quinta-feira, 11 de julho de 2019

De George Romero a John Hughes... Vamos analisar Stranger Things 3 a partir das suas referências cinematográficas

Cuidado com os spoilers!




Recheada de referências à cultura pop, a série Stranger Things se tornou um estrondoso sucesso de público tendo como um dos seus alicerces o fator nostalgia. Como se não bastasse a instigante premissa e os seus marcantes personagens, os Irmãos Duffer foram buscar na inesgotável década de 1980 os ingredientes necessários para tirar do papel um produto novo e vibrante. O bom e velho “crianças versus o mundo” com uma roupagem desta vez mais gráfica e agressiva. Tinha muito de Stephen King, uma pitada de Os Goonies (1985), outra de E.T: O Extraterrestre (1981). Uma fórmula reconhecível refrescada pela maneira com que a dupla de criadores soube atualizar as coisas. O sucesso foi quase instantâneo. O ‘hype’ cresceu com naturalidade. Stranger Things é hoje uma “marca” capaz de rivalizar com qualquer grande produção. Da TV ou do Cinema. O que fica bem claro com o lançamento da apoteótica terceira temporada, de longe a mais cinematográfica até então. Como se não bastasse a evolução estética do show, que, graças ao aporte financeiro da Netflix, nunca esteve tão maiúsculo e impactante, os Irmãos Duffer esbanjaram perspicácia ao buscar em icônicos cineastas (e nos seus mais populares filmes) a inspiração para entregar uma ‘season’ que se aproxima muito do nível de qualidade do primeiro ano. Não é qualquer um que consegue reverenciar George Romero, John Carpenter, John Hughes numa mesma produção. E a dupla de diretores conseguiu. Neste artigo, portanto, decidi analisar Stranger Things 3 a partir das suas referências cinematográficas e mostrar de onde vieram algumas das melhores soluções desta excelente temporada. 

- O Dia dos Mortos (1985)


Uma das minhas ressalvas quanta a divertidíssima segunda temporada girava em torno da ausência do elemento gore. Enquanto na ‘season’ 1 Eleven (Millie Bobby Brown) não titubeava em explodir cabeças no melhor estilo Scanners (1981), no segundo ano tudo ficou muito “limpinho”. Com exceção de uma cena chave, RIP Bob (Sean Astin), Stranger Things 2 foi mais Steven Spielberg e menos Stephen King. Logo no começo da terceira temporada, no entanto, os Irmãos Duffer deixaram claro qual seria o rumo das coisas. No momento em que a garotada entrou escondida no cinema para assistir O Dia dos Mortos (1985) e não De Volta para o Futuro (1985), eu tive a certeza que o gore voltaria em grande estilo. Muito mais do que uma mera referência para estabelecer o contexto cultural em que a trama estaria inserida, a reverência ao cineasta George Romero diz muito sobre a ‘season’ 3. De longe a obra mais suja e violenta da cultuada Trilogia dos Mortos, os Irmãos Duffer se inspiraram claramente no clima angustiante desta produção oitentista para situar o público sobre o que estava por vir no que diz respeito a violência e ao tom do novo ano. Em Dia dos Mortos (Day of The Dead, no original), Romero apontou a sua mira para o militarismo e o perigo das experiências científicas ao colocar os últimos sobreviventes do apocalipse zumbi “presos” numa hostil instalação militar. Troque os mortos vivos pelos hospedeiros, os norte-americanos pelos soviéticos e fica claro que Stranger Things 3 bebeu muito da fonte de George Romero. E isso é incrível. O Dia dos Mortos é o tipo de obra que não merece cair no esquecimento, um filme de Horror com H maiúsculo com a assinatura de um dos mestres do gênero.

- Vampiros de Almas (1956)


Se a óbvia referência a O Dia dos Mortos deixou claro qual seria o clima de Stranger Things 3, os Irmãos Duffer foram bem mais sutis ao resgatar um dos maiores clássicos da ficção-científica na construção da sua premissa. Em plena Guerra Fria, Vampiros de Almas traduziu a crescente paranoia norte-americana num antológico thriller de invasão alienígena. Sob a batuta de Don Siegel, está pérola do cinema cinquentista causou arrepios ao narrar a desesperada jornada de um médico quando ele percebe ser o único a perceber uma misteriosa mudança no comportamento dos moradores de uma pequena cidade do interior dos EUA. Embora não tenha conseguido explorar com a mesma intensidade a sensação de paranoia impressa pelo original, os Irmãos Duffer esbanjaram perspicácia ao buscar neste ‘plot’ um dos elementos mais nervosos da terceira temporada. Numa sacada inteligente, a série conseguiu avançar o conceito do ano anterior ao não concentrar toda a trama num único hospedeiro. Algo que, como ficou claro na ‘season’ 2, não deu muito certo para o Devorador de Mentes. Além de dar relevância ao ótimo Billy (Dacre Montgomery), a ideia de ter um monstro tentando se infiltrar na cidade de Hawkins foi muito bem trabalhada pelos diretores, ampliando o senso de ameaça à medida que percebemos a mudança no comportamento dos habitantes. Ao longo da excelente primeira metade do terceiro ano, os criadores da série são habilidosos ao construir os mistérios em torno da nova investida do antagonista, ao levantar questões sobre os motivos, sobre o destino dos “possuídos”, sobre a materialização do Devorador de Mentes. Tudo faz sentido. Estamos diante de um vilão capaz de aprender com os seus erros e se preparar para aquela que poderia mais uma vez atrapalhar os seus planos. E Vampiros de Almas “serviu” brilhantemente aos planos do Devorador de Mentes. Um formato que, diga-se de passagem, rendeu outros grandes filmes, entre eles Os Invasores de Corpos (1978) e Prova Final (1998).


- O Enigma do Outro Mundo (1982)


Se narrativamente os irmãos Duffer buscaram em Vampiros de Alma a ideia para a construção do ‘plot’ de Stranger Things 3, esteticamente a reverência ao magnífico O Enigma de Outro Mundo é de saltar aos olhos. Indo de encontro a proposta “limpinha” do clássico dos anos 1950, o mestre do horror John Carpenter levou a sensação de paranoia à níveis extremos ao narrar a “atribulada” jornada de um rupo de pesquisadores no Alasca diante de uma perigosa descoberta \ameaçada alienígena. Com o carismático Kurt Russel como protagonista, o longa causou (e ainda causa) um misto de tensão e repulsa pela forma com que reciclou o ‘plot’ de Don Siegel dentro de um contexto bem mais gráfico e agressivo. Uma atmosfera que foi brilhantemente replicada em Stranger Things 3. Por mais que os efeitos práticos propostos por Carpenter sejam inigualáveis, os Irmãos Duffer buscaram a referência no lugar certo ao dar um corpo amórfico e mutável ao bestial Devorador de Mentes. Com um poder de investimento muito maior, que se reflete no marcante visual desta nova temporada, a dupla de realizadores extrai do ‘modus opereandi’ da criatura a oportunidade perfeita para regatar o gore, tornando tudo o mais positivamente nojento. Tem muito de John Carpenter em Stranger Things 3. O que fica bem claro, em especial, na impactante sequência do hospital, uma combinação de suspense e horror digna dos grandes clássicos do gênero.

- Amanhecer Violento (1984)


Confesso que nos trailers já havia matado que a ameaça da vez teria ligação com a União Soviética. Era um caminho natural dentro da série. Até porque a cota de lambança do governo norte-americano já havia sido preenchida. E a maneira encontrada pelos irmãos Duffer para trazer a ameaça comunista para a pequena Hawkins foi genial. Muito em função, é verdade, pela forma com que a dupla de realizadores reverencia outra pérola cult oitentista, o violento Amanhecer Violento. Lançado em meio ao clima de turbulência entre EUA e URRS, o longa dirigido por John Millus reuniu alguns dos rostos jovens mais populares da época ao trazer a guerra literalmente para o coração da América. Enquanto títulos como Vampiros de Almas e A Noite dos Mortos Vivos falavam sobre a paranoia americana sob uma perspectiva mais simbólica, o thriller de ação estrelado por Patrick Swayze, Charlie Sheen, C. Thomas Howell, Lea Thompson e Jennifer Gray trouxe o conflito para o seu quintal ao especular sobre qual seria o destino de uma cidadela invadida pelos soviéticos. Maniqueísmo político à parte, algo que se repete em Stranger Things 3, Millus foi corajoso ao se afastar do escapismo, ao reforçar a posição de vulnerabilidade de americano comum diante de uma ameaça deste porte. Um filme que, ao contrário do seu pífio remake, diz muito sobre os EUA dos anos 1980. Criativo ao aplicar a fórmula de Amanhecer Violento dentro do formato Stranger Things, os irmãos Duffer conseguiram reaquecer a rixa entre norte-americanos e soviéticos sob uma perspectiva mais pop, brincando com símbolos e o imaginário do público ao tornar tudo genuinamente descolado. Toda a construção do mistério em torno do Starcourt é muito bem trabalhada pelo roteiro, assim como a dinâmica entre os Scoops Troops e o desenvolvimento das relações de Steve e Dustin com Robin e Erica. De longe um dos pontos altos desta terceira temporada.


- O Exterminador do Futuro (1984)


Essa referência é bem óbvia. Mas não menos agradável. Chamado de Arnold Schwarzenneger numa sequência despretensiosa de Stranger Things 3, o letal assassino soviético interpretado por Andrey Ivchenko reforça o apurado senso de iconofilia dos Irmãos Duffer. Embora sequer cite nominalmente O Exterminador do Futuro, o vilão traz consigo desde a sua primeira aparição a aura do T-800. O visual “reconhecível” resume a essência do personagem. Ele é ‘bad-ass’. Ele é praticamente imparável. Ele é ameaçador. Ele é o rival que Hooper nunca teve. Para quem reclamou na segunda temporada sobre a ausência de um antagonista mais “presente”, eu particularmente achei o Will espião uma solução bem corajosa, em Stranger Things 3 os realizadores saciaram o apetite dos fãs ao tirar do papel três “figuras” vilanescas, sendo o algoz soviético uma das grandes surpresas do ano.

- A Bolha Assassina (1958\1988) 


A Bolha Assassina é um dos maiores clássicos do cinema trash. Tanto o original, estrelado por um jovem Steve McQueen, quanto a versão oitentista, a mais popular na minha geração. Ambas são antagonizadas por uma improvável ameaça do espaço, um ser gelatinoso com apetite para dizimar todos aqueles que cruzarem o seu caminho e seguir crescendo. Uma premissa simples que serviu como uma clara inspiração para a construção do plano do Devorador de Mentes. É legal ver como, mais uma vez, a série avança num conceito estabelecido previamente. Se na temporada passada a evolução das criaturas do Mundo Invertido gera os agressivos Demodogs, aqui a ideia é criar algo mais amórfico. Uma versão menor, mas concreta do Devorador de Mentes. Um oponente à altura da poderosa Eleven. Mais uma vez os irmãos Duffer encontraram nesta reverência a oportunidade de potencializar o gore, de, fazendo jus ao clima trash do material fonte, criar um processo de mutação mais gráfico. Algo que, combinado com a sensação de paranoia em torno da “possessão” do hospedeiro, eleva não só o nível de tensão da temporada, mas principalmente o senso de perigo em torno da ameaça. Outra referência brilhantemente explorada dentro da série.

- Clube dos Cinco (1985)


Stranger Things 3 tem muito do horror sujo de George Romero. Tem muito do gore de John Carpenter. Mas também tem muito da delicadeza juvenil de John Hughes. Por trás do clima de tensão existe uma história de descobertas. Embora tenha as minhas ressalvas quanto ao descuido com que a trama explora a jornada de amadurecimento dos garotos, em especial do entristecido Will, os Irmãos Duffer acertam em cheio quando o assunto é a relação entre Steve e Robin. E aqui, de maneira revigorante, a dupla de realizadores adiciona uma pitada especial a temporada ao reverenciar o clássico Clube dos Cinco. Como se não bastasse o carisma e aura descolada dos dois, os diretores esbanjam sutileza e bom-humor ao desconstruir os arquétipos. Enquanto em O Clube dos Cinco Hughes usou uma detenção escolar para aproximar um grupo de jovens até então separado por nichos estabelecidos dentro da sua estrutura social, em Stranger Things os Duffer’s rompem com os estereótipos ao unir dois personagens que durante muito tempo pareciam não fazer parte do mesmo mundo. Com diálogos irônicos, uma química invejável e momentos de rara intimidade, os diretores testam as nossas expectativas ao construir uma relação honesta sobre dois tipos finalmente dispostos a se abrir. Sem nunca sacrificar o senso de aventura do arco da Scoops Troop, a ‘season 3’ encontra nos dois o seu melhor “respiro”, culminando em alguns dos grandes momentos da temporada. Sem querer revelar mais do que o necessário, a cena do banheiro está entre os meus ‘highlights’ de toda a série. Que sequência terna, estilosa, franca. Não gosto de fazer esse tipo de afirmação, mas John Hughes facilmente assinaria esse momento. E que personagem é a Robin. De longe a maior surpresa da empolgante ‘season 3’.

- História sem Fim (1984)


E o que falar desta referência. No momento de mais tensão da temporada, quando tudo parecia tão urgente e perigoso, os irmãos Duffer destroem as nossas expectativas ao tirar da cartola um número musical com a cara de Stranger Things. Sem querer estragar a experiência de ninguém, a música escolhida é canção tema do clássico A História sem Fim. Embora a cena em questão surja como um ousado alívio cômico, mais uma vez os diretores enxergam além da referência em si ao refletir sobre o amadurecimento dos garotos. Apesar do viés pueril da situação saltar aos olhos, o longa dirigido por Wolfgang Petersen tem muito a dizer sobre o rumo da série. No filme seguimos os passos do jovem Bastian, um jovem entristecido que buscava na fantasia um refúgio para os seus problemas diários. Sob uma perspectiva fabulesca, o diretor fala sobre o luto, a dor da perda, a desesperança e os muitos obstáculos reconhecíveis impostos pela vida. Um ‘coming of age movie’ lúdico, mas denso que, volto a frisar, dialoga diretamente com o rumo\desfecho desta ‘season’ 3.

- O Despertar dos Mortos (1978)


Por fim voltamos àquele que, na minha opinião, serviu de referência máxima para Stranger Things 3: George A. Romero. Enquanto na abertura os Irmãos Duffer reverenciaram O Dia dos Mortos, no encerramento a dupla fez questão de homenagear o que para muitos é a obra-prima do diretor, o antológico O Despertar dos Mortos. O que fica bem claro, na verdade, quando percebemos o cenário escolhido para ser palco da grandiosa batalha final, o imponente shopping Starcourt. Após refletir sobre os conflitos raciais e a paranoia da Guerra Fria em A Noite dos Mortos Vivos (1968), Romero decidiu mudar o foco da sua crítica ao questionar o consumismo da sociedade norte-americana nos anos 1970 usando as suas sedentas criaturas. Ambientado num shopping, O Despertar dos Mortos extraiu o máximo do cenário em questão para debochar do comportamento de manada, usando o gore e a violência como uma espécie de alerta para aqueles que sacrificavam muito em prol do consumo. Quatro décadas depois, os irmãos Matt e Ross Duffer flertaram com o viés crítico ao transformar um shopping, o símbolo máximo do Capitalismo, na fachada perfeita para os Soviéticos passarem despercebidos pelo radar do governo norte-americano. Numa sacada muito inteligente, é legal ver como a dupla de realizadores resgata o conceito clássico de George Romero ao mostrar Hawkins cega pelo consumo, pelo frisson causado pela mega instalação. As sequelas são estabelecidas com clareza. O novo investimento era um problema para muitos. Mas isso pouco importava diante de tudo o que ele tinha pretensamente a oferecer. Muito mais do que um luminoso palco do grande clímax, o Starcourt tem uma participação ativa dentro da trama, escondendo alguns dos segredos mais instigantes da nova temporada.


Outras referências aleatórias

- De Volta Para o Futuro (1985)


Stranger Things não seria Stranger Things se não reverenciasse títulos do quilate de De Volta para o Futuro. O legal, entretanto, é ver a forma com que os Irmãos Duffer conseguiram homenagear o clássico de Roberto Zemeckis. Meio que jogado para escanteio num primeiro momento, o hit estrelado por Michael J. Fox é brilhantemente abordado nos capítulos finais, se tornando o tema para um dos momentos mais engraçados desta terceira temporada. Sem querer revelar muito, a sequência em que Steve e Robin divagam sob o efeito de drogas sobre o que acabaram de assistir é de rachar de rir e faz jus a De Volta para o Futuro. Além disso, assim como aconteceu na temporada 2 com a reverência musical aos riffs da trilha de Gremilins (1984), os Irmãos Duffer resgatam em alguns momentos os acordes da icônica trilha de Alan Silvestri numa fusão marcante. Um detalhe pequeno, mas que serve muito bem as cenas em questão. 

- Picardias Estudantis (1982)


Esse é um dos inúmeros ‘easter-eggs’ da nova temporada. Logo no início deste terceiro ano, Dustin, ao comentar sobre a sua namorada, disse que ele era mais bonita do que Phoebe Cates. Hoje desconhecida para muitos, afinal ela parou de atuar ainda na juventude ao se casar com o também ator Kevin Kline, a bela estrela ‘teen’ fez sucesso junto a garotada em títulos como Picardias Estudantis (1982) e Gremilins (1984). No último episódio, inclusive, Steve se enrosca por acidente numa vídeolocadora num pôster display que trazia Cates de maiô. Um fato que, porém, não faria muito sentido, já que Picardias era de 1982 e estava longe de ser um lançamento para época.

- Karatê Kid (1985)


Se os garotos eram vidrados em Phoebe Cates, as meninas estavam encantadas por um outro astro ‘teen’ da época, o popular Ralph Machio. Lançado no ano em que a terceira temporada se passa, Karatê Kid se tornou um estrondoso sucesso de público, alcançado a carreira do jovem ator para um novo patamar. Em Stranger Things 3, Machio aparece num pôster de uma revista para meninas adolescentes, sendo admirado por Max e Eleven. Sempre que foca na troca de experiências das duas, aliás, a terceira temporada acerta em cheio.

- Alien 3 (1992)


Essa é uma referência bem visual. Num dos melhores momentos desta terceira temporada, Nancy é encurralada por uma pequena parte do Mega Demorgogom no Hospital. Acuada e sem ter a quem recorrer, ela se deita assustada e fica sem reação ao perceber a criatura se aproximar do seu rosto. Uma sequência gráfica e empolgante que remete diretamente a Alien 3. Embora inferior aos dois longas anteriores, o então promissor David Fincher entregou o frame que viria a definir a saga, a desesperadora sequência em que o Xenomorfo praticamente toca o rosto de uma desprotegida Ellen Ripley. Um plano memorável que, naturalmente, serviu como referência para Stranger Things 3.

- Evil Dead (1981)


Essa é uma referência antiga. Desde a primeira temporada, o quarto do retraído Jonathan traz na sua parede um pôster do clássico do horror Evil Dead. Neste terceiro ano, entretanto, os irmãos Duffer decidiram preparar uma homenagem mais expressiva ao longa de estreia de Sam Raimi. Toda a sequência do ataque a cabana de Hooper e a luta dos jovens para impedir que Eleven seja “tragada” pela criatura remete diretamente a sequências desta pérola do cinema de horror\trash.

- Jurassic Park (1993)


Outro filme que serve de clara referência visual para Stranger Things 3 é Jurassic Park. No apoteótico último episódio, em especial nas sequências em que o Devorador de Mentes está à procura das crianças, os Irmãos Duffer investem em enquadramentos extremamente reconhecíveis, como nas cenas em que Max, Mike e Eleven se protegem no balcão ou quando o monstro persegue o carro dirigido por Nancy na fuga do Starcourt.

- Férias Frustradas (1983)


Essa é foi uma referência discreta, mas bem engraçada. Lá pelo clímax, quando o Mega Demorgogon ataca o shopping, os meninos se separam. Num momento chave da trama, Dustin, à frente do Scopp Troops, chama o grupo que era conduzido por Nancy e Jonathan de Grizwold Family. Uma referência clara ao clássico oitentista Férias Frustradas. Um filme em que uma família de classe média se reúne numa viagem de carro rumo a um parque de diversões. A brincadeira, aqui, gira em torno do veículo em que a garotada foge, muito parecido ao conduzido\destruído por Chevy Chase.

- O Iluminado (1980)


Por fim não poderia falta Stephen King nesta lista. Quer dizer, uma referência a um dos maiores filmes inspirados na sua obra, o clássico de Stanley Kubrick O Iluminado. Em dois momentos de extrema tensão da trama, na cena da sauna e na sequência em que Nancy e Jonathan são perseguidos pelos “chefes”, os Irmãos Duffer prestaram a sua homenagem ao trazer para a história o momento “Here is Johnny”. No original, um surtado Jack Nicholson persegue a sua esposa com o machado e após destruir a porta diz a célebre frase acima. Em Stranger Things 3, mesmo sem soar literal, a dupla de realizadores consegue capturar a essência da sequência em dois takes genuinamente angustiantes.

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