sábado, 30 de dezembro de 2017

Top 10 (Melhores Filmes 2017)


Chegou a hora. Após divulgarmos as nossas seleções com dez dos filmes mais subestimados do ano e as grandes surpresas cinematográficas desta temporada, neste Top 10 confira a nossa lista com os Melhores Filmes de 2017. E que ano legal para os fãs de Cinema. Como de costume aqui no blog, utilizamos como critério três elementos bem básicos: gosto pessoal, a qualidade do conteúdo e o potencial de entretenimento. Simples assim. Além disso, o Top 10 reunirá os longas lançados comercialmente (nos cinemas ou em VOD) em solo brasileiro em 2017, o que, diga-se de passagem, só dificultou a minha missão. Dito isso, começamos com...

10º Bingo: O Rei das Manhãs (Dir: Daniel Rezende)


Indo de encontro ao tom protocolar que tomou conta das cinebiografias nacionais, Bingo: O Rei das Manhãs eleva o nível da brincadeira ao não se contentar em desvendar somente a trajetória do homem por trás de um fenômeno. Sob a estilosa batuta de Daniel Rezende, que estreia na direção de longas metragens após anos trabalhando na montagem\edição de títulos do porte de Cidade de Deus (2002), Tropa de Elite (2007) e A Árvore da Vida (2011), o filme equilibra ficção e realidade com extrema desenvoltura, absorvendo a aura politicamente incorreta dos anos 80 numa obra densa e irreverente. Embora inspirado na vida de Arlindo Barreto, o responsável por encarnar a versão mais popular do icônico palhaço Bozo, o realizador brilha ao encontrar as brechas necessárias para ampliar o escopo da trama, se aprofundando em temas bem mais complexos ao traduzir o impacto da fama na rotina de um ator movido pela luz dos holofotes. Impulsionado pela catártica performance de Vladmir Brichta, num trabalho capaz de redefinir uma carreira, Bingo se revela então uma película sobre os extremos da carreira artística, um relato íntimo, hilário e tecnicamente primoroso sobre um homem em busca de reconhecimento precisando conviver com as consequências da sua própria ambição. Leia a nossa crítica aqui

9º A Qualquer Custo (Dir: David Mackenzie)


Voraz e incisivo, A Qualquer Custo coloca o dedo na ferida ao revelar a derrocada dos maiores símbolos americanos. Numa cartada de mestre, o diretor David Mackenzie escolhe um gênero reconhecidamente 'yankee', o popular Western, para construir uma áspera critica envolvendo o impacto da crise financeira no antigo "coração" dos EUA. Sob um prisma atual e extremamente melancólico, o realizador escocês mostra propriedade ao não só traduzir os efeitos do capitalismo predatório no interior da América, como também ao expor a faceta mais retrógrada desta região, indo além das expectativas ao propor um panorama que diz muito sobre atual cenário politico norte-americano. Com um texto cínico e reflexivo em mãos, Mackenzie adota uma abordagem amoral ao narrar a jornada de dois irmãos que resolveram se insurgir contra o sistema, encontrando no meio do caminho as brechas necessárias para voltar a sua mira para temas espinhosos, entre eles o preconceito velado, a opressão das instituições financeiras e a banalização da violência. O resultado é uma obra completa, um filme tecnicamente impecável e socialmente implacável. Leia a nossa crítica completa aqui

8º Logan (Dir: James Mangold)


De longe a obra mais corajosa dentro do universo X-Men nos cinemas, Logan é o filme solo que Wolverine e Hugh Jackman sempre mereceram. Magnífico enquanto estudo de personagem, o longa dirigido por James Mangold (Wolverine: Imortal) se livra das amarras do gênero ao investigar, sob um prisma denso e visceral, o impacto da violência na rotina de um herói atingido pelo tempo e pelo passado. Fazendo um subversivo uso do recurso da metalinguagem, o realizador esbanja originalidade ao contestar os mitos construídos ao longo da franquia, ao expor as sequelas impostas pelos antes exaltados superpoderes, indo a fundo nos dramas do protagonista ao se encantar pelo lado humano por trás das garras de adamantium. Entre diálogos fortes e cenas brutais, o diretor é incisivo ao revelar as consequências de uma vida dedicada à sobrevivência, equilibrando ação, drama e um nervoso senso de humor ao resgatar a faceta anti-heroica do personagem. É quando se volta para a sincera relação entre Wolverine, Xavier e a feroz X-23, porém, que a película alcança o seu viés mais intimista, se esquivado dos clichês redentores ao realçar a natureza, os anseios e os medos mais enraizados do trio de mutantes. Em suma, Logan não é "mais um" filme de super-heróis. Na verdade, estamos diante de uma obra particular, uma produção envolvente e tecnicamente refinada que, mesmo nos seus momentos convencionais, traz consigo a força necessária para transpor as barreiras deste escapista gênero. Leia a nossa crítica aqui

7º Star Wars: Os Últimos Jedi (Dir: Rian Johnson)


Nostálgico e aventureiro, O Despertar da Força revitalizou o universo Star Wars numa continuação/reboot reverente à trilogia clássica. Embora com alma original, o longa dirigido por J.J Abrams não se fez de rogado ao replicar a estrutura do pilar da franquia, o marcante Uma Nova Esperança (1977), transitando por um terreno positivamente seguro ao estabelecer a junção entre os novos e os velhos personagens. Seguindo está lógica, era de se esperar que Os Últimos Jedi seguissem os passos do mais impactante filme da saga, o histórico O Império Contra-Ataca (1980). Ledo engano. Contrariando as expectativas, o promissor diretor Rian Johnson (Looper) ousa ao se distanciar dos dualismos, da velha batalha entre os Jedi e os Sith. Ao invés de se concentrar nos reconhecidos polos, o realizador se encanta pela face mais errática dos (agora) multifacetados personagens, pelo lado cinza da força, elevando o potencial dramático deste capítulo ao (finalmente) tratar os conflitos presentes neste universo sob um prisma denso e intimista. E isso, obviamente, sem sacrificar o senso de entretenimento da película, que se revela épica, imagética e esteticamente refinada. Em outras palavras, se O Despertar da Força reascendeu a chama do universo Star Wars, Os Últimos Jedi incendiou a saga e, das cinzas, nasce uma continuação autoral, imprevisível e genuinamente empolgante. Uma obra audaciosa. Leia a nossa crítica completa aqui

6º Planeta dos Macacos: A Guerra (Dir: Matt Reeves)


Lançado sem grandes pretensões em 2011, Planeta dos Macacos: A Origem parecia ser mais um daqueles reboots caça-níquel que frequentemente brotam em Hollywood. Que engano. Mais do que elevar o patamar do advento da atuação digital, o longa dirigido por Rupert Wyatt justificou a sua existência ao se revelar uma prequel densa e instigante, um blockbuster capaz de reverenciar o filme original sem esquecer de atualizar a franquia. Indo além dos excepcionais efeitos visuais, a nova versão conseguiu oferecer uma visão mais contextualizada sobre o tema, encontrando na fábula distópica criada por Pierre Boulle o subtexto necessário para falar sobre a involução humana, a opressão das minorias e a nossa autodestrutiva relação com o meio ambiente. Um teor questionador que ecoou ainda mais alto no magnifico Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), uma pequena obra-prima recheada de personagens multidimensionais, nuances genuinamente humanas e um inspirado viés político. Com uma forte carga dramática, o filme dirigido pelo talentoso Matt Reeves não só resgatou a aura pós-apocalíptica do clássico de 1968, como também se aprofundou no crescente clima de tensão entre os símios e os humanos, integrando o passado e o presente da saga numa poderosa continuação. O fim estava próximo. E ele chegou em grande estilo. Planeta dos Macacos: A Guerra encanta ao mostrar o tão alardeado combate final sob um prisma humano e corajosamente intimista. Sem a intenção de tratar o conflito dentro de um contexto novamente belicoso, Reeves esbanja sensibilidade ao se aprofundar nos conflitos do indomável César, o desconstruindo diante do público ao expor o seu lado falho e impulsivo. Na verdade, embora se preocupe em estreitar os laços com a mitologia original, o realizador norte-americano acerta ao entender que o reboot já não era mais sobre a destruição da nossa civilização. Por trás disso existia um símbolo, um arco libertário brilhantemente arquitetado, uma jornada densa e reflexiva que, ao ser pontuada com maestria, transforma César num dos protagonistas mais complexos da história recente do Cinema. E a trilogia em um dos mais reflexivos estudos sobre a natureza humana. Leia a nossa crítica aqui

5º Em Ritmo de Fuga (Dir: Edgar Wright)


Um diretor em perfeita sintonia com a sua arte, o estiloso Edgar Wright é um daqueles raros profissionais da indústria do cinema que privilegiam a qualidade em detrimento da quantidade. Embora (ainda) não tenha o status de nomes como Christopher Nolan, Wes Anderson, Guillermo Del Toro e (claro!) Quentin Tarantino, o pai da Trilogia Corneto já merece figurar nesta prateleira de realizadores autorais que causam uma enorme expectativa a cada novo projeto lançado. Dono de um afiado senso de humor, uma referencial linguagem pop e uma assinatura indiscutivelmente moderna, Wright fez da despretensão, da versatilidade e do apreço pelo fantástico mundo do cinema o grande diferencial da sua filmografia, expondo a sua reconhecida nerdice/cinefilia em títulos como a paródia de horror Todo Mundo Quase Morto (2004), o satírico 'buddy cop movie' Chumbo Grosso (2007) e o empolgante Scott Pilgrim contra o Mundo (2010). Um predicado que fica bem claro no seu mais novo trabalho, o magnífico Em Ritmo de Fuga. Numa mistura completamente original, Wright enche a tela de estilo ao construir um filme de assalto ágil e revigorante, uma obra pulsante do primeiro ao último acorde. Ou melhor, do primeiro ao último minuto de projeção. Com um fantástico elenco em mãos, capitaneado pelo surpreendente Ansel Elgort, o realizador britânico mostra o seu vasto conhecimento cinematográfico ao se apropriar dos mais populares estereótipos do gênero, os reinventando numa película com uma voz indiscutivelmente singular. Um charmoso filme de ação guiado pelos magnéticos personagens, pelas insanas sequências de perseguição, pela descolada montagem e pela eclética trilha sonora. Uma "composição" urbana e genuinamente musical que transforma Baby Driver numa experiência única. Leia a nossa crítica aqui

4º Moana (Dir: Ron Clements, John Musker)


Dois dos grandes responsáveis pelo renascimento da Disney no final da década de 1980, Ron Clements e John Musker escreveram o seu nome na história do estúdio com sucessos do quilate de A Pequena Sereia (1989), Aladdin (1992), Hércules (1997) e o subestimado A Princesa e o Sapo (2009). Reconhecidos pela exuberância estética e pela musicalidade das suas animações, a aclamada dupla de realizadores sempre procurou nos brindar com projetos únicos e vigorosos, obras marcadas pelo forte teor aventuresco, pelos carismáticos personagens e pelo seu edificante conteúdo. Como podemos perceber no extraordinário Moana: Um Mar de Aventuras, mais um exemplar memorável da sua respeitada filmografia. Através de uma narrativa familiar aparentemente requentada, Clements e Musker bebem da mais pura essência do estúdio ao construir uma película triunfante, uma fábula mágica e visualmente poderosa sobre a nossa predatória relação com a natureza. Sem nunca soar panfletária ou didática, a nova pérola da Disney esbanja sensibilidade ao propor não só esta urgente e simbólica reflexão ambiental, como também ao falar sobre o amadurecimento, o medo do desconhecido e os obstáculos em torno do empoderamento feminino. Temas variados que, abordados sob um prisma moderno e etnicamente plural, transformam a indomável Moana numa das mais relevantes protagonistas da história da companhia. Leia a nossa crítica completa aqui

3º Blade Runner 2049 (Dir: Denis Villeneuve)


Denis Villeneuve conseguiu o que parecia impossível. Contrariando as compreensíveis expectativas mais pessimistas, afinal de contas a reflexiva película de Ridley Scott se tornou uma espécie de pilar da ficção-científica moderna, Blade Runner 2049 hipnotiza ao resgatar o espírito do cultuado filme original do primeiro ao último minuto. Assim como no clássico de 1982, o longa estrelado por Harrison Ford e Ryan Gosling, através de um argumento completamente acessível, levanta uma série de profundas questões filosóficas, propondo uma genial mudança no 'status quo' da trama ao refletir sobre o que é real num mundo virtualizado. Indo além do teor reverencial, Villeneuve consegue expandir a mitologia clássica sem esquecer de contextualiza-la junto às novas audiências, dialogando com conceitos já enraizados no nosso modo de vida urbano ao traçar um precioso panorama sobre a nossa relação com as novas tecnologias. Na verdade, mais do que uma simples "atualização", 2049 fascina ao subverter alguns dos paradigmas da versão original, se distanciando dos debates requentados ao se revelar uma continuação com pensamentos próprios, uma película que merece fazer parte do universo Blade Runner. O filme certo, na hora certa e feito da maneira certa, uma obra contemplativa, instigante e visualmente estonteante que faz jus ao legado deixado por Deckard, pelos replicantes e pela criação de Philip K. Dick. Leia a nossa crítica aqui

2º Dunkirk (Dir: Christopher Nolan)


Contando com sufocantes sequências subaquáticas e memoráveis batalhas aéreas, Dunkirk se revela um filme de guerra à moda antiga, um relato íntegro, verossímil e incrivelmente sensorial sobre uma das manobras militares mais celebradas do conflito. No seu melhor trabalho desde Batman: O Cavaleiro das Trevas, Christopher Nolan encontra aqui a perfeita sincronia entre o virtuosismo técnico e a construção narrativa, reforçando o seu status ao revelar os bastidores desta operação sob um poderoso ponto de vista humano. Na verdade, além de ressaltar as diferenças entre heroísmo e patriotismo, o realizador britânico se preocupa em dar voz aos esquecidos, se sustentando em símbolos universais ao nos oferecer uma arrebatadora experiência cinematográfica. Uma obra em que o ato de sobreviver já é o bastante. Leia a nossa crítica aqui

1º La La Land: Cantando Estações (Dir: Damien Chazelle)


Revigorante, puro e apaixonante, La La Land é, na falta de uma definição melhor, um clássico instantâneo. Com dois dos mais virtuosos astros da nova geração em mãos, o versátil Ryan Gosling e a radiante Emma Stone, o prodígio Damien Chazzele revisita uma fase áurea de Hollywood sob um prisma moderno e urbano, resgatando a magia dos clássicos musicais ao nos brindar com uma obra estética e narrativamente triunfante. Indo de encontro ao seu imponente último trabalho, o intenso e sufocante Whiplash: Em Busca da Perfeição, o jovem realizador esbanja doçura ao narrar a fascinante jornada de dois sonhadores, traduzindo os altos e baixos desta realista relação dentro de um contexto único, otimista e genuinamente universal. Em suma, La La Land é uma obra preciosa, um longa encantador guiado pela inebriante trilha sonora, pela refinada direção e pelo magnetismo do casal de protagonistas. Leia a nossa crítica completa aqui

Menções (Muito) Honrosas

- Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Dir: James Gunn)


Uma continuação com o frescor do original, Guardiões da Galáxia Vol. 2 eleva o nível da brincadeira ao transformar um inusitado supergrupo no produto solo mais atraente do atual Universo Cinematográfico da Marvel. Com carta branca para criar após o bem sucedido primeiro longa, o audacioso James Gunn esbanja a sua reconhecida irreverência ao entregar uma sequência com uma identidade própria, uma película capaz de expandir os seus horizontes de maneira independente e sem a necessidade de se manter "presa" as engrenagens da franquia. Indo de encontro à maioria das continuações do gênero, o realizador não quis somente reciclar a estrutura do material fonte, ampliar o escopo da trama ou introduzir as tão esperadas novas ameaças. Na verdade, Gunn resolveu se aprofundar na natureza dos seus personagens, nas camadas brevemente introduzidas no filme anterior, estreitando os laços familiares entre eles ao investir numa premissa íntima, densa e sinceramente comovente. E isso, obviamente, sem abrir mão do "tempero" Guardiões da Galáxia. Com o pleno domínio narrativo sobre a sua obra, James Gunn nos brinda com uma mistura ainda mais apimentada, uma aventura exuberante potencializada pelo humor sacana, pelas inúmeras referências pop, pela poderosa trilha sonora e pelo incrível apuro estético. Em suma, embora tropece aqui ou ali, Guardiões Vol. 2 é o triunfo do patinho feio, a consolidação de um produto que encontrou no cinema a liberdade para alçar voos bem mais altos. Leia a nossa crítica aqui

- Sete Minutos Depois da Meia-Noite (Dir: J.A Bayona)


Entre o lúdico e o realista, Sete Minutos Depois da Meia Noite é uma verdadeira pérola, uma fábula corajosa sobre um dos momentos mais difíceis da nossa existência: a hora de dar adeus. Conduzido com extrema delicadeza pelo talentoso J.A Bayona (O Impossível, O Orfanato), o longa fascina ao desvendar os conflitos do pequeno protagonista sob um prisma denso e extremamente humano, fazendo um primoroso uso do teor fantástico ao expor a sua dor diante de uma situação tão devastadora. Através de diálogos intimistas e carregados de simbolismo, o realizador espanhol se esquiva do viés moralista presente no gênero ao reverenciar a natureza humana, as nossas imperfeições, frustrações e os mais enraizados medos. O resultado é um relato universal e comovente, uma obra que, ao abraçar a multidimensionalidade dos seus personagens, mostra propriedade ao revelar o quão árduo e particular é o processo de aceitação em torno da iminente perda de um ente querido. Leia a nossa crítica aqui
- Okja (Dir: Joon-Ho Bong)



Original, extravagante e genuinamente crítico, Okja oferece aquilo que nós esperávamos de uma companhia tão inovadora quanto a Netflix. Indo da sátira ao drama com enorme criatividade, o longa dirigido pelo magnífico Joon-ho Bong (Expresso do Amanhã) coloca o dedo na ferida ao se insurgir contra o lado mais nefasto e imoral do agronegócio. Num dos trabalhos mais ambiciosos da sua consagrada carreira, o realizador sul-coreano provoca o espectador ao construir uma contundente fábula ambiental, um longa ora cativante, ora revoltante sobra a relação entre uma simpática adolescente e uma super porca criada para virar comida. Um filme que talvez possa até soar exagerado num primeiro momento, um fato recorrente na filmografia de Bong, mas que quando necessário é ousado o bastante para revelar o tipo de verdade capaz de embrulhar o estômago do espectador\consumidor. Leia a nossa crítica aqui

- Mulheres do Século XX (Dir: Mike Mills)


Diferente do que o título poderia sugerir, Mulheres do Século do 20 não é um filme panfletário ou feminista. Por mais que o tema esteja presente na narrativa, o corajoso longa dirigido por Mike Mills sai em defesa do feminino ao revelar as transformações sociais enfrentadas por elas durante os turbulentos anos setenta. Com uma série de inspiradas referências culturais e políticas, o talentoso realizador norte-americano constrói um estudo de personagem sensível e intimista, utilizando as oscilações temperamentais de um "moldável" adolescente como o ponto de partida para um profundo relato sobre os conflitos geracionais de três mulheres completamente distintas. Fazendo um primoroso uso do recurso da narração, Mills nos brinda com uma obra estilosa e recheada de sentimentos, um drama agridoce sobre o que é ser mãe, ser amiga, ser independente ou ser rebelde. Um tema complexo traduzido com improvável plenitude pelo trio de mulheres formado por Annette Bening, Greta Gerwig e Elle Fanning. Leia a nossa crítica aqui

- Sob as Sombras (Dir: Babak Anvari)


Imersivo enquanto suspense, Sob as Sombras se revela uma inspirada alegoria sobre o papel da mulher dentro da conservadora sociedade iraniana. Sob um ponto de vista particular, o longa dirigido por Babak Anvari é genial ao tecer um comentário crítico em torno da castradora realidade feminina, fazendo um primoroso uso dos simbolismos ao construir uma película tensa, ambígua e instigante. Embora o forte teor questionador seja o grande diferencial desta produção, o virtuoso realizador iraniano é igualmente habilidoso no que diz respeito ao fator entretenimento, cumprindo os pré-requisitos mais básicos do gênero ao nos brindar com um roteiro sólido, duas marcantes protagonistas e uma construção de atmosfera naturalmente assustadora. Leia a nossa crítica aqui

Um comentário:

Unknown disse...
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