Uma reinterpretação anabolizada do clássico primeiro longa, Aliens: O
Resgate é uma continuação exemplar. Sob a batuta do midas James Cameron (O
Exterminador do Futuro, Titanic, Avatar), o segundo filme da franquia trouxe um
novo ar para a série, substituindo o terror Sci-Fi pelo suspense de ação sem
descaracterizar o conteúdo original. Mais do que ampliar o escopo da trama, o
talentoso realizador mostrou o seu reconhecido virtuosismo ao resgatar alguns
dos principais ingredientes de Alien: O Oitavo Passageiro (1978), entre eles a
atmosfera claustrofóbica, o imersivo cenário espacial, a diversidade de
personagens e a crítica envolvendo os interesses escusos das grandes
corporações, os inserindo num contexto mais frenético e escapista. Uma roupagem
tipicamente oitentista. O resultado é uma sequência com aura original, um filme
explosivo que transformou a 'bad-ass' Ellen Ripley numa das personagens
femininas mais influentes da cultura pop.
Sem medo de trazer a sua assinatura para a franquia, Cameron mostra inspiração ao trazer ainda mais adrenalina para a sequência, potencializando o teor bélico ao arquitetar a explosiva batalha entre humanos e xenomorfos. Sim, no plural. Como se não bastasse o cuidado na composição das naves e dos novos dispositivos tecnológicos, ele investe pesado na utilização de armas e artefatos 'hi-tech', tornando o confronto mais plausível aos olhos do público. Num trabalho à frente do seu tempo, Cameron dá uma verdadeira aula na composição das ágeis e empolgantes sequências de ação, que, indiscutivelmente, se tornaram referência não em Hollywood, como também no universo dos games.
Reparem, por exemplo, como ele utiliza elementos como o contador de balas, a "barra de vida" e os múltiplos pontos de vistas, recursos hoje presentes nos populares FPS, os First Person Shooter. Embora menos violento que o original, Cameron é igualmente habilidoso ao extrair a tensão em torno da trama, respeitando o clima de suspense proposto por Ridley Scott ao apostar também na ameaça invisível, nas angustiantes cenas de perseguição e numa vigorosa fotografia espacial. Ainda que os Aliens sejam mais "visíveis" na continuação, o realizador é inventivo ao construir os momentos mais nervosos, fazendo um primoroso uso do silêncio e dos insinuantes efeitos sonoros ao incrementar os engenhosos "contatos" inter espécies.
O grande diferencial deste segundo filme, entretanto, reside no
instigante argumento. Embora o fator sobrevivência siga no centro da ação, o
roteiro assinado pelo trio James Cameron, David Giler e Walter Hill é prático ao
não só se conectar com o filme anterior, como também ao ampliar a sua
mitologia, pontuando a trama com interessantes questões maternas envolvendo o
passado de Ripley. Por falar nela, a heroína surge ainda mais 'bad-ass', uma
mulher indomável que não reluta em assumir o controle da situação. Na verdade,
Cameron é cuidadoso ao adicionar nuances mais humanas a protagonista, dando a
determinada Sigourney Weaver a possibilidade de ampliar o mito em torno da
sobrevivente.
Aqui, porém, ela ganha uma parceira de peso, a pequena Newt (Carrie Henn), uma criança inteligente e corajosa que adiciona um interessante tempero a autêntica mistura proposta por James Cameron. Num todo, aliás, o elenco cumpre a sua missão no que diz respeito à composição dos funcionais personagens, permitindo que o público crie uma sincera conexão e torça por eles ao longo da película. Enquanto Weaver atrai os holofotes, nomes como os de Bill Paxton, Michael Biehn, Lance Henriksen e Jenette Goldstein preenchem a trama com enorme desenvoltura, repetindo, diga-se de passagem, um dos principais predicados do seu antecessor.
Aqui, porém, ela ganha uma parceira de peso, a pequena Newt (Carrie Henn), uma criança inteligente e corajosa que adiciona um interessante tempero a autêntica mistura proposta por James Cameron. Num todo, aliás, o elenco cumpre a sua missão no que diz respeito à composição dos funcionais personagens, permitindo que o público crie uma sincera conexão e torça por eles ao longo da película. Enquanto Weaver atrai os holofotes, nomes como os de Bill Paxton, Michael Biehn, Lance Henriksen e Jenette Goldstein preenchem a trama com enorme desenvoltura, repetindo, diga-se de passagem, um dos principais predicados do seu antecessor.
Em suma, impulsionado pela estilosa fotografia de Adrian Biddle e pela
imersiva trilha sonora de James Horner, Aliens: O Resgate é uma obra
impactante, uma continuação vigorosa e tecnicamente irretocável que ainda hoje
é um modelo quando o assunto são os tão perigosos capítulos dois. A cereja no
bolo, porém, fica para o primoroso clímax, uma verdadeira aula de cinema que só
nomes com a ousadia de James Cameron poderiam tirar do papel. Sem medo de
errar, um último ato memorável capaz de causar inveja a qualquer grande
blockbuster da atualidade.
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