O preço a ser pago pela liberdade
“Você não pode vencer o mundo. O mundo é mais forte que você”. Essa sentença de Uma Vida Oculta fala muito sobre o cinema de Terrence Malick. Um realizador acostumado a usar o cenário (e a realidade por consequência) para estudar a natureza dos seus personagens. Seus melhores filmes moldam o micro a partir do macro. Analisam a nossa vulnerabilidade a partir de temas complexos e\ou provocantes. No seu melhor trabalho desde o profundo Árvore da Vida (2011), Malick resgata a potência reflexiva esquecida nos seus últimos projetos ao discutir o idealismo sob uma dicotômica perspectiva religiosa. Os protagonistas Franz e Fani tinham uma rotina dos sonhos. Um verdadeiro paraíso. Viviam do que nutriam na Terra.
A Segunda Guerra Mundial, no entanto, surge como uma bomba no seio desta funcional família. O Fascismo é o mal. Adolf Hitler, aos olhos de Terrence Malick, é uma entidade capaz de corromper o paraíso. Obrigado a assinar uma carta de lealdade ao líder do Terceiro Reich, Franz reluta. As “máscaras” dos seus vizinhos logo “começam a cair”. À medida que escancara o ódio contra os que pensam diferente, o cineasta repercute as sequelas da manipulação, da perversidade escondida no discurso, do medo. A resposta surge na fé do protagonista. A religiosidade, aqui, representa o idealismo. “É melhor ser vítima da injustiça, do que o agente dela”, diz o pai de Fani numa sequência chave da obra. Malick diminuiu rotineiramente os seus personagens para engrandece-los. Eles são “pequenos” por desafiar o mundo. É isso que torna os seus atos tão grandiosos. É através do casal de protagonistas que o cineasta estuda o real poder de uma ideia. Para o bem e para o mal.
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