Outro dia estava "passeando" pela Netflix quando vi que Loucademia de Polícia 2: Primeira Missão (1985) havia entrado no catálogo da gigante do streaming. Uma franquia que, confesso, marcou a minha infância. Qualquer um que tenha crescido nos anos 1990 sabe como os sete filmes da série eram recorrentes nas populares sessões da tarde da TV aberta. O tipo de comédia 'screwball' que sempre fez sucesso com a garotada. Muito em função, é verdade, do carisma de Steve Guttenberg. À frente de um elenco peculiar, o astro da comédia oitentista fez do seu Mahoney um dos grandes símbolos da saga. Era preciso se esforçar, aliás, para não assistir a um filme dele nos anos 1980 e 1990. Com o seu carisma extraordinário e o seu senso de humor afiado, o ator norte-americano enfileirou hits que logo passaram a povoar o imaginário do fã da cultura pop. Nos últimos anos, porém, o ator "sumiu" dos holofotes. O que teria acontecido a Steve Guttenberg? Você sabia que um filme dele pode ter ajudado a salvar o mundo? Descubra neste Por Onde Anda...
Steve Robert Guttenberg nasceu no
Brooklyn, Nova Iorque, no dia 24 de agosto de 1968. Embora sem qualquer
referência artística na família, ele demorou bem pouco para mergulhar na
atuação. Ainda no ensino médio, Guttenberg participou de um programa de verão
na respeitada Julliard sob a supervisão do ator e produtor John Houseman. O que
garantiu a ele um papel na peça off-Broadway The Lion in The Winter. Consciente de que não teria tanto
futuro no teatro nova-iorquino, Steve Guttenberg partiu para a Califórnia à
procura de oportunidades. Ele queria Hollywood. No final dos anos 1970, porém,
teve que se contentar em estrelar o comercial de marcas como o limpa-vidros
Windex, a Honda e a Coca Cola. Nesse meio tempo, Guttenberg investiu no humor
de improviso. Uma aposta que logo viria a dar certo.
Steve Guttenberg estreou no cinema em 1977 com um papel não creditado no longa Terror na Montanha Russa. No ano seguinte, numa daquelas tacadas do destino, ganhou a oportunidade de dividir a tela com os lendários Gregory Peck e Laurence Olivier em Meninos do Brasil (1978). O que abriu portas. Em 1979, ele foi o escolhido para estrelar a série de TV Billy, mas o projeto foi um fracasso e não passou dos primeiros sete episódios. O que redimensionou suas expectativas. Destaque popular telefilme Milagre no Gelo (1981), Steve Guttenberg viu a sua chance de ouro surgir no longa de estreia do então desconhecido diretor Barry Levinson (Rain Man). Em Quando os Jovens se Tornam Adultos (1982), o ator roubou a cena numa comédia dramática sobre um grupo de imaturos homens às avessas com a vida adulta. Ao lado de nomes promissores como os de Mickey Rourke, Kevin Bacon, Paul Reiser e Ellen Burstyn, Guttenberg mostrou o carisma que ajudou a redefinir a sua carreira.
Isso para, no ano seguinte,
ajudar a traumatizar muita gente com o polêmico telefilme O Dia Seguinte
(1983). Num período de turbulência política entre EUA e URSS, o longa decidiu projetar
qual seria o estrago de uma guerra nuclear em solo americano. Segundo consta, o
então presidente Ronald Reagan escreveu no seu diário que o filme foi “muito
eficaz” e que o deixou “muito deprimido”. Além do impacto cultural, reza a
lenda que o mandatário ficou acuado após ter assistido à exibição e assumiu uma
postura mais cautelosa quanto a uma eventual guerra nuclear. Logo após fazer parte do filme
que, sabe-se lá, pode ter ajudado a salvar o mundo, Steve Guttenberg cruzou com
o personagem que definiu a sua carreira em Loucademia de Polícia (1984). Na pele do
descolado e provocador Mahoney, o ator foi a cara desta comédia sacana sobre um
grupo de recrutas da polícia totalmente desajustados. Com orçamento de US$ 4,5
mi, Loucademia de Polícia faturou quase US$ 150 mi ao redor do mundo, iniciando
uma franquia de sete filmes. Destes, Guttenberg estrelou mais três.
Steve Guttenberg se comprovou
como um dos rostos dos anos 1980 ao estrelar a trinca Cocoon (1985), Um Robô em
Curto Circuito (1986) e Três Solteirões e um Bebê (1987). Este último um
sucesso inacreditável que ajudou a mudar o rumo da sua carreira. Dirigido por
Leonard Nimoy, o Spock de Star Trek, a comédia familiar faturou expressivos US$
240 mi. Algo sem precedentes que levou o astro de Loucademia de Polícia a
migrar para filmes mais infantilizados. Nos anos seguintes vieram Três
Solteirões e uma Pequena Dama (1990), Pisando na Bola (1995), As Namoradas do
Papai (1995) e Quase Feitos um Para o Outro (1997). O que, de certa forma, ajuda a
explicar também a perda de prestígio de Steve Guttenberg. O humor afiado do
ator se perdeu nesta transição. Na virada para os anos 2000, ele passou a
acumular uma série de filmes B de qualidade bem duvidosa do tipo A Recruta Hollywood (2008) e Lavântula (2015). Tanto que seu papel
de maior destaque neste período foi na série Veronica Mars (2005-2006). Hoje
aos 61 anos, Steve Guttenberg segue na ativa. Após fazer parte da elogiada
série Ballers (2017), um dos maiores astros da Sessão da Tarde nos anos 90 está no elenco do novo
filme de Woody Allen, o desde já aguardado Rifkin’s Festival.
Nenhum comentário:
Postar um comentário