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A trama em si até respeita os fundamentos do jogo. Temos a Terra. Temos o Outworld. Temos o torn... Ops! Não temos torneio. Não oficialmente. Shang Tsung (Chin Han) quer melar a nova edição. O que ele faz para aniquilar a nossa última linha de defesa? Traz os seus principais lutadores para cá e os obriga (adivinha?) a lutar contra os combalidos guerreiros. Para quê desenvolver cenários? Para quê gastar dinheiro com isso? O diretor prefere cinco minutos de um Goro em cena (num CGI até legal) do que investir na construção de mundo. É inacreditável ver como McQuoid testa a nossa inteligência. Ele acredita que a ultra-violência, a caracterização decente e um dramalhão familiar seria o bastante. O desapego quanto a mitologia é uma afronta. A clássica rivalidade entre Scorpion e Sub-Zero, por exemplo, vira o pano de fundo para a (patética) jornada de Cole. Uma gigantesca inversão de valores.
Todo o subplot envolvendo a busca do arcano (o supergolpe dos lutadores) é resolvido com uma conveniência assustadora. É impossível não fazer uma comparação com o Mortal Kombat de 1995. Com uma simplicidade revigorante, Paul W.S Anderson tirou do papel uma adaptação com vigor estético, um elenco carismático, um senso humor inteligente e personagens bem caracterizados. Um filme que prezava pela construção de mundo. Pelo senso de jornada. A cada luta os heróis se fortaleciam. Mais do que capturar o visual do jogo, Anderson entendeu a lógica de Mortal Kombat. Um senso de progressão que, inclusive, fortaleceu as microdinâmicas entre os personagens. O arco de Liu Kang cresce até o tenso confronto final. Os personagens realmente se empoderam sem "macetes". Sem atalhos.
No novo Mortal Kombat o que vemos são cenas escuras. Personagens sisudos. Figurinos (e atuações) sem vida. Diálogos patéticos (por que todo mundo tem que se apresentar?). Coreografias genéricas. A pressa do cineasta para “resolver” a ação é constrangedora. Simon McQuoid não entrega o mínimo. Ele gasta o sonolento segundo ato para sugerir um processo de treinamento que nunca se concretiza. O diretor tem pressa para "zerar o jogo". Um personagem ganha os poderes se irritando. O outro (esse é inacreditável) levantando uma pedra. Ter um braço robótico virou uma dádiva mitológica. Este é o nível do novo Mortal Kombat. Algo está errado quando o Kano é o melhor personagem da nova adaptação. Pobre Liu Kang... Um filme de origem inchado e sem personalidade que aponta para um futuro nada convidativo.
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