Problemático enquanto romance, constrangedor enquanto comédia
Nasim Pedrad foi uma das grandes surpresas do remake de Aladdin. Na pele da dama de honra de Jasmine, a atriz iraniana roubou a cena sem qualquer dificuldade. Por ela resolvi dar uma chance a mais nova comédia-romântica da Netflix Brasil. Pobre Nasim Pedrad... Desperados é um erro retumbante. O longa dirigido por LP, tal qual um cantor desafinado, não alcança uma nota certa. Estamos diante daquele tipo de obra que vai do grave ao agudo sem qualquer tipo de cuidado. Disposto a requentar um arco batido, o roteiro assinado por Ellen Rapoport até tenta apostar em novos elementos. Claramente influenciado por Missão Madrinha de Casamento (2011), o argumento mira um público mais adulto com o seu humor inicialmente verborrágico e suas protagonistas com dilemas mais maduros.
Wesley (Nasim Pedrad), a desesperada do título, chegou aos trinta e poucos anos desempregada, quebrada e solitária. Brooke (Anna Camp), sua amiga, não consegue sair de um relacionamento frustrante. Já Kayle (Sarah Burns) sofre por não conseguir ter filhos. Uma trinca que poderia até funcionar se não fosse a completa imaturidade do texto. Desperados quer empoderar, mas peca ao não levar a sério as emoções das personagens. Elementos como a relação de sororidade entre as amigas, a crise de baixa estima e até mesmo a tardia descoberta sexual de uma delas são explorados de forma covarde. Como se o longa quisesse preencher uma agenda desconstruída que não casa com o tom exótico\clichê do filme. Todos os conflitos delas (e entre elas) são reduzidos à antecipáveis twists narrativos.
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