Após o sucesso de público de Os Mercenários, ficou comprovado que reunir grandes astros do cinema de ação seria um interessante passo para a manutenção do gênero oitentista. Mercenários 2 fez ainda mais sucesso, o terceiro vai ser lançado em 2014 e, melhor, a franquia conseguiu aproximar grandes nomes do gênero. E desses encontros nasceu Rota de Fuga, novo trabalho do diretor sueco Mikael Hafstrom. Além de reunir a dupla de astros Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger, o longa utiliza muito bem as fórmulas que consagraram o gênero, incluindo uma trama eficiente, o humor sarcástico, os tradicionais clichês e o clássico exagero cenas de ação. Tudo isso com uma direção certeira e um elenco repleto de caras conhecidas.
O curioso é que Rota de Fuga nasceu para ser protagonizado por uma dupla de estrelas do gênero, mas quase tudo foi por água a baixo. O projeto, que seria dirigido pelo ótimo Antoine Fuqua (Dia de Treinamento), teria Bruce Willis como protagonista. Na verdade, a intenção inicial era que Schwarzenegger fosse o protagonista, com o eterno John McLane também no elenco. A questão é que o astro de O Exterminador do Futuro acabou dando preferência para protagonizar o regular O Último Desafio. Willis então assumiu o papel principal, mas deixou o projeto com a saída de Fuqua. Só ai que o sueco Mikael Hafstrom, dos interessantes O Ritual e Fora de Rumo, assumiu o filme e Stallone foi escolhido como protagonista. Nesse meio tempo, Schwarzenegger rodou o seu projeto e se colocou a disposição para co-estrelar Rota de Fuga. E todo esse processo de pré-produção deu muito certo, já que, sem dúvida alguma, a escolha da dupla é o grande acerto do longa. Mesmo com os 67 anos de Stallone e os 66 anos de Schwarzenegger, os dois mostram que ainda estão aptos para "chutarem muitos traseiros" e que podem acrescentar ao gênero. Especialmente em um longa que privilegia uma eficiente trama, com interessantes reviravoltas, e não apenas o tiroteio desenfreado.
Com roteiro assinado por Milles Chapman e Jason Keller, Rota de Fuga narra a história de Ray Breslin (Stallone), um especialista em fugas de prisões que é sócio de uma empresa de consultoria para sistemas de carceragem. Ano após ano, Breslin dedica sua vida para encontrar os pontos falhos de cada prisão, e com tanta experiência, acabou lançando um livro falando sobre a deficiência do sistema carcerário. Sabendo da qualidade desse profissional, uma agente da CIA resolve contratar os serviços de Breslin para encontrar falhas em uma prisão particular. Um presídio que não deixava vestígios e que rendia milhões de dólares para os seus administradores. O que era pra ser mais uma difícil missão, no entanto, passa a ganhar uma cara ainda mais complicada quando ele descobre que foi traído e que estava realmente preso. Pra piorar, Breslin descobre também que o presídio comandado por Willard Hobbes (Jim Caviezel) é praticamente perfeito e que o diretor tomou como base o seu próprio livro para construí-lo. Ciente das poucas oportunidades de escapar, Breslin acaba se unindo a Emil Rottmayer (Schwarzenegger), um temido preso que também sonha em escapar da prisão.
Em cima desta promissora trama, o sueco Mikael Hafstrom consegue conduzir bem o seu roteiro, protegendo alguns segredos, soltando algumas pistas falsas e apostando em sub-tramas que acabam se conectando de forma interessante no grande clímax. A relação entre Breslin e Rottmayer é bem explorada, e todo o processo de fuga da prisão realmente prende (com o perdão do trocadilho) o espectador, principalmente pela forma com que alia estratégia à força bruta. Ao longo da trama, porém, o roteiro aposta em algumas soluções forçadas, subaproveita os personagens fora da prisão e se rende aos velhos clichês do gênero, problemas que só não atrapalham o filme graças ao talento da dupla de protagonistas e do elenco de apoio. A começar pelo vilão Jim Caviezel (Paixão de Cristo), que volta a ter um papel interessante como o diretor da prisão. Com um personagem que flutua entre o sóbrio e o intenso, obcecado com o êxito de sua prisão, Caviezel convence. Além dele, o longa aposta num elenco de apoio sólido, que traz ainda o rapper 50 Cent, o competente Vinnie Jones, Vincent D'Onofrio, Amy Rian e Sam Neil, que merece mais espaço dentro do cinema.
Um trabalho simples, mas não óbvio, Rota de Fuga é mais um dos acertos do cinema de ação nos últimos anos. Méritos para o diretor Mikael Hafstrom, que não se apoia somente no carisma da dupla de protagonistas, e mesmo com alguns clichês, tenta apresentar uma trama que busca fugir do lugar comum. Ainda assim, cabe a Stallone e Schwarzenegger a missão - mais uma - de mostrar que as velhas fórmulas do gênero seguem funcionando.
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