studios e da Ilumination Entertainment, neste Top 10 Cinemaniac conheça alguns dos maiores e mais populares ladrões de cenas do cinema animado. E começamos com...
domingo, 28 de junho de 2015
Top 10 (Ladrões de cenas nas animações)
E neste final de semana chegou aos cinemas o adorável Minions (confira a nossa opinião), o derivado da elogiada animação Meu Malvado Favorito. Mostrando a origem das carismáticas criaturas amarelas, e a sua vocação para servir os maiores vilões da Terra, o longa é apenas mais uma das animações em que os coadjuvantes roubam completamente a cena, se tornando um grande sucesso dentro da indústria do entretenimento. Aproveitando a estreia do novo longa da Universal Studios e da Ilumination Entertainment, neste Top 10 Cinemaniac conheça alguns dos maiores e mais populares ladrões de cenas do cinema animado. E começamos com...
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Minions
Absolutamente carismática, aventura esbarra na excessiva campanha de marketing
Um dos principais trunfos do adorável Meu Malvado Favorito (2010), os minions logo se tornaram uma sensação dentro da indústria do entretenimento. De estrela de jogos infantis à brinde de uma popular rede de fast-food, as carismáticas criaturas amarelas construíram uma impressionante popularidade, ganhando um espaço ainda maior na bem sucedida continuação Meu Malvado Favorito 2 (2013). Sentados numa dourada e brincalhona mina de ouro, juntos os dois longas faturam mais de US$ 1,5 bi nas bilheterias internacionais, os produtores da Universal e da Illumination Entertainment não perderam muito tempo e dois anos depois chega aos cinemas o divertido 'spin-off'' Minions. Dirigido novamente por Pierre Coffin, desta vez ao lado de Kyle Balda (O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida), a continuação é habilidosa ao dialogar com a criançada sem esquecer dos adultos, pontuando a simples premissa com algumas caprichadas referências à cultura pop. Mesmo sendo o trabalho menos arriscado da franquia, esta inofensiva aventura é certeira ao capturar o espírito sacana que consagrou estes personagens, narrando a jornada de Kevin, Stuart e Bob por uma colorida e musical década de 1960. Uma pena que, na ânsia de divulgar o longa, boa parte das melhores gags tenham sido exploradas - à exaustão - nos trailers, reduzindo o impacto desta enxuta e competente animação.
Resolvendo se aprofundar na ascensão dos minions, que têm a sua essência "vilanesca" esmiuçada na sagaz sequência de abertura, o argumento assinado por Brian Lynch (Gato de Botas) é afiado ao desenvolver o passado destas criaturas. Por mais que a maioria das cenas inicias já tenham sido utilizadas na campanha de marketing, um fato lamentável que vem "estragando" a experiência em torno de alguns dos principais blockbusters atuais, a ideia de tratar os amarelinhos como uma espécie devotada de assistentes dos "maiores vilões da Terra" se mostra realmente genial. Após servir aos dinossauros, ao Conde Drácula e ao exército de Napoleão Bonaparte, no entanto, os atrapalhados minions acabam isolados em uma geleira ao fracassarem diante dos seus "chefes". Solitários, os adoráveis monstrinhos pouco a pouco foram perdendo a alegria, lamentando o fato de não terem um super vilão para chamar de seu. Incomodado com tal situação, Kevin resolve se tornar o líder do grupo e, ao lado do fofo Bob e do esperto Stuart, partem da montanha para encontrar um novo guia. Em meio ao cansaço da desgastante viagem, o trio chega a Nova Iorque e lá - durante a realização de uma convenção de vilões - descobre a existência da maléfica Scarlett Overkill. Dispostos a conquistarem a confiança dela, Kevin, Stuart e Bob são escalados para roubar a coroa da rainha da Inglaterra. As coisas, porém, não saem como o esperado, e o trio terá que se unir para enfrentar a fúria da terrível Scarlett.
Abrindo mão das questões sentimentais de Meu Malvado Favorito, Minions dialoga diretamente com o público infantil, apostando numa trama simplista, em previsíveis reviravoltas e em personagens lineares. A partir de um roteiro redondo, Coffin e Balda são habilidosos ao adotarem um tom mais aventureiro, recheando este derivado com empolgantes e divertidas sequências de ação. Esta opção, aliás, é talvez o grande diferencial do 'spin-off', já que boa parte dos outros acertos se deve - logicamente - ao irresistível carisma das criaturas amarelas. Catapultados à protagonistas, o trio Kevin, Stuart e Bob comprova em cena o potencial destes adoráveis personagens, arrancando uma série de honestas risadas através de uma relação absolutamente dinâmica, com direito a cativantes gags, muitas trapalhadas e a diálogos completamente particulares. Na verdade, em meio a soluções narrativas tão comuns, chama a atenção a forma como os realizadores exploram o particular e praticamente incompressível idioma Minion, fazendo um belo da expressividade destas criaturas. Com a ajuda de uma ou outra palavra solta, que ganha voz ao longo da projeção em vários idiomas, a curiosa comunicação dos minions rende sequências hilárias, funcionando de maneira atraente principalmente nos incríveis números musicais. Além disso, outro grande trunfo desta continuação fica pelas espertas referências à cultura pop, numa bem sucedida tentativa de dialogar também com o público adulto. Como a trama se passa no final da década de 1960, e boa parte em Londres, Coffin e Balda tiram um baita proveito do cenário rock n' roll e da estética colorida, utilizando estes elementos como um criativo pano de fundo.
Contando com um competente trabalho de dublagem da atriz Adriana Esteves, que se sai muito bem como a bélica e rasa Scarlett Overkill, Minions é uma daquelas apostas de pouco risco que funcionam. Se apoiando com destreza no magnetismo destas criaturas, este competente e visualmente inquestionável derivado justifica a popularidade dos adoráveis amarelinhos ao investir numa aventura leve, descompromissada e altamente agradável para a criançada de plantão. Ainda que o marketing do longa tenha comprometido algumas das sequências mais engraçadas, que foram desastradamente utilizadas ao longo das muitas prévias, Pierre Coffin e Kyle Bald nos conduzem por um entretenimento de difícil esgotamento, que com bom humor e inocência consegue proteger parte de suas surpresas. Vide o animado clímax, onde tudo se encaixa rumo a um desfecho completamente recompensador para os fãs desta franquia.
Resolvendo se aprofundar na ascensão dos minions, que têm a sua essência "vilanesca" esmiuçada na sagaz sequência de abertura, o argumento assinado por Brian Lynch (Gato de Botas) é afiado ao desenvolver o passado destas criaturas. Por mais que a maioria das cenas inicias já tenham sido utilizadas na campanha de marketing, um fato lamentável que vem "estragando" a experiência em torno de alguns dos principais blockbusters atuais, a ideia de tratar os amarelinhos como uma espécie devotada de assistentes dos "maiores vilões da Terra" se mostra realmente genial. Após servir aos dinossauros, ao Conde Drácula e ao exército de Napoleão Bonaparte, no entanto, os atrapalhados minions acabam isolados em uma geleira ao fracassarem diante dos seus "chefes". Solitários, os adoráveis monstrinhos pouco a pouco foram perdendo a alegria, lamentando o fato de não terem um super vilão para chamar de seu. Incomodado com tal situação, Kevin resolve se tornar o líder do grupo e, ao lado do fofo Bob e do esperto Stuart, partem da montanha para encontrar um novo guia. Em meio ao cansaço da desgastante viagem, o trio chega a Nova Iorque e lá - durante a realização de uma convenção de vilões - descobre a existência da maléfica Scarlett Overkill. Dispostos a conquistarem a confiança dela, Kevin, Stuart e Bob são escalados para roubar a coroa da rainha da Inglaterra. As coisas, porém, não saem como o esperado, e o trio terá que se unir para enfrentar a fúria da terrível Scarlett.
Abrindo mão das questões sentimentais de Meu Malvado Favorito, Minions dialoga diretamente com o público infantil, apostando numa trama simplista, em previsíveis reviravoltas e em personagens lineares. A partir de um roteiro redondo, Coffin e Balda são habilidosos ao adotarem um tom mais aventureiro, recheando este derivado com empolgantes e divertidas sequências de ação. Esta opção, aliás, é talvez o grande diferencial do 'spin-off', já que boa parte dos outros acertos se deve - logicamente - ao irresistível carisma das criaturas amarelas. Catapultados à protagonistas, o trio Kevin, Stuart e Bob comprova em cena o potencial destes adoráveis personagens, arrancando uma série de honestas risadas através de uma relação absolutamente dinâmica, com direito a cativantes gags, muitas trapalhadas e a diálogos completamente particulares. Na verdade, em meio a soluções narrativas tão comuns, chama a atenção a forma como os realizadores exploram o particular e praticamente incompressível idioma Minion, fazendo um belo da expressividade destas criaturas. Com a ajuda de uma ou outra palavra solta, que ganha voz ao longo da projeção em vários idiomas, a curiosa comunicação dos minions rende sequências hilárias, funcionando de maneira atraente principalmente nos incríveis números musicais. Além disso, outro grande trunfo desta continuação fica pelas espertas referências à cultura pop, numa bem sucedida tentativa de dialogar também com o público adulto. Como a trama se passa no final da década de 1960, e boa parte em Londres, Coffin e Balda tiram um baita proveito do cenário rock n' roll e da estética colorida, utilizando estes elementos como um criativo pano de fundo.
Contando com um competente trabalho de dublagem da atriz Adriana Esteves, que se sai muito bem como a bélica e rasa Scarlett Overkill, Minions é uma daquelas apostas de pouco risco que funcionam. Se apoiando com destreza no magnetismo destas criaturas, este competente e visualmente inquestionável derivado justifica a popularidade dos adoráveis amarelinhos ao investir numa aventura leve, descompromissada e altamente agradável para a criançada de plantão. Ainda que o marketing do longa tenha comprometido algumas das sequências mais engraçadas, que foram desastradamente utilizadas ao longo das muitas prévias, Pierre Coffin e Kyle Bald nos conduzem por um entretenimento de difícil esgotamento, que com bom humor e inocência consegue proteger parte de suas surpresas. Vide o animado clímax, onde tudo se encaixa rumo a um desfecho completamente recompensador para os fãs desta franquia.
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Cinemaniac Indica (Férias Frustradas de Verão)
Apesar do genérico título brasileiro passar uma impressão equivocada, Férias Frustradas de Verão surpreende ao nos apresentar um bem humorado romance recheado de interessantes reflexões. Nos conduzindo pela pluralidade do final da década de 1980, o diretor Greg Mottola promove um atemporal relato sobre a juventude, destacando de maneira altamente cativante os anseios, as decepções, os romances e as incoerências desta fase da vida. Contando com um elenco absolutamente afiado, capitaneado pelos talentosos Jesse Eisenberg (A Rede Social) e Kristen Stewart (Acima das Nuvens), este caprichado longa conquista não só pela inebriante atmosfera oitentista e pela espetacular trilha sonora, mas também pela forma como questiona alguns dos enraizados dogmas envolvendo os relacionamentos.
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Jurassic World ultrapassa a marca de US$ 1 bi nas bilheterias
Mostrando a força da franquia concebida por Steven Spielberg, Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros precisou de treze dias para ultrapassar a barreira de US$ 1 bilhão nas bilheterias de todo mundo. De acordo com o site Box Office Mojo, a quarta continuação dirigida por Colin Trevorrow já soma US$ 1,01 bi, sendo US$ 427 milhões somente em solo norte-americano. Muito bem recebido pela crítica, o longa vem tendo também ótimos números fora dos EUA, e nesse momento acumula US$ 584 milhões nos principais mercados internacionais. Maior abertura da história do cinema americano, com US$ 208 milhões em apenas três dias, O Mundo dos Dinossauros se torna assim o terceiro longa a ultrapassar esta expressiva marca em 2015. Antes dele, Velozes e Furiosos 7, com US$ 1,52 bi, e Vingadores - A Era de Ultron, com US$ 1,36 bi, evidenciaram o grandioso impacto dos blockbusters neste primeiro semestre.
Vale lembrar, no entanto, que enquanto a franquia estrelada por Paul Walker e Vin Diesel precisou de 17 dias para ultrapassar a marca bilionária nas bilheterias, Jurassic World atingiu este resultado em impressionantes 13 dias. Resultado que, logicamente, se deve a cada vez mais rara estreia simultânea, já que a franquia jurássica acabou estreando ao mesmo tempo em países como a China, a França, no Brasil, no Reino Unido e na Rússia. Em solo brasileiro, aliás, o longa liderou as bilheterias pelo segundo final de semana consecutivo, e já ultrapassou a barreira de 3 milhões de bilhetes vendidos. Contando com 7,5 de aprovação no site IMDB e 71% no site Rotten Tomatoes, confira a nossa opinião sobre Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, uma sequência que presta uma grande homenagem ao original, sem esquecer de atualizar esta saga pré-histórica.
Errata: Velozes e Furiosos 7 segue como a quarta maior arrecadação da história do cinema
Após anunciar que Velozes e Furiosos 7 teria ultrapassado a marca de US$ 1,52 bi nas bilheterias de todo mundo, o site Box Office Mojo - referência internacional no assunto - voltou atrás e confirmou que o longa dirigido por James Wan soma neste momento US$ 1,511 bi. Com estes números, a franquia estrelada por Paul Walker e Vin Diesel segue como a quarta maior arrecadação da história do cinema*, ficando atrás dos US$ 1,518 bi de Os Vingadores (2012), dos US$ 2,1 bi de Titanic (1997) e dos US$ 2,7 bi de Avatar (2009). Pedimos desculpas pela informação equivocada. Confira a nossa opinião sobre Velozes e Furiosos 7, o empolgante novo capítulo da franquia estrelada por Vin Diesel e Paul Walker, e assista também o trailer da versão estendida do longa, que deve chega ao Brasil nos Dvd's e Blu-Ray's.
*sem a correção da inflação.
terça-feira, 23 de junho de 2015
Enquanto Somos Jovens
Uma ácida e oscilante critica às novas gerações
Reconhecido dentro do cenário 'indie' por títulos como o elogiado A Lula e a Baleia (2005), o competente O Solteirão (2010) e o adorável Frances Ha (2013), Noah Baumbach volta a falar sobre o amadurecimento no ácido Enquanto Somos Jovens. Se distanciando de maneira oscilante da atmosfera leve dos seus principais trabalhos, o criativo diretor utiliza um casal em plena crise de meia idade para promover um bem humorado questionamento envolvendo o descompromisso, a imaturidade e o vazio das novas gerações. Procurando debater sobre a dificuldade de se abrir mão das mais enraizadas convenções sociais, Baumbach opta por colocar em cheque o seu principal publico alvo, encontrando no aparente desapego dos 'hipsters' o alvo ideal para uma interessante, esperta, mas generalizada crítica àqueles que parecem renegar a sua própria geração\ identidade.
Classificando a juventude como um estado de espírito, o argumento assinado pelo próprio diretor é brilhante ao defender que os males desta fase podem também acometer os mais experientes. Através de um particular choque de realidades, potencializado pelas expressivas atuações de Ben Stiller (Uma Noite no Museu) e Adam Driver (Será Que?), Noah Baumbach levanta uma série de interessantes reflexões existenciais sobre a maturidade e a vida adulta, mostrando os caminhos escolhidos pelos "novos" e "velhos" jovens na busca pela autoafirmação. Expondo a partir de uma curiosa amizade todas as incoerências destas duas gerações, o roteiro conta a história de Josh (Stiller) e Cornélia (Naomi Watts), dois quarentões bem casados em busca de um rumo para as suas rotinas. Afastados dos melhores amigos, que, a esta altura, já dedicavam boa parte do tempo aos seus filhos, eles pareciam felizes com a "liberdade" possibilitada por um casamento sem herdeiros. Mesmo cultivando esta aparente espontaneidade, eles se viam reclusos dentro do seu cotidiano, adiando sonhos e viagens em função dos seus respectivos trabalhos relacionados à sétima arte. Em meio a produção do seu novo documentário, uma espécie de Boyhood de quase dez anos de produção, Josh conhece os descolados Jamie (Driver) e Darby (Amanda Seyifried), um casal de jovens fãs do seu primeiro e pouco conhecido filme. Encantados com a dinâmica relação e o estilo alternativo deles, Josh e Cornélia logo são sugados para uma desapegada nova rotina, voltando a flertar com o ânimo e a energia perdida na juventude. Durante estas novas experiências, porém, Josh passa a colocar em dúvida não só a sua própria identidade, como também a sua postura enquanto adulto, encontrando nesta amizade uma forma de redefinir as suas opiniões e escolhas.
Utilizando o cinema documental como um precioso pano de fundo, principalmente por levantar uma série de interessantes discussões morais a partir do elo profissional dos protagonistas, Baumbach é habilidoso ao enfatizar as diferenças comportamentais entre estas duas gerações. Do lado experiente temos o casal antenado, que se comunica pelas redes sociais, busca informação a todo instante via Google e se mantém conectado às principais plataformas digitais. Já do lado jovem surge um afetuoso casal descolado, que se veste com roupas de brechó, constrói os seus próprios móveis e coleciona LP's e VHS para serem usados em equipamentos igualmente ultrapassados. Tirando um baita proveito da rivalidade entre a cultura 'mainstream' e a 'hipster', que ganha corpo numa sequência ágil e absolutamente inspirada, o realizador é acido ao questionar a atitude da juventude atual, que aqui parece colocar a aparência em detrimento do conteúdo, os fins em detrimento dos meios e a expectativa em detrimento da realidade. Ainda que esta abordagem generalizadora incomode, e que a critica proposta perca parte do foco na ânsia de abraçar uma série de situações, é interessante ver como pouco a pouco a dinâmica entre Josh e Jamie vai se transformando, ressaltando o quão semelhantes eram estas duas figuras tão diferentes. Em meio à diálogos ora reflexivos, ora cômicos, Baumbach é preciso ao explorar as inseguranças, as falhas de caráter e a imaturidade de ambos, questionando a partir deste duelo de gerações a falta de preparo para a vida adulta. Indo do encantamento inicial à dúvida sobre a reciprocidade desta parceria, o trunfo desta amizade fica pela forma como o experiente Josh, à medida que começa a conviver com a jovialidade de Jamie, passa a dar voz à temores aparentemente superados, como a relação com a opressora figura do seu sogro, um documentarista de sucesso vivido com primor por Charles Grodin (Beethoven).
Por outro lado, ainda que as discussões éticas a cerca do casamento, do sucesso e do amadurecimento sejam coerentes, o longa oscila diante da peculiaridade do próprio enredo. Distante das tramas mais leves, Noah Baumbach não consegue encontrar o tom ideal, criando situações ora divertidas, ora arrastadas. Pra ser sincero, assim como rimos da hilária reunião envolvendo Josh e um estúpido investidor, ou nos impressionamos com a ironicamente alarmista mensagem final, somos negativamente surpreendidos pela escatológica sequência em que os casais experimentam um ritual alucinógeno. Além disso, o roteiro subaproveita os tipos femininos, ofuscados diante das ações masculinas. A começar pela ótima Naomi Watts, que rouba a cena como a prática esposa de Josh. Divertindo ao explorar os contrastes em torno do seu flerte com a juventude, a cena em que ela dança hip-hop é um dos pontos altos da película, Watts perde espaço à medida que o seu pai entra em cena. O mesmo acontece com a versátil Amanda Seyfried, que vive a única personagem autêntica da película. Na pele da liberal Darby, a jovem atriz é praticamente esnobada da segunda metade da trama, num dos principais deslizes desta comédia. O grande acerto, no entanto, reside nas excelentes atuações de Ben Stiller e Adam Driver. À vontade nos títulos mais sóbrios, Stiller evidencia o seu talento ao viver um tipo frustrado, que se encanta com a possibilidade de reviver o tempo perdido. Capturando as nuances deste homem em crise de meia idade, uma espécie de jovem num corpo de adulto, ele encara com naturalidade a transformação de Josh, se tornando o herói improvável de Baumbach. Um desempenho que cresce diante da presença de Driver, de longe um dos principais novos talentos de Hollywood. Construindo um protagonista de aura misteriosa, que conquista desde a primeira aparição, é de Driver o personagem mais ardiloso da película.
Classificando a juventude como um estado de espírito, o argumento assinado pelo próprio diretor é brilhante ao defender que os males desta fase podem também acometer os mais experientes. Através de um particular choque de realidades, potencializado pelas expressivas atuações de Ben Stiller (Uma Noite no Museu) e Adam Driver (Será Que?), Noah Baumbach levanta uma série de interessantes reflexões existenciais sobre a maturidade e a vida adulta, mostrando os caminhos escolhidos pelos "novos" e "velhos" jovens na busca pela autoafirmação. Expondo a partir de uma curiosa amizade todas as incoerências destas duas gerações, o roteiro conta a história de Josh (Stiller) e Cornélia (Naomi Watts), dois quarentões bem casados em busca de um rumo para as suas rotinas. Afastados dos melhores amigos, que, a esta altura, já dedicavam boa parte do tempo aos seus filhos, eles pareciam felizes com a "liberdade" possibilitada por um casamento sem herdeiros. Mesmo cultivando esta aparente espontaneidade, eles se viam reclusos dentro do seu cotidiano, adiando sonhos e viagens em função dos seus respectivos trabalhos relacionados à sétima arte. Em meio a produção do seu novo documentário, uma espécie de Boyhood de quase dez anos de produção, Josh conhece os descolados Jamie (Driver) e Darby (Amanda Seyifried), um casal de jovens fãs do seu primeiro e pouco conhecido filme. Encantados com a dinâmica relação e o estilo alternativo deles, Josh e Cornélia logo são sugados para uma desapegada nova rotina, voltando a flertar com o ânimo e a energia perdida na juventude. Durante estas novas experiências, porém, Josh passa a colocar em dúvida não só a sua própria identidade, como também a sua postura enquanto adulto, encontrando nesta amizade uma forma de redefinir as suas opiniões e escolhas.
Utilizando o cinema documental como um precioso pano de fundo, principalmente por levantar uma série de interessantes discussões morais a partir do elo profissional dos protagonistas, Baumbach é habilidoso ao enfatizar as diferenças comportamentais entre estas duas gerações. Do lado experiente temos o casal antenado, que se comunica pelas redes sociais, busca informação a todo instante via Google e se mantém conectado às principais plataformas digitais. Já do lado jovem surge um afetuoso casal descolado, que se veste com roupas de brechó, constrói os seus próprios móveis e coleciona LP's e VHS para serem usados em equipamentos igualmente ultrapassados. Tirando um baita proveito da rivalidade entre a cultura 'mainstream' e a 'hipster', que ganha corpo numa sequência ágil e absolutamente inspirada, o realizador é acido ao questionar a atitude da juventude atual, que aqui parece colocar a aparência em detrimento do conteúdo, os fins em detrimento dos meios e a expectativa em detrimento da realidade. Ainda que esta abordagem generalizadora incomode, e que a critica proposta perca parte do foco na ânsia de abraçar uma série de situações, é interessante ver como pouco a pouco a dinâmica entre Josh e Jamie vai se transformando, ressaltando o quão semelhantes eram estas duas figuras tão diferentes. Em meio à diálogos ora reflexivos, ora cômicos, Baumbach é preciso ao explorar as inseguranças, as falhas de caráter e a imaturidade de ambos, questionando a partir deste duelo de gerações a falta de preparo para a vida adulta. Indo do encantamento inicial à dúvida sobre a reciprocidade desta parceria, o trunfo desta amizade fica pela forma como o experiente Josh, à medida que começa a conviver com a jovialidade de Jamie, passa a dar voz à temores aparentemente superados, como a relação com a opressora figura do seu sogro, um documentarista de sucesso vivido com primor por Charles Grodin (Beethoven).
Por outro lado, ainda que as discussões éticas a cerca do casamento, do sucesso e do amadurecimento sejam coerentes, o longa oscila diante da peculiaridade do próprio enredo. Distante das tramas mais leves, Noah Baumbach não consegue encontrar o tom ideal, criando situações ora divertidas, ora arrastadas. Pra ser sincero, assim como rimos da hilária reunião envolvendo Josh e um estúpido investidor, ou nos impressionamos com a ironicamente alarmista mensagem final, somos negativamente surpreendidos pela escatológica sequência em que os casais experimentam um ritual alucinógeno. Além disso, o roteiro subaproveita os tipos femininos, ofuscados diante das ações masculinas. A começar pela ótima Naomi Watts, que rouba a cena como a prática esposa de Josh. Divertindo ao explorar os contrastes em torno do seu flerte com a juventude, a cena em que ela dança hip-hop é um dos pontos altos da película, Watts perde espaço à medida que o seu pai entra em cena. O mesmo acontece com a versátil Amanda Seyfried, que vive a única personagem autêntica da película. Na pele da liberal Darby, a jovem atriz é praticamente esnobada da segunda metade da trama, num dos principais deslizes desta comédia. O grande acerto, no entanto, reside nas excelentes atuações de Ben Stiller e Adam Driver. À vontade nos títulos mais sóbrios, Stiller evidencia o seu talento ao viver um tipo frustrado, que se encanta com a possibilidade de reviver o tempo perdido. Capturando as nuances deste homem em crise de meia idade, uma espécie de jovem num corpo de adulto, ele encara com naturalidade a transformação de Josh, se tornando o herói improvável de Baumbach. Um desempenho que cresce diante da presença de Driver, de longe um dos principais novos talentos de Hollywood. Construindo um protagonista de aura misteriosa, que conquista desde a primeira aparição, é de Driver o personagem mais ardiloso da película.
No final das contas, tal qual o brado de envelhecimento do seu protagonista, Enquanto Somos Jovens se mostra uma espécie de grito de liberdade do hoje quarentão Noah Baumbach. Um realizador que, após se destacar ao falar de maneira gentil sobre a juventude e o amadurecimento, vê neste novo trabalho a possibilidade de apresentar uma crítica a incoerência desta geração numa comédia sagaz, universal, mas distante da precisão dos seus mais inocentes trabalhos. Fazendo - como de costume - uma série de certeiras referências à cultura pop, ele usa a nostalgia, a eclética trilha sonora, o afiado time de atores e o debate sobre a verdade do cinema para questionar a imaturidade por trás da incessante inversão de identidades na busca pelo tempo desperdiçado. Até porque, na visão de Baumbach, enquanto os jovens buscam a qualquer custo a estabilidade dos adultos, os adultos parecem clamar pelas experiências libertadoras dos mais jovens.
Luto! Morre James Horner
Vencedor do Oscar pela trilha sonora de Titanic (1997), o compositor James Horner faleceu nesta segunda-feira, aos 61 anos, vítima de um acidente de avião. As informações são da CBS. De acordo com o canal, as autoridades locais receberam um chamado por volta das 21 h e 30 min (horário local), mas ao chegarem no local não encontraram sobreviventes. O renomado realizador, um apaixonado por aeronaves, pilotava o avião. Reconhecido pelo trabalho no clássico de James Cameron, onde ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original, com o hit 'My Heart Will Go On', Horner colecionou uma série de expressivos trabalhos ao longo de uma bem sucedida carreira. Responsável pelas elogiadas trilhas de Jornadas das Estrelas II - A Ira de Khan (1982), O Campo dos Sonhos (1986), Em Busca do Vale Encantado (1988), Tempo de Glória (1989), Coração Valente (1995), Apollo 13 (1995), Uma Mente Brilhante (2001), Casa de Areia e Névoa (2004) e Avatar (2009). Entre os seus últimos trabalhos estão o ainda inédito Southpaw, drama de boxe estrelado por Jake Gyllenhaal, e Os 33, drama inspirado na história real de um grupo de chilenos presos em uma mina no Chile. Confira abaixo o clipe de 'My Heart Will Go On', um dos principais trabalhos deste grande compositor.
domingo, 21 de junho de 2015
À sombra de Jurassic World, Divertida Mente fatura alto em sua estreia nos EUA (Atualizado)
Mostrando a força da Pixar, o fantástico Divertida Mente conseguiu um ótimo resultado nas bilheterias norte-americanas em sua estreia. Dividindo o espaço com o fenômeno Jurassic World, a nova animação do diretor Pete Docter (Up - Altas Aventuras) conseguiu expressivos US$ 90 milhões nos seus três primeiros dias em cartaz, se tornando a segunda maior abertura da história do estúdio. A estreia mais rentável, aliás, segue sendo de Toy Story 3, que em 2010 faturou US$ 110,3 milhões. As informações são do site Box Office Mojo. Nos apresentando uma premissa absolutamente original, confira a nossa opinião sobre o longa, Divertida Mente somou também US$ 41 milhões nas bilheterias internacionais, chegando a marca dos US$ 131 milhões em seu primeiro fim de semana. No Brasil, segundo o site Filme B, a animação também estreou na segunda colocação, faturando R$ 9,4 milhões em quatro dias.
Mesmo com este grande resultado, no entanto, a liderança deste final de semana ficou novamente para O Mundo dos Dinossauros. Maior abertura da história do cinema nos EUA, com US$ 208 milhões, o longa somou impressionantes US$ 102 milhões no seu segundo fim de semana em cartaz, alcançado US$ 398 milhões somente nas bilheteria norte-americanas. Empurrado também pela rentabilidade nos mercados internacionais, o longa dirigido por Colin Trevorrow já soma US$ 981 milhões ao redor do mundo, sendo US$ 160 milhões só na China. Líder também em solo brasileiro, o longa estrelado por Chris Pratt conseguiu impressionantes R$ 49 milhões nas bilheterias. Confira a nossa opinião sobre Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, o quarto capítulo da franquia noventista de Steven Spielberg.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Divertida Mente
A Pixar no melhor estilo Pixar
Após ceder às fórmulas mais comerciais nos divertidos Carros 2 (2011), Valente (2012) e Universidade Monstros (2013), a Pixar volta a defender a originalidade que a consagrou no fantástico Divertida Mente. Nos conduzindo por uma mágica e genial viagem pelo cérebro humano, o novo trabalho do expressivo diretor Pete Docter (Up - Altas Aventuras) se apropria com uma impressionante inocência de temas complexos, mostrando sob um ponto de vista adoravelmente particular as oscilações emocionais de uma garotinha prestes a encarar a pré-adolescência. Personificando cada um dos principais e mais abstratos sentimentos humanos, que ganham corpo através de personagens cativantes e primorosamente desenvolvidos, a animação faz do cérebro infantil um criativo mundo de magia e cores, promovendo uma daquelas encantadoras viagens cada vez mais raras dentro do cinema atual. Uma jornada brilhante e impecavelmente universal capaz transformar uma elaborada premissa sobre o nosso comportamento numa leve e singela brincadeira de criança.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
Confira a bela prévia de A Travessia, longa inspirado numa vertiginosa história real
Este belo trailer não podia passar despercebido. Dirigido por Robert Zemeckis (De Volta para o Futuro, Náufrago), A Travessia irá narrar a história real do francês Philippe Petit, que aos 24 anos de idade decidiu atravessar as duas torres do World Trade Center via uma corda bamba. Estrelado por Joseph Gordon-Levitt (Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge), o longa trará ainda no elenco nomes como os de Ben Kingsley (Homem de Ferro 3), James Badge Dale (Guerra Mundial Z), Charlotte Le Bon (Yves Saint-Laurent) e Ben Schwartz (Aposta Máxima). A Travessia estreia no Brasil no dia 8 de outubro. Confira abaixo o belíssimo teaser e logo em sequência o trailer completo já legendado.
Sob o Mesmo Céu
Uma adorável bagunça
Recebido de maneira negativa por parte da crítica norte-americana, Sob o Mesmo Céu cativa pela forma pouco ortodoxa com que constrói uma leve e inofensiva história de amor. Dirigido pelo competente Cameron Crowe, o mesmo do espetacular Quase Famosos (2000), o longa foge do lugar comum ao flertar com elementos pouco usuais dentro do gênero, promovendo uma adorável bagunça ao construir uma espécie improvável de triângulo amoroso utilizando como pano de fundo uma missão militar no Havaí. Se apropriando da mitologia local para discutir de maneira perspicaz as questões morais por trás dos personagens, este açucarado romance até se esforça para abraçar todos os temas que se propõe a levantar, mas acaba esbarrando na superficialidade com que essa excêntrica premissa ganha corpo. Ainda assim, embalado pelo carisma do trio Bradley Cooper, Emma Stone e Rachel McAdams, e pela encantadora aura havaiana, Crowe consegue trazer certo charme ao longa, principalmente quando deixa os pretensiosos diálogos de lado e passa a se concentrar na expressividade dos seus protagonistas.
Com roteiro assinado pelo próprio diretor, Sob o Mesmo Céu entra para a lista recente dos "feel good movies" idealizados por Cameron Crowe. Seguindo o caminho aberto por títulos como o envolvente Tudo Acontece em Elizabethtown (2005) e o edificante Compramos um Zoológico (2011), o curioso novo trabalho deste realizador se mostra disposto à alimentar a atmosfera romântica, sem esquecer o humor, conseguindo um resultado que se não é empolgante, ao menos se mantém interessante ao longo dos lineares 110 minutos de projeção. Utilizando o céu como um elo entre os personagens, o longa narra a história de Brian Gilcrest (Coopley), um ex-militar de caráter dúbio que volta ao Havaí - sua terra natal - para negociar a construção de uma plataforma de foguetes. Agora trabalhando para o extravagante milionário Carson Welch (Bill Murray), ele terá que convencer os habitantes locais a liberar o espaço para tal construção. Contando com o apoio da proativa e determinada Capitã Ng (Stone), Brian se vê em apuros ao reencontrar a sua ex-namorada Tracy (McAdams), uma bela mulher que acabou sofrendo ao ser abandonada por ele. Disposto a aparar as arestas do passado com ela, que após essa desilusão construiu uma vida ao lado do soldado Woody (John Krasinski), Brian passa a se encantar por Ng, encontrando na pureza e inocência dela o estopim para questionar não só a sua própria missão, mas também o rumo que dará a sua vida.
Flertando ora com temas exóticos, ora com situações mais densas, o roteiro demonstra certo desequilíbrio ao passear de forma acelerada pelas muitas subtramas, que são utilizadas ao bel prazer do realizador. Ainda que o longa em nenhum momento se torne arrastado, a verdade é que alguns dos arcos criados por Crowe ganham contornos simplórios, numa ingenuidade irreal perante a seriedade de parte dos acontecimentos. Com destaque - negativo - para o pano de fundo militar, que mesmo trazendo uma aura particular à trama, padece diante de soluções frágeis e previsíveis. Além disso, apesar da excelente química entre Cooper e Stone, o relacionamento Ng e Brian é concebido de maneira forçada. Recorrendo a dispensáveis clichês, o argumento desenvolve este caso de amor através de diálogos rasos e pretensiosamente desconexos, explorando apressadamente tanto a incompatibilidade de "gênios", quanto a repentina troca de olhares românticos do casal. A partir do segundo ato, no entanto, a dinâmica entre os personagens vai se tornando mais aceitável, muito em função de algumas perceptíveis mudanças textuais. Se distanciando da verborragia inicial, Crowe passa a adotar inspiradas e quase experimentais soluções narrativas, deixando a expressividade física dos atores falarem por si só. Na verdade, em vários momentos os personagens parecem dialogar através do olhar, mostrando a intenção do realizador em valorizar pura e simplesmente o silêncio. Construindo sequências absolutamente inventivas, o hilário jeito de se comunicar do "caladão" John Krasinski é um dos pontos altos da trama, o roteiro adquire peso ao explorar a intensa conexão de Brian com Tracy, abordando com maturidade os reflexos de uma traumática relação do passado.
Outro acerto do longa fica pela maneira respeitosa como Crowe tira proveito da fascinante mitologia desta região. Ainda que peque ao não se aprofundar nos dilemas políticos e étnicos, o roteiro faz questão de defender a ligação dos havaianos com os seus deuses e a terra natal, encontrando no talentoso Jaeden Lieberher (Um Santo Vizinho) e na carismática Emma Stone (Magia ao Luar) dois interessantes porta-vozes desta fantástica mitologia. Vigorosa ao dar vida a uma habitante local "1\4 havaiana, filha de pai chinês e mãe sueca", fato que gerou certa polêmica junto a crítica norte-americana, Stone cria um tipo completamente apaixonante, convencendo ao interpretar uma jovem obstinada e inocente. Um desempenho semelhante ao de Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida), que encara com honestidade o duvidoso Brian. Tentando dar alguma profundidade aos problemáticos diálogos do primeiro ato, o "sobrevivente" protagonista é habilidoso ao explorar as questões morais por trás do ex-militar, crescendo à medida que os seus dilemas se tornam mais sólidos. Uma pena que a jornada de redenção do seu personagem seja tão repentina, reduzindo um pouco do impacto por trás das cativantes duas últimas cenas. Vale destacar ainda as impecáveis presenças de Bill Murray (Os Caça Fantasmas), que diverte como um excêntrico milionário, de Alec Baldwin (A Fuga), irritado como o ex-comandante de Brian, e do comediante Danny McBride (Sua Alteza), bem mais contido como um coronel com um inusitado transtorno em suas mãos.
Fazendo novamente um baita uso da trilha sonora, que sustenta com esperteza a atmosfera romântica deste inofensivo longa, Sob o Mesmo Céu nem de longe é o desastre que a crítica americana pintou. Mesmo sendo um dos trabalhos mais frágeis da estável carreira de Cameron Crowe, a película seduz pela forma simpática com que aborda o contexto militar, utilizando este pouco usual pano de fundo como uma ferramenta para reciclar algumas das fórmulas mais populares do gênero. Em meio a uma série de boas intenções, no entanto, Crowe verdadeiramente se destaca ao trabalhar com alguns recursos narrativos mais elaborados, mostrando que o silêncio, quando bem utilizado, pode valer mais do que mil palavras.
Flertando ora com temas exóticos, ora com situações mais densas, o roteiro demonstra certo desequilíbrio ao passear de forma acelerada pelas muitas subtramas, que são utilizadas ao bel prazer do realizador. Ainda que o longa em nenhum momento se torne arrastado, a verdade é que alguns dos arcos criados por Crowe ganham contornos simplórios, numa ingenuidade irreal perante a seriedade de parte dos acontecimentos. Com destaque - negativo - para o pano de fundo militar, que mesmo trazendo uma aura particular à trama, padece diante de soluções frágeis e previsíveis. Além disso, apesar da excelente química entre Cooper e Stone, o relacionamento Ng e Brian é concebido de maneira forçada. Recorrendo a dispensáveis clichês, o argumento desenvolve este caso de amor através de diálogos rasos e pretensiosamente desconexos, explorando apressadamente tanto a incompatibilidade de "gênios", quanto a repentina troca de olhares românticos do casal. A partir do segundo ato, no entanto, a dinâmica entre os personagens vai se tornando mais aceitável, muito em função de algumas perceptíveis mudanças textuais. Se distanciando da verborragia inicial, Crowe passa a adotar inspiradas e quase experimentais soluções narrativas, deixando a expressividade física dos atores falarem por si só. Na verdade, em vários momentos os personagens parecem dialogar através do olhar, mostrando a intenção do realizador em valorizar pura e simplesmente o silêncio. Construindo sequências absolutamente inventivas, o hilário jeito de se comunicar do "caladão" John Krasinski é um dos pontos altos da trama, o roteiro adquire peso ao explorar a intensa conexão de Brian com Tracy, abordando com maturidade os reflexos de uma traumática relação do passado.
Outro acerto do longa fica pela maneira respeitosa como Crowe tira proveito da fascinante mitologia desta região. Ainda que peque ao não se aprofundar nos dilemas políticos e étnicos, o roteiro faz questão de defender a ligação dos havaianos com os seus deuses e a terra natal, encontrando no talentoso Jaeden Lieberher (Um Santo Vizinho) e na carismática Emma Stone (Magia ao Luar) dois interessantes porta-vozes desta fantástica mitologia. Vigorosa ao dar vida a uma habitante local "1\4 havaiana, filha de pai chinês e mãe sueca", fato que gerou certa polêmica junto a crítica norte-americana, Stone cria um tipo completamente apaixonante, convencendo ao interpretar uma jovem obstinada e inocente. Um desempenho semelhante ao de Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida), que encara com honestidade o duvidoso Brian. Tentando dar alguma profundidade aos problemáticos diálogos do primeiro ato, o "sobrevivente" protagonista é habilidoso ao explorar as questões morais por trás do ex-militar, crescendo à medida que os seus dilemas se tornam mais sólidos. Uma pena que a jornada de redenção do seu personagem seja tão repentina, reduzindo um pouco do impacto por trás das cativantes duas últimas cenas. Vale destacar ainda as impecáveis presenças de Bill Murray (Os Caça Fantasmas), que diverte como um excêntrico milionário, de Alec Baldwin (A Fuga), irritado como o ex-comandante de Brian, e do comediante Danny McBride (Sua Alteza), bem mais contido como um coronel com um inusitado transtorno em suas mãos.
Fazendo novamente um baita uso da trilha sonora, que sustenta com esperteza a atmosfera romântica deste inofensivo longa, Sob o Mesmo Céu nem de longe é o desastre que a crítica americana pintou. Mesmo sendo um dos trabalhos mais frágeis da estável carreira de Cameron Crowe, a película seduz pela forma simpática com que aborda o contexto militar, utilizando este pouco usual pano de fundo como uma ferramenta para reciclar algumas das fórmulas mais populares do gênero. Em meio a uma série de boas intenções, no entanto, Crowe verdadeiramente se destaca ao trabalhar com alguns recursos narrativos mais elaborados, mostrando que o silêncio, quando bem utilizado, pode valer mais do que mil palavras.
terça-feira, 16 de junho de 2015
Presidente da Marvel divulga mensagem celebrando o sucesso de Jurassic World
Até o presidente da Marvel resolveu celebrar a quebra de recorde de Jurassic World, que conseguiu em sua estreia a maior abertura do cinema norte-americano. Com US$ 208 milhões em três dias, o longa estrelado por Chris Pratt (Guardiões da Galáxia) superou a marca estabelecida por Os Vingadores, que em 2012 somou US$ 207 milhões em seu lançamento nos EUA. Via Twitter, o midas do estúdio Kevin Feig divulgou uma foto (acima) com uma mensagem elogiando o êxito do longa. "O estúdios Marvel parabenizam 'Jurrassic World' por ser o novo rei dos fins de semana de aberturas', revelou Feige saudando também o diretor Colin Trevorrow, os produtores Steven Spielberg e Frank Marshall, a própria Universal, e o protagonista Chris Pratt. Esse último, aliás, já rendeu muitos frutos também para a própria Marvel, já que ele foi uma das estrelas do improvável sucesso de público e crítica Os Guardiões da Galáxia. Prestando uma grande reverência ao clássico de 1993, Jurassic World já soma US$ 549 milhões ao redor do mundo, comprovando a popularidade da franquia que ganhou corpo nas mãos de Spielberg. Confira a nossa opinião sobre O Mundo dos Dinossauros e saiba mais aqui sobre o grande desempenho inicial do longa nos EUA.
segunda-feira, 15 de junho de 2015
Esmagando a concorrência, Jurassic World quebra recordes nos EUA
Superando todas as estimativas inicias, Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros estreou em grande estilo nos EUA. Em seu primeiro final de semana, o longa faturou espetaculares US$ 208 milhões em solo norte-americano, se tornando a maior abertura da história do cinema no país. Lançado em mais de quatro mil e duzentas salas na terra do Tio Sam, o longa dirigido por Colin Trevorrow superou os US$ 207 milhões conseguidos por Os Vingadores (2012) e os US$ 191 milhões arrecadados por A Era de Ultron (2015), ultrapassando também os US$ 204 milhões previstos pelos especialistas nos cálculos inicias. As informações são do site Box Office Mojo. Lançado simultaneamente em países como a China, a França, a Alemanha, o Reino Unido, a Coréia do Sul e a Rússia, o quarto capítulo da franquia construída por Steven Spielberg conseguiu também um fantástico resultado inicial ao redor do mundo, somando US$ 307 milhões em apenas três dias. Com orçamento girando em torno de US$ 150 milhões, Jurassic World já conta com impressionantes US$ 516 milhões nas bilheterias internacionais, tirando um belo proveito do cada vez mais raro lançamento simultâneo (China e EUA) e da rentabilidade do 3-D.
Comprovando a enorme popularidade desta franquia jurássica, que desde Jurassic Park III (2001) não ganhava uma continuação, a Universal vem tendo um daqueles primeiros semestres para serem celebrados. Impulsionado pelos sucessos de Velozes e Furiosos 7, Cinquenta Tons de Cinza e A Escolha Perfeita 2, que faturaram respectivamente US$ 1,5 bi, US$ 569 milhões e US$ 260 milhões, o estúdio ultrapassou em tempo recorde a marca de US$ 1 bi nas bilheterias norte-americanas e US$ 3 bi na internacional. Assim como no restante do mundo, aliás, O Mundo dos Dinossauros também estreou de maneira avassaladora no Brasil. Contando com o carisma de Chris Pratt (Guardiões da Galáxia), a aventura pré-histórica faturou R$ 22,8 milhões em solo nacional, abrindo larga vantagem para os R$ 3,9 milhões de Terremoto - A Falha de San Andreas (confira a nossa opinião) e os R$ 2 milhões da comédia Qualquer Gato Vira Lata. As informações são do site Filme B, Confira a nossa opinião sobre o empolgante Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros, um longa que não só presta uma grande reverência ao clássico Jurassic Park (1993), como também apresenta uma bem vinda atualização envolvendo a criação do escritor Michael Crichton.
sábado, 13 de junho de 2015
Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros
Prestando uma grande reverência ao original, longa mostra quem é que manda no topo da cadeia alimentar
Lançado no ano de 1993, Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros impressionou o mundo ao comprovar a evolução dos efeitos digitais dentro da sétima arte. Recheado de momentos icônicos, como não se lembrar da fascinante entrada no parque ao som da fantástica trilha sonora de John Williams ou do primeiro ataque do Tiranossauro Rex, a aventura dirigida por Steven Spielberg conquistou o público ao usar a magia do cinema para dar vida aos então extintos dinossauros, se tornando um daqueles raros fenômenos dentro da indústria do entretenimento. Após quase vinte e três anos e duas sequências bem menos inspiradas, a franquia jurássica retorna em grande estilo aos cinemas com o empolgante Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros. Prestando uma nítida reverência ao longa original, o novato Colin Trevorrow (Sem Segurança Nenhum) cumpre a sua missão ao apresentar estes seres pré-históricos às novas gerações, oferecendo uma obra esperta, divertida e visualmente irretocável. Ainda que - obviamente - não proporcione o mesmo impacto do original, esta continuação guarda também os seus trunfos e surpresas, conseguindo dialogar muito mais com a genialidade criativa de Jurassic Park, do que com o oportunismo comercial de O Mundo Perdido e Jurassic Park III.
Com Spielberg agora como produtor, Jurassic World é certeiro ao conservar a dinâmica que consagrou o primeiro filme, equilibrando habilmente os caprichados efeitos visuais com um competente argumento. Em meio aos grandiosos dinossauros, que com o avanço dos recursos digitais parecem ainda mais imponentes e assustadores, Colin Trevorrow se esforça ao máximo para valorizar todos os personagens, e os seus respectivos arcos, encontrando no talento do carismático Chris Pratt, da magnética Bryce Dallas Howard e do perspicaz Ty Simpkins a sustentação necessária para esta espontânea continuação. Na trama, assinada pelo próprio diretor ao lado de Rick Jaffa, Amanda Silver e Derek Connolly, o fracasso do Jurassic Park ficou para trás com o sucesso do Jurassic World. Atraindo milhares de pessoas, a atração agora liderada pelo milionário Simon Masrani (Irrfan Khan) conquistou o público ao dar vida às criaturas jurássicas. Sob a direção da perfeccionista Claire (Howard), o parque estava prestes a lançar mais uma atração, o geneticamente modificado Indominus Rex. Durante os preparativos para tal evento, ela recebe os sobrinhos Gray (Simpkins) e Zach (Nick Robinson) para um fim de semana em família, tentando achar um espaço na concorrida agenda para dar atenção aos dois. O que era pra ser uma viagem de alegria, no entanto, ganha contornos trágicos quando Indominus se revela uma máquina de matar a solta pelo parque. Sem o controle da situação, Claire recorre ao ex-marinheiro e especialista em dinossauros Owen (Pratt), e juntos terão que salvar não só os dois jovens, mas também encontrar uma maneira para extinguir esta nova ameaça.
Demonstrando absoluto respeito ao longa original, Jurassic World é certeiro ao reaproveitar algumas das fórmulas que consagraram o clássico de 1993. Promovendo uma série de adoráveis referências, daquelas capazes de levar os fãs da trilogia a euforia, o argumento é sagaz ao se manter fiel à estrutura narrativa do primeiro filme, apostando em personagens que parecem recuperar a aura encantadora que estabeleceu a franquia. Apesar das nítidas diferenças entre eles, que, tal qual os dinossauros, também passaram por uma especie de modernização, temos novamente o jovem "sabe tudo" empolgado em ver os seres pré-históricos, o especialista\herói preocupado com o destino dos animais e o empresário endinheirado disposto a brincar de Deus ao dar vida a novas espécies. Semelhanças que, verdade seja dita, em nenhum momento soam como um plágio, mas como uma espécie de homenagem ao melhor que a saga já ofereceu. Fazendo um belo uso deste recurso, Trevorrow não se prende somente ao passado, encontrando também algumas soluções novas e altamente satisfatórias. A começar pela construção do principal antagonista da trama, o voraz e inteligente Indominus Rex. Por mais que a trama derrape no problemático arco liderado por Vicent D'Onofrio (O Juiz), numa desajeitada tentativa de se criar um vilão humano com estúpidos interesses bélicos, o argumento é eficiente ao mostrar o dinossauro geneticamente modificado como uma verdadeira arma de destruição, preparando com extrema perícia o terreno para o espetacular clímax. Sem querer revelar muito, a sequência envolvendo o pacífico dinossauro pescoçudo, com direito a um primoroso uso dos recursos animatrônicos, ressalta o cuidado do realizador ao conceber uma criatura realmente vil.
Zelo que, diga-se de passagem, se repete no desenvolvimento dos protagonistas, que não são meros peões diante da ferocidade dos dinossauros. Contando com um roteiro leve e bem resolvido, o longa se divide habilmente em simples e bem distribuídas subtramas, mantendo o clima de tensão sempre em alta ao ganharem corpo de forma coesa e gradativa. Com destaque para divertida relação entre Owen e Claire, sem dúvidas, uma das maiores particularidades desta sequência. Embalado pelas ótimas atuações de Chris Pratt (Guardiões da Galáxia), absolutamente convincente como o bem humorado "salvador da pátria", e da estonteante Bryce Dallas Howard (A Vila), numa personagem que não "desce do salto" nem mesmo para fugir dos dinossauros, os dois revelam uma excelente química em cena, numa relação que cresce à medida que o perigo se aproxima. A nítida feminilidade de Claire, aliás, é explorada com perspicácia por Trevorrow na transformação da protagonista, que vai da cerebral mulher de negócios à destemida e nada indefesa "mocinha" de maneira atraente. Outro acerto do longa fica pela presença de Ty Simpkins (Homem de Ferro 3) e a inocente relação do seu personagem com o irmão mais velho (Nick Robinson). Apresentando um eficiente pano de fundo, que só amplia o elo entre os dois, o roteiro faz da parceria entre Gray e Zach um dos arcos mais equilibrados desta aventura, rendendo não só cenas mais aceleradas, como também alguns momentos mais singelos. É do jovem, aliás, a missão de nos apresentar ao Jurassic World, uma mistura de zoológico com parque aquático, numa sequência detalhista, nostálgica e acima de tudo original. Ainda sobre o elenco, vale destacar as presenças de Irrfan Khan (As Aventuras de Pi), que cativa como o proativo dono do parque, e do comediante Jack Johnson (New Girl), responsável por alguns dos bons alívios cômicos.
A grande força de Jurassic World, no entanto, reside novamente nos fantásticos efeitos visuais e na forma como Trevorrow procura "proteger" as surpresas possibilitadas por tais recursos. No longa mais violento da franquia, o diretor faz um baita uso da diferente interação entre dinossauros e humanos, que nesta continuação não se resume a relação entre caçador e presa. Mesmo sem abrir mão dos recursos animatrônicos, responsáveis por ampliar a veracidade nos takes mais detalhistas, O Mundo dos Dinossauros consegue tirar o máximo do avanço das tecnologias digitais, dando ainda mais mobilidade as gigantescas criaturas jurássicas. Procurando se conectar visualmente com o clássico de 1993, Trevorrow elabora sequências vigorosas e inventivas, mostrando estilo ao desenvolver não só os ataques dos dinossauros, mas também a estética de cada um deles. Com destaque para Indominus Rex, e a sua assustadora aparência hibrida, e para os Velociraptores, que recebem um maior espaço nesta continuação ao serem "domados" por Owen. E como se não bastasse a intensidade das cenas mais eletrizantes, o ataque do Indominus ao giroscópio é digno do original, Jurassic World ganha tons ainda mais vigorosos graças ao precioso uso do 3-D. Nadando contra a corrente, aqui o recurso não se resume a objetos atirados na cara do espectador, funcionando com rara sutileza na construção da atmosfera do longa. Além disso, o 3-D não diminui o brilho da iluminada fotografia de John Schwartzman (Drácula - A História Nunca Contada), se tornando positivamente imperceptível ao longo das fluídas 2 h e 15 min de projeção e permitindo momentos como a primorosa sequência submersa.
Oferecendo aquilo que o público gostaria de ver, Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros empolga ao fazer questão de manter viva a chama acesa pelo original e ao defender a atmosfera fascinante do icônico blockbuster noventista. Por mais que em alguns momentos o longa flerte com os clichês e as soluções exageradamente convenientes, forçadas até mesmo para um filme sobre criaturas pré-históricas, a nova aventura inspirada no livro de Michael Crichton conquista pela forma como quase venera o original sem esquecer de atualizar a franquia. Desta maneira, ao mesmo tempo em que nos deixamos levar pelos acordes nostálgicos da inesquecível trilha sonora composta John Williams, capturados com inspiração na releitura apresentada pelo ótimo Michael Giacchino (Up - Altas Aventuras), somos surpreendidos ao assistir a voracidade de Indominus Rex e a sua espetacular luta pelo topo da cadeia alimentar. Com o subir dos créditos e o baixar da adrenalina, entretanto, fica a certeza do pioneirismo de Steven Spielberg, que, com menos recursos digitais, abriu as portas desta franquia num brilhante trabalho que insiste em não envelhecer.
Demonstrando absoluto respeito ao longa original, Jurassic World é certeiro ao reaproveitar algumas das fórmulas que consagraram o clássico de 1993. Promovendo uma série de adoráveis referências, daquelas capazes de levar os fãs da trilogia a euforia, o argumento é sagaz ao se manter fiel à estrutura narrativa do primeiro filme, apostando em personagens que parecem recuperar a aura encantadora que estabeleceu a franquia. Apesar das nítidas diferenças entre eles, que, tal qual os dinossauros, também passaram por uma especie de modernização, temos novamente o jovem "sabe tudo" empolgado em ver os seres pré-históricos, o especialista\herói preocupado com o destino dos animais e o empresário endinheirado disposto a brincar de Deus ao dar vida a novas espécies. Semelhanças que, verdade seja dita, em nenhum momento soam como um plágio, mas como uma espécie de homenagem ao melhor que a saga já ofereceu. Fazendo um belo uso deste recurso, Trevorrow não se prende somente ao passado, encontrando também algumas soluções novas e altamente satisfatórias. A começar pela construção do principal antagonista da trama, o voraz e inteligente Indominus Rex. Por mais que a trama derrape no problemático arco liderado por Vicent D'Onofrio (O Juiz), numa desajeitada tentativa de se criar um vilão humano com estúpidos interesses bélicos, o argumento é eficiente ao mostrar o dinossauro geneticamente modificado como uma verdadeira arma de destruição, preparando com extrema perícia o terreno para o espetacular clímax. Sem querer revelar muito, a sequência envolvendo o pacífico dinossauro pescoçudo, com direito a um primoroso uso dos recursos animatrônicos, ressalta o cuidado do realizador ao conceber uma criatura realmente vil.
Zelo que, diga-se de passagem, se repete no desenvolvimento dos protagonistas, que não são meros peões diante da ferocidade dos dinossauros. Contando com um roteiro leve e bem resolvido, o longa se divide habilmente em simples e bem distribuídas subtramas, mantendo o clima de tensão sempre em alta ao ganharem corpo de forma coesa e gradativa. Com destaque para divertida relação entre Owen e Claire, sem dúvidas, uma das maiores particularidades desta sequência. Embalado pelas ótimas atuações de Chris Pratt (Guardiões da Galáxia), absolutamente convincente como o bem humorado "salvador da pátria", e da estonteante Bryce Dallas Howard (A Vila), numa personagem que não "desce do salto" nem mesmo para fugir dos dinossauros, os dois revelam uma excelente química em cena, numa relação que cresce à medida que o perigo se aproxima. A nítida feminilidade de Claire, aliás, é explorada com perspicácia por Trevorrow na transformação da protagonista, que vai da cerebral mulher de negócios à destemida e nada indefesa "mocinha" de maneira atraente. Outro acerto do longa fica pela presença de Ty Simpkins (Homem de Ferro 3) e a inocente relação do seu personagem com o irmão mais velho (Nick Robinson). Apresentando um eficiente pano de fundo, que só amplia o elo entre os dois, o roteiro faz da parceria entre Gray e Zach um dos arcos mais equilibrados desta aventura, rendendo não só cenas mais aceleradas, como também alguns momentos mais singelos. É do jovem, aliás, a missão de nos apresentar ao Jurassic World, uma mistura de zoológico com parque aquático, numa sequência detalhista, nostálgica e acima de tudo original. Ainda sobre o elenco, vale destacar as presenças de Irrfan Khan (As Aventuras de Pi), que cativa como o proativo dono do parque, e do comediante Jack Johnson (New Girl), responsável por alguns dos bons alívios cômicos.
A grande força de Jurassic World, no entanto, reside novamente nos fantásticos efeitos visuais e na forma como Trevorrow procura "proteger" as surpresas possibilitadas por tais recursos. No longa mais violento da franquia, o diretor faz um baita uso da diferente interação entre dinossauros e humanos, que nesta continuação não se resume a relação entre caçador e presa. Mesmo sem abrir mão dos recursos animatrônicos, responsáveis por ampliar a veracidade nos takes mais detalhistas, O Mundo dos Dinossauros consegue tirar o máximo do avanço das tecnologias digitais, dando ainda mais mobilidade as gigantescas criaturas jurássicas. Procurando se conectar visualmente com o clássico de 1993, Trevorrow elabora sequências vigorosas e inventivas, mostrando estilo ao desenvolver não só os ataques dos dinossauros, mas também a estética de cada um deles. Com destaque para Indominus Rex, e a sua assustadora aparência hibrida, e para os Velociraptores, que recebem um maior espaço nesta continuação ao serem "domados" por Owen. E como se não bastasse a intensidade das cenas mais eletrizantes, o ataque do Indominus ao giroscópio é digno do original, Jurassic World ganha tons ainda mais vigorosos graças ao precioso uso do 3-D. Nadando contra a corrente, aqui o recurso não se resume a objetos atirados na cara do espectador, funcionando com rara sutileza na construção da atmosfera do longa. Além disso, o 3-D não diminui o brilho da iluminada fotografia de John Schwartzman (Drácula - A História Nunca Contada), se tornando positivamente imperceptível ao longo das fluídas 2 h e 15 min de projeção e permitindo momentos como a primorosa sequência submersa.
Oferecendo aquilo que o público gostaria de ver, Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros empolga ao fazer questão de manter viva a chama acesa pelo original e ao defender a atmosfera fascinante do icônico blockbuster noventista. Por mais que em alguns momentos o longa flerte com os clichês e as soluções exageradamente convenientes, forçadas até mesmo para um filme sobre criaturas pré-históricas, a nova aventura inspirada no livro de Michael Crichton conquista pela forma como quase venera o original sem esquecer de atualizar a franquia. Desta maneira, ao mesmo tempo em que nos deixamos levar pelos acordes nostálgicos da inesquecível trilha sonora composta John Williams, capturados com inspiração na releitura apresentada pelo ótimo Michael Giacchino (Up - Altas Aventuras), somos surpreendidos ao assistir a voracidade de Indominus Rex e a sua espetacular luta pelo topo da cadeia alimentar. Com o subir dos créditos e o baixar da adrenalina, entretanto, fica a certeza do pioneirismo de Steven Spielberg, que, com menos recursos digitais, abriu as portas desta franquia num brilhante trabalho que insiste em não envelhecer.
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Neste Dia dos Namorados confira alguns dos Novos Romances mais Legais do Cinema
E nesta sexta-feira (12) é celebrado no Brasil mais um Dia dos Namorados. Nesta data em que o clima de romance se espalha por todo país, nada melhor do que comemorar um relacionamento assistindo um filmezinho a dois. O cinema, aliás, sempre procurou valorizar o amor, apresentando alguns casais que virariam exemplo para uma geração de fãs. Como não lembrar de Rick e Ilsa de Casablanca, Holly e Paul de Bonequinha de Luxo, Edward e Vivian de Uma Linda Mulher, Molly e Sam de Ghost, Jesse e Celine de Antes do Amanhecer, Jack e Rose de Titanic, Noah e Allie de Diário de uma Paixão, entre muitos outros casais da sétima arte. Se você, no entanto, está cansado de revisitar esses clássicos do gênero, confira uma lista com alguns dos mais legais filmes de romance dos últimos cinco anos.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Luto! Morre Christopher Lee
Responsável por dar vida ao clássico Conde Drácula na icônica versão do estúdio Hammer, o ator Christopher Lee faleceu no último domingo, aos 93 anos, em decorrência de problemas respiratórios. Segundo o site do jornal The Telegraph, que divulgou a informação somente nesta quinta-feira (11), o ator morreu no Hospital Chelsea e Westminster, em Londres, onde estava se tratando havia três semanas, devido a uma insuficiência cardíaca e respiratória. Ainda de acordo com o site, a demora no anúncio desta notícia aconteceu a pedido da esposa de Lee, Gitte Lee, que decidiu tornar pública a informação somente após avisar a todos os parentes mais próximos. Sempre muito ativo, Sir. Christopher Lee construiu uma impressionante carreira em Hollywood, fazendo parte como antagonista de uma série de importantes franquias como O Senhor dos Anéis, 007 e Star Wars.
Formado em literatura clássica, Christopher Lee demorou para ver a sua carreira engrenar. Após servir como oficial de inteligência para os britânicos durante a Segunda Guerra Mundial, e iniciar a carreira de ator sem grande sucesso na década seguinte, Lee só conseguiu realmente destaque no final dos anos 50 ao estrelar A Maldição de Frankenstein (1957), dando vida a popular criatura criada por Victor Frankenstein. Sob a chancela da Hammer, que deu nova vida aos clássicos monstros da Universal, o ator ganharia o seu personagem mais importante no ano seguinte, com o celebrado O Vampiro da Noite (1958). Interpretando o nefasto Conde Drácula, confira o nosso especial sobre esse icônico vilão, Christopher Lee se tornou um dos rostos mais conhecidos da Hammer, estrelando não só outras sequências envolvendo o "senhor dos vampiros", como também dando vida a alguns dos principais sucessos do estúdio. Nesse período, entre os trabalhos mais elogiados desta versátil estrela do cinema estão O Homem que Enganou a Morte (1959), A Múmia (1959), Drácula (1966), Rasputin - O Monge Louco (1966).
Após brilhar dentro do cinema de Terror, Christopher Lee seguiu fazendo sucesso nas décadas seguintes. Ganhando um papel de destaque em A Vida Íntima de Sherlock (1970), o ator deu vida a Rochefort em Os Três Mosqueteiros (1973), estrelou o suspense O Homem de Palha (1973), interpretou o clássico Scaramanga de 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974), e atuou ainda em filmes como Aeroporto 77 (1977), 1941 - Uma Guerra Muito Louca (1979), A Mansão da Meia Noite (1983) e Os Gremilins 2 (1990). No final da década de 1990, aliás, Christopher Lee foi quase que redescoberto pelo diretor Tim Burton, ganhando um papel de destaque em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999). Junto deste realizador, Lee atuou ainda em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), A Noiva Cadáver (2005). Alice no País das Maravilhas (2010) e Sombras da Noite (2012). Burton que, aliás, usou as redes sociais para lamentar a morte daquele que ele pode chamar de amigo. "Christopher foi uma enorme inspiração para mim em toda a minha vida. Ele era o último de sua espécie - uma verdadeira lenda - que eu estou feliz por ter chamado de amigo." lamentou o diretor. Foi em 2001, no entanto, que o experiente ator ganhou um dos seus papéis mais icônicos em O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel. Interpretando o nefasto mago Saruman, Lee antagonizou As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2003), além de ter feito uma interessante participação em O Hobbit - Uma Jornada Inesperada (2012) e A Batalha dos Cinco Exércitos (2014). Estrela da trilogia original, Elijah Wood lamentou a morte do ator. "Um homem extraordinário, Sir Christopher Lee. Vocês era um ícone, um ser humano imponente com história para muitos dias. Sentiremos sua falta", revelou Wood.
Além de ter um papel importante dentro da franquia O Senhor dos Anéis, Christopher Lee conquistou uma nova geração de fãs ao fazer parte também da segunda trilogia da saga Star Wars. Interpretando o conde Dooku, o ator fez parte do elenco de Star Wars Episódio II - O Ataque dos Clones (2002) e Star Wars Episódio III - A Vingança dos Sith (2005). Reconhecido defensor da PETA, a associação que luta pelo direito dos animais, Lee também chamou a atenção por ser vocalista de uma banda de metal progressivo. Á frente da banda Rhapsody of Fire, o ator participou de quatro álbuns, emprestando a sua voz para narrações e também para algumas canções. Recentemente, aliás, o ator tinha lançado o seu terceiro trabalho solo intitulado "Metal Knight". Entre os seus últimos papéis no cinema, Sir. Christopher Lee se destacou em títulos como A Invenção de Hugo Cabret (2011) e Trem Noturno para Lisboa (2013). Que descanse em Paz.
Após brilhar dentro do cinema de Terror, Christopher Lee seguiu fazendo sucesso nas décadas seguintes. Ganhando um papel de destaque em A Vida Íntima de Sherlock (1970), o ator deu vida a Rochefort em Os Três Mosqueteiros (1973), estrelou o suspense O Homem de Palha (1973), interpretou o clássico Scaramanga de 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974), e atuou ainda em filmes como Aeroporto 77 (1977), 1941 - Uma Guerra Muito Louca (1979), A Mansão da Meia Noite (1983) e Os Gremilins 2 (1990). No final da década de 1990, aliás, Christopher Lee foi quase que redescoberto pelo diretor Tim Burton, ganhando um papel de destaque em A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999). Junto deste realizador, Lee atuou ainda em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), A Noiva Cadáver (2005). Alice no País das Maravilhas (2010) e Sombras da Noite (2012). Burton que, aliás, usou as redes sociais para lamentar a morte daquele que ele pode chamar de amigo. "Christopher foi uma enorme inspiração para mim em toda a minha vida. Ele era o último de sua espécie - uma verdadeira lenda - que eu estou feliz por ter chamado de amigo." lamentou o diretor. Foi em 2001, no entanto, que o experiente ator ganhou um dos seus papéis mais icônicos em O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel. Interpretando o nefasto mago Saruman, Lee antagonizou As Duas Torres (2002) e O Retorno do Rei (2003), além de ter feito uma interessante participação em O Hobbit - Uma Jornada Inesperada (2012) e A Batalha dos Cinco Exércitos (2014). Estrela da trilogia original, Elijah Wood lamentou a morte do ator. "Um homem extraordinário, Sir Christopher Lee. Vocês era um ícone, um ser humano imponente com história para muitos dias. Sentiremos sua falta", revelou Wood.
Além de ter um papel importante dentro da franquia O Senhor dos Anéis, Christopher Lee conquistou uma nova geração de fãs ao fazer parte também da segunda trilogia da saga Star Wars. Interpretando o conde Dooku, o ator fez parte do elenco de Star Wars Episódio II - O Ataque dos Clones (2002) e Star Wars Episódio III - A Vingança dos Sith (2005). Reconhecido defensor da PETA, a associação que luta pelo direito dos animais, Lee também chamou a atenção por ser vocalista de uma banda de metal progressivo. Á frente da banda Rhapsody of Fire, o ator participou de quatro álbuns, emprestando a sua voz para narrações e também para algumas canções. Recentemente, aliás, o ator tinha lançado o seu terceiro trabalho solo intitulado "Metal Knight". Entre os seus últimos papéis no cinema, Sir. Christopher Lee se destacou em títulos como A Invenção de Hugo Cabret (2011) e Trem Noturno para Lisboa (2013). Que descanse em Paz.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Grande aposta da Disney, Tomorrowland decepciona nas bilheterias norte-americanas
Segunda maior abertura deste final de semana no Brasil, com R$ 4,9 milhões nos três primeiros dias em cartaz, Tomorrowland - Um Lugar onde Nada é Impossível vem decepcionando nas bilheterias norte-americanas. Levantando uma bandeira extremamente otimista, que reproduz o vislumbre de futuro idealizador por Walt Disney, o longa dirigido pelo ótimo Brad Bird (Os Incríveis, Gigante de Ferro, Missão Impossível - Protocolo Fantasma) definitivamente não conquistou o grande público dos EUA. Há quase quatro semanas em cartaz por lá, a aventura Sci-Fi de US$ 190 milhões de orçamento faturou - até o momento - frustrantes US$ 79 milhões na terra do Tio Sam. Contando com uma campanha de marketing pesada, que segundo o site The Hollywood Reporter custou mais US$ 150 milhões ao estúdio, Tomorrowland parece ter esbarrado nas misteriosas prévias, que fugindo do lugar comum optaram por proteger os segredos em torno desta inocente premissa, não determinando qual seria o seu público alvo. Recebido de maneira morna pela crítica internacional, o filme tem 50% de aprovação no Rotten Tomatoes e 60% no Metacritic, a impressão que fica é que o longa se mostra elaborado demais para o público mais jovem, e excessivamente ingênuo para os adultos de plantão, dificultando a identificação por parte do espectador.
Somado a isso, Tomorrowland estreou dividindo espaço com o espetacular Mad Max - Estrada da Fúria e com o popular A Escolha Perfeita 2, e teve que enfrentar ainda o sucesso de público Vingadores - A Era de Ultron, que já ultrapassou a barreira do US$ 1,3 bi nas bilheterias internacionais. Sem dúvida alguma um agente complicador, que acabou reduzindo o impacto de sua estreia em solo americano. Vale destacar que nos mercados internacionais a aventura da Disney também não vem tendo um grande resultado. Ainda em cartaz nas principais praças, o longa estrelado por George Clooney e Britt Robertson já conseguiu US$ 93 milhões, somando parciais US$ 172 milhões ao redor do mundo. O fato é que apesar do decepcionante desempenho junto ao público, Um Lugar onde Nada é Impossível se revela uma aventura digna do padrão Disney, nadando contra a corrente ao apostar não só num visual impecável, mas também numa visão de futuro recheada de esperança e de interessantes reflexões. Confira a nossa opinião sobre Tomorrowland, a arriscada tentativa da Disney em promover uma ode aos ideais otimistas defendidos pelo próprio Walt Disney e por grande parte das mais icônicas produções do estúdio.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Tomorrowland - Um Lugar onde Nada é Impossível
Recheado de boas intenções, longa deixa mensagem de esperança para as novas gerações
Apresentando o conceito de futuro idealizado por Walt Disney, e que serviu como inspiração para um popular parque temático, Tomorrowland - Um Lugar onde Nada é impossível nada contra a corrente ao encarar de maneira positiva o nosso "amanhã". Em meio à recorrência de franquias distópicas e\ou pós-apocalípticas, capitaneadas por títulos como Mad Max, Jogos Vorazes, Matrix e pela série The Walking Dead, o estúdio resolveu se apegar aos seus ideais mais enraizados ao promover uma jornada por uma realidade onde a esperança e os sonhos são a força motora da civilização. Contando com um interessante trabalho da equipe de marketing, que se esforçou ao máximo para proteger os segredos por trás da premissa, o expressivo diretor Brad Bird (Missão Impossível - Protocolo Fantasma) faz o possível para que o mistério em torno do argumento verdadeiramente impressione, mas no papel o que vemos é um desenrolar incompatível com tamanha expectativa. Ainda assim, apesar das simplistas reviravoltas, Tomorrowland se comprova como uma aventura à altura do padrão Disney, encontrando a sua essência não só no impecável visual, mas principalmente no dinâmico elenco e nas necessárias críticas escondidas nesta otimista história.
Optando por uma abordagem inocente e cheia de boas intenções, o oscilante argumento assinado por Bird e Damon Lindelof (Lost, Guerra Mundial Z) merece elogios pela forma como dialoga convincentemente com o ardiloso gênero Sci-Fi. Mesmo se escorando em alternativas convenientes em alguns momentos, com destaque para as ingênuas soluções envolvendo o último ato, o roteiro surpreende ao defender conceitos e ideais que não costumam ganhar corpo num 'blockbuster' de US$ 190 milhões de orçamento. Promovendo um interessante duelo entre o otimismo e o pessimismo desde a perspicaz introdução, quando os dois protagonistas discutem qual será a melhor abordagem para esta história, a trama narra a jornada de Casey (Britt Robertson), uma obstinada filha de um engenheiro da Nasa que está prestes a ser demitido. Lutando para manter o trabalho do pai, a inteligente garota é detida pela policia ao invadir um terreno e impedir a desmontagem do equipamento que servia como o "ganha pão" da sua família. O que era pra ser um problema, no entanto, acaba ganhando contornos de salvação quando ela entra em contato com um misterioso broche, vislumbrando um futuro hi-tech e absolutamente fantástico. Disposta a encontrar uma explicação para tal visão, Casey resolve fugir de casa e contando com a ajuda da enigmática Athena (Raffey Cassidy) encontra o ranzinza Frank Walker (George Clooney). Ávida pela possibilidade de chegar a esse local, a jovem então terá que convencer este amargurado homem a deixar as suas frustrações de lado e voltar a Tomorrowland, sem saber que nesta realidade aparentemente perfeita pode residir o maior dos seus medos.
Alimentando habilmente os enigmas em torno de Tomorrowland, e das motivações que levaram Athena a unir os caminhos de Casey e Frank, é inegável que grande parte da força deste longa reside nesta aura misteriosa. Brad Bird envolve o espectador ao desenvolver de maneira gradativa as questões relacionadas ao gênero Sci-Fi, fugindo das explicações baratas ao revelar tanto os segredos por trás deste "futuro" tecnológico, quanto a relação dos personagens com este particular universo. Toda a cuidadosa construção deste cenário, no entanto, esbarra nas intenções ideológicas da Disney, que encontra neste horizonte positivo um caminho para alimentar as suas já conhecidas lições de moral. Na verdade, a impressão que fica é que para defender estas ideias, o roteiro é obrigado a recorrer à soluções infantis e sentimentalistas, causando certa confusão ao passear superficialmente pelas questões Sci-Fi propostas ao longo da trama. Sem dúvida alguma um pecado, já que até então a película era original ao lidar com temas como o paralelo entre dimensões e a relação entre tempo e espaço. Por outro lado, acostumado a brilhar nas animações, Bird demonstra absoluta perícia ao construir esta realidade chamada Tomorrowland. Fazendo um excelente uso do CGI, o realizador impressiona ao explorar o fantástico mundo, dando contornos particulares a este cenário recheado de grandes torres, de estradas insinuantes e de trens que mais parecem uma montanha russa. Pra ser bem sincero, a fantástica sequência de apresentação da "cidade", com o jovem Frank (Thomas Robinson) bailando pelo ar com uma mochila a jato, não só vale o ingresso, como também mostra o extremo perfeccionismo de Bird na construção das cenas mais aventureiras.
Em meio à complexidade da ficção científica, Tomorrowland se destaca também pela forma honesta com que aborda as questões mais humanas. A partir de personagens interessantes e da impecável dinâmica entre eles, Bird encontra no tipo sonhador uma forma de defender esta visão otimista de futuro. Apostando numa protagonista feminina, o que felizmente tem cada vez mais se tornado recorrente, o diretor é habilidoso ao desenvolver cada uma das tramas, as interligando de maneira realmente fluída. A começar pela jovem Casey, que ganha contornos vibrantes nas mãos de Britt Robertson (Cake). Ainda que a sua jornada não seja a das mais elaboradas, confesso que inicialmente me senti frustrado quando o foco da narrativa "abandona" o jovem Frank, a atriz vira o jogo ao encarar com atitude e energia a missão de ser a representante do ideal positivo defendido pela Disney. Enquanto Britt esbanja simpatia, Clooney (Gravidade) mostra o seu talento ao ressaltar a amargura de Frank. Num personagem bem mais complexo, o experiente ator traz um inegável peso a essa aventura, indo bem além da ferramenta introdutória neste futuro hi-tech. Fazendo um belo uso da incompatibilidade de gênios, a relação entre Casey e Frank é altamente agradável, muito em função das divertidas discussões entre os dois. O grande trunfo do longa, porém, fica pela jovem Raffey Cassidy, de longe o principal acerto do argumento. Num personagem recheado de camadas, Cassidy rouba completamente a cena ao capturar os trejeitos da sua enigmática Athena, impressionando pela relação madura com Frank. Outro destaque fica pelo antagonista vivido por Hugh Laurie (Dr. House), um tipo interessante que é subaproveitado pela trama ao ganhar contornos unidimensionais. Com ideais fortes e coerentes, é através dele que Bird crítica a inércia do indivíduo perante a própria destruição, levantando uma necessária bandeira em defesa do meio ambiente.
Contando ainda com a singela trilha sonora de Michael Giacchino (Up - Altas Aventuras) e com a fotografia clean de Claudio Miranda (As Aventuras de Pi), Tomorrowland - Um Lugar onde Nada é Impossível coloca em cheque o pessimismo de Hollywood com relação ao nosso futuro, deixando uma mensagem de esperança e um voto de confiança nas novas gerações. Se equilibrando habilmente entre o Sci-Fi e a aventura, esta grandiosa produção surpreende ao se revelar arriscadamente inocente, evidenciando a coragem e a disposição do estúdio ao promover o protótipo de futuro idealizado por Walt Disney. Mesmo sem oferecer a surpresa sugerida durante as primeiras prévias, Brad Bird constrói uma jornada digna e extremamente bem intencionada, defendendo com um exagerado afinco os ideais que consagraram a Disney como uma verdadeira fábrica de sonhos. Um lugar de fantasia e imaginação que, tal qual Tomorrowland, está a disposição daqueles que ainda acreditam na magia do cinema.
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