quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Crítica | Um spin-off que ninguém pediu, "Exército de Ladrões" prova que a Netflix segue colocando o seu dinheiro nos cofres errados


O simpático ladrão de cofres Ludwig Dieter roubou a cena no zombie movie Army of the Dead. O afetuoso rapaz alemão conquistou a atenção do público ao trazer humor para uma obra que se levava a sério. Dieter merecia mais tempo de tela. Uma constatação que se tornou um chamariz para Exército de Ladrões, um spin-off (que ninguém pediu) ambientado no universo pensado por Zack Snyder sobre o passado do excêntrico arrombador de cofres e como ele foi parar naquele time de mercenários casca grossa.

A ideia de expandir a mitologia apresentada a partir do personagem mais divertido do longa original não era tão absurda assim. Não na Netflix. Um serviço de streaming disposto a "extrair" o máximo dos seus produtos de sucesso. O longa dirigido pelo próprio ator Matthias Schweighöfer faz jus às expectativas iniciais ao assumir o humor deslocado do protagonista com uma espécie de bússola. A direção estilosa e o esperto texto elevam um plot repetitivo sobre uma gangue de jovens assaltantes liderada pela magnética Gwendoline (Nathalie Emmanuel) determinada a roubar três cofres considerados obras de arte.

Enquanto se concentra na dinâmica entre os carismáticos protagonistas, Exército de Ladrões se sustenta na leveza com que Schweighöferin invade os filmes de assalto. O humor é funcional. O realizador brinca com as convenções do gênero ao tornar a ação agradável para o público. Dieter merecia mais tempo de tela? Sim! Um filme solo, porém, é um exagero. Principalmente quando descobrimos a falta de ambição do longa enquanto parte de um universo compartilhado.

O roteiro perde oportunidades ao nunca se conectar com o zombie movie de Snyder. Dieter sonha com zumbis. Dieter especula sobre o futuro. Quem viu Army of the Dead sabe que o desfecho deixa brechas quanto ao destino do protagonista. Exército de Ladrões, contudo, prefere focar num burocrático jogo de polícia e ladrão pela Europa. Nem o mais carismático personagem sustentaria os inchados 130 min de uma produção estilosa, mas oca. Um plano ambicioso cujo desfecho é tão irrelevante quanto um cofre vazio. Uma bobagem cansativa, Exército de Ladrões é a prova que a Netflix precisa repensar as suas prioridades. Ou talvez colocar o seu dinheiro nos cofres certos.

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