Responsáveis por uma das performances mais antológicas da história recente do cinema, o ator suíço Bruno Ganz faleceu na madrugada deste sábado (16), aos 77 anos, vítima de câncer. Na pele do tirano Adolf Hitler, o expressivo ator conquistou o público e a crítica ao dar contornos erráticos ao líder do Terceiro Reitch, fazendo de A Queda um dos relatos mais íntimos e imersivos sobre a implosão do regime nazista. Com um misto de raiva e vulnerabilidade, Ganz investiu pesado no trabalho físico, nos detalhes, conferindo um peso indescritível ao longa ao capturar tanto a deterioração física do autocrata, quanto o efeito implacável desta nefasta figura histórica sobre os seus mais fieis séquitos. Reduzir a carreira de Ganz a este estrondoso sucesso, entretanto, é um erro crasso. Em atividade desde a década de 1960, o realizador europeu trabalhou com alguns dos mais cultuados cineastas da sua geração, sendo comandado por nomes do porte de Wim Wenders, Werner Herzog e Las Von Trier. Com o diretor holandês, por exemplo, Ganz brilhou em títulos como O Amigo Americano (1977), o icônico Asas do Desejo (1987) e Tão Longe, Tão Perto (1993). Com Herzog, ele viveu Jonathan Harker no elogiado remake de Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979). Já com o polêmico Las Von Trier, o ator suíço entregou as suas últimas performances no divisivo A Casa que Jack Construiu (2018). Além disso, Bruno Ganz brilhou em títulos como A Dama das Camélias (1981), Pão e Tulipas (2000), Sob o Domínio do Mal (2004) e O Leitor (2008). Que descanse em paz.
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