quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Do Fundo do Baú | Mercenários Das Galáxias

Com a assinatura do mestre dos filmes B Roger Corman, Mercenários das Galáxias (1980) é o tipo de produção que envelheceu mal, mas que, ainda assim, manteve o seu charme. Óbvio que os efeitos visuais soam incrivelmente datados, as sequências espaciais se revelam limitadas e por vezes confusas, o trabalho de maquiagem e direção de arte condizente com um filme de baixo orçamento, alguns personagens flertam com o mau gosto, mas, em meio a isso, existe uma premissa ainda hoje cativante, uma releitura no formato 'space-opera' do clássico do western Sete Homens e um Destino (1960). 

Com um elenco recheado de rostos conhecidos nas décadas de 1970 e 1980, com destaque para Robert Vaughn (Sete Homens e Um Destino), John Saxon (A Hora do Pesadelo) e George Peppard (Bonequinha de Lux), o longa dirigido por Jimmy T. Murakam (Heavy Metal: Universo em Fantasia) tentou entrar na onda do fenômeno Star Wars: Uma Nova Esperança. A rigor, porém, o longa passou longe de repetir o mesmo êxito comercial e só conseguiu se tornar um 'hit' cult graças ao forte status no mercado 'home-video'. Apesar das evidentes limitações técnicas e da falta de ousadia narrativa, é interessante ver, por exemplo, o cuidado do longa ao construir arquétipos interessantes, indo além das cenas de ação ao criar personagens com um 'background' satisfatoriamente sólido. Temos uma raça pacífica ameaçada por um tirano espacial (numa cópia sem puderes do 'plot' de Star Wars), um jovem protagonista relutante em usar a violência para se defender, uma co-protagonista "criada" por robôs que decide se arriscar ao lado de um alienígena humanoide, um "aposentado" caubói do espaço em dívida com o líder da resistência, um mercenário solitário sem um lugar seguro para viver, uma (hipersexualizada) viking espacial que só parece querer se divertir. 


Um inusitado grupo de personagens que, num filme com pretensões (ou orçamento) mais ousadas, poderia ser bem melhor aproveitado. Mesmo assim, no momento em que relevamos os claros deslizes técnicos, a exótica space-opera funciona, muito em função da leveza com que Jimmy T. Murakam explora a dinâmica entre os cativantes personagens e a sua reconhecível premissa. Um dos "herdeiros" perdidos da dupla Star Wars\Star Trek, Mercenários da Galáxia é uma aventura espacial datada, com gritantes problemas estéticos, mas que, graças aos inesperados predicados narrativos, a sua descolada aura brega oitentista e a sua descompromissada abordagem, ainda diverte. Uma relíquia da época em que os filmes B tinham o seu valor.

3 comentários:

Unknown disse...

Corman é Corman. Não perde uma só oportunidade para ganhar dinheiro e divertir. Mercenários das galáxias é um filme B feito com baixo orçamento e muita imaginação. Como regulagem refilmagem de Os sete samurais fica atrás do Sete homens e um destino, mas é infinitamente superior à versão mais recente...

Unknown disse...

Leia-se: refilmagem, e não regulagem. A Internet precisa parar de "corrigir" o que está certo.

Semuel disse...

ao anon 20:28

Qual versão mais recente? Deve estar confundindo com os Guardiões da Galaxia 2014/2017 da Marvel kkkk