sexta-feira, 26 de junho de 2015

Minions

Absolutamente carismática, aventura esbarra na excessiva campanha de marketing

Um dos principais trunfos do adorável Meu Malvado Favorito (2010), os minions logo se tornaram uma sensação dentro da indústria do entretenimento. De estrela de jogos infantis à brinde de uma popular rede de fast-food, as carismáticas criaturas amarelas construíram uma impressionante popularidade, ganhando um espaço ainda maior na bem sucedida continuação Meu Malvado Favorito 2 (2013). Sentados numa dourada e brincalhona mina de ouro, juntos os dois longas faturam mais de US$ 1,5 bi nas bilheterias internacionais, os produtores da Universal e da Illumination Entertainment não perderam muito tempo e dois anos depois chega aos cinemas o divertido 'spin-off'' Minions. Dirigido novamente por Pierre Coffin, desta vez ao lado de Kyle Balda (O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida), a continuação é habilidosa ao dialogar com a criançada sem esquecer dos adultos, pontuando a simples premissa com algumas caprichadas referências à cultura pop. Mesmo sendo o trabalho menos arriscado da franquia, esta inofensiva aventura é certeira ao capturar o espírito sacana que consagrou estes personagens, narrando a jornada de Kevin, Stuart e Bob por uma colorida e musical década de 1960. Uma pena que, na ânsia de divulgar o longa, boa parte das melhores gags tenham sido exploradas - à exaustão - nos trailers, reduzindo o impacto desta enxuta e competente animação.


Resolvendo se aprofundar na ascensão dos minions, que têm a sua essência "vilanesca" esmiuçada na sagaz sequência de abertura, o argumento assinado por Brian Lynch (Gato de Botas) é afiado ao desenvolver o passado destas criaturas. Por mais que a maioria das cenas inicias já tenham sido utilizadas na campanha de marketing, um fato lamentável que vem "estragando" a experiência em torno de alguns dos principais blockbusters atuais, a ideia de tratar os amarelinhos como uma espécie devotada de assistentes dos "maiores vilões da Terra" se mostra realmente genial. Após servir aos dinossauros, ao Conde Drácula e ao exército de Napoleão Bonaparte, no entanto, os atrapalhados minions acabam isolados em uma geleira ao fracassarem diante dos seus "chefes". Solitários, os adoráveis monstrinhos pouco a pouco foram perdendo a alegria, lamentando o fato de não terem um super vilão para chamar de seu. Incomodado com tal situação, Kevin resolve se tornar o líder do grupo e, ao lado do fofo Bob e do esperto Stuart, partem da montanha para encontrar um novo guia. Em meio ao cansaço da desgastante viagem, o trio chega a Nova Iorque e lá - durante a realização de uma convenção de vilões - descobre a existência da maléfica Scarlett Overkill. Dispostos a conquistarem a confiança dela, Kevin, Stuart e Bob são escalados para roubar a coroa da rainha da Inglaterra. As coisas, porém, não saem como o esperado, e o trio terá que se unir para enfrentar a fúria da terrível Scarlett.


Abrindo mão das questões sentimentais de Meu Malvado Favorito, Minions dialoga diretamente com o público infantil, apostando numa trama simplista, em previsíveis reviravoltas e em personagens lineares. A partir de um roteiro redondo, Coffin e Balda são habilidosos ao adotarem um tom mais aventureiro, recheando este derivado com empolgantes e divertidas sequências de ação. Esta opção, aliás, é talvez o grande diferencial do 'spin-off', já que boa parte dos outros acertos se deve - logicamente - ao irresistível carisma das criaturas amarelas. Catapultados à protagonistas, o trio Kevin, Stuart e Bob comprova em cena o potencial destes adoráveis personagens, arrancando uma série de honestas risadas através de uma relação absolutamente dinâmica, com direito a cativantes gags, muitas trapalhadas e a diálogos completamente particulares. Na verdade, em meio a soluções narrativas tão comuns, chama a atenção a forma como os realizadores exploram o particular e praticamente incompressível idioma Minion, fazendo um belo da expressividade destas criaturas. Com a ajuda de uma ou outra palavra solta, que ganha voz ao longo da projeção em vários idiomas, a curiosa comunicação dos minions rende sequências hilárias, funcionando de maneira atraente principalmente nos incríveis números musicais. Além disso, outro grande trunfo desta continuação fica pelas espertas referências à cultura pop, numa bem sucedida tentativa de dialogar também com o público adulto. Como a trama se passa no final da década de 1960, e boa parte em Londres, Coffin e Balda tiram um baita proveito do cenário rock n' roll e da estética colorida, utilizando estes elementos como um criativo pano de fundo.


Contando com um competente trabalho de dublagem da atriz Adriana Esteves, que se sai muito bem como a bélica e rasa Scarlett Overkill, Minions é uma daquelas apostas de pouco risco que funcionam. Se apoiando com destreza no magnetismo destas criaturas, este competente e visualmente inquestionável derivado justifica a popularidade dos adoráveis amarelinhos ao investir numa aventura leve, descompromissada e altamente agradável para a criançada de plantão. Ainda que o marketing do longa tenha comprometido algumas das sequências mais engraçadas, que foram desastradamente utilizadas ao longo das muitas prévias, Pierre Coffin e Kyle Bald nos conduzem por um entretenimento de difícil esgotamento, que com bom humor e inocência consegue proteger parte de suas surpresas. Vide o animado clímax, onde tudo se encaixa rumo a um desfecho completamente recompensador para os fãs desta franquia.


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