domingo, 12 de março de 2017

O Bebê de Bridget Jones

Embora traga uma promissora premissa, O Bebê de Bridget Jones é um passatempo que soa incompleto ao longo dos seus excessivos 120 minutos de duração. Por mais que a "plasticada" Renée Zellweger siga arrancando sinceras risadas com a sua desastrada e imatura personagem, o longa dirigido por Sharon Maguire (O Diário de Bridget Jones) perde grande parte do seu charme no momento em que abre mão do excelente Hugh Grant e da dose de irreverência que ele adicionava a esta franquia

Na verdade, um dos grandes trunfos de O Diário de Bridget Jones, o ruidoso triângulo amoroso entre os protagonistas soa artificial nesta continuação, principalmente quando percebemos o grau de importância que o argumento tenta dar ao novo polo desta relação, o bilionário Jack. Ainda que o carismático Patrick Dempsey se esforce para criar uma química com Zellweger, o roteiro falha ao coloca-lo num patamar de igualdade com o elegante Mark (Colin Firth), uma opção forçada que nunca se traduz em cena. 


Além disso, o longa perde tempo ao introduzir esta nova e previsível relação, "asfixiando" alguns dos elementos mais interessantes da premissa, entre eles o arco materno da protagonista, o engraçado 'mise en scene' em torno da identidade paterna e a espirituosa amizade com a extrovertida Miranda. Interpretada com energia pela magnética Sarah Solemani, aliás, a jovem amiga de Bridget rende algumas das melhores piadas do filme, mas a sua personagem é desastradamente esnobada durante a segunda metade da película.



Por outro lado, Sharon Maguire mostra sensibilidade ao resgatar alguns dos personagens mais marcantes dos dois primeiros longas, permitindo que eles preencham a trama no que diz respeito ao humor. Sem querer revelar muito, os metafóricos diálogos sexuais entre Bridget e Shazza (Sally Phillips) durante a ida a um batizado são hilários, assim como a cativante relação da protagonista com os seus adoráveis pais. Assim como os demais filmes da franquia, O Bebê de Bridget Jones é também bem resolvido tecnicamente, com destaque para a fotografia acolhedora de Andrew Dunn, para a afiada montagem e para o propositalmente brega setlist noventista.



Em suma, embora mantenha o nível da franquia quando o assunto é a comédia, O Bebê de Bridget Jones desperdiça o seu próprio potencial ao subaproveitar um tema tão atual, o papel de uma mãe solteira dentro da nossa sociedade, em prol de alguns adocicados clichês românticos e de um último ato que flerta perigosamente com o absurdo. Sem qualquer tipo de inovação narrativa, o desfecho desta divertida trilogia patina em torno de um tema já explorado, só que desta vez sem o inquestionável carisma de Hugh Grant.


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