O MCU entrou em “recesso”. Pelo
menos até 2020. O épico fim da Saga do Infinito trouxe um senso de conclusão
para o Universo Vingadores. Algo que tende a ser o grande desafio\obstáculo da
Marvel Studios nos próximos anos. Após tantos anos de peças milimetricamente
encaixadas, o público terá que se preparar para o novo de novo. Óbvio que os
alicerces já foram montados. Mas o futuro do Universo Cinemático da Marvel é
hoje um tabuleiro a ser preenchido. Enquanto isso não acontece, nada mais justo
do que reverenciarmos o que foi feito até aqui. Com todo respeito ao gênio
Martin Scorsese, o MCU é cinema de alta qualidade. Nos seus melhores momentos,
o que vimos foi algo sem precedentes dentro do gênero. Entretenimento para todo
mundo. Para crianças e adultos. Escapismo inteligente. Com o lançamento de
Homem-Aranha: Longe de Casa (leia a nossa opinião aqui) nas principais plataformas de VOD, neste artigo
decidi atualizar o meu ranking com o pior e o melhor da Saga do Infinito.
23º O Incrível Hulk (2008)
O "pior" filme da lista
está longe de ser uma produção propriamente ruim ou problemática. Disposto a
apagar a má impressão deixada no questionado Hulk (2003), uma adaptação
atrapalhada pelo tom exageradamente sério e pelo artificial uso do CGI, o
diretor francês Louis Leterrier (Truque do Mestre) resgatou o monstrengo verde
ao fazer de O Incrível Hulk uma versão absolutamente bem resolvida. Estrelado
pelo temperamental Edward Norton, que mais tarde seria substituído pelo
talentoso e boa praça Mark Ruffalo, o longa investiu pesado na ação ao tirar um
excelente proveito dos efeitos digitais. O novo Hulk surge então raivoso e
gigantesco, protagonizando algumas espetaculares sequências de ação. Além
disso, reconhecidamente um dos poucos problemas do Universo Marvel nos Cinema,
o vilão Abominável se revela um antagonista à altura deste icônico personagem,
graças a competente atuação de Tim Roth. Narrativamente, porém, O Incrível Hulk
é apenas eficiente, de longe o argumento mais burocrático dentro da
franquia.
22º Homem de Ferro 2 (2010)
Após o fantástico primeiro longa,
Homem de Ferro 2 (2010) chegou aos cinemas se revelando um entretenimento de
qualidade, mas alguns degraus abaixo no que diz respeito a originalidade.
Novamente dirigido por John Favreau, a continuação é certeira ao abraçar as
crises do protagonista, desvendando com precisão e bom humor os dilemas e a
egocêntrica personalidade de Tony Stark. Além disso, o longa é igualmente
preciso ao introduzir a popular Viúva Negra (Scarlett Johansson), uma
personagem forte que rouba a cena. Num todo, porém, Homem de Ferro 2 resolve
caminhar por um terreno mais seguro, repetindo algumas fórmulas que consagraram
o original. Visualmente impecável, o longa aposta num antagonista genérico, o
russo Chicote Negro (Mickey Rourke), reduzindo o impacto desta sequência quando
o comparamos com o seu antecessor. O que, verdade seja dita, não é um grande
problema, já que o primeiro Homem de Ferro é primoroso.
21º Thor: O Mundo Sombrio (2013)
Uma continuação maior e mais
requintada, Thor: O Mundo Sombrio corrige os deslizes do longa original ao
flutuar da Terra para Asgard com absoluta precisão. Sob a batuta de Alan
Taylor, realizador conhecido por episódios da série Game of Thrones, o longa
ganhou uma roupagem ainda mais épica e grandiosa, explorando com habilidade a
rivalidade entre Loki e Thor. Recheado de impecáveis sequências de ação, a
continuação é igualmente certeira ao tirar proveito do talentoso elenco,
permitindo que cada um dos personagens tenha o seu momento de destaque. Os
talentosos Stellan Skarskarg, Natalie Portman e Rene Russo ganham uma participação
ainda mais ativa dentro da trama, preenchendo as pequenas brechas deixadas pelo
roteiro. O "calcanhar de aquiles" desta continuação, no entanto, é o
insosso vilão Malekith. Apesar do visual caprichado e da competência do ator
Christopher Ecclestone, o antagonista se revela o mais problemático da
franquia, o que só não se torna um problema maior graças a presença do sempre
dúbio Loki. Ainda assim, ora bem-humorado, ora aventureiro, Thor: O Mundo
Sombrio fez jus ao elevado padrão de qualidade dos seus antecessores, dando ao
lendário deus nórdico uma continuação à sua altura.
20º Capitão América: O Primeiro
Vingador (2011)
De volta ao início do século XX,
Capitão América: O Primeiro Vingador é preciso ao introduzir o clássico Steve
Rogers. Dirigido por Joe Johnston (Jurassic Park III), o longa se revela uma
aventura extremamente envolvente, principalmente pela forma como abraça o clima
de época. Trazendo um dos antagonistas mais bem caracterizados da franquia, o
nefasto Caveira Vermelha (Hugo Weaving), o realizador é fiel às histórias em
quadrinhos ao introduzir o super soldado, realçando o seu idealismo e a sua
postura ingenua durante a Segunda Guerra Mundial. Indo além das intensas
sequências de ação, O Primeiro Vingador é habilidoso ao trabalhar com temas
como a propaganda de guerra e a relação do herói com o seu amigo Bucky Barnes,
preparando o terreno para os futuros longas da série. E isso sem falar da
carismática presença de Chris Evans, que já neste primeiro filme mostrou ter
sido a escolha perfeita para este importante papel. Esbanjando sutileza ao
abordar as questões mais dramáticas e sentimentais, Capitão América: O Primeiro
Vingador é um entretenimento completo. Um filme que diverte, empolga e emociona
com a mesma facilidade.
19º Homem de Ferro 3 (2013)
Inegavelmente o título mais
polêmico da franquia, Homem de Ferro 3 se tornou um grande divisor de águas
para o estúdio. Ao contrário do seu antecessor, um longa que preferiu apostar
em fórmulas mais seguras, a película dirigida por Shane Black (Beijos e Tiros)
mostrou que a Marvel não tem medo de ousar. Um dos filmes mais originais da
saga, Homem de Ferro 3 causou um enorme rebuliço junto aos fãs mais
intransigentes, principalmente pela maneira com que descaracteriza alguns dos
personagens mais marcantes das HQ's. Com liberdade para criar, Black construiu
uma sequência inusitada, ora explosiva e urgente, ora familiar e divertida. A
relação entre Tony Stark e o pequeno Harley Keener (Ty Simpkins), por exemplo,
é inesperadamente cativante, assim como a inestimável presença do vilão
Mandarim. Além disso, Homem de Ferro 3 abre espaço para a vasta coleção de
armaduras do herói, que se transformam num elemento impactante dentro do
frenético clímax. Aos 45 minutos do segundo tempo, no entanto, o roteiro dá uma
ligeira derrapada, um fato decisivo para o rumo da série nos cinemas. Até
porque, apesar do sucesso do longa nas bilheterias, os executivos do estúdio
não gostaram nem um pouco das escolhas mais drásticas dos roteiristas,
reduzindo desde então a liberdade criativa dos realizadores dentro do Universo
Marvel.
18º Capitã Marvel (2019)
Inserido num arco complexo e minuciosamente pensado pelas mentes por trás do Universo Vingadores, Capitã Marvel compensa o longo tempo de espera ao ir muito além da representatividade feminina. Com grandes planos para esta empoderada protagonista, Kevin Feige e o corpo criativo do MCU entregam uma aventura sólida e empolgante, um filme capaz de amarrar todas as pontas soltas da franquia enquanto estabelece aquela que tem tudo para se tornar um dos pilares das vindouras novas fases idealizadas pela Marvel Studios. Embora vacilante enquanto um exemplar do cinema de ação, o longa dirigido pela dupla Anna Boden e Ryan Fleck cumprem as elevadas expectativas ao se concentrarem naquilo que mais importa. Na jornada de descobertas e autoafirmação da heroína que chega para redimensionar o Universo Vingadores. É legal ver, por exemplo, como a película vai muito além do ‘girl power’ pelo ‘girl power’. A essa altura do campeonato, ter basicamente uma guerreira ‘bad-ass’ não era o bastante. Era preciso mais. Era preciso peso. Era preciso profundidade. O que explica a coragem do argumento em sacrificar o frenesi da ação em prol de um desenvolvimento de personagem mais complexo. Nada mais justo, portanto, que o filme de origem sobre a heroína mais superpoderosa do MCU fosse também o mais empoderador.
17º Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)
De longe o melhor título solo do personagem desde Homem-Aranha 2 (2004), De Volta ao lar acerta ao não depender exclusivamente do viés super-heroico. Embora cumpra os pré-requisitos mais básicos do segmento, entre eles a presença de um ótimo vilão, de um plot realmente consistente e de empolgantes sequências de ação, o longa dirigido por Jon Watts se esquiva dos clichês dos filmes de origem ao valorizar a figura do jovem Peter Parker. No melhor estilo comédia 'high-school', o criativo realizador revigora o grandiloquente Universo Marvel com uma película simples e contida no seu próprio mundo, uma aventura engraçadíssima sobre um nerd deslocado em busca da popularidade e da garota perfeita. E isso, senhoras e senhores, é Homem-Aranha em sua mais pura forma. Nem só de Peter\Tom, porém, vive o longa. Fazendo um bom uso do entrosado e diversificado elenco, Jon Watts permite que cada um dos coadjuvantes contribua para a extraordinária dinâmica do filme, principalmente o eufórico melhor amigo Jacob Batalon e a sarcástica Zendaya, ressaltando a sincera conexão entre os personagens através de diálogos genuinamente engraçados. Um desempenho tão consistente e harmonioso que nos faz esquecer, até mesmo, da presença de Robert Downey Jr., bem menos atuante do que a prévias pareciam sugerir.
16º Homem-Formiga (2015)
Por falar em originalidade,
Homem-Formiga arrematou a fase 2 mostrando o cuidado da Marvel na introdução
dos seus personagens. Apesar dos problemas durante a pré-produção, situações
que levaram o diretor Edgar Wright - o idealizador da adaptação - a deixar o
projeto, o longa dirigido por Peyton Reed (Sim, Senhor) adicionou novos
ingredientes à franquia ao apostar em elementos oriundos dos filmes de assalto.
Investindo num texto cômico e numa abordagem mais intimista, o argumento
mostrou habilidade ao acompanhar o início da S.H.I.E.L.D, sem esquecer de
apresentar a nova versão do carismático Homem-Formiga. Com um elenco escolhido
a dedo, Paul Rudd, Michael Douglas e Evangeline Lilly caíram como uma luva na
saga, dando a esta descompromissada continuação um inegável peso. Além disso,
após a grandiosidade defendida pelo estúdio em A Era de Ultron, Reed é
brilhante ao explorar os poderes deste minimalista personagem, entregando
algumas das mais autorais sequências de ação da franquia. Contando também com
uma montagem repleta de energia, que, não só traz mais agilidade às sequências
de ação, como também pontua as hilárias explicações de Louis (Michael Peña),
Homem-Formiga é uma espécie de "respiro" dentro do cada vez mais
intenso Universo Marvel.
15º Thor (2011)
Preciso confessar, Thor é um
daqueles filmes que parece melhorar a cada vez que assisto. Trazendo o mais
expressivo antagonista da franquia, o sagaz Loki (Tom Hiddleston), o diretor
Kenneth Branagh (Hamlet e Henrique V) usou a sua experiência em filmes de época
para introduzir o reino de Asgard. Contando com o carisma do ator Chris
Hemsworth, outro que foi escolhido a dedo para o papel, o longa é impecável ao
acompanhar o processo de "humanização" do herói e a rixa palaciana
envolvendo o seu irmão e pai. Recheado de primorosos efeitos visuais,
principalmente no que diz respeito ao cenário Asgardiano, Thor flutua da ação
para a comédia com absoluta categoria, arrancando uma série de risadas ao
acompanhar a chegada do deus nórdico ao planeta Terra. Mesmo sem entregar a
grandiosidade esperada em uma adaptação do porte deste icônico super-herói,
Thor surpreende ao investir no altruísmo, encontrando a sua força na jornada de
redenção deste poderoso personagem.
14º Homem-Formiga e a Vespa (2018)
Mais uma peça minuciosamente encaixada na engrenagem Marvel, Homem-Formiga e a Vespa sintetiza a meu ver o melhor do MCU. Por mais que filmes eventos como Vingadores: Guerra Infinita sigam sendo o carro chefe da companhia e o principal combustível para o ‘hype’ que tomou conta dos lançamentos do estúdio, são nestas obras menores, íntimas e recheadas de detalhes que podemos perceber o misto de genialidade e perspicácia em torno desta longeva saga. Com um atemporal viés lúdico, personagens muito bem desenhados, um enérgico senso de urgência e magníficas sequências de ação, o longa novamente dirigido por Peyton Reed esbanja habilidade ao dar relevância a um super-herói subestimado, conseguindo, mesmo sem sacrificar a descomplicada aura aventuresca do seu arco, transformá-lo num elemento chave para o futuro da franquia. Um passo novamente ousado (e mais uma vez certeiro) capaz de estabelecer o tão aguardado universo quântico com leveza, bom humor e um forte senso de entretenimento.
13º Doutor Estranho (2016)
Com um elenco de fazer inveja a qualquer grande produção do Oscar, Doutor Estranho é uma aventura eficaz que alcança um patamar superior graças ao seu fantástico apuro visual. No embalo da sensível trilha sonora de Michael Giacchino, impecável ao acompanhar o estado de espírito do protagonista, Scott Derrickson é habilidoso ao transitar pela ação, pela comédia e pelo drama com enorme dinamismo, absorvendo a vasta mitologia mística idealizada por Lee e Ditko com leveza e propriedade. Mesmo diante de algumas soluções inegavelmente convenientes, o processo de aprendizado de super-herói, por exemplo, se revela um tanto quanto acelerado, o realizador constrói uma película narrativamente redonda, bem resolvida, que realmente ousa ao oferecer uma experiência estética autoral, lisérgica e totalmente inédita dentro do vasto universo cinematográfico da Marvel Studios.
12º Homem-Aranha: Longe de Casa
(2019)
Uma das peças mais queridas
dentro do MCU, o Homem-Aranha se tornou um elemento dramático decisivo na
dobradinha Guerra Infinita e Ultimato. Repentinamente, o amigão da vizinhança,
um personagem leve, irônico e altruísta, se tornou sinônimo de luto, raiva,
vingança. Um dos muitos fantasmas para assombrar Tony Stark na sua tentativa de
desafiar aquele que dizimou metade da população da Terra. Um dos inúmeros
elementos que fizeram de Endgame (no original) o “filme evento” que todos
ansiavam. O MCU, no entanto, precisava seguir. Com a difícil missão de fechar a
épica Fase 4, Homem-Aranha: Longe de Casa trouxe tudo aquilo que o Universo
Vingadores precisava para se reoxigenar. De volta à direção após o descolado De
Volta para Casa, Jon Watts encontra o meio termo perfeito entre a comédia e a
ação ao nos brindar com um filme de férias com a cara do MCU. Hilário,
empolgante e esteticamente impressionante. Com pulso narrativo e um invejável
‘timing’ cômico, Watts consegue avançar o arco dramático do Amigão da
Vizinhança sem esquecer de extrair o máximo do escapista ‘plot’. Peter só
queria se divertir, conquistar MJ (Zendaya), curtir com o seu amigo Ned (Jacob
Batalon), esquecer tudo o que aconteceu na batalha contra Thanos. Mais uma vez,
Watts encontra o Homem-Aranha dos quadrinhos. O jovem inseguro, indeciso quanto
ao seu papel no mundo, em busca de um novo mentor. Além de explorar a morte de
Tony com enorme sutileza, o longa é perspicaz ao usar esta lacuna como um
agente catalisador para a relação entre Peter e o pró-ativo Mysterio (Jake
Gyllenhaal). E o novo personagem faz jus as expectativas em torno dele ao se
tornar o principal acerto de Longe de Casa. Graças a malandragem do roteiro em
testas as nossas expectativas, Watts entrega aquilo que o público esperava, mas
não dá forma com que esperávamos, comprovando o desapego do MCU quanto alguns
símbolos dos quadrinhos. Além disso, Watts entrega um dos melhores vilões
destas quatro fases do MCU, um antagonista com motivações simples, mas
totalmente compreensíveis. Recheado de empolgantes sequências de ação, o balé
aéreo de Peter ganha um novo conceito estético nas paisagens europeias,
Homem-Aranha: Longe de Casa captura como poucos a energia juvenil do seu
protagonista num filme revigorante, genuinamente engraçado, mas nunca
despretensioso.
11º Thor: Ragnarok (2017)
Um dos heróis mais poderosos do
selo Marvel, o popular Thor foi, de longe, um dos personagens mais modificados
na transição das páginas dos quadrinhos para as telas dos cinemas. Embora os
competentes dois filmes solos do lendário deus nórdico tenham resgatado algumas
das características mais marcantes das hq's, entre elas a imponência visual, o
elemento fantástico e o constante jogo de poder palaciano, o protagonista
ganhou uma perspicaz roupagem mundana, uma faceta convencida\imatura que o
transformou num natural alívio cômico dentro do MCU. Ele, no entanto,
merecia mais. E a Marvel tratou de reconduzi-lo ao time A dos Vingadores. Após
se tornar uma espécie de coadjuvante de luxo em A Era de Ultron, o príncipe de Asgard volta das
"férias" após Guerra Civil no irreverente Thor: Ragnarok, uma
comédia aventureira que finalmente soube explorar o potencial
"zueiro" do remodelado protagonista em sua máxima potência. Um dos
projetos mais autorais da franquia, o longa dirigido pelo extravagante Taika
Waititi empolga ao ampliar a mitologia do herói com extrema espontaneidade, se
afastando mais do que o costume da geralmente "confortável" fórmula
Marvel ao tratar o fim de forma irônica e indiscutivelmente audaciosa. Numa
proposta irreverente, escapista, mas nada despretensiosa, o realizador
neozelandês justifica o frisson em torno da sua improvável escalação ao pregar
o desapego, ao subverter o teor épico\super-heroico presente no arco original,
fazendo jus ao drástico subtítulo da película sem nunca abrir mão do seu afiado
senso do humor. Além disso, Waititi esbanja virtuosismo técnico ao reverenciar
o legado de cores e formas do cultuado quadrinista Jack Kirby, contornando os
pontuais problemas de tom ao valorizar o 'fan service' na composição dos
exuberantes cenários e das imagéticas sequências de ação.
10º Vingadores: A Era de Ultron
(2015)
Embalado por uma série de
arrebatadoras cenas, daquelas capazes de nos levar à euforia, Era de Ultron
surpreende ao apostar numa abordagem mais sombria envolvendo os seus
super-heróis. Explorando os contrastes em torno da premissa, Joss Whedon é
impecável ao construir um longa denso, mas absolutamente divertido, grandioso,
mas cuidadosamente intimista. Fazendo o melhor uso possível deste supergrupo,
que aqui tem um desenvolvimento surpreendentemente humano, a continuação ganha
contornos épicos ao se apoiar não só na primorosa presença do vilão Ultron, e
na pitada de insanidade que ele adiciona ao 'status quo' dos heróis, mas
principalmente ao introduzir esta perceptível mudança de tom sem renegar a
essência "pipoca" da franquia. Até porque, independente do senso de
urgência da trama, sempre vai existir espaço para as espetaculares sequências
de ação, para algumas participações inesperadas e para o humor afiado de Tony
Stark e sua turma.
9º Capitão América: O Soldado
Invernal (2014)
Impulsionado pelas empolgantes
cenas de ação, a pancadaria come solta nas mãos dos diretores Anthony e Joe
Russo, e pela grandiosidade dos efeitos visuais, O Soldado Invernal é muito mais
do que um simples filme pipoca. É um sólido trabalho, responsável por dar um
novo rumo ao universo Vingadores nos cinemas. Eu diria mais, esta continuação é
uma resposta àqueles que duvidavam da capacidade do estúdio em produzir uma
obra com um teor mais sério. Um verdadeiro thriller de espionagem, o longa é
impecável ao revelar a nocividade da HYDRA, protegendo os segredos em torno dos
nebulosos antagonistas. Com um Chris Evans cada vez mais à vontade no papel, o
filme prepara o terreno para o desfecho da fase 2 da Marvel, levantando uma
série de questões em torno do futuro deste supergrupo. Além disso, o longa
introduziu personagens como o intenso Soldado Invernal (Sebastian Stan) e o
empolgado Falcão (Anthony Mackie), um elemento que se tornou extremamente
funcional nas grandiosas sequências de ação. E isso sem esquecer de trazer uma
contextualizada crítica envolvendo a política armamentista norte-americana.
8º Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017)
Uma continuação com o frescor do
original, Guardiões da Galáxia Vol. 2 eleva o nível da brincadeira ao
transformar um inusitado supergrupo no produto solo mais atraente do atual
Universo Cinematográfico da Marvel. Com carta branca para criar após o
bem-sucedido primeiro longa, o audacioso James Gunn esbanja a sua reconhecida
irreverência ao entregar uma sequência com uma identidade própria, uma película
capaz de expandir os seus horizontes de maneira independente e sem a
necessidade de se manter "presa" as engrenagens da franquia. Indo de
encontro à maioria das continuações do gênero, o realizador não quis somente
reciclar a estrutura do material fonte, ampliar o escopo da trama ou introduzir
as tão esperadas novas ameaças. Na verdade, Gunn resolveu se aprofundar na
natureza dos seus personagens, nas camadas brevemente introduzidas no filme
anterior, estreitando os laços familiares entre eles ao investir numa premissa
íntima, densa e sinceramente comovente. E isso, obviamente, sem abrir mão do
"tempero" Guardiões da Galáxia. Com o pleno domínio narrativo sobre a
sua obra, James Gunn nos brinda com uma mistura ainda mais apimentada, uma
aventura exuberante potencializada pelo humor sacana, pelas inúmeras
referências pop, pela poderosa trilha sonora e pelo incrível apuro estético. Em
suma, embora tropece aqui ou ali, Guardiões Vol. 2 é o triunfo do patinho feio,
a consolidação de um produto que encontrou no cinema a liberdade para alçar
voos bem mais altos.
7º Pantera Negra (2018)
Pantera Negra é o filme mais
importante da Marvel Studios. Simples assim. Após ficar atrás da concorrência
quando o assunto foi a representatividade feminina no gênero, ponto para a DC e
o empolgante Mulher-Maravilha, a empresa correu atrás do prejuízo com
agilidade, fincando os dois pés na realidade ao entregar o super-herói negro
que o cinema precisava. Sob a refinada batuta do talentoso Ryan Cogler, o longa
exalta a nobreza da cultura negra com rara energia, respeitando o doloroso
passado de uma raça numa obra que não se omite ao explorar o contexto
histórico. E isso, obviamente, sem abrir mão do fator entretenimento que, por
trás das sólidas discussões morais em torno da trama, guia a ação exaltando com
propriedade as raízes afro. No embalo da arrepiante trilha sonora de Ludwig
Göransson (Fruitvale Station), que, no ritmo dos riffs do talento rapper
Kendrick Lamar, transita entre o afro, o rap e o hip-hop com maestria, Pantera
Negra faz jus as expectativas ao se revelar uma obra recheada de estilo do
primeiro ao último minuto de projeção. Sem medo de imprimir a sua reconhecível
visão de realidade num universo tão bem consolidado quanto o MCU, Ryan Coogler
reflete sobre o passado e o presente da raça negra com desenvoltura,
conseguindo sair em defesa do poder da igualdade em um mundo globalizado
enquanto reverencia a majestosa, inestimável e frequentemente esquecida cultura
africana. Finalmente temos super-herói negro capaz de sair das sombras, capaz
de “brigar” em condições igualitárias com qualquer outro gigante do gênero. O
triunfo nas bilheterias não me deixa mentir.
6º Guardiões da Galáxia (2014)
Se você quer saber o porquê de
todo o sucesso dos filmes da Marvel, assista a Guardiões da Galáxia e terá a
sua resposta. Apostando no carisma e na excentricidade destes desconhecidos
personagens, a o estúdio supera todas as expectativas ao encontrar a
alternativa perfeita para conseguir ampliar o seu universo cinematográfico.
Transformando o supergrupo b dos quadrinhos em um avassalador sucesso de
público e crítica, o diretor James Gunn nos apresenta uma obra exótica e
original, completamente distante do que vem sendo produzido dentro do gênero.
Equilibrando de forma primorosa ação, comédia, aventura e o ótimo repertório
musical, esta adaptação é um tiro certeiro capaz de reunir toda a essência da
Marvel em um mesmo longa. Mesmo com alguns pequenos deslizes, a maioria deles
reduzidos ao problemático vilão Ronan, o longa surpreende ao investir numa
estética absolutamente pop, potencializada pelo fantástico elenco, pelos
cenários ultra coloridos e pela trilha sonora setentista.
5º Vingadores: Guerra Infinita (2018)
Um dos “calcanhares de Aquiles”
da Marvel na última década, obviamente, ficou pelo inegável apego dos
produtores pelas suas produções. Embora, à essa altura, seja difícil contestar
os feitos de Kevin Feige e sua turma, é fato que, seguindo a (lucrativa)
fórmula familiar proposta desde a fase um, o Universo Vingadores se tornou um
ambiente seguro demais nos cinemas. A ousadia, na verdade, se fez presente
muito mais na narrativa dos longas, do que propriamente no destino dos
(principais) personagens. O sacrifício se tornou um tabu dentro desta escapista
engrenagem. Isso, pelo menos, até o lançamento do imponente Vingadores: Guerra
Infinita, um filme capaz de redefinir o conceito de épico dentro da franquia.
Consciente das elevadas expectativas do público quanto ao poder de destruição
do ameaçador Thanos, um personagem que, ao longo da última década, se tornou um
dos mais bem construídos da história do segmento, os irmãos Anthony e Joe Russo
entregam um blockbuster raro, um longa impiedoso capaz de ir da empolgação ao
choque com um estalar de dedos. Um filme evento que, embora tenha um
satisfatório senso de conclusão, é ainda esperto ao alimentar as possibilidades
para os próximos capítulos, o que fica claro na inventiva cena pós-crédito,
estabelecendo algumas possibilidades que só comprovam a criatividade do MCU em
seguir movendo as suas peças mirando o futuro sem esquecer do presente.
4º Capitão América: Guerra Civil (2016)
Cultivando sentimentos até então
raros dentro do Universo Vingadores, como a dor, a raiva e a vingança, Capitão
América: Guerra Civil marca o amadurecimento de uma franquia que não se cansa
de ousar e surpreender. Auxiliados pela invejável química entre os atores, os
irmãos Anthony e Joe Russo são corajosos ao escancarar as consequências por
trás deste gigantesco embate, revelando o quão nocivo e extremo podem ser os
espólios de uma guerra. Recheado de momentos memoráveis, o longa empolga ao
construir uma história sóbria, com forte carga dramática, sem abrir mão dos
aguardados alívios cômicos e das espetaculares sequências de ação. Desta forma,
ao aliar tensão, drama e humor com absoluta propriedade, a Marvel Studios
comprova que seriedade e diversão podem caminhar lado a lado dentro deste
concorrido gênero.
3º Os Vingadores (2012)
Reunindo pela primeira vez a super-equipe de heróis Marvel, Os Vingadores (2012) figura na minha lista pessoal de melhores filmes do gênero. Estupidamente divertido, o longa dirigido por Joss Whedon conquistou o público ao valorizar a dinâmica deste grupo, abrindo espaço para as rixas, as diferenças ideológicas e para a construção da tão celebrada química entre eles. Através de uma premissa bem resolvida, a película premiou o público com uma sucessão de momentos empolgantes, oferecendo muita ação, personagens bem construídos e uma premissa naturalmente envolvente. Investindo no humor e nos primorosos efeitos visuais, Whedon esbanjou categoria ao abraçar as características mais marcantes de cada um dos super-heróis, realçando a pluralidade deste carismático supergrupo. O resultado não podia ser outro. Recebido com entusiasmo pela crítica, Os Vingadores se tornou um estrondoso sucesso comercial ao faturar US$ 1,5 bi ao redor do mundo.
2º Vingadores: Ultimato (2019)
Uma obra sem precedência dentro
da poderosa indústria da cultura pop, Vingadores: Ultimato é um filme que não é
só UM filme. É a síntese de uma saga construída com esmero, com respeito
aos fãs, com apreço pelos detalhes. Os irmãos Anthony e Joe Russo encontram
aqui a oportunidade de exaltar tudo o que de melhor o MCU tem a oferecer. O
senso de diversão. A riqueza de personagens. A dinâmica entre eles. O peso
dramático. A ambição narrativa. O virtuosismo estético. E, claro!, muito
altruísmo. Muito mesmo. O que, a meu ver, talvez seja o principal predicado de
Ultimato. O maior filme de super-herói de todos os tempos é também o de maior
coração. Não importa o tamanho da escala das batalhas. Não importa a imponência
do vilão. Não importa o senso de urgência. Neste impactante fim de ciclo,
Vingadores: Ultimato é retumbante ao reverenciar a jornada dos seus humanos
personagens, a importância de cada um deles (do menor ao maior) e o efeito
catártico causado por eles junto ao público. Mais MCU impossível. O resultado é
de uma clareza inquestionável. O sentimento ali é puro e transpassa a quarta
parede ao atingir o público. Ultimato marca o fim de um ciclo. De um capítulo
inesquecível dentro da cultura pop. De uma experiência cinematográfica difícil
de ser igualada.
1º Homem de Ferro (2008)
O Abre Alas da Marvel Studios,
Homem de Ferro conquistou a crítica e o público ao investir numa aventura
irônica e repleta de personalidade. Responsável por ditar o tom que viria a
guiar esta poderosa franquia, o longa dirigido por Jon Favreau (Chef) reuniu
tudo aquilo que um filme de super-herói deveria ter. Com personagens
carismáticos, espetaculares cenas de ação e um argumento impecável, a cereja do
bolo caiu nas mãos do ator Robert Downey Jr. Numa performance magnífica, o ator
deu a volta por cima em sua carreira ao absorver as nuances por trás do
complexo Tony Stark. Além disso, Downey Jr. trouxe popularidade a este
personagem do time B da Marvel, o transformando numa das peças chaves dentro do
Universo Vingadores. Uma aposta de risco do estúdio que, ao contrariar todas as
expectativas, começou a redefinir o gênero ao valorizar acima de tudo a
diversão e o entretenimento.
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