Alguém se divertiu, mas não fui eu...
Mais uma vez Adam Sandler reúne os seus principais amigos\colaboradores numa produção demasiadamente familiar. E aqui não me refiro somente ao tom afável da comédia da Netflix. Ao trabalhar com os seus pares, o astro de Joias Brutas volta para a sua zona de conforto. Uma região que, nos últimos anos, tem se tornado sinônimo de filmes no mínimo problemáticos. Embora parta de uma premissa até curiosa, O Halloween do Hubie frustra ao não se comprometer verdadeiramente nem com a comédia, nem tão pouco com o terror. Sob a descompromissada batuta de Steven Brill, o longa renega o seu potencial ao investir num fiapo de trama sustentado pelo carismático elenco e pelo humor de improviso\repetição. Sandler lidera um show com hits batidos. Mais uma vez na pele de um tipo abobalhado, o ator entrega uma das performances mais histriônicas e menos engraçadas da sua carreira.
O seu Hubie é até cativante, ingênuo, mas não vai muito além disso. Uma figura digna de pena que, após anos sofrendo ‘bullying’ por sua postura zelosa no Halloween, é o único a notar uma série de enigmáticos desaparecimentos. Apesar do cenário fértil, Steven Brill não se preocupa em construir o humor. As gags nascem da individualidade dos atores e da capacidade deles em extrair algo de um texto bobo e pueril. A sequência na casa assombrada sintetiza esta falta de ideias. O imersivo cenário é desperdiçado com uma série de sustos fakes e gritos aleatórios dos protagonistas. Na dúvida, o realizador opta por rir dos seus personagens. Os momentos de maior inspiração cômica, na verdade, vêm do núcleo de apoio. Em especial do impagável lobisomem vivido por Steve Buscemi e do vestuário da sempre carismática June Squibb. Um problema que, infelizmente, se repete também quando o assunto é o elemento sombrio.
É aqui que O Halloween de Hubie frustra mais. Confesso que estava na expectativa para ver Adam Sandler protagonizar um genuíno representante do “terrir”. Pensei em Os Caça-Fantasmas. O que vi, porém, foi uma produção capaz de fazer os recentes live-action do Scooby-Doo parecerem filmes melhores. O roteiro trata o fantasmagórico com um desdém constrangedor. Para que situar a trama em Salem se Steven Brill sequer tem o trabalho de desenvolver algum tipo de mitologia? Por mais que, de fato, as sequências de desparecimento sejam até bem resolvidas visualmente, o longa em momento algum se preocupa em ensaiar a atmosfera de perigo. Ou em explorar as possibilidades insinuadas pelo plot. Tudo não passa de motivo de piada. Se pelo menos elas fossem boas...
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