Um destemido policial bom no volante precisa invadir o submundo do crime organizado na busca da identidade do assassino de uma importante testemunha. Você já deve ter visto esta premissa em algum outro filme? E não, eu não estou falando do popular Velozes e Furiosos (2001). Responsável por consagrar a carreira do astro Steve McQueen (Crown: O Magnífico, Fugindo do Inferno), Bullit ajudou a reinventar o cinema de ação ao presar pelo realismo e pela verossimilhança em sua máxima potência. Bem antes que a franquia estrela por Vin Diesel e pelo saudoso Paul Walker se tornasse uma referência dentro do gênero, o longa dirigido por Peter Yates ousou ao “colocar” o espectador dentro do ‘cockpit’ de um veículo, nos brindando com uma das mais antológicas e engenhosas sequências de perseguição da história da Sétima Arte. Uma cena à frente do seu tempo que, contrariando o que era feito na época, capturou a sensação de velocidade e adrenalina como nenhum outro havia feito até então, mostrando que este seria o padrão a ser seguido dentro do gênero. E, de fato, foi isso que aconteceu. Nos anos seguintes o que se viu foi uma explosão de cenas automobilísticas tão realísticas quanto, o que ajudou a transformar Bullitt num dos títulos mais influentes da sua geração.
Reduzir a obra de Peter Yates a uma só cena, entretanto, é um retumbante erro. Bullitt, na verdade, é um filme pioneiro em todos os sentidos. Lançado em outubro de 1968, num contexto em que o realístico cinema de autor da Nova Hollywood começava a ganhar a forma, o longa se antecipou a esta importante corrente cinematográfica ao desconstruir alguns dos maiores símbolos do cinema de ação da época. Antes que Easy Rider (1969) desnudasse uma América “moderna” vil, suja e preconceituosa sob a perspectiva de dois motoqueiros, Yates colocou o dedo na ferida ao mostrar a dura realidade de um policial num ambiente hostil, violento e corrompido. Embora, num primeiro momento, o tenente Bullitt soe como um típico herói do segmento, um oficial charmoso e respeitado que é recrutado para fazer a segurança de uma importante testemunha, aos poucos o roteiro assinado por Alan Trustman e Harry Kleiner é inteligente ao exibir a realidade dos fatos. Ao permitir que o público conheça a face mais errática e vulnerável de um homem obrigado a não sentir, a não reagir à violência que o cerca. Sem a intenção de contemporizar, Yates investe num protagonista sério, tenso, um tipo que nitidamente criou uma casca para sobreviver. Esqueça o arquétipo do policial corajoso e carismático. A realidade, aqui, é nua e crua, o que fica impresso na expressão daqueles que se arriscam para “servir e proteger”. Os oficiais, em nenhum momento, surgem sorrindo ou relaxados em serviço. Uma sensação de seriedade que só aumenta à medida que a trama avança e que eles começam a descobrir uma complicada verdade por trás dos fatos.
Um clima de pressão, em primeiro lugar, potencializado pela
intensa performance de Steve McQueen. Indo de encontro a alguns dos seus mais
populares personagens, entre eles o nobre caubói Vin de Sete Homens e um
Destino (1960), o indomável Capitão Hilts de Fugindo do Inferno (1963) e o
destemido chefe de bombeiros O’Hallorhan de Inferno da Torre (1974), ele surge
em cena com uma expressão geralmente fechada, um olhar cansado, um aspecto
vulnerável que reflete com precisão as agruras desta profissão. O seu Bullitt é
um homem comum, falível, que não tem tempo de ser sentimental demais, de se
expor demais. Um remodelado arquétipo que, indiscutivelmente, se tornou comum
dentro do gênero, influenciando títulos como Perseguidor Implacável (1971) e
Operação França (1971). Se, visualmente, o protagonista se mostra ‘cool’ e
imponente, intimamente McQueen é categórico ao expor o desconforto por trás da
frieza, ao traduzir o misto de gana, raiva e rigidez que cerca o detetive
durante um espinhoso caso. Um contraste, sabiamente, potencializado pelo breve arco
romântico, um subplot pessoal e sensível que ajuda a desvendar a face mais
conflitante do personagem. Ponto para a magnética presença da bela Jacqueline
Bisset. Outro ponto que agrada, e muito, é a roupagem suja proposta por Peter
Yates. Numa época em que a “grande” Hollywood ainda pisava no freio quanto a
violência gráfica, o realizador inglês não titubeou em tornar as sequências de
ação o mais verossímeis possíveis, realçando a violência e a sensação de caos
urbano ao pintar a tela de vermelho nas pontuais trocas de tiro. Os personagens
sagram, sucumbem facilmente, um senso de perigo que se torna evidente no
fantástico clímax, um desfecho triste e pessimista em que fica claro que não
existe glória na morte. E que as sequelas podem ser dolorosas.
Por maiores que tenham sido os predicados narrativos de
Bullitt, entretanto, é inegável que um dos maiores trunfos da obra está no
aspecto visual, em especial na magnífica sequência de perseguição pelas ruas de
São Francisco. Esqueça os cartunescos efeitos de aceleração de cenas, ainda
usados na época. Ou então o uso do ‘chroma key’, muito comum nas artificiais
cenas automobilísticas nos anos 1950 e em parte dos anos 1960. Disposto a
reescrever os parâmetros do gênero, Peter Yates decidiu sentir o cheiro do asfalto.
Ouvir o ronco dos motores. Fazendo um inventivo uso da evolução dos
dispositivos tecnológico, cada vez menores e mais móveis, o diretor decidiu
levar o seu filme para as ruas, “passeando” pelas íngreme cidade num ‘mise en
scene’ tenso, imersivo, dinâmico e indiscutivelmente realístico. Com uma
montagem primorosa, movimentos de câmera impressionantes e um ruidoso design de
som, Yates nos coloca dentro dos veículos, presenteando o fã do gênero com uma
sequência estonteante de quase vinte minutos.
Numa proposta nitidamente experimental, prova disso é que a
cena nem faz parte do clímax, o diretor investe em enquadramentos extremamente
originais, um vai e vêm ousado marcado ora pelo uso da câmera interna\subjetiva,
ora pela utilização de planos abertos e grandiosos. Além de soarem extremamente
verdadeiras, as manobras de Bullitt são capturadas com enorme requinte por
Yates, como se estivéssemos diante de um balé urbano e adrenalizado. Uma
sequência de rara ambição que, aliás, foi “protagonizada” pelo próprio Steve
McQueen. Um verdadeiro “ás” do asfalto, o ator esteve atrás do volante em toda
a cena, dispensando a presença dos dublês ao se mostrar perfeitamente capaz de
encarar este enorme desafio. Nem só de takes automobilísticos vive Bullitt. Com
pulso narrativo, Yates esbanja propriedade ao potencializar o clima de tensão
nas sequências de ação digamos convencionais, realçando a vulnerabilidade dos
envolvidos em pelo menos três grandes momentos de tirar o fôlego. O que fica
bem claro, em especial, no clímax no aeroporto, um desfecho nervoso e
brilhantemente conduzido que, anos mais tarde, seria “reciclado” por mestres do
segmento como Michael Mann em Fogo Contra Fogo (1995) e por Paul Greengrass em
O Ultimato Bourne (2007).
No embalo dos insinuantes ‘riffs’ de jazz da trilha sonora do
inventivo compositor argentino Lalo Schifrin (Missão: Impossível), Bullitt é o
tipo de filme que, como costumo dizer, insiste em não envelhecer. Com um ‘plot’
enervante, personagens humanos, uma forte crítica a glamourização da violência
e sequências de ação magistrais, o longa ainda hoje oferece uma experiência
singular e empolgante seja visualmente, seja narrativamente. E para celebrar o
aniversário de cinquenta anos deste clássico moderno do cinema, nada mais justo
que listar doze grandes filmes influenciados pelo vanguardista Bullitt. Uma
seleção de respeito que só reforça a sua importância para o mundo da Sétima
Arte.
- Um Golpe à Italiana (1969)
É difícil afirmar que Um Golpe à Italiana nasceu do sucesso de Bullitt. Dirigido por Peter Collinson, o longa foi rodado no segundo semestre de 1968, ou seja, simultaneamente ao lançamento da obra de Peter Yetes. O fato, entretanto, é que o filme estrelado por Michael Caine surfou na onda de Bullitt, usando as apertadas ruas europeias na construção das suas realísticas sequências de perseguição. Representante dos ‘heist’ movies, Uma Golpe à Italiana, narrativamente, não tem nenhuma ligação com Bullitt, estamos diante um filme irônico e escapista, mas que, tal qual o thriller protagonizado por Steve McQueen, entregou uma fantástica sequência de perseguição. Uma cena empolgante e engenhosa que ficou conhecida por trocar as potentes máquinas pelos pequenos e velozes ‘mini coopers’.
- Operação França (1971)
No início da década de 1970, porém, que o impacto de Bullitt
passou a ser realmente reverenciado pelo mundo do cinema. Inspirado na obra de
Robin Moore, Operação França capturou a essência da obra de Pater Yates,
investindo num thriller de ação tenso, enervante e violento. Com Gene Hackman
na pele do icônico detetive Popeye Doyle, o longa dirigido pelo mestre William
Friedkin mostrou a realidade nua e crua do submundo do tráfico de drogas,
realçando a vulnerabilidade do protagonista de maneira poucas vezes vista até
então em Hollywood. Somado a isso, Friedkin entregou uma das mais absurdas
sequências de perseguições já feitas, principalmente porque ela foi rodada “in
natura”. Sim, diferente de Bullitt, o diretor norte-americano levou a ação para
o mundo real, tornando tudo (irresponsavelmente, diga-se de passagem) o mais verossímil
possível. Não houve ensaio ou qualquer tipo de trucagem segundo consta.
Friedkin simplesmente colocou o seu ator dentro de um carro, em alta
velocidade, por quase 26 quarteirões. Num determinado momento da cena,
inclusive, o carro dirigido por Doyle durante uma perseguição a um trem (sente
o nível) foi realmente atingido por um veículo “civil”. Que prejuízo para esse desventurado
motorista. O resultado, porém, ainda hoje impressiona, principalmente pela
perícia de Friedkin em tornar a realidade o mais cinematográfica possível.
- Encurralado (1971)
Dando os seus primeiros passos em Hollywood, Steven Spielberg
resolveu “brincar” com o dispositivo no experimental Encurralado. Uma espécie
de Tom e Jerry automobilístico, o longa colocou um vulnerável motorista num
jogo de gato e rato contra um ameaçador motorista de campeão. Se em Bullitt
investiu numa grande cena de quase 20 min, Spielberg entregou uma obra de quase
1 h e 30 min de pura adrenalina automobilística, presenteando o público com um ‘mise
en scene’ inimaginável para época. Spielberg decidiu posicionar a sua câmera em
lugares pouco usuais até então, capturando a desoladora situação do acuado
motorista sob uma perspectiva íntima e realística. E isso, diga-se de passagem,
em apenas 13 dias, tempo que Spielberg precisou para tirar do papel esta obra
engenhosa e enervante.
- Agarra-me se Puderes (1977)
Por falar em perseguições intermináveis, Agarra-me se Puderes (leia mais aqui) ajudou a fazer de Burt Reynolds um astro na década de 1970 e 1980 ao colocá-lo
na pele de um exímio motorista obrigado a fugir de um resiliente xerife pelas
estradas do interior dos EUA. No melhor estilo Bullitt, o diretor e ex-dublê Hal
Needham decidiu interferir o mínimo possível nas sequências de ação
automotivas, valorizando a perícia, o ronco dos motores e o dinamismo das cenas
com energia e um ótimo senso de humor. O legal, aqui, é ver que, apesar da
preocupação com a verossimilhança, Needham decidiu ir além, flertando com o
absurdo ao investir em manobras arriscadíssimas e no aspecto cômico. O resultado
é uma obra empolgante que, embora perca no quesito originalidade quando
comparada com os títulos acima, compensa ao enxergar o potencial escapista
deste subgênero.
- Caçada de Morte (1978)
Do humor para o ‘cult’, Caçada de Morte ajudou a redefinir o
conceito dos ‘heist movies’. Sob a batuta do eclético Walter Hill (leia mais sobre ele aqui), o longa
estrelado por Ryan O’Neal soube beber da fonte da obra de Peter Yates e
entregar algo como uma charmosa identidade própria. Narrando a história de um
discreto piloto de fuga que, após entrar na rota de mira de um corrupto
policial, decide se insurgir contra aqueles que o colocaram nesta situação, Hill
apostou numa história simples, mas visualmente memorável. Tal qual Bullitt, o
piloto (O’Neal) se revela um cara silencioso, introspectivo, que não pensa duas
vezes em agir mesmo quando as chances parecem pesar contra ele. Somado a isso, tal
qual Yates, Hill é maduro o bastante para não sustentar a sua história no
aspecto automobilístico, indo além da ação pela ação ao entregar um filme
urbano, tenso e amoral. Quando necessário, no entanto, o realizador tira do
papel pelo menos duas espetaculares cenas de perseguição, mostrando
criatividade ao não se sentir preso as fórmulas exploradas até então dentro
deste subgênero. O que fica bem claro, em especial, no enervante clímax no armazém,
quando, num ‘mise en scene’ contido e realístico, ele consegue valorizar o
clima de suspense de forma poucas vezes vista até então em cenas “motorizadas”.
- Mad Max (1979)
Da realidade do caos urbano para a insanidade de um futuro
distópico, Mad Max elevou o patamar deste subgênero ao criar um dos maiores “heróis”
automobilísticos do cinema. Sob a batuta do então inexperiente George Miller,
um ex-dentista australiano dando os seus primeiros passos dentro da Sétima Arte, o longa estrelado por Mel Gibson conquistou plateias ao redor do mundo ao
criar um mundo pós-apocalíptico em que a ordem era mantida por uma combalida
força policial motorizada. Temido pelas gangues, Max se tornou um verdadeiro
ícone pop, o personagem símbolo de uma franquia que seguiu se reinventado nas
quatro décadas seguintes. Mais do que simplesmente levar as perseguições para
um cenário novo, as inóspitas e desertas estradas do interior da Austrália, Miller
pisou no acelerador com vontade ao tornar tudo o mais frenético e feroz
possível, valorizando o aspecto “mad” da película em sequências genuinamente
enérgicas. Somado a isso, o realizador, mesmo com o limitado orçamento, cerca
de US$ 350 mil, capricha no visual “tunado” dos carros, dos personagens e dos
vilões, o que fez de Mad Max um dos mais bem-sucedidos representantes do cinema
‘indie’.
- Os Irmãos Cara de Pau (1980)
Por falar em insanidade, o criativo John Landis resolveu
misturar música, comédia e adrenalina com ousadia no sacana Os Irmãos Cara de
Pau. Com dois dos grandes expoentes da comédia americana no elenco, Dan Akroyd
e John Belushi, o longa narra a jornada de dois irmãos que, após deixarem a
prisão, decidem unir a sua velha banda de blues na tentativa de arrecadar o
dinheiro suficiente para quitar as dívidas do orfanato em que cresceram.
Transitando entre gêneros contrastantes com enorme dinamismo, Landis tirou do
papel uma obra única, um filme engraçadíssimo, com personagens cativantes,
magníficos números musicais (Areta Franklin, James Brown e Ray Charles são “apenas”
algumas das participações especiais) e (claro!) espetaculares sequências de
perseguição. Num escapista ‘road movie’, Landis testa os limites do gênero ao
se encantar pelo caos, ao criar alguns dos “acidentes” mais impossíveis da
história do cinema, destruindo carros na velocidade com que uma máquina de triturar
destrói um papel. Uma obra que, ao não se levar a sério por um segundo sequer,
trouxe algo novo ao subgênero ao mostrar que alguns limites já podiam ser
facilmente superados.
- Ronin (1998)
Só mesmo um realizador ‘old-school’ para resgatar a “credibilidade”
das sequências de perseguição. Num momento em que o CGI começava a tomar conta
de Hollywood, os engenhosos efeitos práticos foram “escanteados”, o que,
indiscutivelmente, jogou contra os filmes de ação mais digamos tradicionais.
Eis que, após algum tempo sem produzir uma grande obra, o legendário John
Frankenheimer mostrou a força do seu cinema no envolvente Ronin. Reconhecido
por “colocar a mão na massa”, por tentar entregar sempre a experiência mais
realística possível, vide o impressionante nível de realismo conseguido do
extraordinário O Trem (1964), o diretor buscou em Bullitt as referências para
construir o acelerado thriller de espionagem estrelado por Robert De Niro e
Jean Reno. Num engenhoso jogo de gato e rato ambientado nas ruas de Paris,
Arles e Nice, Frankenheimer não titubeou em criar algumas das mais sufocantes
sequências de perseguição do cinema, usando as ruas estreitas e movimentadas
como o pano de fundo perfeito para a construção de uma obra intensa recheada de
empolgantes cenas de perseguição. Um daqueles títulos que, sabe-se lá porque,
nunca ganhou o prestígio merecido.
- Velozes e Furiosos (2001)
Sinceramente, não sou grande fã dos primeiros três Velozes e
Furiosos. São filmes divertidos, com elencos multiétnicos talentosos, momentos
empolgantes (em especial no primeiro), mas uma proposta que não envelheceu tão
bem principalmente quanto ao universo em que a trama está inserida. É
indiscutível, porém, que Velozes e Furiosos ajudou a retomar a popularidade do
segmento dos ‘heist movies’ ao investir em carros tunados, numa premissa adrenalizada
e em plausíveis sequências de ação. Neste primeiro momento da série, o longa
dirigido por Rob Cohen manteve os pés no chão, invadindo o terreno dos “rachas”
ao narrar a história de um policial (Paul Walker) obrigado a se infiltrar num
grupo de assaltantes para encontrar a identidade de um assassino. Com um forte
senso de família, um descolado visual colorido e uma vasta gama de máquina automotivas,
Velozes e Furiosos inaugurou uma franquia que, a partir do seu quarto filme,
ganhou um novo rumo, passou a flertar cada vez mais com o absurdo e se tornou
uma das grandes marcas do cinema de ação.
- Drive (2011)
Moderno, refinado e genuinamente ‘cult’, Drive é uma daquelas
pequenas pérolas que ora e vez brotam em Hollywood. Sob a refinada batuta de
Nicolas Widing Refn, o longa transformou Ryan Gosling numa espécie de ‘cowboy’
urbano, um piloto de fuga introspectivo e silencioso que precisa encarar uma
organização criminosa quando a vida da sua vizinha e colocada em risco.
Esteticamente memorável, Drive é aquele tipo de filme irretocável em muitos
sentidos. O visual é fascinante. A fotografia em tons de neon é expressiva. Tudo
funciona brilhantemente. Em especial, claro, as sequências de perseguição.
Fazendo jus ao ‘background’ proposto pelo filme, nas horas vagas o protagonista
é um dublê, Refn presenteia o espectador com cenas de perseguição dinâmicas e
impactantes, realçando a ferocidade de Gosling atrás do volante com rara
originalidade.
- Mad Max: Estrada da Fúria (2015)
Se é fato que Bullitt, no final da década de 1960, ajudou a
redefinir o cinema de ação, Mad Max: Estrada da Fúria fez o mesmo ao estabelecer
um inimaginável novo patamar para o gênero. Numa experiência catártica, o
setentão George Miller quebrou todas as barreiras ao criar um balé automobilístico
insano, empolgante e arrebatador. Com pouquíssimos efeitos digitais, a maioria
usada na composição das cenas, o realizador australiano nos presenteou com um
verdadeiro espetáculo automotivo, um longa urgente e feroz capaz de desenvolver
os seus personagens sem pisar no freio por um segundo sequer.
- Em Ritmo de Fuga (2017)
Por fim, uma ópera pop no asfalto, Em Ritmo de Fuga reciclou a fórmula de alguns dos filmes citados acima numa mistura original e empolgante. Sob a inventiva batuta de Edgar Wright, o longa estrelado por Ansel Egort sincronizou as batidas musicais com o ronco dos motores num filme de assalto moderno, ‘cool’ e hipnotizante. Fazendo um primoroso uso dos planos sequências, Wright se inspirou em nomes como Peter Yates e Walter Hill ao tentar o máximo de verossimilhança das sequências de perseguição, valorizando o poder das incríveis manobras e da sua engenhosa montagem na composição dos momentos mais memoráveis deste vibrante blockbuster.
3 comentários:
Texto brilhante! Só uma pequena observação: Por incrível que pareça, Steve McQueen NÃO dirigiu o Ford Mustang na icônica cena de perseguição... Na verdade ele tentou, porém devido a alguns pequenos acidentes com Steve (aliado ao fato da esposa dele ser contra e a seguradora da produção afirmar se isentar de responsabilidade caso McQueen se machucasse)ele foi substituído pelo experiente dublê Bud Ekins.
Fonte: https://parachoquescromados.wordpress.com/2010/11/03/os-bastidores-de-bullit-parte-1/
Muito obrigado pelo elogio e pelo adendo David. Pelo que entendi, ele pilotou em parte da cena, mas foi substituído nos takes mais desafiadores. Informação confirmada também nesta entrevista. https://www.classiccarsforsale.co.uk/blog/advice/did-steve-mcqueen-perform-all-the-driving-in-bullitt Irei corrigir em breve o artigo. Valeu pela visita.
Faltou o 60 segundos nessa lista aew, mano...
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