sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Damien Chazelle, Barry Jenkins e os novos diretores do Cinema Hollywoodiano


Se no ano passado as "novatas" Brie Larson e Alicia Vikander roubaram a cena dentro do Oscar, a edição 2017 do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas chega para consagrar uma nova safra de diretores. Numa das categorias mais concorridas do evento, apenas Mel Gibson surge como um representante da velha guarda do cinema hollywoodiano. Os outros quatro indicados compõe esta elogiada nova geração, uma "voz" independente que tem se destacado em trabalhos sólidos e com assinatura própria. Após os excepcionais Whiplash e La La Land, Damien Chazelle surge como o grande favorito na corrida pela estatueta dourada, impulsionado pelo seu enérgico senso estético e pelo charme do adorável musical. Indo de encontro a abordagem escapista defendida pelo jovem prodígio, Barry Jenkins surge como o principal "desafiante" com o poético Moonlight, uma obra realística e socialmente crítica que transita por temas amplamente explorados com extraordinária originalidade. Correndo por fora ainda estão o virtuoso Denis Villeneuve e o denso Kenneth Lonergan, que, merecidamente, foram lembrados por seus respectivos trabalhos no excepcional A Chegada e no trágico Manchester à Beira-Mar. Dito isso, seguindo esta corrente "renovadora" da Academia, nesta matéria especial falaremos sobre algumas destas novas "vozes" do cinema hollywoodiano. 

- Damien Chazelle


Do alto dos seus atuais 32 anos, Damien Chazelle merece ser considerado um prodígio da sétima arte. Em apenas dois trabalhos, o realizador norte-americano colocou o seu nome da história recente com os vigorosos Whiplash e La La Land. Fazendo um excelente uso da musicalidade, Chazelle construiu duas obras envolventes, dois trabalhos recheados de estilo. Além disso, o diretor se mostra um ótimo comandante de atores, tirando o máximo dos seus carismáticos elencos em dois projetos que, apesar de dialogarem com temas semelhantes, são essencialmente distintos. Vale destacar, aliás, que Damien Chazelle também é um roteirista de mão cheia, vide os seus trabalhos nos instigantes Toque de Mestre (2013) e Rua Cloverfield, 10 (2016). O seu próximo projeto será First Man, cinebiografia inspirada nos feitos do astronauta Neil Amstrong estrelada por Ryan Gosling. O longa, porém, ainda não tem previsão de estreia. 

- Barry Jenkins


Formado em Cinema e Artes Visuais pela Universidade do Estado da Flórida, Barry Jenkins, hoje com 38 anos, conquistou o seu status no circuito independente com o pouco conhecido Medicine for Melancholy (2008). Num romance esteticamente autoral sobre dois desconhecidos que se apaixonam após uma noite de bebedeira, o realizador norte-americano entrou no radar das premiação ao ser indicado a dois dos principais prêmios do cinema independente, o Independent Spirit Awards e o Gotham Awards. Foi apenas no seu segundo longa, porém, que Jenkins finalmente pôde mostrar todo o seu potencial para o grande público. Um pequeno entre gigantes, Moonlight é o tipo de filme capaz de revelar o talento de um realizador. Equilibrando poesia e realismo, Jenkins investiga as desventuras de um jovem negro, gay e marginalizado, uma figura moldada pelo ambiente em que vivia. Dono de um forte senso social, o diretor transita por temas comuns ao cinema do gênero com elegância e comedimento, uma abordagem rara e universal que se torna o grande diferencial desta película. A única que, diga-se de passagem, pode ameaçar o enorme favoritismo de La La Land. Em suma, uma voz que merece a atenção do grande público. 

- Denis Villeneuve


Hoje com 49 anos, o canadense Denis Villeneuve já é uma realidade dentro do cinema hollywoodiano. O seu nome, porém, ainda não é tratado com a importância que merece. Lançado com o elogiadíssimo Incêndios (2010), o realizador tem construído nos últimos anos uma carreira enxuta e memorável. Sinônimo de excelência quando o assunto é a concepção da atmosfera de tensão, Villeneuve nos brindou com projetos instigantes, títulos do porte de Os Suspeitos (2013) e Sicario (2015). Foi em A Chegada, no entanto, que o diretor conseguiu exibir o seu repertório para o grande público. Um dos meus filmes favoritos na corrida pelo Oscar, o Sci-Fi estrelado por Amy Adams consegue desafiar o cérebro sem esquecer de tocar o coração, uma obra recheada de simbolismos marcada pelo magnético visual, pelo reflexivo texto e pelo refinado senso estético de Villeneuve. Virtuosismo técnico que, aliás, será novamente posto à prova no aguardadíssimo Blade Runner 2049, uma continuação desafiadora que tem tudo para ser um dos grandes lançamentos de 2017. 

- Jeff Nichols 


Com uma filmografia singular e excelentes trabalhos, Jeff Nichols é um daqueles realizadores que merecem ser descobertos. Mesmo no circuito independente, o norte-americano faz questão de construir longas acessíveis ao grande público, filmes sobre pessoas comuns envolvidas em grandes histórias. Dono de uma assinatura autoral e positivamente simples, Nichols tem mantido o elevado nível de qualidade das suas obras ao valorizar elementos como o poder de uma boa história, a força dos seus personagens e a construção de uma atmosfera naturalmente imersiva. Hoje com 38 anos, o diretor estreou com o pequeno Separados pelo Sangue (2007), longa que deu ao talentoso Michael Shannon o seu primeiro grande papel de protagonista. Foi com o excelente O Abrigo (2011), no entanto, que Jeff Nichols conquistou as atenções de Hollywood. Fazendo um primoroso uso do elemento paranoico, um tema, diga-se de passagem, recorrente na sua carreira, o drama psicológico também estrelado por Shannon é um filme raro, uma obra instigante aclamada pela crítica norte-americana. Na sequência vieram o drama Amor Bandido (2012), o suspense Destino Especial (2016) e o romance dramático Loving (2016), uma trinca que só atestou a versatilidade deste talentoso realizador. 

- Alex Garland


Assim como Damien Chazelle, o inglês Alex Garland também começou como roteirista. Responsável pelo texto dos ótimos Extermínio (2002), Sunshine: Alerta Solar (2007) e Não Me Abandone Jamais (2010), estreou na função de diretor com o extraordinário Ex-Machina (2016). Reflexivo e instigante, o longa estrelado por Alicia Vikander é primoroso, um exercício estético inventivo capaz de elevar a carreira de qualquer realizador. Com um inquestionável virtuosismo, Garland construiu uma película que fala através das suas imagens e cores, uma refinada e milimetricamente calculada para extrair o máximo de tensão de uma inusitado triângulo amoroso. O resultado é uma obra prima do Sci-Fi que, além de apresentar esta fantástica atriz sueca, fez de Garland uma voz a ser ouvida. Lógico que a carreira de diretor do britânico de 46 anos só está começando, mas o fato é que após Ex-Machina as expectativas estão lá no alto para o seu próximo trabalho, a ficção-científica Annihilation. Com Natalie Portman, Oscar Isaac e Jennifer Jason Leigh no elenco, o longa está em fase de pós-produção e deve chegar aos cinemas norte-americanos ainda em 2017. 

- Xavier Dolan


O mais novo representante desta lista, o canadense Xavier Dolan causou um frisson quase que instantâneo em festivais como o de Toronto e Cannes. Com 27 anos, o jovem realizador ganhou um status prodigioso com o lançamento de Eu Matei Minha Mãe (2009). Escolhido para representar o seu país no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o longa não conseguiu uma classificação entre os cinco finalista, mas revelou um nome que se tornaria uma figurinha recorrente nos eventos mais alternativos. Após os elogiados Amores Imaginários (2010) e Tom na Fazenda (2013), Dolan colocaria de vez o seu nome entre os grandes realizadores indie com o excepcional Mommy (2014). De volta às questões maternas, um tema recorrente na sua filmografia, o diretor nos brindou com uma obra esteticamente ousada, um filme rodado em 35 mm, com um enquadramento claustrofóbico e uma seleção musical absolutamente eclética. Contando com primorosa atuação do trio de protagonistas, o longa impressiona ao traduzir as nuances do instável Steve (Antoine-Olivier Pilon) e a complicada relação com a sua imatura mãe (Anne Dorval) e uma atenciosa vizinha (Suzanne Clément). Um filme visceral, com momentos fantásticos e um desfecho condizente com o espírito indomável do personagem principal. Após Mommy, Dolan dirigiu o esnobado É Apenas o Fim do Mundo e estreou em Hollywood com o aguardado The Death and Life of John F. Donovan. Este último, aliás, atualmente se encontra na fase de pós-produção e deve chegar aos cinemas somente em 2018. Antes disto, porém, Xavier Dolan conquistou a atenção do grande público ao assinar o multipremiado clipe Hello, da cantora Adelle. 

- David Lowery


Entre o 'indie' e o blockbuster, David Lowery é um realizador que merece destaque. Com um estilo intimista, o diretor norte-americano estreou no desconhecido St. Nick (2009), um drama exibido no festival South by SouthWest. Foi no silencioso Amor Fora da Lei (2013), no entanto, que ele conseguiu entrar no radar dos grandes produtores. Estrelado por Casey Affleck e Rooney Mara, o longa apresentou uma história de amor contida e reprimida, uma perigosa relação entre uma bela jovem e o seu ex-namorado criminoso. Impulsionado por este elegante trabalho, o diretor de 36 anos surpreendeu ao ser escalado para o remake Meu Amigo, O Dragão (2016), um daqueles filmes que não mereciam ser esnobados. Embora "esquecido" pelo grande público, a aventura se revelou uma obra recheada de sentimento, um filme sincero sobre o poder da amizade e da família. Com virtuosos efeitos visuais e uma abordagem inesperadamente sutil, Lowery trouxe um pouco do cinema independente para esta refilmagem, flertando com elementos mais introspectivos ao traduzir a expressiva amizade entre um jovem órfão e um imponente dragão. Após dois trabalhos realmente marcantes, David Lowery volta aos cinemas em 2017 com o drama A Ghost Story, filme que irá reunir novamente a dupla Casey Affleck e Rooney Mara. Mesmo antes de estrear, inclusive, o longa foi recebido com entusiasmo pela crítica americana no Festival de Sundance e já conta com uma avaliação altíssima no site do Metacritic. 

- Gareth Edwards


Esse é tipo de realizador que viu a sua ousadia ser premiada. Numa ascensão meteórica, Gareth Edwards precisou apenas de três filmes para chegar a maior franquia da cultura pop. Com criatividade e um inegável virtuosismo técnico, o realizador britânico conquistou a atenção da mídia especializada com o independente Monstros (2010), um longa de 500 mil dólares sobre uma invasão alienígena na Terra. Mesmo limitado pelo baixo custo da produção, o diretor, hoje com 41 anos, atraiu os holofotes ao extrair a tensão por trás das criaturas, entregando uma obra envolvente e esteticamente eficaz. Com uma atmosfera nebulosa e uma pegada realista, Edwards viu o seu trabalho ser reconhecido pelo Bafta, o Oscar do cinema britânico, conquistando uma indicação ao prêmio de Melhor Diretor Estreante. Impulsionado por este 'cult movie', ele ganhou a chance da sua carreira ao assumir a direção do desafiador Godzilla. Novamente impecável ao valorizar a atmosfera de tensão, Edwards esbanjou categoria ao resgatar o impacto em torno deste símbolo da cultura pop, se esquivando das soluções fáceis ao impedir que a presença da criatura nipônica fosse banalizada. O resultado foi um remake bem recebido pela crítica, um sólido desempenho das bilheterias e um repentino passe para a franquia Star Wars. Em Rogue One, Gareth Edwards elevou o patamar da sua carreira ao construir o título mais autoral da saga desde o Império Contra-Ataca. Com uma abordagem densa, personagens marcantes e fantásticos efeitos visuais, Gareth Edwards revisitou o universo idealizado por George Lucas ao nos fazer enxergar pela primeira vez o peso da tão "comentada" guerra nas estrelas. Um magnífico trabalho reconhecido pela crítica e também pelo público, já que o 'spin-off' faturou mais de US$ 1,05 bi ao redor do mundo. Nada mal para um "novato" em Hollywood. 

- J.A Bayona 


Do Reino Unido para a Espenha, J.A Bayona chegou causando impacto com o excelente suspense O Orfanato (2007), uma das relevantes obras produzidas pelo antenado Guillermo Del Toro. Equilibrando elementos lúdicos e o suspense, o realizador atualmente com 41 anos entregou uma obra sombria e refinada, uma película autoral que logo o levou para Hollywood. Cinco anos após o sucesso do seu primeiro longa metragem, Bayona voltou aos holofotes em grande estilo com o angustiante O Impossível (2012). Realístico ao traduzir o sofrimento de um grupo de sobreviventes de um devastador tsunami, o diretor espanhol causou desconforto e náuseas ao entregar uma que prezou pela verossimilhança. Além do seu virtuosismo ao rodar as caótica cenas na água, o longa entregou contou ainda com o primoroso trabalho da equipe de som, tornando as pancadas, os cortes e as lesões ósseas naturalmente chocantes aos ouvidos do público. Sem querer revelar muito, a sequência em que nos deparamos com o estado da perna da personagem interpretada por Naomie Watts é genuinamente dolorosa. Após este realístico trabalho, Bayona voltou recentemente ao terreno da fantasia no elogiado Sete Minutos Antes da Meia Noite, uma fábula sobre a perda e a dor do luto. Um filme inexplicavelmente esnobado pelas distribuidoras brasileiras, mas que conquistou as audiências mundo à fora graças ao seu forte teor simbólico e ao apuro estético deste realizador. 

- Chad Stahelski

Mike Pont/FilmMagic/Getty Images
Em apenas dois trabalhos, ex-dublê Chad Stahelski colocou o seu nome nesta lista como um virtuoso representante do cinema de ação. Após Doug Liman e Paul Greengrass revolucionarem o gênero com a pegada realística da trilogia Bourne, o realizador norte-americano resgatou o popular escapismo oitentista no elegante De Volta ao Jogo (2014). Extraindo a arte por trás de um gênero tão embrutecido, Stahelski construiu um universo próprio e elegante, uma película refinada que em nenhum momento deixa a desejar quando o assunto é a ação propriamente dita. Mais do que se preocupar com o senso estético e os enquadramentos, ele mostrou um pleno domínio sobre a arte de filmar os embates físicos, realçando os movimentos e a capacidade de improviso num trabalho envolvente, sucinto e inegavelmente bem resolvido. Um desempenho que, diga-se de passagem, só evoluiu no recente John Wick: Um Novo Dia Para Matar. Livre da "maldição" do segundo filme, o diretor norte-americano ampliou o universo criado no antecessor ao entregar uma continuação ainda mais elegante e artística. Um obra com cenários particulares, uma sofisticada fotografia e personagens novamente marcantes. Em suma, embora esteja no início da sua carreira nesta nova função, Chad Stahelski chegou apresentado as suas credenciais em dois dos melhores novos representantes do velho cinema de ação

- Edgar Wright


Talvez o nome mais conhecido desta lista, Edgar Wright surge como um dos diretores mais autorais da sua geração. Fã da cultura pop, o realizador britânico construiu uma carreira enxuta e singular ao brincar com alguns dos mais populares gêneros em obras irônicas, mas tecnicamente impecáveis. Hoje com 42 anos, Wright surgiu em 2004 com o excepcional Todo Mundo Quase Morto, uma sátira recheada de estilo sobre o universo zumbi criado por George Romero. Após ser reverenciado pelos fãs, o diretor repetiu a dose no sarcástico Chumbo Grosso (2007). Com a sua mira apontada para o esgotado 'buddy cop movie', Writgh arrancou honestar risadas ao reproduzir as desventuras de uma dupla de desajustados policiais envolvidos numa série de crimes dentro de uma pacata cidade do interior. A comentada trilogia Corneto, aliás, ganharia o seu último capítulo no divertido Heróis de Ressaca (2013), uma sátira sobre os paranoicos filmes de invasão alienígena. Antes disso, porém, ele se voltou para o universo dos games no cult Scott Pilgrim Contra o Mundo, uma película pop e estilosa sobre um tímido adolescente que precisa enfrentar sete malvados ex-namorados para conquistar o coração do seu grande amor. No radar dos grandes estúdios, Wright foi a escolha perfeita da Marvel para Homem-Formiga, uma comédia de ação irônica sobre um minúsculo herói. As influências externas do estúdio, no entanto, esfriaram a relação durante o processo de produção e ele foi substituído pelo competente Peyton Reed. Ainda assim, é possível perceber a assinatura textual do britânico, tanto que ele foi creditado como um dos roteiristas do longa. Em 2017, aliás, Wright voltará as telonas com o aguardado Baby Driver, um thriler de ação com um elenco digno dos melhores elogios. 

- Ryan Coogler


Assim como Gareth Edwards, Ryan Coogler vem trilhando um caminho ascendente ao topo de Hollywood. Hoje com trinta anos, o realizador norte-americano estreou fazendo sucesso em Sundance e no Festival de Cannes com o trágico Frutivale Station: A Última Estação. Com Michael B. Jordan no papel principal, Coogler comoveu público e crítica ao reproduzir a revoltante história real de Oscar Grent III, um jovem negro que foi morto covardemente pela policia nas primeiras horas do ano de 2009. Ciente do peso e da responsabilidade em dar voz a uma história tão marcante, o diretor construiu uma obra sensível e incisiva, um relato que, mesmo nos seus breves momentos mais maniqueístas, traduz com densidade as últimas horas de vida deste jovem. Reconhecido por algumas das maiores premiações ao redor do mundo, ele voltou aos holofotes com o excelente Creed: Nascido para Lutar (2015), uma continuação\derivado da franquia Rocky Balboa. Num dos melhores filmes da saga, Ryan Coogler modernizou a trama ao acompanha a jornada de Adonis Creed, filho bastardo do Apolo, e sua luta para se tornar um boxeador pelos seus próprios méritos. Novamente ao lado de Jordan, o realizador conseguiu tirar o máximo do astro Sylvester Stallone, que entrou no caminho das grandes premiações ao encarar um Rocky mais velho e fragilizado. Credenciado pelo sucesso desta produção, Ryan Coogler foi escalado para a maior franquia cinematográfica da atualidade, o popular Universo Marvel, e lançará em 2018 o promissor filme solo do Pantera Negra.

- Noah Baumbach



Lançado como uma revelação em 2005 pelo seu ótimo trabalho no drama disfuncional A Lula e a Baleia, Noah Baumbach conseguiu ampliar o alcance de projetos que frequentemente eram esnobados pelo grande público. Ao lado da sua musa inspiradora Greta Gerwig, o realizador norte-americano conseguiu atrair para o cinema 'indie' nomes conhecidos, entre eles Nicole Kidman no irregular Margot e o Casamento (2007) e o popular Ben Stiller no engraçado O Solteirão (2010). Foi no cult Frances Há (2012), no entanto, que ele fincou a sua bandeira com uma obra charmosa e envolvente. Com uma abordagem própria e um ritmo envolvente, o longa conquistou a atenção dos cinéfilos mais atentos ao narrar as desventuras afetivas de uma atrapalhada dançarina que não encontrava o seu lugar. Embora o seu trabalho seguinte, o irregular Enquanto Somos Jovens (2014), tenha sido recebido com menos entusiasmo pelo público, o criativo autor voltou aos trilhos com o adorável Mistress America (2015), uma espécie de ode a uma geração desapegada.

- Ava DuVernay



Por fim, a única representante do sexo feminino da lista. Através de trabalhos críticos e urgentes, Ava DuVernay entrou pela porta da frente de Hollywood. Assim como Barry Jenkins, a realizadora de 44 anos começou no circuito independente, com produções menores. Após alguns curtas e um documentário, ela estreou com o intimista I Will Follow, um drama autoral sobre uma mulher entristecida precisando lidar com a dor da perda. Dois anos depois veio o elogiado Middle of Nowhere, outro relato intimista sobre uma mulher que decide largar a faculdade de medicina para cuidar do marido encarcerado. Deste longa, aliás, nasceu a parceria com o talentoso David Oyelowo, uma relação profissional que viria a se tornar realmente expressiva no aclamado Selma: Uma Luta pela Igualdade. Num relato pessoal sobre a marcha liderada pelo icônico Martin Luther King, DuVernay superou as expectativas ao enxergar o homem por trás do símbolo. Embora não seja um filme perfeito, Selma se revelou um relato poderoso sobre um episódio vergonhoso, uma obra tecnicamente primorosa conduzida com esmero por esta promissora diretora. Na hora do reconhecimento, porém, a película foi esnobada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, culminando em uma enxurrada de críticas e no popular movimento Oscar so White. Avessa aos holofotes do "cinemão" americano, DuVernay surpreendeu ao recusar uma oferta para a assumir o promissor Pantera Negra, uma das peças chaves do laureado universo Marvel. Em contrapartida, a realizadora norte-americana rodou o elogiado documentário A 13ª Emenda (2016), um relato incisivo e alarmante sobre os ainda crescentes conflitos raciais nos EUA. Com uma voz própria e uma personalidade forte DuVernay conquistou um merecido espaço e tem tudo para se tornar um dos símbolos desta luta pela igualdade (racial e de gênero) dentro da indústria do entretenimento. 

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