segunda-feira, 22 de junho de 2020

Luto | Diretor de Os Garotos Perdidos e Batman Eternamente, Joel Schumacher morre aos 80 anos


Diretor de Os Garotos Perdidos (1987) e Batman Eternamente (1995), Joel Schumacher faleceu hoje aos 80 anos. A informação foi dada pela Variety. O realizador vinha lutando contra o câncer nos últimos anos. Eclético e autoral, Schumacher triunfou com títulos como O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas (1985), Linha Mortal (1990), Um Dia de Fúria (1993), O Cliente (1994), Tempo de Matar (1996), Ninguém é Perfeito (1999), Por um Fio (2002) e O Custo da Coragem (2003). Basta olhar para esta lista para termos a noção da singularidade do cineasta. Ele se acostumou a transitar da comédia ao drama. Do terror ao universo dos super-heróis. Até no gênero musical ele se adaptou, com a popular adaptação de O Fantasma da Ópera (2004). 



Como a maioria da sua geração, Joel Schumacher começou no circuito independente. Conhecido por lançar jovens atores, o cineasta reuniu alguns dos rostos mais reconhecidos dos anos 1980 no drama geracional O Primeiro Ano das Nossas Vidas (1985). Dois anos depois, Schumacher emplacou o seu primeiro hit com o fantástico Os Garotos Perdidos (1987). Um terror juvenil de respeito. Nestes dois filmes ele ajudou a catapultar a carreira de nomes como os de Demi Moore, Kiefer Sutherland, Andrew McCarthy, Rob Lowe e Andie MacDowell. Nos anos seguintes vieram filmes como o terror Linha Mortal (1990) e o romance dramático Tudo Por Amor (1991). Duas obras com DNA noventista que ajudaram a consagram a então promissora Julia Roberts. Schumacher ajudou a ditar o rumo do cinema noventista. Um Dia De Fúria (1993) se tornou uma poderosa sátira social sobre o dilacerante estilo de vida nos grandes centros urbanos. Batman Eternamente (1995) abraçou o cartunesco com coragem num movimento muito a frente do seu tempo. Schumacher falou sobre disfuncionalidade familiar no espirituoso thriller de máfia O Cliente (1994), sobre o racismo no sistema judicial em Tempo de Matar (1996), sobre a ignorância por trás da homofobia em Ninguém É Perfeito (1999), sobre os perigos em torno do jornalismo investigativo em O Custo da Coragem (2003). 


Após o fiasco chamado Batman e Robin (1997), no entanto, o realizador, absurdamente, perdeu prestígio. Voltou a trabalhar com títulos menores. E logo emplacou uma obra diferenciada. Por um Fio (2002) foi um triunfo de um cineasta criativo. Além de ajudar a lançar a carreira de Colin Farrel, o longa mostrou como é possível fazer muito com tão pouco. Uma cabine telefônica, uma ameaça invisível, um 'mise en scene' enervante, um grande filme. Em 2004, numa mudança de curso curiosa, Joel Schumacher voltou aos holofotes ao dirigido a adaptação do musical O Fantasma da Ópera. Estrelado por um então promissor Gerard Butler, o vistoso longa se tornou o maior sucesso comercial do realizador no século XX, rendendo expressivos US$ 154 milhões mundialmente. O êxito, porém, não redimensionou a sua carreira. Nos anos seguintes Joel Schumacher voltou aos filmes pequenos, como o subestimado thriller psicológico Número 23 (2007). Talvez o último trabalho expressivo de um cineasta que, na última década, assinou os terríveis Renascido das Trevas (2009) e Reféns (2011). A triste derrocada um criador singular. Essa imagem negativa, porém, precisa ser combatida. Joel Schumacher ajudou a moldar uma geração de fãs de cinema com obras recheadas de personalidade, uma particular veia pop e muito estilo. RIP

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