sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Top 10 (Hugh Jackman)


Da Austrália para o mundo, Hugh Jackman chega aos 50 anos consagrado como um dos atores mais versáteis e simpáticos de Hollywood. Nascido em Sidney, ele se tornou um dos primeiros grandes nomes da indústria ao conquistar o seu status com o ‘boom’ dos filmes de super-heróis dos anos 2000, ajudando a construir este popular segmento ao se tornar a versão definitiva do mutante Wolverine na franquia X-Men. Ao longo da sua eclética carreira, entretanto, Jackman decidiu explorar o melhor que Hollywood tinha a oferecer. Com origem nos palcos, ele não titubeou em mostrar que poderia ser muito mais do que o herói do cinema de ação, transitando entre gêneros contrastantes com enorme espontaneidade. Indo de inspiradores musicais à realísticos thrillers dramáticos, Jackman se tornou sinônimo de sucesso, uma “marca” com um forte alcance popular. Muito em função, é verdade, da sua capacidade em não se levar muito a sério, o que deu a ele a chance de transitar entre o escapismo do cinema pipoca e a intensidade do circuito artístico em obras de ótimo nível. Para celebrar o aniversário de cinquenta anos de Hugh Jackman, neste Top 10 uma lista com alguns dos melhores filmes da sua carreira. Dito isso, começamos com...


10º Kate e Leopold (2001)


Logo após desembarcar em Hollywood em grande estilo com o ótimo X-Men: O Filme (2000), Hugh Jackman não titubeou em mostrar que não estava ali para ser mais uma estrela do cinema de ação\super-herói. Sob a batuta de James Mangold, que viria a se tornar um dos grandes parceiros da sua carreira, o astro comprovou o seu carisma na criativa comédia romântica Kate e Leopold. Na pele de um nobre do século XIX que, ao conhecer um descendente do futuro, acaba parando no século XXI, Jackman diverte ao traduzir o desajuste do protagonista numa sociedade “futurista”. Com a possibilidade de brincar com a polidez de Leopold, o ator entrega uma performance charmosa e cativante, potencializada, obviamente, pelo arco romântico urbano proposto pelo roteiro. Ao lado da sempre carismática Meg Ryan, radiante na pele da moderna e independente Kate, Jackman convence dentro deste agradável gênero, esbanjando química ao lado da experiente atriz num daqueles casais singulares. Com diálogos bem-humorados, sequências genuinamente engraçadas e uma história de amor positivamente disfuncional, Kate e Leopold é o tipo de filme agradável de ser ver, uma comédia-romântica com identidade própria que ajudou a popularizar a faceta mais cômica de Hugh Jackman.

9º Voando Alto (2016)


Uma das características que mais me agradam em Hugh Jackman, no entanto, é a sua capacidade de não se levar exageradamente a sério. Ora e vez ele surge em papeis considerados “menores” por muitos, daqueles despretensiosos, que dificilmente atraem os grandes de Hollywood. O que fica bem claro na inusitado Voando Alto, uma cativante cinebiografia inspirada nos feitos de Eddie “The Eagle” durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 1988. Dirigido pelo subestimado Dexter Fletcher, o longa, uma espécie de Jamaica Abaixo de Zero dos anos 2000, cativa ao narrar a história do ‘underdog’ que, contrariando a tudo e a todos, se destaca numa competição de altíssimo nível. No embalo das agradáveis performances de Taron Edgerton e Hugh Jackman, impagável na pele de um técnico pouco ortodoxo, o diretor entrega uma cativante história de superação, uma obra esteticamente ‘cool’, com personagens divertidos, um afiado tempo de comédia e muito coração. Além disso, apesar das limitações orçamentárias, Fletcher investe em fantásticas sequências de salto, traduzindo o aspecto mais perigoso da modalidade esportiva com uma vertiginosa verossimilhança.

8º Gigantes de Aço (2011)


Que entender o tamanho do carisma de Hugh Jackman? Veja Gigantes de Aço e tire as suas conclusões. Num daqueles projetos despretensiosos e estupidamente divertidos, o astro australiano cativa ao viver uma disfuncional figura paterna que, após a morte da sua ex-esposa, se vê obrigado a passar um tempo com o seu filho. Se, no papel, a premissa soa um tanto quanto genérica, o diretor Shawn Levy revigora este arco ao situar a trama num contexto original, um futuro em que as lutas de robôs causavam fascínio na garotada. Colocando Jackman como um pugilista frustrado que encontrou nesse mundo uma chance para viver, o diretor é habilidoso ao usar esta “modalidade esportiva” como um elo entre os dois, principalmente quando o pequeno acha um modelo antigo de lutador robótico e decide usá-lo para ganhar algum dinheiro. Com efeitos visuais espetaculares e uma belíssima construção de mundo, Levy acerta ao não se contentar em entregar um blockbuster genérico, indo além dos clichês dos filmes família ao investir no sentimento dos personagens, ao tornar tudo muito honesto aos olhos do público. Tanto a dinâmica entre Jackman e o seu “filho” Dakota Goyo, quanto a relação entre ele e o seu (surpreendentemente) expressivo robô são extremamente atraentes aos olhos do público, um vínculo que cresce à medida que o roteiro os aproxima. Somado a isso, Levy é perspicaz ao flertar com o arco da “volta por cima” típico dos filmes de boxe, o típico Davi X Golias, culminando num desfecho empolgante e ao mesmo tempo emotivo. Um entretenimento de altíssimo nível.

7º O Rei do Show (2017)


Um espetáculo visual empolgante e emocionante, O Rei do Show é um musical delicado que encontra na performance de Hugh Jackman a sua força motora. Inspirado na história do produtor cultural P.T Barnum, que, ao longo do século XIX, ajudou a estabelecer o conceito de ‘showbiz’, o longa dirigido por Michael Gracey é perspicaz ao usar o seu apreço pelo exótico para a construção de um musical com uma honesta mensagem igualitária. No embalo da radiante performance de Jackman, o realizador consegue revelar o melhor e o pior deste homem, indo além das expectativas ao não só se encantar pela sua criatividade, pelo seu faro apurado para o sucesso e pela sua sincera conexão com os seus artistas, mas também expor a sua face mais incoerente e ambiciosa. No centro dos holofotes, o astro australiano solta a voz com emoção, dança e acima de tudo intensidade ao pintar um retrato extremamente humano sobre o Barnum empresário, o Barnum sonhador, o Barnum pai de família e o Barnum iludido pelo reconhecimento da “nobreza”. Resumir O Rei do Show à performance de Hugh Jackman, entretanto, seria um grande equívoco da minha parte. Embora flerte com o sentimentalismo e com a superficialidade aqui ou acolá, Gracey é habilidoso ao valorizar os expressivos coadjuvantes, realçando o drama e o preconceito enfrentado pelas estrelas do “freak show” com energia e emoção. Figuras como o pequeno General Thumb (Sam Humphrey), a mulher barbada Lettie (Keala Settle, uma grata surpresa) e a trapezista Anne (Zendaya, outra grata surpresa) ganham um merecido destaque na trama, assim como a sedutora cantora Jenny (Rebecca Fergunson, extraordinária), o fiel Phillip (Zack Efron, carismático como de costume) e a compreensiva esposa Charity (Michelle Williams, doce e cativante). Todo os arcos narrativos se cruzam harmoniosamente, ligados pelos iluminados números musicais. Com arranjos modernos e ótimas canções, da dupla de criadores do ‘hit’ La La Land, Gracey investe num ‘mise en scene’ belo, engenhoso e revigorante, abraçando o aspecto mais lúdico da história ao valorizar as cores, a pluralidade étnica e a exuberância do circo de P.T Barnum. Como não citar, por exemplo, a arrepiante sequência de abertura ao som de The Greatest Showman, o memorável número musical protagonizado por Rebecca Fergunson, a inventivo balé aéreo ao som da romântica Rewrite the Stars e (claro!) o impactante grito por respeito ao som de This Is Me. Uma daquelas canções poderosas que ajudam a definir O Rei do Show, um musical fascinante que, embora flerte com o melodrama em alguns (poucos) momentos, o faz com sensibilidade e muito coração.

6º X-Men 2 (2003) e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014)


É indiscutível que a imagem de Hugh Jackman está intimamente ligada à franquia X-Men. Há quase duas décadas a frente de um mesmo personagem, o animalesco Wolverine, o astro australiano se tornou uma figura carimbada dentro do universo pop, acompanhando a transformação do gênero em produções dos mais variados níveis. E ele acertou bem mais do que errou. Isso é fato. O que fica claro em X-Men 2 e X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, dois filmes que, mesmo separados por uma década, têm muito em comum. Além de, obviamente, serem o “filme do meio” de duas trilogias, os longas foram dirigidos por Bryan Singer, reuniram o melhor deste supergrupo mutante e colocaram Wolverine no centro de duas histórias robustas. No épico longa de 2003, o realizador é astuto ao investigar o passado de Logan, estreitando os seus laços com os X-Men e com a poderosa Jean Grey (Famke Jensen) à medida que o grupo é encurralado por aquele fez de Logan a fera que conhecemos. Fazendo jus ao longa original, Singer consegue aqui se aprofundar no ‘background’ dos personagens, uni-los contra um inimigo em comum, adicionando novos mutantes (o Noturno rouba a cena) e elevando o nível das espetaculares sequências de ação. Após o confuso X-Men 3 (2006) bagunçar o universo mutante, o caótico X-Men Origens: Wolverine (2009) causar uma péssima impressão e o competente Wolverine: Imortal (2013) mostrar que o herói fazia realmente jus ao subtítulo, o explosivo Logan foi “reintroduzido” na saga ‘reboot’ no memorável X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014). Diante da bagunça criada previamente, Singer decidiu limpar a sua própria sujeira, unindo o passado e o presente da franquia de maneira empolgante e inteligente. Consciente que a figura de Wolverine estava diretamente ligada ao universo mutante nos cinemas, o realizador esbanjou perspicácia ao adaptar um dos mais populares arcos dos quadrinhos, reunindo o melhor da série num filme de ação denso e diversificado. Como se não bastasse a volta de Hugh Jackman, no auge da sua forma física e artística, o longa conseguiu trazer para o centro da trama o pano de fundo segregador, elevando o senso de perigo da obra ao coloca-los na mira dos Sentinelas e do apocalipse mutante. Com sequências de ação divertidíssimas, uma profusão de personagens e um impressionante senso de coesão, Dias de um Futuro Esquecido está entre os melhores filmes “coletivos” da saga, uma obra dinâmica e envolvente que marcou a retomada da franquia.

5º O Grande Truque (2006)


Antes de Christopher Nolan se tornar um dos realizadores mais cultuados do cinema atual, ele nos entregou esta pequena pérola chamada O Grande Truque. Eu digo pequena porque, diante do estrondoso sucesso da Trilogia Cavaleiro das Trevas e de títulos como A Origem e Interestelar, esse parece um filme “menor” em sua carreira. Mas só parece. Na verdade, para muitos, é em o Grande Truque que ele revela a síntese do seu cinema. A maneira como, tal qual um grande mágico, ele testa as expectativas do público, nos prepara para a grande virada e só então entrega o seu desfecho apoteótico. Transitando entre a ficção-científica e a realidade com enorme criatividade, Nolan nos leva para o final do século XIX, usando a rivalidade entre dois ilusionistas com o agente catalisador para a construção de um suspense engenhoso e original. Colocando Hugh Jackman e Christian Bale na pele de dois mágicos com personalidades distintas, o diretor brinca com as possibilidades do gênero ao investir numa história repleta de reviravoltas, encontrando no carisma dos protagonistas a força necessária para a construção de uma película envolvente e genuinamente surpreendente. Uma obra charmosa que, acertadamente, não se escora somente no seu grande truque narrativo, indo além das expectativas ao investir pesado na construção de mundo, na instável dinâmica entre os personagens e principalmente no visual da produção. Além disso, como se não bastassem as presenças de Jackman e Bale, Nolan conseguiu trazer o saudoso David Bowie de volta para a tela grande, o presenteando com um dos grandes personagens da sua filmografia, o legendário inventor Nikolas Tesla.

4º Fonte da Vida (2006)


Talvez o título mais subestimado da carreira de Darren Aronofsky, Fonte da Vida é um espetáculo estético e narrativo transcendental. Numa obra com múltiplas camadas, o realizador nos presenteia com uma história de amor impossível, interligando o passado, o presente e o futuro numa história reflexiva e desafiadora. Dividindo em três linhas temporais completamente distintas, o longa explora o conceito da reencarnação dentro de um contexto indiscutivelmente autoral, o utilizando numa espécie de “meditação” sobre a nossa relação com o tempo e como estamos “presos” a ciclos que insistem em se repetir. Com Hugh Jackman na pele de um homem em busca de algo para conquistar\manter o amor de sua vida e Rachel Weisz surgindo como a lembrança de quão frágil pode ser a nossa existência, Aronofsky usa e abusa dos simbolismos na construção de uma obra contemplativa, com uma forte carga filosófica, uma jornada visualmente estonteante que encontra na dramaticidade do casal de protagonistas a sua verdadeira alma. Um daqueles raros projetos que merecem ser apreciados, sem a necessidade de buscar uma lógica, uma resposta. Até porque, diante da complexa temática do longa, Aronofski é astuto ao se concentrar nos pormenores, na homérica luta de um casal contra os seus respectivos destinos. 

3º Os Miseráveis (2012)


Quando eu digo que Hugh Jackman está entre os mais versáteis de Hollywood não é nenhum exagero da minha parte. Só até o momento neste Top 10, ele já foi vilão, já foi herói, já foi galã de comédia romântica e estrela de “filme família”. Até o início da segunda década dos anos 2000, entretanto, poucos sabiam que ele era um grande cantor. O que ficou bem claro no comovente Os Miseráveis, um musical ambicioso que instantaneamente se colocou entre os melhores do gênero. Na pele do protagonista Jean Valjean, o fugitivo da prisão que, após assumir uma nova identidade e criar família, vê a revolução francesa nascer bem à sua frente, Jackman se tornou a força motora desta obra, explorando o misto de sentimentos do seu personagem com uma propriedade impressionante. Mais do que simplesmente soltar a voz ao longo de boa parte da película, ele consegue valorizar o arco dramático de Jean, permitindo que o filme pudesse se conectar, até mesmo, com os não fãs de musical. Uma impressão de realidade, indiscutivelmente, valorizada pela fantástica direção de Tom Hooper. Valorizando como poucos a ambientação, o realizador investiu pesado nos grandiosos cenários, na reprodução da atmosfera da época, tornando tudo muito verdadeiro aos olhos do público. Somado a isso, num processo de gravação ao vivo extremamente ambicioso, Hooper acertou em cheio ao não interferir na sonoridade dos atores, na interpretação musical dos mesmos, criando assim uma experiência única. Sem medo de errar, Anne Hathaway cantando “I Dreamed a Dream” está entre as cenas mais comoventes que já tive a chance de assistir na tela grande. O que falar, então, das sequências de ação, da violência “covarde” presente na obra, um aspecto sujo que só ajuda a reforçar a mensagem final de Os Miseráveis, o aspecto revolucionário defendido pela obra de Victor Hugo. O que fica bem claro na apoteótica sequência final.

2º Logan (2017)


Num momento em que os filmes de super-heróis pareciam incapazes de se reinventar, Hugh Jackman se colocou na vanguarda do gênero mais uma vez com o fantástico Logan. Ao lado do seu parceiro James Mangold, mais uma vez na direção, o ator australiano resolveu experimentar a liberdade conseguida por Deadpool alguns anos antes, ganhando um voto de confiança da Fox para também estrelar o seu filme “para maiores”. O que, aqui, fazia todo sentido. Limitado pela classificação etária, o Wolverine do cinema se tornou um anti-herói feroz, agressivo, mas contido. Um pouco distante da “besta fera” dos quadrinhos. A agressividade, até então, ficava subentendida nas cenas de ação, já que o PG-13 surgia como um agente limitador quando o assunto era o ‘gore’. Pois bem, livre dessa amarra, era de se esperar que Logan usaria a violência como o seu grande diferencial. Ledo engano. Ao invés de apostar no ‘gore’ pelo ‘gore’, James Mangold investiu numa história densa, melancólica e sentimental, um drama distópico sobre o destino do herói após uma série de batalhas perdidas. Com um Wolverine decadente e fisicamente vulnerável, o argumento conquistou a atenção do público e da crítica ao expor a deterioração do super-herói, ao mostrar (finalmente) a sua face mais raivosa e desesperançosa, usando a relação fraternal entre um detonado Logan, um senil Professor Xavier e uma indomável nova mutante como o agente catalisador na construção de um roteiro capaz de transpor a barreira do gênero. Me arrisco a dizer que desde Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) isso não acontecia. E como se não bastassem as marcantes atuações de Hugh Jackman, Patrick Stewart e Daphne Keen, James Mangold investiu pesado no visual, numa deteriorada visão de futuro, flertando com elementos visuais do Western na construção de uma película imponente e esteticamente refinada. Por mais que no último ato o longa se renda à algumas soluções menos inspiradas, Logan é um grande filme, uma obra complexa e corajosa que comove oferecer um ponto final ao personagem que ajudou a moldar o gênero super-heroico. E que despedida digna.

1º Os Suspeitos (2013)



Um retrato visceral sobre o impacto de um sequestro na rotina de duas pacatas famílias, Os Suspeitos brilha ao levantar preciosas questões morais acerca da busca por justiça a qualquer custo. Sob a enérgica batuta de Dennis Villeneuve, Hugh Jackman entrega a sua performance mais emocionalmente arrebatadora ao interpretar um pai desesperado que, na busca pelo paradeiro da sua filha desaparecida, decide agir por conta própria numa perigosa “caçada”. Numa sacada genial, o realizador canadense é sagaz ao nos colocar na perspectiva desta destruída figura paterna, oferecendo uma preciosa oportunidade para que, através dele, possamos refletir sobre o nosso próprio senso de “justiça”. Apesar das duas horas e meia de película assustarem inicialmente, Villeneuve investe num thriller dramático repleto de ritmo e intimidade, valorizando o fator humano em meio ao caos familiar com intensidade e emoção. Impulsionado pelas igualmente brilhantes performances de Paul Dano e Jake Gyllhenhaal, o diretor alimentar as nossas expectativas até o desconcertante clímax, elevando o nível da sua obra arrematar a sua feroz crítica moral.

E por fim esta pequena pérola. Na preparação para o início das filmagens de O Rei do Show, Hugh Jackman solta a voz e esbanja carisma num 'workshop' musical emocionante e encantador.

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