segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Star Wars: Do Pior ao Melhor


Chegou a hora de atualizar o nosso ranking com o melhor e o pior do Universo Cinematográfico Star Wars. Isso porque no último final de semana chegou o audacioso Star Wars: Os Últimos Jedi (leia a nossa crítica), o oitavo capítulo desta icônica franquia. Sob a estilosa batuta de Rian Johnson, o longa estrelado por Mark Hamill, Daisy Ridley e Adam Driver optou corajosamente por desconstruir arquétipos, por realçar as imperfeições dos personagens, reforçando a carga dramática e o senso de urgência numa continuação densa e empolgante. Dito isso, confira o nosso ranking com os dez filme da franquia Star Wars. OBS: Matéria atualizada após a estreia de Solo: Uma História Star Wars. 

10º Star Wars Episódio II: O Ataque dos Clones (2002)


O lançamento mais esquecível da série, O Ataque dos Clones é um entretenimento pesado que carece de momentos memoráveis. Ampliando a discussão política em torno da franquia, George Lucas se rendeu a uma trama exageradamente sóbria, abrindo um grande espaço para a ascensão do nefasto Palpatine (Ian McDiarmid). Uma premissa que necessitava de grandes atuações, de emoção, mas que esbarrou na inexpressividade do protagonista Hayden Christensen. Responsável por dar vida ao já adulto Anakin Skywalker, o jovem ator em nenhum momento consegue absorver a complexidade do seu arco, tornando o romance com a Senadora Padmé Amidala (Natalie Portman) insosso e carente de química. Além disso, apesar das três indicações ao Oscar, os efeitos visuais soam artificias e excessivos, uma experiência completamente datada nos dias de hoje. Ainda assim, a batalha final entre Yoda e o Conde Doku (Christopher Lee) se revelou um dos pontos altos do longa. 

9º Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma (1999)


Longa de estreia da trilogia prelúdica, A Ameaça Fantasma marcou também o meu primeiro contato com a franquia Star Wars nos cinemas. Após uma lacuna de dezesseis anos, George Lucas resolveu recontar a história do temido Darth Vader, nos apresentando ao pequeno Anakin Skywalker (Jake Lloyd). Trazendo Ewan McGregor como o jovem Obi Wan e Liam Neeson como o mentor Qui-Gon Jinn, o longa patina diante dos perceptíveis problemas de tom. Mesmo protagonizado por uma criança, Lucas investe numa trama marcada por questões comerciais e políticas, a maioria delas envolvendo a luta da Rainha Amidala (Natalie Portman) para livrar o seu planeta dos embargos econômicos impostos pela Federação do Comércio. Apesar do desinteressante pano de fundo, o Episódio I é habilidoso ao resgatar o clima aventureiro da trilogia original, entregando uma série de expressivas sequências de ação. Com destaque para a incrível corrida de pods, que rendeu na época um divertidíssimo jogo para N64. Além disso, George Lucas nos apresentou ao melhor antagonista desta nova trilogia, o habilidoso Darth Maul (Ray Park). Sem medo de errar, a luta final entre Obi Wan, Qui-Gon e Maul se mostra à altura dos melhores embates da saga original. Na ânsia de agradar ao público mais novo, no entanto, Lucas se escora em alívios cômicos irritantes, entre eles o desastrado Jar-Jar Binks e a euforia artificial do pequeno Jake Lloyd.

8º Solo: Uma História Star Wars (2018)


Contrariando as expectativas mais pessimistas, Solo: Uma História Star Wars se revela uma aventura competente, um filme leve, empolgante e adoravelmente ambíguo que introduz a origem deste célebre personagem se preocupando em reforçar as características que o tornaram tão icônico. Embora, nas bilheterias, o longa tenha se revelado um fracasso retumbante, Ron Howard conseguiu fazer mágica ao tirar do papel um blockbuster coeso e aventuresco, um ‘heist movie’ com momentos grandiosos que tem tudo para se transformar na obra mais subestimada do Universo Star Wars. O que não quer dizer, entretanto, que o filme não tenha problemas. Muito pelo contrário. Por melhor que tenha sido o toque de midas do realizador, remontar uma obra a partir de novas ideias – e a um ano do seu lançamento – era uma missão praticamente impossível. Embora derrape aqui ou ali, algo natural numa produção que beirou o caos e o completo fiasco, Howard chegou a tempo de recolocar esta grandiosa nave no seu rumo, respeitando o status ‘bad-ass’ do personagem título numa aventura escapista e empolgante que acerta ao, tal qual o popular mercenário, não se levar a sério demais. 

7º Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith (2005)


Apesar dos problemas de ritmo e da inexpressiva presença de Hayden Christensen, A Vingança dos Sith faz jus as intenções de George Lucas na franquia prelúdica. Abrindo mão do pano de fundo político, o longa finalmente se concentra na ida de Anakin para o Lado Negro da Força. A partir de uma premissa bem fundamentada, os dilemas do futuro Darth Vader são desenvolvidos com categoria ao longo da trama, permitindo que o público conheça os motivos que os transformaram numa nefasta figura. A relação é Palpatine e Anakin é habilmente construída, assim como as consequências desta devastadora parceria. Ao contrário dos longas anteriores, Lucas finalmente acerta no que diz respeito ao tom da película, apostando numa atmosfera sombria totalmente coerente com o processo de "criação" do icônico Darth Vader. Além disso, a animação computadorizada é utilizada com maior cuidado nesta continuação, se tornando fundamental para o desenvolvimento do subestimado General Grievous e para a concepção do intenso clímax. O ponto alto do longa, no entanto, fica pela maneira cuidadosa com que George Lucas dialoga com a Trilogia Clássica, entregando um desfecho instigante e absolutamente bem resolvido. 

6º Star Wars Episódio VI: O Retorno de Jedi (1983)


Último capítulo da aclamada Trilogia Clássica, O Retorno de Jedi talvez seja o longa mais familiar da franquia. Após o catártico desfecho de O Império Contra-Ataca (1980), George Lucas investiu numa argumento novamente mais aventureiro, descontraído, mas não menos empolgante. Indo além da esperada batalha final contra o temido Darth Vader, o longa é habilidoso ao trabalhar as subtramas, principalmente a exótica incursão ao planeta do Jabba The Hunt. Apesar do tom mais leve, potencializado pelo artesanal embate entre os Eowks e as tropas do Império, Lucas é cuidadoso ao explorar as dúvidas de Luke Skywalker, a relação com o seu pai e o temor envolvendo a influência do Lado Negro da Força, adicionando uma generosa dose de intensidade a intimista batalha final. Além disso, o diretor Richard Marquand mostra categoria ao construir as vibrantes sequências de ação, fazendo um excelente uso dos cativantes personagens, incluindo o popular Boba Fett, e do carismático elenco, potencializado pelas competentes atuações de Harrison Ford, Mark Hamil, Carrie Fisher (com o seu biquíni dourado) e Billy Dee Williams. 

5º Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força (2015)


Grandioso do início ao fim, Star Wars: O Despertar da Força não é só o longa que os fãs de Luke, Han Solo e da Princesa Leia esperavam. Na verdade, esta audaciosa sequência simboliza o resgate do espírito aventureiro que transformou a franquia num dos maiores fenômenos - senão o maior - da cultura pop mundial. Completamente fiel à trilogia clássica, o longa dirigido por J.J Abrams nos leva a euforia ao buscar nas origens as ferramentas para atualizar a série, encontrando no icônico Uma Nova Esperança (1977) a inspiração necessária para introduzir os incríveis novos personagens. Mesmo com pequenos problemas, a maioria deles envolvendo o arremate de alguns personagens e as velhas soluções convenientes, Star Wars: O Despertar da Força presta uma bela homenagem à trilogia clássica ao promover uma interessante passagem de bastão. Desta forma, além de estabelecer uma nova e diversificada geração de protagonistas, capitaneados pela indomável Rey (Daisy Ridley), pelo divertidíssimo Finn (John Boyega) e pelo incrível BB8, esta épica aventura espacial parece encantada com a possibilidade de resgatar os integrantes da velha guarda, comprovando que Han Solo, Princesa Leia, Chewbacca e Luke Skywalker ainda tinham fôlego para mais uma grandiosa aventura. O resultado é um entretenimento visualmente irretocável, repleto de sequências memoráveis e personagens vigorosos.

4º Star Wars: Os Últimos Jedi (2017)


Nostálgico e aventureiro, O Despertar da Força revitalizou o universo Star Wars numa continuação/reboot reverente à trilogia clássica. Embora com alma original, o longa dirigido por J.J Abrams não se fez de rogado ao replicar a estrutura do pilar da franquia, o marcante Uma Nova Esperança (1977), transitando por um terreno positivamente seguro ao estabelecer a junção entre os novos e os velhos personagens. Seguindo está lógica, era de se esperar que Os Últimos Jedi seguissem os passos do mais impactante filme da saga, o histórico O Império Contra-Ataca (1980). Ledo engano. Contrariando as expectativas, o promissor diretor Rian Johnson (Looper) ousa ao se distanciar dos dualismos, da velha batalha entre os Jedi e os Sith. Ao invés de se concentrar nos reconhecidos polos, o realizador se encanta pela face mais errática dos (agora) multifacetados personagens, pelo lado cinza da força, elevando o potencial dramático deste capítulo ao (finalmente) tratar os conflitos presentes neste universo sob um prisma denso e intimista. E isso, obviamente, sem sacrificar o senso de entretenimento da película, que se revela épica, imagética e esteticamente refinada. Em outras palavras, se O Despertar da Força reascendeu a chama do universo Star Wars, Os Últimos Jedi incendiou a saga e, das cinzas, nasce uma continuação autoral, imprevisível e genuinamente empolgante. Uma obra audaciosa. 

3º Star Wars: Rogue One (2016)


Intenso, sombrio e empolgante, Star Wars: Rogue One faz realmente jus ao substantivo bélico que dá título a esta poderosa franquia. No projeto mais autoral da saga desde o aclamado O Império Contra-Ataca (1980), o longa dirigido por Gareth Edwards (Godzilla) instiga ao revelar o "trabalho sujo" por trás do roubo dos planos da Estrela da Morte, flertando com elementos mais humanos ao introduzir um novo e diversificado grupo de heróis. Mesmo limitado pela baixa classificação etária, o realizador é maduro ao escancarar a ambígua estratégia e a violência presente no confronto entre a Aliança Rebelde e as forças do Império, nos fazendo enxergar o doloroso impacto da guerra sob um ponto de vista íntimo e profundo. E isso sem nunca abrir mão do fator entretenimento. Com personagens carismáticos e um roteiro sólido em mãos, Edwards equilibra aventura, drama e humor com rara espontaneidade, permitindo que as fantásticas cenas de ação e os impagáveis alívios cômicos dividam um respeitoso espaço com as emocionantes sequências mais sérias. É quando se volta reverencialmente para os fãs de Star Wars, porém, que Rogue One alcança um patamar único dentro da saga. Mais do que requentar velhos arcos, o 'spin-off' se orgulha em estabelecer uma forte conexão com o universo ao qual pertence e vai além do puro 'fan service' ao resgatar algumas das icônicas criações do cultuado George Lucas. O resultado é memorável, uma película vigorosa que, embora funcione como um produto solo, merece ser assistida como parte de um todo, como parte de uma experiência cinematográfica que insiste em não se esgotar. (Leia a nossa opinião completa)

2º Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança (1977)


Lançado na época como Guerra nas Estrelas, Uma Nova Esperança colocou seu nome na história ao introduzir uma das franquias mais populares da cultura pop. Exibindo o seu reconhecido pioneirismo tecnológico, o diretor George Lucas deu vida a um universo fantástico, marcado por cenários expressivos, por personagens cativantes e por primorosas sequências de ação. Numa opção ousada, o Episódio IV já começa a "100 km por hora", apresentando a investida do vilão Darth Vader na nave da rebelde Princesa Leia. Adotando um ritmo envolvente, Lucas mostra uma rara inspiração ao introduzir cada um dos personagens, os aproximando com absoluta naturalidade. Mesmo sem se aprofundar nos dilemas emocionais em torno da figura de Luke Skywalker, talvez o grande pecado do argumento, George Lucas é preciso ao explorar a química entre os atores, preparando o terreno para o futuro sem enfraquecer a batalha contra a Estrela da Morte. Por falar nela, a grande arma do Império se transforma no pano de fundo ideal para o imponente clímax, comprovando a criatividade do realizador na construção de uma das sequências mais incríveis de toda a franquia. O resultado é um entretenimento completo, um longa à frente do seu tempo. 

1º Star Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca (1980)


Quem sou eu para contrariar a maioria. Apresentando uma das reviravoltas mais expressivas da história do cinema, O Império Contra-Ataca sobreviveu ao tempo e ainda hoje se revela uma referência no que diz respeito aos blockbusters. Numa opção corajosa e absolutamente bem arquitetada, George Lucas resolve se voltar para a retomada do Império, injetando uma aura mais sombria a esta aventureira continuação. Responsável por introduzir o popular Mestre Yoda, o longa acompanha não só o processo de treinamento de Luke Skywalker, como também o contra-ataque das tropas imperiais, nos brindando com uma obra mais urgente e intensa. Recheado de incríveis sequências de ação, com destaque para o ataque a base Echo, o diretor Irvin Kershner é habilidoso ao se aprofundar nos dilemas de cada um dos personagens, indo além da batalha do bem contra o mal. Personagens como o dúbio Lando e sábio Yoda adicionam um inegável peso a película, preparando o terreno para o impactante clímax. Um desfecho corajoso, surpreendente e absolutamente maduro.

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