Um dos pontos mais questionáveis do divertido Liga da Justiça, o vilão Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) não ficou à altura do tão aguardado encontro deste icônico supergrupo. Embora funcione como um agente catalisador da trama, principalmente quando o assunto é a junção da super equipe do Universo DC, o genérico antagonista surge em cena com motivações rasas e indiscutivelmente mal desenvolvidas. Uma figura unidimensional que, no final das contas, só quer dominar o mundo. O grande problema aqui, entretanto, não está somente no aspecto narrativo. Longe disso. Confesso que, com um visual mais bem trabalhado, o personagem nem me incomodaria tanto assim. O problema é que, apesar do orçamento estimado em US$ 300 milhões, Zack Snyder nos oferece um vilão "digitalizado" completamente inexpressivo. Com um CGI de péssimo gosto, um 'lip sync' estranhíssimo e um aspecto artificial, o Lobo da Estepe parece ter nascido com o prazo de validade vencido, uma combinação de equívocos que não é nova dentro do gênero. Se comparado com os demais integrantes deste artigo, entretanto, o vilão de Liga da Justiça nem está entre os piores. Confira a nossa lista com alguns dos antagonistas mais fracos\toscos dos filmes de super-heróis.
- Homem-Nuclear (Mark
Pillow) - Superman IV: Em Busca da Paz (1987)
E para começar uma verdadeira bomba. Superman IV é um daqueles filmes
imperdoáveis. Nada funciona. E uma das piores coisas do longa está no seu
vilão, o genérico Homem-Nuclear. Criado para o filme, o personagem interpretado
por Mark Pillow se revelou uma espécie de Bizarro loiro e musculoso, um clone
do Superman genérico que sintetiza o nível de qualidade\originalidade desta
produção.
O principal responsável pela derrocada dos filmes de super-heróis no
final dos anos 1990, Batman e Robin se revelou uma piada de péssimo gosto. Após
o sucesso comercial do cômico Batman Eternamente (1995), o diretor Joel Schumacher
recebeu carta branca para elevar o nível da loucura. O resultado foi um fiasco.
Detonado pela crítica e pelos fãs dos quadrinhos, o longa simplesmente
descaracterizou todos os personagens do Universo Batman. Pior para o Mr.
Freeze, um vilão "lado B" que ganhou uma versão ridícula na tela
grande. Apesar do carisma de Arnold Schwarzenegger, o antagonista se mostrou
raso, patético e nada ameaçador, uma figura que no tempo livre usa pantufas e
abusa das frases de duplo sentido.
E o pior ainda estava por vir. Um dos vilões mais populares do Universo
DC, o brutamonte Bane (Jeep Swenson) ganhou uma versão bizarra nas mãos de Joel
Schumacher. Capanga da Hera Venenosa (Uma Thruman), uma das poucas coisas
assistíveis no longa, o antagonista surgiu em cena inflado e vestindo uma roupa
de couro patética. Um coadjuvante inexpressivo e totalmente distante dos
quadrinhos. Menos mal que, anos mais tarde, Christopher Nolan tirou o
personagem do limbo e o redimiu no grandioso Batman: O Cavaleiro das Trevas
Ressurge, reforçando o quão esdrúxula foi a adaptação pensada por Schumacher.
Esse é o típico caso em que os realizadores não entenderam o espírito do
material fonte. Num primeiro momento, tudo parecia funcionar bem em Demolidor:
O Homem sem Medo. O elenco era de ótimo nível, o visual fiel aos quadrinhos, as
cenas de ação eram competentes. O resultado, porém, ficou bem aquém do
esperado, principalmente pelo descuido do roteiro\direção quanto à construção
dos personagens. Enquanto Ben Affleck simplesmente não convenceu na pele de um
apático Demolidor, o talentoso Colin Farrell beirou o ridículo com o seu
afetado Mercenário. Entre trejeitos forçados e maneirismos vergonhosos, o ator
errou no tom e pecou pelo excesso ao entregar um antagonista ruim em todos os
sentidos.
O Universo DC sofreu em mãos erradas. Após ganhar a tela de maneira sexy
e impactante em Batman: O Retorno (1992), a Mulher-Gato ganhou o seu filme
solo. Pior para a representação feminina dentro do gênero, que só agora, após
quase duas décadas do sucesso da redentora trilogia X-Men, voltou assumir o
protagonismo dentro do gênero. Com a vencedora do Oscar Halle Berry no papel
principal, o longa dirigido por Pitof (quem?) tirou do papel a pavorosa vilã
Laurel Hedare, uma executiva do ramo cosmético que de tanto usar um creme para
peles desenvolveu super resistência. Com um plot destes nem Sharon Stone salva.
Um dos supergrupos mais queridos dos quadrinhos, o Quarteto Fantástico
não consegue ganhar uma adaptação à sua altura. Apesar dos personagens
cativantes, das inúmeras histórias e da popularidade das hq's, a criação de
Stan Lee e Jack Kirby não funcionou, rendendo filmes genéricos e problemáticos.
Nenhum dos personagens deste universo, entretanto, sofreu tanto quanto o
icônico Dr. Destino. Um dos vilões mais icônicos e maquiavélicos do Universo
Marvel, Victor Von Doom ganhou uma versão canastrona nas mãos do afetado Julian
McMahon. Apesar do visual do personagem merecer elogios, principalmente se
comparado com a péssima representação digital na caótica última versão do
Quarteto Fantástico (2015), o diretor Tim Story não conseguiu encontrar o tom
do personagem, estragando um dos vilões mais marcantes de Universo Marvel.
Antes da tão elogiada Fórmula Marvel vigorar, Hollywood tentou emplacar
o seu "tom familiar" dentro do gênero. Para isso, entretanto, os
produtores simplesmente passavam por cima do material fonte, descaracterizando
obras como O Quarteto Fantástico, O Demolidor e Motoqueiro Fantasma. Um dos
personagens mais sombrios do Universo Marvel, o Motoqueiro ganhou um filme leve
e colorido nas mãos do diretor Mark Steven Johnson. O resultado é o vilão
Coração Negro, um personagem poderoso e nefasto que, aqui, ganhou uma versão
humana 'emo' interpretada por caricato Wes Bentley. Um daqueles antagonistas
genéricos e pouco ameaçadores que sequer protagoniza boas sequências de ação.
Por falar em 'emos', Homem-Aranha 3 revela os perigos em torno de uma
produção que prioriza o lucro em detrimento da qualidade. Após os excelentes Homem-Aranha (2002) e Homem-Aranha 2 (2004), Sam Raimi não estava interessado numa continuação
megalomaníaca. Durante a pré-produção, entretanto, ele foi convencido pelo
produtor Avi Arad a adicionar novos elementos a trama, sem saber que esse se
tornaria o grande calcanhar de Aquiles do confuso longa. Contra as suas convicções,
Raimi resolveu acatar o pedido e introduzir Venom, um antagonista forte e
popular que poderia ajudar a inflar os lucros do terceiro filme. O resultado,
porém, foi decepcionante. Além de culminar em algumas das cenas mais bizarras
do longa, a maioria delas envolvendo um Peter Parker modificado pela simbiose,
o poderoso Venom ganhou uma versão frouxa, motivações rasas e um arco
completamente genérico. Somado a isso, apesar dos incríveis predicados visuais, o ator
Topher Grace não conseguiu absorver a imponência do antagonista, criando uma
versão imatura do personagem. Aqui, ao menos, as cenas de ação envolvendo Venom
são (bem) legais.
- Deadpool (Ryan Reynolds) - X-Men Origem: Wolverine (2009)
- Deadpool (Ryan Reynolds) - X-Men Origem: Wolverine (2009)
Indiscutivelmente, a Fox está na vanguarda da nova era dos super-heróis
do cinema. No Cinemaniac, inclusive, já postamos um artigo sobre a trajetória
do estúdio e a sua importância para a retomada do gênero. É fato, porém, que um
dos maiores equívocos dentro do segmento nos últimos anos é X-Men Origem:
Wolverine. Assim como no caso acima, o longa dirigido por Gavin Hood mirou o
lucro antes da qualidade, reunindo uma série de super-heróis numa aula de como
não se adaptar uma HQ. Ninguém, entretanto, sofreu tanto quanto o falastrão
mercenário Deadpool. Com uma considerável base de fãs, o anti-herói
interpretado por Ryan Reynolds estava entre os pontos mais aguardados do longa.
Para a decepção dos fãs, porém, o que vimos foi uma adaptação inexplicável. O
incorreto personagem foi transformado num vilão genérico com g maiúsculo, um
ser híbrido e (pasme) silencioso que surge como a grande ameaça dentro do
último ato. Felizmente, Reynolds não desistiu do personagem, peitou a Fox na
busca por liberdade criativa e resgatou a essência do mercenário no impagável
Deadpool (2016).
Esse está no nível Lobo da Estepe. Ao contrário da maioria não acho os vilões da Marvel Studios tão fracos assim. Embora a dobradinha DC\Warner tenha uma cartela de antagonistas mais memoráveis, o MCU tem conseguido criar oponentes operacionais, personagens bem resolvidos e visualmente impactantes que contribuem ativamente para o êxito da Fórmula Marvel. Um dos mais frágeis da franquia, no entanto, foi o terrorista Chicote Negro de Homem de Ferro 2. De longe um dos filmes mais genéricos da saga, a continuação apostou em Ivan Vanko, um soviético tão inteligente quanto Tony Stark e com sede de vingança. Sob a batuta de Jon Favreau, o longa tentou extrair o máximo do personagem, investiu na construção do personagem, no seu interessante visual e na força do ator Mickey Rourke. Não demorou muito, porém, para percebemos que ele não estava à altura do Homem de Ferro. Em suma, um oponente fraco e incapaz de sustentar sozinho um filme do Universo Marvel.
Ryan Reynolds custou a emplacar em um filme de super-herói. Ele estreou
no gênero como um 'sideckick' do Blade no pífio Blade Trinity, deu vida ao
distorcido Deadpool no já detonado X-Men Origem: Wolverine e não conseguiu
salvar a bomba Lanterna Verde (2011). Pior do que o digitalizado Hal Jordan,
entretanto, foi o vilão Hector Hammond interpretado por Peter Sarsgaard. Um
personagem raso, visualmente estranhíssimo e com motivações fracas que explica
os motivos que transformaram Lanterna Verde num verdadeiro fracasso de público
e crítica.
De longe o vilão mais insosso do MCU, o maléfico Malekith reduziu o impacto do empolgante Thor: O Mundo Sombrio. Embora protagonize algumas divertidas sequências de ação com o seu poder, vide o memorável clímax, o vilão interpretado por Christopher Eccleston tem pouco a oferecer diante da imponência do personagem título. Com um arco fraquíssimo, motivações mal trabalhadas e pouco tempo de tela, o antagonista é do tipo protocolar, um personagem oco que, apesar do esforço de Eccleston, está entre os mais esquecíveis da franquia. Uma pena, já que visualmente o personagem funciona.
Por fim o subaproveitado Electro, um vilão que, apesar de protagonizar alguns bons momentos, foi engolido por um filme divertido que sucumbiu diante das suas próprias pretensões. Interpretado pelo ótimo Jamie Foxx, o complexado vilão nasce de um interessante 'background', mas é mal desenvolvido e mal concebido pelo CGI. Por mais que funcione nas sequências de ação, o antagonista está entre os mais feios do gênero, uma aparência artificial e que nasceu datada
Um comentário:
Jamie Foxx e me ator favorito. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito de Jamie Foxx 2017 deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerado um grande ator. Gosto muito do ator e a sua atuação é majestuosa.
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