Trazendo no elenco um dos meus atores prediletos, o argentino Ricardo Darin, o drama Kamchatka é um daqueles longas que não podem passar despercebidos. Destacando com extremo cuidado e sensibilidade o período do regime militar na Argentina, a obra dirigida por Marcelo Pineyro escolhe o ponto de vista infantil ao narrar a história de uma família perseguida por suas convicções politicas. Apostando em uma trama repleta de bem construídas metáforas, o diretor encontra na inocência a forma mais impactante para destacar as mazelas deste complicado período em todo o continente sul-americano. Até porque, dentro deste mesmo contexto, muitas famílias brasileiras viveram situações semelhantes as narradas em Kamchatka.
O ano era 1976. O regime militar tomava conta da Argentina e estava iniciada a perseguição aos seus opositores. Entre eles o casal vivido por Ricardo Darin e Cecilia Roth, personagens sem nome, que tiveram de abandonar seus empregos, sua família e seus amigos para se mudarem para uma casa do interior. Sem saber o porque de tudo isso, o pequeno Harry (Matías Del Pozo) reluta ao deixar a sua escola e seus amigos. Ao lado do seu pequeno irmão Simão (Milton De La Canal), Harry acaba se encantando com a enorme casa e - principalmente - pelo tempo maior ao lado dos pais. Fã de filmes de ficção e de revistas em quadrinhos, o jovem acaba encontrando na casa um livro sobre o mágico Houndini. Empolgado com a história por trás da vida do ilusionistas, Harry começa a tentar encarar essa "nova" rotina sob uma perspectiva positiva. Tudo muda com a chegada de Lucas, um rapaz de passado nebuloso que também busca refúgio no sítio. Demonstrando um certo ciúme com a presença do rapaz, Harry volta a lamentar a falta dos seus amigos e da sua casa. Desta relação complicada, porém, nasce um forte laço de amizade, que só une ainda mais toda a sua família.
O ano era 1976. O regime militar tomava conta da Argentina e estava iniciada a perseguição aos seus opositores. Entre eles o casal vivido por Ricardo Darin e Cecilia Roth, personagens sem nome, que tiveram de abandonar seus empregos, sua família e seus amigos para se mudarem para uma casa do interior. Sem saber o porque de tudo isso, o pequeno Harry (Matías Del Pozo) reluta ao deixar a sua escola e seus amigos. Ao lado do seu pequeno irmão Simão (Milton De La Canal), Harry acaba se encantando com a enorme casa e - principalmente - pelo tempo maior ao lado dos pais. Fã de filmes de ficção e de revistas em quadrinhos, o jovem acaba encontrando na casa um livro sobre o mágico Houndini. Empolgado com a história por trás da vida do ilusionistas, Harry começa a tentar encarar essa "nova" rotina sob uma perspectiva positiva. Tudo muda com a chegada de Lucas, um rapaz de passado nebuloso que também busca refúgio no sítio. Demonstrando um certo ciúme com a presença do rapaz, Harry volta a lamentar a falta dos seus amigos e da sua casa. Desta relação complicada, porém, nasce um forte laço de amizade, que só une ainda mais toda a sua família.
Com roteiro assinado pelo próprio Marcelo Pineyro, apesar da aparência inocente, a trama é repleta de senso politico. Através de criativas metáforas, o roteiro é extremamente feliz ao mostrar esse período sob o olhar de uma criança. Um jovem de apenas dez anos que encontra em Houndini - um ilusionista famoso por escapar das situações mais improváveis - a forma para se isolar de seus medos, dúvidas e preocupações. A melhor das metáforas, porém, fica pelo passatempo preferido do pequeno Harry: o jogo de tabuleiro War. Curiosamente, um brinquedo que tem como objetivo a conquista de territórios, sendo um deles, o que dá nome ao longa. Na verdade, Pineyro tem a genial sacada de acompanhar todo o processo de amadurecimento do jovem Harry, em meio aos episódios vividos por sua família, sempre o associando ao jogo de tabuleiro. Com destaque para a grande mensagem final do longa, extremamente condizente com àqueles que brigam pela liberdade.
Se concentrando na relação entre país e filhos, com direito as grandes atuações do casal Ricardo Darin e Cecilia Roth, o grande destaque do longa acaba sendo o pequeno Matías Del Pozo. Com uma interpretação marcada pela inocência, o carismático jovem mostra grande química com Darin, roubando a cena em boa parte do filme. A relação dele com o avô, vivido pelo grande Héctor Alterio, também é muito bem desenvolvida, mesmo em poucas cenas. Melhor, no entanto, é a estética criada pelo diretor. Apesar da fotografia iluminada e do cenário bucólico, Marcelo Pineyro mostra perícia ao explorar os contrastes em torno da trama, evidenciando sempre que preciso a hostilidade em torno deste ambiente. Com um roteiro que cresce gradativamente, acompanhando o sofrimento desta amistosa família, o desfecho impactante mostra o quão destrutivo foi o regime militar para milhares e milhares de pessoas no nosso continente. E esse, aliás, é o grande mérito de Kamchatka. Apesar da abordagem sob uma perspectiva infantil, o longa demonstra grande maturidade ao desenvolver o tema, não omitindo do espectador a realidade por trás deste período. Fica a dica!
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