terça-feira, 2 de junho de 2020

Lista | Quinze Grandes Filmes sobre o Horror do Fascismo

Não basta não ser racista, precisamos ser antirracistas. Não basta não ser fascista, precisamos ser antifascistas. É dever de qualquer um que preze pela liberdade e pela democracia reagir a ascensão de alguns perigosos discursos. Sou da tese que precisamos instruir, coibir a repressão na base do diálogo. Alguns, infelizmente, simplesmente estão seguindo os seus distorcidos princípios. Vejo muita gente, porém, endossando "falsas verdades" na base da ignorância, sem sequer desconfiar da raiz de tudo isso. A história, como sabido, se dá em ciclos e nós temos que nos posicionar contra qualquer resquício de totalitarismo. Não podemos nos cegar. O cinema, por sinal, está ai para nos mostrar a verdade. Neste dia de tamanha mobilização preparei uma lista com quinze filmes indispensáveis para enxergarmos o horror do fascismo. É o mínimo num momento tão confuso e indignante. Sentiu falta de algum título? Conhece outro filme que poderia acrescentar ao post? Deixe nos comentários.


- Roma, Cidade Aberta (1945)

"Difícil não é morrer bem, é viver bem". Roma, Cidade Aberta é o tipo de obra que deveria fazer parte do material de qualquer instituição de ensino. Um retrato visceral sobre o fascismo e o impacto dele na vida daqueles que optam pela reação. Um filme que, assim como o passado, não pode ser esquecido. A liberdade, aqui, não está nos planos. 

- Vá e Veja (1985)

Em tempos pacíficos eu não indicaria filmes como Vá e Veja (1985). Nos dias de hoje, porém, é indispensável. Um retrato dilacerante sobre os horrores da guerra. Elem Klimov causa uma catarse emocional única ao traduzir a corrosão da inocência diante do fascismo. Cinema verdade em sua máxima potência. A liberdade, aqui, vem acompanhada de traumas imensuráveis.

- Fahrenheint 451 (1966)

O ódio ao conhecimento é a chama que alimenta Fahrenheint 451, a versão cinematográfica do clássico da literatura de Ray Bradbury. Sob a batuta do aclamado François Truffaut, o longa nos leva para um futuro distópico bastante reconhecível para discutir a repressão que mata, que aliena e que rouba o bem mais valioso de qualquer indivíduo. A liberdade, aqui, está nos livros.

- O Labirinto do Fauno (2008)

Aos olhos de Guillermo del Toro, não existe monstro mais ameaçador que o ser humano. Uma visão de mundo\cinema que guia esta poderosa alegoria chamada O Labirinto do Fauno. Embora já situado num contexto de guerra, o cineasta espanhol tece comentários bem mais profundos sobre as chagas do fascismo a partir da perspectiva de uma inocente jovem.  A liberdade, aqui, surge acompanhada do escapismo.


- A História Oficial (1985)

Num momento em que as pessoas parecem relutar em relembrar os malefícios de um regime fascista, A História Oficial é um daqueles longas que nunca, de maneira alguma, deveriam cair no esquecimento. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, a película dirigida por Luis Puenzo causa um genuíno desconforto ao revelar o impacto de uma mentira na rotina de uma família aparentemente funcional. Num retrato íntimo sobre o impacto da ditadura na rotina de pessoas comuns, este envolvente drama é enfático ao refletir sobre as mazelas deste período em solo argentino. A liberdade, aqui, nasce da verdade.

- O Conformista (1970)

O Conformista é contundente ao expor a natureza vil do totalitarismo. Embora tenha as minhas ressalvas quanto a exploração do feminino, Bernardo Bertolucci se esbalda nos símbolos ao escancarar a podridão do fascismo a partir da "normatizante" perspectiva de um covarde. Uma mera sombra do homem que foi\vislumbrou ser em algum dia. A liberdade, aqui, é para aqueles que nunca relativizam a sujeira do totalitarismo.

- A Onda (2008)

Até onde o poder da manipulação pode levar uma pessoa? Essa pergunta é muito bem respondida por A Onda, longa alemão dirigido por Dennis Gansel que toca de forma visceral na principal ferida do povo alemão: os fantasmas envolvendo o Nazismo. Um filme sobre como a história se dá em ciclos e sobre como podemos repentinamente ficar vulneráveis a velhos fantasmas. A liberdade, aqui, é menos sedutora que a promessa de força e poder.

- Brazil (1985)

Pasmem, em Brazil (o filme) o Brasil (o nosso país) é um modelo de fuga do protagonista, um burocrata num regime totalitário que vê a paixão se transformar em repressão. Terry Gilliam esbanja sarcasmo ao refletir sobre a realidade deste homem inerte obrigado a desafiar o sistema que ajudou a implementar. Mais um filme da lista em que a “fuga” pode assumir múltiplas formas e compreensões. A liberdade, aqui, é um sonho utópico em meio ao pesadelo.

- V de Vingança (2005)

De longe o filme mais “acessível” da lista, V de Vingança transforma a revolta em anarquia num relato enérgico sobre o poder de uma ideia. A ação, aqui, em momento algum enfraquece o peso da distopia e a carga realista desta popular adaptação da obra de Alan Moore. A liberdade, aqui, é um bem precioso que deve ser conquistado com atos.

- 1984 (1984)

A vigilância total e absoluta se torna um feroz instrumento de repressão em 1984, adaptação do clássico do Sci-Fi de George Orwell. Uma obra visionária em diversos aspectos, principalmente por escancarar a impotência individual diante de um sistema tão massacrante. A liberdade, aqui, é apenas um vislumbre.

- A Vida é Bela (1997)

Escrever sobre A Vida é Bela é um tanto redundante. Mais do que um melodrama sobre a curiosa relação entre pai e filho num campo de concentração nazista, o longa dirigido por Roberto Benigni é categórico ao traduzir a crescente sombra do fascismo em solo italiano. A liberdade, aqui, não é conquistada numa brincadeira de criança.

- Filhos da Guerra (1990)

Inspirado na incrível história real do judeu Solomon Perel, Filhos da Guerra é um daqueles relatos impressionantes que de tão improváveis podem até parecer mentirosos. Mas não são. Conduzido com um extraordinário senso de plenitude pela polonesa Agnieszka Holland, o longa estrelado pelo carismático Marco Hofschneider (Minha Amada Imortal) investiga as nuances de um confronto como a Segunda Guerra Mundial sob um ponto de vista completo e original. A liberdade, aqui, vem na base do sofrimento e da indignidade.

- THX 1138 (1971)

Antes de revolucionar a indústria do entretenimento com o poderoso universo Star Wars, George Lucas pisou filme no Sci-Fi ‘hardcore’ com o instigante THX 1138. Levando a nossa sociedade para um futuro distópico, o realizador buscou inspiração em clássicos do quilate de 1984 e Admirável Mundo Novo ao questionar a maneira com que lidamos com os nossos sentimentos. A repressão é total e irrestrita. Num mundo em que o indivíduo perde o direito de nutrir sentimentos tão básicos, se apaixonar era um crime severamente punido. A liberdade, aqui, é apenas uma projeção.

- Os Carrascos Também Morrem (1943)

Os Carrascos também Morrem é um dos filmes de guerra mais corajosos da sua época. Fritz Lang, em sua fase americana, assume o temor da derrota num thriller intenso, instigante e brilhantemente dirigido. Um filme sobre a guerra longe das trincheiras, a guerra dos que resistem ao fascismo. A liberdade, aqui, é conquistada na base do sacrifício.

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