Neste final de semana chegou aos cinemas brasileiros o aguardado X-Men: Apocalipse (confira a nossa opinião aqui), o terceiro filme da nova fase dos mutantes da Fox. Responsável por introduzir uma nova geração de heróis, a película dirigida por Bryan Singer tem a missão de manter o ótimo nível dos dois últimos longas da série, o excelente X-Men: Primeira Classe e o empolgante X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Além disso, terá que superar também o mais novo filho bastardo da franquia, o fenômeno Deadpool. Desta forma, aproveitando a estreia do mais novo título da série, neste especial iremos fazer uma breve análise envolvendo os melhores e os piores filmes do universo mutante da Fox nos cinemas.
8º) X-Men Origens: Wolverine (2009)
Disparado o pior filme da franquia, X-Men Origem: Wolverine é um erro de cálculo imperdoável. Sob a batuta do diretor Gavin Hood, o longa falhou grosseiramente ao introduzir alguns dos mais queridos mutantes da Marvel, descaracterizando tipos como o debochado Deadpool e o ardiloso Gambit. Além disso, o longa se escorou numa premissa absolutamente problemática, marcada pela bagunçada mistura de personagens e pela desastrosa tentativa de transformar o mercenário falastrão numa espécie de Nêmesis para o Wolverine. E isso sem falar das sequências de ação genéricas e do artificial CGI, que se tornaram a cereja do bolo dento deste calamitoso projeto. Nem o carismático Hugh Jackman conseguiu "salvar" este projeto. Avaliação (* e 1\2)
7º) X-Men: O Confronto Final (2006)
Marcando o desfecho da trilogia original, X-Men: O Confronto Final sofre diante dos inúmeros problemas narrativos. Longe de ser ruim, o filme dirigido por Brett Ratner esbarrou nas suas próprias pretensões, investindo em soluções arriscadas que trouxeram uma série de problemas para o futuro da franquia. Sem o mesmo tato dos dois filmes anteriores, o argumento não consegue explorar a pluralidade dos seus personagens, se resumindo basicamente a batalha do bem contra o mal. A exceção, aliás, fica para a ascensão da Fênix Negra e a relação de Jean Grey com Wolverine. De longe um dos pontos altos da película. Além disso, O Confronto Final entrega algumas das mais memoráveis sequências de ação da franquia, cujo ápice é atingido na grandiosa batalha final e no duelo entre a Fênix e o Professor Xavier. Um bom filme, mas que nitidamente não soube aproveitar o potencial dramático do elenco e da própria trama como um todo. Avaliação (***)
Ao contrário do seu antecessor, Wolverine: Imortal finalmente soube tirar proveito do seu protagonista. Inspirado no arco Wolverine, de Chris Claremont e Frank Miller, o longa dirigido por James Mangold mostrou inspiração ao levar a franquia para um outro cenário, se apropriando das tradições nipônicas ao dar corpo a uma interessante premissa. Dialogando com os episódios de O Confronto Final (2006), o argumento é habilidoso ao revelar o passado de Logan e a relação dele com um oficial da 2ª Guerra Mundial chamado Yashida. Tirando um excelente proveito do talentoso elenco de apoio, a relação do mutante com a destemida Yukio (Rila Fukushima) e a recatada Mariko (Tao Okamoto) é habilmente desenvolvida pelo roteiro, assim como os motivos que colocaram Wolverine na mira de uma perigosa organização criminosa. Na hora de tirar o dez, no entanto, Mangold e os roteiristas pisaram na bola ao introduzir o popular Samurai de Prata. Apesar do visual imponente, o antagonista ganha uma versão nada inspirada, reduzindo o peso do tão aguardado clímax. Ainda assim, mais intimista e maduro, Wolverine: Imortal merece elogios pela maneira sutil com que resgata a essência deste popular mutante após o fracassado X-Men Origens: Wolverine. Avaliação (*** e 1\2)
5º) Deadpool (2016)
Um dos inúmeros equívocos do imperdoável X-Men Origens: Wolverine (2009), Deadpool se transformou numa das maiores "vítimas" desta sofrível adaptação. Completamente descaracterizado, o mercenário tagarela teve um destino trágico nas mãos dos roteiristas, se tornando uma espécie genérica de antagonista. Seria este o fim para Deadpool nos cinemas? Não, Ryan Reynolds não pensava assim. Disposto a apagar esta "mancha" dentro do universo mutante da Marvel, o ator canadense não se deu por vencido. Fã declarado do personagem, ele assumiu este arriscado projeto com a intenção de resgatar a essência ácida das HQ's. Na contramão das principais produções do gênero, Reynolds "peitou" a Fox ao exigir liberdade criativa, classificação etária elevada e uma inventiva campanha de marketing. E o esforço foi recompensado. Sob a batuta do promissor Tim Miller, o longa, um escrachada comédia de ação, esbanja energia ao abraçar a irreverência do seu protagonista, introduzindo de maneira ágil e politicamente incorreta o debochado anti-herói. Através de uma narrativa não linear, fato raro dentro do gênero, o realizador é brilhante ao introduzir novamente o cativante mercenário, explorando não só a jornada de vingança do personagem, mas também a sua adorável relação com a sensual CopyCat (Morena Baccarin). E apesar do orçamento modesto, Deadpool nos brinda ainda com criativas sequências de ação, valorizadas pelo ótimo CGI e pelas excelentes coreografias. Avaliação (****)
Um dos principais responsáveis pela invasão das HQ's na indústria do cinema, X-Men (2000) ditou o tom da franquia ao respeitar a essência engajada destes populares personagens da Marvel. Nas mãos de Bryan Singer, a adaptação repaginou o visual dos mutantes, mas conseguiu manter intacta as características de cada um dos seus personagens. Com um talentoso elenco em mãos, capitaneado pelos experientes Ian McKellen e Patrick Stewart, pelo carismático Hugh Jackman e pelas então promissoras Anna Paquin e Halle Berry, Singer mostrou categoria ao construir a rivalidade entre os dois grupos, uma rixa potencializada pelo pano de fundo político envolvendo o ato de registro dos mutantes. Permitindo que cada um dos seus personagens tenha um lugar ao sol, o realizador é cuidadoso ao dar liga a este importante supergrupo da Marvel, preparando o terreno para esta promissora franquia. Além disso, o primeiro X-Men impressionou ao trazer efeitos visuais à frente do seu tempo, fazendo um excelente uso de personagens como o Magneto, a Tempestade, o Ciclope e a Mistica. Essa última, aliás, ganhou um visual absolutamente primoroso, uma das melhores adaptações de uma personagem dos quadrinhos. Em suma, mais do que um ótimo entretenimento, X-Men representa um divisor de águas dentro do gênero. Avaliação (****)
Pioneira na invasão dos heróis Marvel no cinema, a franquia X-Men voltou de vez aos trilhos com Dias de um Futuro Esquecido. Após o sucesso de público e crítica de X-Men: Primeira Classe (2011), Bryan Singer reassumiu a direção com a missão de corrigir as falhas do trabalho que optou não dirigir, o precipitado X-Men: O Confronto Final (2006). Ciente que o rumo da saga ganhou novas perspectivas para a FOX, principalmente em virtude do estrondoso sucesso do universo Os Vingadores, Singer mostrou precisão ao retornar ao passado para unir estas duas gerações de mutantes. Conseguindo respeitar o clima da célebre história assinada por Chris Claremont e John Byrne, o roteirista Simon Kinberg nos apresenta a uma obra extremamente sóbria e consistente. Mesmo diante das grandes mudanças envolvendo a HQ de 1981, as alterações apresentadas se mostram extremamente funcionais, permitindo que a essência da publicação fosse mantida. Além disso, o argumento é impecável ao costurar o passado e o presente da franquia, dando um novo rumo para a franquia sem abrir mão do pano de fundo político e das inventivas sequências de ação. O resultado é um blockbuster intenso e empolgante, um longa que cumpriu a sua missão ao aparar as arestas deixadas no desfecho da trilogia original. Avaliação (****)
Um degrau acima do seu antecessor, X-Men II correspondeu as elevadas expectativas ao introduzir uma série de novos mutantes. Com efeitos visuais ainda mais inventivos, vide a presença do incrível Noturno, o longa dirigido por Bryan Singer apresentou um dos melhores antagonista da série, o general genocida William Stryker (Brian Cox). Ampliando as questões sociais em torno do direito mutante, o longa é habilidoso ao aproximar os lados liderados por Magneto e pelo Professor Xavier, os unindo numa batalha ainda mais séria e grandiosa. Dialogando coesamente com os episódios do primeiro X-Men, Singer construiu uma sequência intensa e empolgante, permitindo novamente que cada um dos personagens adicione um pouco da sua essência a este envolvente arco. Além disso, o pano de fundo político é novamente explorado com absoluta inspiração, dialogando com questões envolvendo as minorias e a intolerância ao "diferente". Avaliação (**** e 1\2)
E quando tudo parecia perdido, principalmente após o problemático O Confronto Final e o fracasso de X-Men Origens: Wolverine, a franquia renasceu das cinzas com o primoroso X-Men: Primeira Classe. Disposto a corrigir as lambanças apresentadas nos seus dois últimos projetos, os executivos da Fox apostaram as suas fichar no talentoso Mathew Vaughn, do politicamente incorreto Kick-Ass (2010), na expectativa que ele fosse o nome certo para dar reinício ao popular universo mutante da Marvel nos cinemas. Apesar da "inexpressiva" campanha de marketing e dos temores em torno deste arriscado projeto, o realizador comprovou o seu talento ao nos brindar com um trabalho à altura dos dois primeiros longas da trilogia original. Sem contar com a presença do elenco original, Vaughn e os produtores fizeram um excelente trabalho na escolha da nova geração de protagonistas, apostando num casting jovem, carismático e acima de tudo talentoso. Capitaneado por Jeniffer Lawrence, Michael Fassbender, James McAvoy, Nicholas Houth e Rose Byrne, o timaço de atores deu corpo a uma premissa absolutamente envolvente, marcada novamente pela contextualização política, pelo tom intimista e pela ágil introdução dos personagens. Numa sacada de mestre, a Guerra Fria se transformou num primoroso pano de fundo dentro deste equilibrado reboot, que viajou para a década de 1960 ao apresentar o início da amizade\rivalidade entre Xavier e Magneto. Uma relação desenvolvida com absoluta humanidade, dialogando de maneira sutil com a trilogia original. Trazendo ainda uma impecável direção de arte impecável e inspiradas sequências de ação, X-Men: Primeira Classe se revela um entretenimento completo. Uma continuação empolgante, perspicaz e brilhantemente contextualizada. Avaliação (*****)
Um comentário:
O melhor dessa franquia é o Peter Dinklage. Eu amei do seu trabalho no filme X Men Dias de Um Futuro Esquecido. É um ator que as garotas amam por que é lindo, carismático e talentoso. Meu Jantar com Hervé é um dos seus filmes mais recentes dele e ainda que não seja o melhor roteiro, visualmente nos limpa os olhos. Vi que HBO vão a transmitir e na verdade não a perderei, acho que será um dos melhores filmes drama atuais. Para uma tarde de lazer parece uma boa opção. Considero que um fator que fez deste um grande filme será a atuação de Peter Dinklage, seu talento é impressionante.
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