Embora traga uma promissora premissa, O Bebê de Bridget Jones é um
passatempo que soa incompleto ao longo dos seus excessivos 120 minutos de
duração. Por mais que a "plasticada" Renée Zellweger siga arrancando
sinceras risadas com a sua desastrada e imatura personagem, o longa dirigido
por Sharon Maguire (O Diário de Bridget Jones) perde grande parte do seu charme
no momento em que abre mão do excelente Hugh Grant e da dose de irreverência
que ele adicionava a esta franquia
Na verdade, um dos grandes trunfos de O Diário de Bridget Jones, o
ruidoso triângulo amoroso entre os protagonistas soa artificial nesta
continuação, principalmente quando percebemos o grau de importância que o
argumento tenta dar ao novo polo desta relação, o bilionário Jack. Ainda que o
carismático Patrick Dempsey se esforce para criar uma química com Zellweger, o
roteiro falha ao coloca-lo num patamar de igualdade com o elegante Mark (Colin
Firth), uma opção forçada que nunca se traduz em cena.
Além disso, o longa perde tempo ao introduzir esta nova e previsível
relação, "asfixiando" alguns dos elementos mais interessantes da
premissa, entre eles o arco materno da protagonista, o engraçado 'mise en
scene' em torno da identidade paterna e a espirituosa amizade com a
extrovertida Miranda. Interpretada com energia pela magnética Sarah Solemani,
aliás, a jovem amiga de Bridget rende algumas das melhores piadas do filme, mas
a sua personagem é desastradamente esnobada durante a segunda metade da
película.
Por outro lado, Sharon Maguire mostra sensibilidade ao resgatar alguns
dos personagens mais marcantes dos dois primeiros longas, permitindo que eles
preencham a trama no que diz respeito ao humor. Sem querer revelar muito, os
metafóricos diálogos sexuais entre Bridget e Shazza (Sally Phillips) durante a
ida a um batizado são hilários, assim como a cativante relação da protagonista
com os seus adoráveis pais. Assim como os demais filmes da franquia, O Bebê de
Bridget Jones é também bem resolvido tecnicamente, com destaque para a
fotografia acolhedora de Andrew Dunn, para a afiada montagem e para o propositalmente
brega setlist noventista.
Em suma, embora mantenha o nível da franquia quando o assunto é a
comédia, O Bebê de Bridget Jones desperdiça o seu próprio potencial ao
subaproveitar um tema tão atual, o papel de uma mãe solteira dentro da nossa
sociedade, em prol de alguns adocicados clichês românticos e de um último ato
que flerta perigosamente com o absurdo. Sem qualquer tipo de inovação
narrativa, o desfecho desta divertida trilogia patina em torno de um tema já
explorado, só que desta vez sem o inquestionável carisma de Hugh Grant.
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