quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Luto | Icônico e influente, José Mojica Marins, o criador do Zé do Caixão, morre aos 83 anos


O cinema brasileiro perdeu o seu grande mestre do horror. José Mojica Marins faleceu nesta quarta-feira (19), aos 83 anos, vítima de uma broncopneumonia. Responsável por hits do porte de A Meia Noite Levarei sua Alma (1964) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), ele criou um verdadeiro ícone do terror, o assombroso personagem Zé do Caixão. Segundo o próprio, a sua maior realização nasceu de um sonho (ou melhor, pesadelo) em que ele era arrastado por um vulto para o cemitério. Antes de outros influentes mestres do cinema de Horror, entre eles George Romero, Dario Argento, Sam Raimi e John Carpenter, José Mojica investiu numa linguagem trash\marginal que se tornaria muito popular nos anos 1960\1970. Um modelo de cinema de guerrilha, feito com pouco e por poucos. Mesmo diante da repressão da Ditadura Militar, seus filmes cruzaram o oceano. Nos EUA, inclusive, Zé do Caixão se tornou Coffin Joe. 


Não é exagero, por sinal, falar que José Mojica influenciou grande realizadores ao redor do mundo. Em passagem recente pelo Brasil, por exemplo, Tim Burton encontrou com o cineasta e admitiu que os pesadelos de Mojica viraram "sonho para ele". Nomes como os de Roman Polanski e Darren Aronofsky também assumiram publicamente a admiração pela pelas obras do cineasta brasileiro. Ao ponto que, em 2001, Zé do Caixão foi homenageado no conceituado Festival de Sundance com a exibição de A Meia Noite Levarei sua Alma. Seus principais filmes, por sinal, ganharam 'status' cult internacionalmente e se tornaram muito mais respeitados fora do Brasil do que aqui. O que diz muito sobre a absurda falta de espaço para o cinema de gênero em território nacional. Em 2011, no maior espetáculo da Terra, o carnaval do Rio de Janeiro, José Mojica foi homenageado no desfile da Unidos da Tijuca. Eu, na época trabalhando para um tradicional rádio do RJ, estava na cobertura e não perdi a oportunidade de pedir uma foto. Um dos poucos entrevistados que tomei esta liberdade. RIP

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