quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Acusada de "esquecer" parceiros do cantor, cinebiografia de Tim Maia promove homenagem à ícones da MPB


Há uma semana em cartaz, a cinebiografia Tim Maia vem causando polêmicas junto ao meio musical. Dirigida com competência por Mauro Lima (Meu nome Não é Johnny), o longa viaja por cinco décadas da vida do "síndico do Brasil", promovendo um precioso panorama sobre a explosão da MPB neste período. Em meio às muitas homenagens, no entanto, alguns músicos mais próximos de Tim usaram as redes sociais para lamentar o fato de não terem sido "lembrados" no drama. Apesar de ter elogiado a qualidade do longa, Carlos Cajueiro, filho do já falecido compositor Beto Cajueiro, criticou não só o romanceamento de alguns dos episódios apresentados, como também a ausência de parceiros importantes de Tim, incluindo o seu pai, o guitarrista Paulinho Guitarra, o saxofonista Tinho, e os cantores Hyldon e Cassiano. Como resposta, Carmelo Maia, filho de Tim Maia, foi bem direto e admitiu que a vasta história do cantor impediu que muitos nomes fossem citados. "O filme estava com três horas de duração, conseguiram enxugar para 2 h e 20 min. Não dá para abordar a relação com A, B ou C", revelou Carmelo em uma rede social.



O herdeiro musical de Tim Maia se mostrou ainda mais sincero em entrevista ao jornal EXTRA, confessando que usou um ensinamento do pai para escolher quais personalidades seriam homenageadas no longa. "Preciso seguir o que o meu pai pediu em vida: processou ele, está fora. O filme é do Tim Maia, e não de quem fez parte da vida dele. Quem quiser aparecer faça o seu próprio filme." admitiu Carmelo. No meio destas polêmicas, porém, o fato é que o diretor Mauro Lima demonstra grande cuidado ao traçar este panorama sobre o virtuosismo musical do período. Enquanto alguns cantores são apenas citados, como os casos de Caetano Veloso, Agnaldo Timóteo, Jorge Ben e Ronnie Von, outros ganham importância na trama, sendo destacados em momentos bem particulares desta cinebiografia. De Roberto Carlos à Rita Lee, confira abaixo algumas das personalidades recriadas no longa, os seus interpretes e as diferenças físicas da vida real para a ficção. 

- Tim Maia (Robson Rodrigues)


Na primeira metade do longa, cabe a Robson Rodrigues a missão de dar vida a fase menos conhecida do cantor. Desde sua adolescência pobre na Tijuca, passando pela sua viagem aos EUA, e chegando a tentativa de reencontrar Roberto Carlos para emplacar um sucesso, as fases de "vacas magras" de Tim Maia são muito bem reproduzidas pelo ator.

- Tim Maia (Babu Santana)


Já Babu Santana fica com a missão mais complicada: reproduzir a fase mais icônica de Tim Maia. Conseguindo capturar os principais trejeitos, as gírias e o temperamento explosivo do cantor, Babu - em muitos momentos - deixa a impressão que estamos vendo novamente o "síndico". Explorando todas as nuances da carreira de Tim, Babu demonstra equilíbrio não só nos momentos mais bem humorados, como também nas fases mais dramáticas. 

- Roberto Carlos (George Sauma)


Amigo pessoal de Tim desde os tempos de Tijuca, os dois formaram juntos a banda The Sputniks. Após algumas apresentações no Clube do Rock, um programa da TV Tupi, Roberto e Tim acabaram seguindo carreiras opostas. Enquanto Roberto Carlos se tornou um astro da Jovem Guarda, Tim Maia voltou a estaca zero com o término deste programa. Anos mais tarde, no entanto, Roberto gravou o sucesso Não Vou Ficar, de autoria de Tim Maia, e acabou abrindo espaço para ele brilhar em sua carreira solo. Segundo o diretor Mauro Lima, Roberto Carlos leu e aprovou o roteiro do longa. Nas mãos de Sauma, aliás, Roberto é apresentado como um vaidoso cantor, quase esnobe, num relato bem humorado sobre este ícone da Jovem Guarda.

- Erasmo Carlos (Tito Naville)


Amigo de infância de Tim Maia, Erasmo aparece em diversos momentos da cinebiografia. Por mais que a relação dos dois não seja tão aprofundada no longa, o tremendão tinha um grande vínculo com Tim, relatado com  humor na biografia Minha Fama de Mau, escrita pelo próprio Erasmo Carlos.

- Fábio (Cauã Reymond)


Cantor de sucesso na segunda metade da década de 1960, o paraguaio Fábio é um dos personagens mais presentes do filme. Amigo pessoal do "síndico", ele foi um dos únicos a dar verdadeira atenção a carreira musical de Tim Maia, ajudando em sua fase mais complicada. No longa, Fábio é apresentado como o grande parceiro de Tim, e um dos poucos que conseguiam resistir ao temperamento radical deste gênio da música soul. É através dos relatos de Fábio\Cauã Reymond que, aliás, vamos conhecendo pouco a pouco a vida de Tim Maia.

- Carlos Imperial (Luis Lobianco)


Um dos grandes promotores da música brasileira, Carlos Imperial traz no currículo o lançamento de nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tim Maia, Elis Regina, Wilson Simonal e Clara Nunes. Através de seus programas no rádio e na TV, incluindo ai "O Clube do Rock", "O Bom" e "Alô Brasil, Aquele Abraço". Além disto, eles se destacou também como compositor, incluindo sucessos como "O bom", "Mamãe passou açúcar em mim" e "A Praça". Vivido pelo humorista Luis Lobianco, o longa mostra bem a personalidade deste homem do show business brasileiro, destacando a sua paixão pela música e o seu espírito empreendedor.

- Nara Leão (Malu Magalhães)


Considerada a musa da Bossa Nova, Nara Leão é retratada com grande sensibilidade na cinebiografia de Tim Maia. Numa cena bem divertida, o diretor Mauro Lima mostra a cantora Malu Magalhães interpretando uma das canções de Nara. Uma forma extremamente interessante de se mostrar o crescimento da Bossa Nova, um dos gêneros brasileiros mais populares em todo mundo.

- Rita Lee (Renata Guida)


Um dos maiores ícones femininos da música brasileira, Rita Lee tem uma participação realmente divertida na película. Com uma reconhecida personalidade transgressora, Rita aparece rapidamente ao lado de Tim Maia num dos momentos mais hilários do longa. Uma cena digna de toda personalidade desta grande cantora. 

3 comentários:

Anônimo disse...

É um filme bom. Talvez caia nos mesmos clichês que toda cinebiografia de cantor cai, mas mesmo assim o filme se segura graças ás interpretações incríveis.

http://filme-do-dia.blogspot.com.br/

thicarvalho disse...

Concordo quanto às interpretações Kahlil. Agora, não vi tantos clichês do gênero assim. Pelo contrário, gostei muito da ousadia dos realizadores ao fugir do lugar comum em muitos momentos. Valeu pela visita e parabéns também pelo seu blog. Muito legal a iniciativa.

Unknown disse...

Por mais que fosse necessário abreviar alguns fatos, acho incabível sequer citarem Cassiano e Hyldon