Como é bom ver quatro "gigantes" do cinema - apenas -
se divertindo em cena
Juntar Morgam Freeman, Robert De Niro, Michael Douglas e Kevin
Kline em um mesmo filme, por si só, já torna Última Viagem a Vegas
um trabalho diferenciado. Afinal, os seis Oscars conquistados pelo
quarteto trazem um peso maior ao longa, e vê-los
"brincando" de atuar em uma despretensiosa comédia é um capítulo à parte. Felizmente, no entanto, o filme não se resume
ao carisma desses quatro astros do cinema. Dirigido por Jon
Turteltaub, dos divertidos Jamaica Abaixo de Zero e A Lenda do
Tesouro Perdido, a comédia recicla boas fórmulas utilizadas dentro do gênero. Apresentando uma mistura de Se beber
Não Case com Antes de Partir, ainda que a trama soe clichê, o longa
consegue equilibrar de forma eficiente a comédia e o drama,
trabalhando na medida certa com o clima nostálgico. Diferente do que
muitos esperavam, porém, o filme não se resume a exaltação da
terceira idade, mas sim, de maneira geral, uma ode a capacidade de seguir aproveitando a vida.
Roteirizado por Dan Fogelman, do ótimo Amor a Toda Prova, a
grande sacada do longa é explorar as principais características que
marcaram a carreira desses atores. Robert De Niro então é o
ranzinza mais durão, Freeman o mais afetuoso, Kline o excêntrico e
Douglas, como não podia deixar de ser, o mulherengo vaidoso. Essa
opção da trama, além de ser bem explorada em alguns momentos do
longa, acaba deixando a sensação de que os astros estão a vontade,
apenas se divertindo em cena. Última Viagem à Vegas narra a história do quarteto
Billy (Michael Douglas), Paddy (Robert De Niro), Archie (Morgam
Freeman) e Sam (Kevin Kline), amigos desde a década de 1960. Ao lado
da jovem Sophie (Olivia Stuck), eles acabaram desenvolvendo uma forte
ligação, incluindo um juvenil triangulo amoroso envolvendo Billy,
Sophie e Paddy. Apesar de nunca deixarem de manter um contato, os anos vão se passando e eles acabam se separando.
50 anos se passam. Billy se torna um executivo bem sucedido, Paddy,
um viúvo ranzinza, Archie, um homem de saúde frágil, e Sam, um
entediado frustrado com sua rotina. Tudo muda, no entanto, quando
Billy resolve finalmente casar. O detalhe: com uma mulher trinta e
cinco anos mais nova. É ai que o quarteto resolve se reunir mais uma
vez, para curtir, talvez, a última grande despedida de solteiro de
suas vidas.
Apesar de, aparentemente, a trama privilegiar a comédia, Última
Viagem a Vegas acaba nos surpreendendo com bons toques de drama.
Principalmente envolvendo o passado de Paddy, Billy e Sophie. Lições
de moral a parte, Fogelman lida muito bem com o relacionamento entre
eles, e os seus consequente problemas, sem pesar a mão dentro desta
parte dramática. O curioso é que apesar dessa parte dramática
girar em torno de Douglas e De Niro, o que mais acabou me agradando
foi o desenvolvimento do personagem de Kevin Kline, o grande destaque
do filme tanto na comédia, como também nesses momentos mais
suaves. Vale destacar, porém, é que em nenhum momento
esses quatro grandes nomes do cinema parecem estar no piloto
automático. Apesar dos personagens simples, e da trama também não
apresentar nada de muito novo, os quatro mostram grande química e
carisma em cena, conseguindo até mesmo emocionar nas raras cenas
verdadeiramente densas. É, no entanto, na comédia que o filme se
encontra, principalmente quando coloca os quatro em situações fora
do comum. Realmente funciona ver o quarteto em um concurso de
biquínis, reclamando de dores ou na fila de uma boate. Esses
contrastes são extremamente divertidos, e bem explorados por
Turteltautb.
Uma espécie de Se Beber, Não Case geriátrico, Última Viagem a
Vegas é uma diversão despretensiosa, que acaba surpreendendo ao não só explorar o talento de Robert De Niro e sua turma. Em uma
época onde os astros de ação estão se reunindo (Os Mercenários),
os astros da comédia também (É o Fim), já era tempo de grandes
nomes do cinema começarem a explorar esse mercado. Melhor. Ao longo
de uma hora e meia de projeção, somos brindados com quatros grandes
nomes do cinema se divertindo em cena, como se estivessem realmente
em um baita fim de semana.
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