Chegou a hora. Após 365 dias de muito cinema, neste Top 10 iremos divulgar a nossa lista com os dez melhores filmes de 2016. Como de costume aqui no blog, vide as nossas listas de 2015, 2014 e 2013, utilizamos como critério três elementos bem básicos: gosto pessoal, a qualidade do conteúdo e o potencial de entretenimento. Simples assim. Num ano em que a safra cinematográfica não foi lá essas coisas, a nossa lista terá cinema pipoca, filmes independentes, animações, continuações e cinebiografias. Ou seja, de tudo um pouco. Detalhe importante, neste Top 10 teremos apenas filmes lançados comercialmente em solo brasileiro no ano de 2016. Dito, sem mais demora, começamos com...
10º Dois Caras Legais (Warner Bros.) Direção: Shane Black
"Responsável pelo mais ousado lançamento da Marvel Studios, o incompreendido Homem de Ferro 3 (2013), Shane Black coloca a sua sagacidade novamente em evidência no hilário Dois Caras Legais. Sem se levar a sério por um segundo sequer, o roteirista do aclamado Máquina Mortífera (1987) resolve rir do gênero que o consagrou, o popular 'buddy cop movie', ao construir uma comédia de ação incorreta, envolvente e recheada de absurdos. Numa combinação propositalmente inusitada, Black mostra uma improvável coesão narrativa ao trabalhar com ingredientes totalmente contrastantes, misturando elementos do cinema 'noir', uma generosa dose de humor negro e uma pitada de familiaridade ao narrar as desventuras de uma dupla de desastrados detetives envolvidos numa perigosa conspiração. E como se não bastasse isso, em duas fantásticas performances, os astros Ryan Gosling e Russel Crowe resolvem abraçar a zoeira defendida pelo argumento com total desprendimento, esbanjando uma invejável química e um afiado 'timing' cômico ao dar o dinamismo necessário para a construção desta impagável comédia de erros." Leia a nossa opinião completa.
9º Steve Jobs (Universal Pictures) Direção: Danny Boyle
"Na última década poucas personalidades tiveram a sua vida tão devassada pela mídia quanto Steve Jobs. Retratado em biografias, matérias, documentários e filmes, como no apenas correto Jobs (2013), a grande mente por trás de algumas das maiores criações da Apple se tornou um alvo natural da indústria do entretenimento, principalmente por seu temperamento genioso, pelo seu inquestionável carisma e por seus incríveis feitos dentro do mundo da tecnologia. Ao que parece, no entanto, a sua história ainda pode render excelentes frutos. Pelo menos é o que mostra o diretor Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?). Conduzido com vigor e inquietude por este talentoso realizador, o longa se esquiva dos temas mais esgotados ao nos presentear com um dos relatos mais reveladores sobre o "pai" de adventos como o iMac, iPod e os populares iPhone e iPad. A partir de três lançamentos marcantes na carreira do gênio da informática, o celebrado roteirista Aaron Sorkin investiga o lado humano sem perder o encantamento com o mito, tomando algumas liberdades criativas ao analisar sob um ponto de vista intimista e nada condescendente as múltiplas facetas desta instigante figura." Leia a nossa opinião completa.
8º Creed: Nascido para Lutar (Warner Bros.) Direção: Ryan Coogler
"Trazendo consigo o peso da franquia Rocky Balboa, Creed: Nascido para Lutar retoma com absoluta convicção o legado construído por este icônico representante da cultura pop mundial. Com uma missão extremamente delicada em mãos, já que a saga do "garanhão italiano" havia ganho um desfecho altamente satisfatório no sensível Rocky Balboa (2006), o diretor e roteirista Ryan Coogler não decepciona por um segundo sequer, presenteando os fãs deste querido personagem com uma continuação humana, comovente e naturalmente vigorosa. Responsável por convencer o velho Sly a retornar ao papel que o consagrou, num processo que demorou quase dois anos, o promissor realizador trilha um caminho original ao resgatar alguns dos elementos mais populares da hexalogia, encontrando na volúpia de Michael B. Jordan e na maturidade de Sylvester Stallone o misto de frescor e nostalgia que transformam o longa num dos títulos mais completos da série." Leia a nossa opinião completa.
7º Capitão Fantástico (Universal Pictures) Direção: Matt Ross
"Ensolarado e reconfortante, Capitão Fantástico surge como um sopro de esperança num momento turbulento. Conduzido com extrema delicadeza pelo versátil Matt Ross (Silicon Valey), o longa fascina ao acompanhar a incrível jornada de uma família pouco ortodoxa. A partir de um ponto de vista extremo e autoral, o realizador norte-americano expõe a maneira vazia com que estamos conduzindo as nossas vidas, se insurgindo, dentre outras coisas, contra o materialismo, o consumismo, a desigualdade e a ignorância e a degradante rotina urbana. Em sua essência, porém, Capitão Fantástico traz ingredientes bem mais humanos. Saindo em defesa da liberdade de pensamento e de valores que nem a mais cara instituição educacional é capaz de ensinar, Ross nos brinda com uma genuína ode aos vínculos familiares, ao amor fraternal. Uma mensagem única e emocionante que, impulsionada pela soberba atuação de Viggo Mortensen e do rejuvenescido elenco, nos faz refletir sobre os perigos em torno do nosso desgastante estilo de vida." Leia a nossa opinião completa.
6º Zootopia: Essa Cidade é o Bicho (Disney) Direção: Byron Howard e Rich Moore
"Responsáveis pelos dois últimos grandes trabalhos autorais da Disney, a aventura metalinguística Bolt: Supercão (2008) e o nostálgico Detona Ralph (2012), os diretores Byron Howard e Rich Moore fazem de Zootopia: Essa Cidade é o Bicho a animação mais ousada dentro da história recente do estúdio. O símbolo de um projeto que começou lá atrás, no ano de 2006, com a venda da Pixar para a Walt Disney Company. Naquela época, após uma série de fracassos comerciais, os executivos da empresa resolveram apostar as suas fichas em John Lasseter (Toy Story), dando ao realizador não só o controle do departamento de animação, mas também a missão de revitalizar as suas produções. Defendendo a liberdade criativa dos diretores, o trabalho de Lasseter não demorou a aparecer. Fomos então apresentados a primeira protagonista negra do estúdio em A Princesa e o Sapo (2008), a uma Rapunzel nada frágil em Enrolados (2010) e a uma comovente história de amor fraternal no fenômeno Frozen (2014). Uma prova que, mesmo fiel às tradições da companhia, Lasseter deu uma nova e virtuosa faceta a Disney, adicionando ingredientes originais à mistura clássica promovida pelo estúdio. O que fica claro em Zootopia, um longa que, por trás do inocente tom fabulesco, dialoga com temas profundos e completamente inerentes à nossa sociedade." Leia a nossa opinião completa aqui.
5º O Quarto de Jack (FilmNation) Direção: Lenny Abrahamson
"Inspirado no best-seller 'Room', da escritora Emma Donoghue, O Quarto de Jack se esquiva por completo dos melodramas ao adaptar uma premissa ao mesmo tempo dolorosa e reconfortante. Conduzida com sensibilidade pelo talentoso Lenny Abrahamson, do estranho e autoral Frank (2014), a película adota uma abordagem intimista ao traduzir o impacto de um sequestro na vida de uma mulher e do seu amado filho. A partir de um comovente ponto de vista infantil, o realizador é sutil ao se aprofundar nos traumas enfrentados pelos dois durante o período em cárcere privado, encontrando nas arrebatadoras atuações de Brie Larson e do pequeno Jacob Tremblay o misto de emoções necessárias para construir uma poderosa mensagem de amor e esperança. Um relato surpreendente e desconfortavelmente encantador sobre uma mãe que, na tentativa de impedir que o seu filho experimentasse os horrores deste episódio, transformou o seu cativeiro num lugar mágico e único no mundo." Leia a nossa opinião completa aqui.
4º A Grande Aposta (Paramount) Direção: Adam McKay
"Escancarando os absurdos por trás da gigantesca crise imobiliária norte-americana em 2008, A Grande Aposta esbanja estilo ao narrar os bastidores de uma incrível e alarmante historia real. Reconhecido por suas comédias mais satíricas, como os elogiados O Âncora e Ricky Bobby: A Toda Velocidade, o diretor Adam McKay aposta numa abordagem mais critica ao dissecar com o seu reconhecido bom humor os motivos que colocaram a economia mundial à beira de um colapso. Sem subestimar a inteligência do público por um segundo sequer, o realizador passeia pelos mais truncados jargões financeiros com impressionante espontaneidade, promovendo através do instigante argumento uma perspicaz, inteligente e narrativamente inventiva aula de economia. Em meio a temas tão complexos, no entanto, McKay brilha ao criar uma conexão acessível entre espectador e protagonistas, permitindo que o talentoso elenco, capitaneado pelas fantásticas atuações de Steve Carell, Christian Bale e Ryan Gosling, consiga dar uma irreverente voz a este escandaloso relato." Leia a nossa opinião completa aqui.
3º Capitão América: Guerra Civil (Disney) Direção: Anthony e Joe Russo
"Ousado, extremo e essencialmente humano, Capitão América: Guerra Civil se revela a produção mais madura já apresentada pela Marvel Studios. Impecável ao dar sequência ao contextualizado embate ideológico desenhado desde o primeiro Vingadores (2012), o longa dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo não foge da raia ao explorar as consequências desta rixa, adotando um tom sóbrio e imparcial ao dar voz (e razão) aos dois lados deste confronto. Mesmo com uma série de personagens em mãos, a dupla de realizadores é cirúrgica ao arquitetar esta rivalidade, expondo com intimismo e absoluta profundidade os motivos por trás do racha entre os Vingadores. Sem nunca perder o senso de coesão, o argumento é primoroso ao introduzir os velhos e os novos super-heróis, permitindo que eles adicionem peso e energia a esta continuação. Em suma, Guerra Civil é um entretenimento completo e corajoso. Um thriller de ação poderoso que, ao ir além da diversão escapista, mostra que num conflito deste porte não existem vitoriosos." Leia a nossa opinião completa aqui.
2º Star Wars: Rogue One (Disney) Direção: Gareth Edwards
"Intenso, sombrio e genuinamente empolgante, Star Wars: Rogue One faz jus ao substantivo bélico que dá título a esta poderosa franquia. No projeto mais autoral da saga desde o aclamado O Império Contra-Ataca (1980), o longa dirigido pelo promissor Gareth Edwards (Godzilla) instiga ao revelar o "trabalho sujo" por trás do roubo dos planos da Estrela da Morte, flertando com elementos mais humanos ao introduzir um novo e diversificado grupo de heróis. Mesmo limitado pela baixa classificação etária, o realizador é maduro ao escancarar o ambíguo jogo de espionagem e a violência presente nos bastidores do confronto entre a Aliança Rebelde e as forças do Império, nos fazendo enxergar o doloroso impacto da guerra sob um ponto de vista íntimo e profundo. E isso sem nunca abrir mão do fator entretenimento. Com personagens carismáticos e um roteiro sólido em mãos, Edwards equilibra aventura, drama e humor com rara espontaneidade, permitindo que as fantásticas cenas de ação e os impagáveis alívios cômicos dividam um respeitoso espaço com as emocionantes sequências mais sérias. É quando se volta reverencialmente para os fãs de Star Wars, porém, que Rogue One alcança um patamar único dentro da saga. Mais do que requentar velhos arcos, o 'spin-off' se orgulha em estabelecer uma forte conexão com o universo ao qual pertence e vai além do puro 'fan service' ao resgatar algumas das icônicas criações do cultuado George Lucas." Leia a nossa opinião completa.
1º A Chegada (FilmNation) Direção: Denis Villeneuve
"Trazendo na sua essência o DNA do gênero Sci-Fi, A Chegada é uma película maiúscula. Tensa, inteligente e constantemente reflexiva, a nova produção do arrojado diretor Denis Villeneuve (Sicario, Os Suspeitos) esbanja sensibilidade ao transitar por assuntos tão complexos com extrema plenitude. Com uma premissa instigante em mãos, o realizador canadense utiliza uma enigmática invasão alienígena como o estopim para a construção de um relato humano e pacifista, um longa com múltiplas camadas capaz de abranger temas proporcionalmente contrastantes sem nunca perder o foco. Indo além dos dilemas recorrentes da ficção-científica, incluindo o medo do desconhecido e o velho dualismo razão\emoção, Villeneuve é primoroso ao apontar a sua contextualizada mira para a frágil relação entre as grandes potências globais, escancarando o distanciamento e as perigosas diferenças ideológicas com inegável sagacidade. É quando se volta para a intimista jornada da sua magnífica protagonista, porém, que o longa alcança um patamar realmente extraordinário, principalmente por dialogar com delicadas questões universais sob um ponto de vista absolutamente único. Em suma, independente dos ligeiros percalços, A Chegada é um Sci-Fi raro, um longa surpreendente que consegue desafiar o cérebro do espectador sem esquecer de tocar o coração." Leia a nossa opinião completa aqui.
Menções (mais do que) Honrosas
- Star Trek: Sem Fronteiras (Paramount) Direção: Justin Lin
"Revitalizada com excelência por J.J Abrams, a franquia Star Trek atinge o seu ápice nesta nova fase no empolgante Sem Fronteiras. Sob a batuta de dois fãs confessos da série, o diretor Justin Lin (Velozes e Furiosos) e o roteirista Simon Pegg (Todo Mundo Quase Morto), o terceiro capítulo é o que melhor consegue absorver o espírito da obra original, equilibrando aventura, Sci-Fi e comédia ao resgatar elementos tradicionais do universo Trek, entre eles a pluralidade de espécies, a aura exploratória e a conexão emocional entre os membros da USS Enterprise." Leia a nossa opinião completa aqui.
- Carol (Weinstein Company) Direção: Todd Haynes
"Inspirado no romance The Price of Salt, de Patricia Highsmith, Carol volta ao passado para mostrar uma história de amor e intolerância que ainda hoje se revela extremamente pertinente. Conduzido com enorme categoria pelo talentoso Todd Haynes, este elegante romance de época abdica dos melodramas ao narrar com absoluta sutileza a relação entre duas mulheres dispostas a enfrentar as conseqüências de uma paixão proibida. Através de uma abordagem discreta e intimista, o longa passeia com inspiração por temas naturalmente espinhosos, encontrando nas estupendas performances Cate Blanchett e Rooney Mara o misto de elegância e latência que acaba por ditar o ritmo do envolvente argumento." Leia a nossa opinião completa aqui.
- Rua Cloverfield, 10 (Paramount) Direção: Dan Trachtenberg
"Rodado totalmente em sigilo, nem o próprio elenco sabia o nome e as intenções do filme, o longa dirigido pelo novato Dan Trachtenberg só foi oficializado dois meses antes do seu lançamento oficial, anunciado como - nas palavras do próprio produtor J.J Abrams - um parente de sangue do bem sucedido Cloverfield: O Monstro (2008). Indo de encontro a proposta do original, Rua Cloverfield, 10 abre mão do desgastado estilo "found footage" ao investir numa abordagem mais refinada e objetiva, testando as expectativas do público ao nos brindar com um suspense intenso, enxuto e angustiante. Uma obra de aparência pequena, quase despretensiosa, mas que esbanja originalidade ao apostar num novo conceito de continuação." Leia a nossa opinião completa.
- Deus Branco (Filmpartners) Direção: Kornél Mundruczó
"Lançado no Brasil no final de fevereiro, justamente no período em que os indicados ao Oscar geralmente tomam conta do já enxuto circuito de arte nacional, Deus Branco (White God, no original) é uma fábula urgente e visceral que não merece passar despercebida. Conduzido com enorme intensidade pelo diretor Kornél Mundruczó, o longa esbanja originalidade ao propor um corajoso duelo de classes dentro de um cenário absolutamente singular." Leia a nossa opinião completa aqui.
- Eu, Você e a Garota que vai Morrer (Indian Paintbrush) Direção: Alfonso Gomez-Rejon
"Um prato cheio para os cinéfilos de plantão, Eu, Você e a Garota que Vai Morrer se revela um drama juvenil virtuoso, honesto e absolutamente relevante. Conduzido com vigor estético pelo promissor Alfonso Gomez-Rejon (Glee), o longa absorve elementos do cinema independente ao narrar uma sensível e agridoce história de amizade e amadurecimento. Indo além das inspiradas e nada óbvias referências à sétima arte, a película se esquiva dos melodramas ao transitar por temas naturalmente espinhosos, encontrando no carismático elenco a maturidade necessária para dar corpo a este leve e apaixonante relato sobre as dores da juventude."
- Kubo e as Cordas Mágicas (Laika Entertainment) Direção: Travis Knight
"Do visionário estúdio Laika, o mesmo dos excepcionais A Noiva Cadáver (2005), Coraline e o Mundo Secreto (2009) e Paranorman (2012), Kubo e as Cordas Mágicas é uma fábula comovente e esteticamente exuberante que fascina por sua inesperada densidade. Por trás da típica jornada do herói, o longa dirigido por Travis Knight esconde uma poderosa mensagem de amadurecimento, um argumento capaz de lidar com temas como a morte, a dor da perda, a fé e a responsabilidade precoce sob um ponto de vista lúdico e universal." Leia a nossa opinião completa aqui.
Clique aqui e confira também a nossa lista com dez das grandes surpresas cinematográficas de 2016. Curta a nossa página no Facebook, nos siga no Twitter e fique ligado em mais novidades e opiniões sobre o mundo da sétima arte. Um Feliz 2017 para todos os amigos cinéfilos.
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