domingo, 10 de junho de 2018

The Breadwinner, Em Busca do Vale Encantado e os pequenos grandes longas de animação que não merecem cair no esquecimento


Disney, Dreamworks, Pixar, Illumination, Ghibli... Competir com estas gigantes da animação não é uma missão nada fácil. Num mercado cada vez mais concorrido, algumas pequenas produções parecem se perder em meio aos grandes blockbuster. Ora e vez, entretanto, eventos como o Oscar e o Globo de Ouro nos lembram que existe vida inteligente fora deste imponente grupo. Um dos grandes destaques da última temporada de premiações, The Breadwinner (A Ganha-Pão no Brasil) é o tipo de produção que, por exemplo, de maneira alguma deveria ficar à margem do radar do grande público. Num retrato desolador sobre a realidade das mulheres em solo afegão, o longa dirigido pela irlandesa Nora Twomey provoca um misto de emoções ao expor uma rotina frequentemente esnobada pelo público ocidental, se insurgindo contra os pré-conceitos ao escancarar a política do medo estabelecida pelo regime talibã. Um filme indispensável que, após passar em branco circuito brasileiro, ganhou uma preciosa segunda chance ao entrar para o catálogo da Netflix. Assim como The Breadwinner, entretanto, outras excelentes produções do gênero não ganharam o status merecido junto ao grande público. Neste artigo, portanto, eu trago uma lista com dez pequenas grandes animações que não merecem cair no esquecimento. 


- Em Busca do Vale Encantado (1988)


E para começar nada melhor do que um clássico subestimado. Um filme que completa 30 anos em 2018. Antes de Jurassic Park (1994) transformar os dinossauros numa coqueluche pop, de O Rei Leão (1994) mostrar para a criançada o quão duro poderia ser o ciclo da vida, Em Busca do Vale Encantado se tornou referência para uma geração ao mostrar a luta pela sobrevivência no reino animal sob uma perspectiva lúdica e ao mesmo tempo realística. Sob as asas da dupla George Lucas e Steven Spielberg, o diretor Don Bluth flertou com elementos do cinema documental ao narrar a jornada de Little Foot, um dinossauro pescoçudo que, após uma trágica perda, se vê obrigado a guiar um grupo de filhotes até um oásis seguro e rico em comida. Com uma pegada quase melancólica, que viria a se refletir mais tarde nas melhores produções do gênero (a Pixar não me deixa mentir), o realizador nos brindou com uma comovente história de amizade, um filme capaz de mostrar para a criançada os obstáculos impostos pelo mundo real. Apesar do viés fabulesco, o argumento é criativo ao tornar as desventuras dos cativantes personagens o mais verossímeis possíveis, refletindo sobre temas como o ciclo da vida e a cadeia alimentar sob uma perspectiva quase científica. Sem querer revelar muito, Bluth é particularmente cuidadoso ao construir o denso arco do protagonista, trazendo a tristeza para o universo das animações de maneira mais sólida e persistente. E isso, obviamente, sem sacrificar o senso de diversão. A partir de adoráveis personagens, entre eles a teimosa Saura, a carinhosa Patasaura, o medroso Petrúcio e o guloso Espora, o realizador constrói uma aventura digna dos melhores exemplares do gênero, uma obra com um forte senso de perigo e um ambiente naturalmente ameaçador. Somado a isso, Bluth investe pesado na qualidade da animação, o que fica claro na construção dos gigantescos cenários e na maneira com que o longa explora os elementos naturais. Apesar da aparência infantilizada dos protagonistas, ele preza pelo realismo ao construir os embates entre os dinossauros, a deterioração da natureza, a presença de fenômenos como os terremotos, as erupções vulcânicas e as grandes tempestades, realçando a instabilidade do planeta Terra naquele período numa proporção bem próxima aos fatos. Em suma, antes da retomada do gênero na década de 1990, Em Busca do Vale Encantado resgatou a força do cinema de animação numa obra singela e universal. Um filme que, apesar sucesso comercial nos EUA, é frequentemente esnobado da lista dos principais títulos do segmento, se tornando uma franquia mais voltada ao mercado 'home-vídeo'. Um longa que merece ser redescoberto.

- O Mágico (2010)


Uma espécie de Luzes da Ribalta (1952) da animação, O Mágico causa um misto de emoções ao revelar o impacto da decadência na alma de um artista. Conduzido com refinamento por Sylvain Chomet, o mesmo do vigoroso As Bicicletas de Beleville (2003), o longa finca os dois pés na realidade ao narrar a jornada de um mágico a mercê das mudanças culturais. Numa proposta artisticamente rica, o realizador francês é incisivo ao construir uma história de amizade guiada por temas como a solidão, a melancolia e a esperança. Embora o humor pontue a trama com inteligência e leveza, Chomet nos brinda com um drama adulto e envolvente, um filme praticamente sem diálogos em acompanhamos a última tentativa de um homem de sobreviver da sua arte. Fazendo um magnífico uso dos planos médios e abertos, o diretor se distancia propositalmente da expressão dos seus personagens para situa-los aos olhos do público, para evidenciar a sua vulnerabilidade num cenário em que o vaudeville era gradativamente substituído pelos concertos de rock, os shows de música e as máquinas eletrônicas. Com delicadeza, Chomet é honesto ao retratar a tristeza por trás dos seus personagens, ao enxergar não só a resiliência e a ponta de otimismo, como também a degradação e a dor. O sopro de energia do longa reside na ingênua Alice, uma garota esforçada e sonhadora que enxerga no mágico a possibilidade de deixar o seu pacato vilarejo. Numa mútua relação de companheirismo, enquanto ela o inspira a seguir buscando novas oportunidades, a dar voz ao seu bondoso lado paterno, ele o apresenta a vida na grande cidade, aos vestidos, a cultura e as inúmeras possibilidades até então inexploradas pela jovem. Deste crescente elo nasce um arco denso e fraterno, uma história de transformação que só um homem mágico poderia tirar da sua cartola. Além disso, nas entrelinhas, Chomet é crítico ao lamentar o rumo da arte, da criatividade individual, questionando a pasteurização (o rock surge como o símbolo deste monopólio) cultural ao refletir sobre a face mais predatória do showbiz. Uma elegante e esteticamente encantadora, O Mágico é uma animação para adultos, um filme sóbrio e profundo sobre duas almas em busca dos seus sonhos.

- Shaun, O Carneiro (2015)


O último pequeno grande trabalho do estúdio Aardman, o mesmo dos aclamados A Fuga das Galinhas (2000) e Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais (2005), Shaun, o Carneiro - O Filme ousa ao dar contornos elaborados a uma singela premissa familiar. Capturando com brilhantismo a essência narrativa do cinema mudo, a adorável animação dirigida por Richard Starzak e Mark Burton abre mão dos diálogos ao privilegiar a expressividade dos seus carismáticos personagens, comprovando ser capaz de comover e arrancar honestas risadas mesmo sem o auxílio das palavras. Fiel à técnica do stop motion, um recurso extremamente artesanal que se tornou a marca desta empresa britânica, o longa se distancia das soluções mais convencionais ao pintar uma aventura descompromissada e naturalmente divertida. Uma despretensiosa pérola da animação, potencializada pelo humor universal, pelo fantástico apuro visual e pela cativante atmosfera lúdica. E que personagens cativantes!

- Festa no Céu (2014)


Após quase quinze anos de produção, o diretor Jorge R. Gutierrez faz de Festa no Céu uma ode ao vasto folclore mexicano. E isso antes do hit Viva: A Vida é uma Festa. Apostando num tom extremamente lúdico, destacado pelo fantástico e bem característico aspecto visual, o longa produzido por Guillermo Del Toro encanta ao universalizar uma história de amor, morte e companheirismo. Explorando com grande inspiração os traços mais marcantes da religiosidade desta região, potencializada por uma trama que não se preocupa somente com o lado comercial, a animação opta por exaltar a vida através do tão tradicional Dia dos Mortos. Com uma narrativa cheia de ritmo, pontuada pelo humor simples, o roteiro desenvolve com destreza não só as noções religiosas, com uma série de nítidas referências ao catolicismo, mas também as raízes culturais do povo mexicano. Trabalhando muito bem com as influências paternais, típica dos países latinos, esta fábula sobrenatural apresenta personagens elaborados, que fogem dos clichês e rótulos do gênero. Ainda que no clímax o longa se renda a figura do típico vilão, principalmente nas empolgantes sequências de ação, os personagens se mostram multidimensionais, com uma série de facetas e dilemas. Evitando se prender ao embate entre os amigos Manolo e Joaquim, até porque Maria está longe de ser a típica donzela indefesa, o argumento evidencia a força dos personagens através de bordões revolucionários e da característica atmosfera contestadora do povo mexicano. Como se não bastasse isso, além das tocantes lições de amizade e companheirismo, o longa aposta num bem-vindo tom pacifista, fortalecido pela tolerante relação entre os personagens e pela importante crítica ao universo das touradas. Uma opção que, na verdade, traz para o terreno mais crítico essa bela mensagem pela vida, seja ela após a morte ou entre os vivos. Misturando o melhor da animação tradicional e das correntes mais inovadoras, Festa no Céu se revela uma produção singela e ao mesmo tempo empolgante. Prova disso é que em meio aos envolventes números musicais, com direito a canções originais e a versões mais latinas de clássicos como Creep (Radiohead), os traços estilizados e a temática sobrenatural dão a animação uma atmosfera revigorante, com a cara do “padrinho” Del Toro.


- Kubo e as Cordas Mágicas (2016)


Do visionário estúdio Laika, o mesmo dos excepcionais A Noiva Cadáver (2005) e Coraline (2009), Kubo e as Cordas Mágicas é uma fábula comovente e esteticamente exuberante que fascina por sua inesperada densidade. Por trás da típica jornada do herói, o longa dirigido por Travis Knight esconde uma poderosa mensagem de amadurecimento, um argumento capaz de lidar com temas como a morte, a dor da perda, a fé e a responsabilidade precoce sob um ponto de vista lúdico e universal. Sem nunca subestimar a inteligência do espectador, o longa faz um excelente uso da rica cultura japonesa ao investir numa trama aventureira, mas recheada de simbolismos, permitindo que adultos e crianças possam criar uma sincera conexão com o pequeno Kubo. E como se isso não fosse o bastante, Knight nos presenteia com uma das animações mais belas e engenhosas deste respeitado estúdio, um trabalho mágico e imponente que faz jus às mais elogiadas produções do aclamado e nipônico Hayao Miyazaki. Um longa intenso, com um subtexto realístico, que encanta não só pelo seu impressionante virtuosismo estético, como também pela delicadeza com que transita por temas tão densos e universais.

- A Canção do Mar (2014)


Um genuíno representante do gênero Fantasia, A Canção do Mar encanta ao encontrar na riquíssima mitologia irlandesa o ‘background’ necessário para a construção de uma fábula humana e indiscutivelmente realística. Sob a lúdica batuta de Tom Moore, do igualmente elogiável Uma Viagem ao Mundo das Fábulas (2009), o longa resgata o frescor dos maiores clássicos infantis ao narrar a jornada de amadurecimento de um esperto garoto e a sua silenciosa irmã após uma dolorosa perda. Embora num primeiro momento o argumento não sugira nada tão profundo assim, à medida que a trama avança nos deparamos com uma verdadeira ode ao valor dos sentimentos humanos. Sejam eles os alegres, ou então os tristes. Transitando delicadamente por temas como o luto, a depressão e a ausência paterna, Moore é astuto ao criar um inventivo paralelo entre a fantasia e a realidade, entre os problemas do pequeno Ben e a parábola mitológica envolvendo fadas, seres poderosos e petrificantes maldições. Numa obra com inúmeras camadas, é necessário elogiar o esmero do longa em buscar um diálogo honesto tanto com a criançada (o seu público alvo), quanto com os adultos de plantão. Na sua face mais infantil, A Canção do Mar se revela uma aventura envolvente, um filme com personagens cativantes, expressivos traços arredondados, cores vibrantes, humor ingênuo e uma cativante construção de mundo. Já na fascinante camada mais madura, Moore brilha ao traduzir os efeitos da depressão dentro de um contexto lúdico, refletindo sobre a maneira com que lidamos com as nossas emoções ao se insurgir contra a repressão, contra o desdém quanto aos nossos medos, desilusões e os conflitos mais íntimos. Para o realizador, sentir é viver. Uma mensagem que, um ano depois, viria a ganhar um contexto mais psicanalítico no extraordinária Divertida Mente (2015). Com sequências arrepiantes, uma magnífica trilha sonora e um sólido subtexto, A Canção do Mar é uma preciosa pérola da animação, um conto fabulesco que, inspirado por títulos do quilate de O Mágico de Oz (1939), História Sem Fim (1984) e A Viagem de Chiriro (2001), emociona ao permitir que realidade e inocência caminhem de mãos dadas numa obra singela e reflexiva.


- Persepolis (2007)


Inspirado numa história real, Persépolis nos brinda com um relato particular sobre as transformações sociais, culturais e políticas do Irã durante as décadas de 1970 e 1980. Sob o contestador ponto de vista autobiográfico da precoce Marjane Satrapi, autora dos quadrinhos que inspiraram o filme e codiretora da animação, o longa também assinado por Vincent Paronnaud é cuidadoso ao revelar o impacto do fundamentalismo religioso na rotina de uma menina iraniana e da sua instruída família. Consciente da sua responsabilidade, a magnética animação é inteligente ao encontrar um sólido meio termo entre o aspecto micro e o aspecto macro do tema, expondo a realidade por trás deste período sob a perspectiva de uma jovem à procura da sua identidade. Quando o assunto é o pano de fundo político, Satrapi e Paronnaud são contundentes ao expor as sequelas da guerra, a dor, a violência, a repressão e a crescente onda fundamentalista. Fazendo um extraordinário uso dos contrastes entre as cores preta, branca e cinza, a dupla de realizadores nos brinda com sequências poderosas, a maioria delas ressaltando a deterioração física e emocional imposta pelo conflito. O uso do contraluz, em especial, é soberbo, resgatando o aspecto “chapado” das HQ’s graças a inspirada maneira com que os diretores destacam a silhueta e\ou a expressão dos personagens do fundo do quadro. Por mais que o ponto de vista de Marjane possa soar um tanto quanto inocente em muitos momentos, é legal ver como a dupla valoriza o idealismo dos protagonistas sem sacrificar a ordem dos fatos. O que era para se tornar um movimento de libertação, se torna um regime ainda mais repressor, e as consequências desta metamorfose são brilhantemente desenvolvidas ao longo da trama. A força de Persépolis, porém, está no cuidado do roteiro ao traduzir a jornada de Marjane diante deste novo regime. Transitando com energia entre a comédia e o drama, a película acerta ao trata-la como uma garota comum, que cresceu num cenário liberal, realçando a sua resiliência, rebeldia e o seu idealismo enquanto estabelece o cenário sombrio nascer a sua volta. Marjane é uma garota\mulher moderna, cosmopolita, com anseios e frustrações reconhecíveis. Através do seu olhar, os diretores se esforçam para mostrar um Irã esquecido pelo Ocidente, se insurgindo contra o rótulo retrogrado ao escancarar a triste realidade um povo que teve a sua liberdade tomada arbitrariamente. Com uma forte carga familiar, Persépolis é incisivo ao mostrar as sequelas da guerra sob um prisma universal, refletindo sobre as diferenças entre o passado e o presente iraniano com a propriedade de alguém que experimentou os “efeitos” da revolução na “melhor fase da sua vida”.

- O Menino e o Mundo (2016)


Dialogando com assuntos sérios e espinhosos, O Menino e o Mundo é profundo ao abordar - dentre outras coisas - as consequências do êxodo rural na rotina de uma pacata família do interior. Apesar da aparência simples, potencializada pelos traços surreais e infantis, o longa dirigido por Alê Abreu passeia com sutileza por alguns dos mais nocivos problemas enfrentados pela sociedade brasileira. Através de um ponto de vista doce e inocente, o argumento levanta uma poderosa bandeira contra a industrialização, a desigualdade social e a opressão do governo, escancarando temas como a violência, a poluição, o desemprego, a solidão e até mesmo a morte nos grandes centros urbanos. Merecedor dos melhores elogios no que diz respeito a esperta narrativa, a película encanta ao introduzir o mundo de cores desbravado pelo jovem protagonista. Num trabalho incrivelmente autoral, Abreu aposta num artesanal traço infantil, principalmente na concepção das paisagens e do cativante personagem principal. Desde a fantástica primeira sequência, quando a bucólica aldeia é gradativamente desenhada diante do espectador, somos convidados a assistir um trabalho original e naturalmente expressivo. Para compor algumas das cenas, por exemplo, o diretor e a equipe de animadores resolveu utilizar recortes de revistas e jornais, incrementando elementos simples com as casas, os carros e os edifícios. À medida que o menino entra em contato com a cidade grande, chama a atenção também a maneira criativa com que o realizador reproduz os perigos do modo de vida urbano, atribuindo uma aura sinistra às máquinas e a figuras como os militares e os patrões. Ainda que o ritmo do longa possa causar um estranhamento inicial no espectador mais desavisado, O Menino e o Mundo eleva o patamar da animação brasileira ao conseguir uma inesperada e absolutamente merecida indicação ao Oscar 2016. Uma produção que nos enche de orgulho ao propor, sob um ponto de vista sensível e curioso, um relato contemporâneo sobre a degradação do cada vez mais acelerado modo de vida urbano.


- Minha Vida de Abobrinha (2017)


Suicídio, alcoolismo, abuso infantil, dependência química, divórcio. É difícil, bem difícil, ver uma animação voltada ao público infantil transitar por temas tão espinhosos. E isso dentro de um contexto terno e cativante. Recheado de personagens marcantes e arcos realísticos, Minha Vida de Abobrinha encanta ao mostrar a jornada de um grupo de crianças que, ainda na infância, precisaram enfrentar a face mais cruel do mundo “real”. Inspirado na obra de Gilles Paris, o longa dirigido pela dupla Claude Barras e Michael Sinterniklaas não foge da raia ao se debruçar sobre questões densas com inocência e uma rara dose de delicadeza. Apesar do viés lúdico sugerir uma atmosfera infantilizada, a dupla de realizadores é cuidadosa ao buscar um diálogo honesto com as crianças, optando por os tratar como iguais ao mostrar que a vida (infelizmente) não é feita de brincadeiras e da felicidade plena. Por mais que algumas questões se tornem mais nítidas aos olhos do público adulto, Barras e Sinterniklaas conseguem entregar uma obra acessível para a criançada mesmo com temas delicadíssimos, principalmente pela maneira com que desenvolve a jornada do simpático Abobrinha e a sua relação com um grupo de órfãos após uma traumática experiência. Fazendo um magnífico uso da técnica do stop-motion, os personagens são expressivos, os cenários são cativantes, o viés colorido surge como um bem-vindo respiro, o longa revigora à medida que trata a amizade e os bons tratos como um elemento decisivo na recuperação das crianças. Pouco a pouco os pesados dilemas dos protagonistas são colocados em segundo plano, perdendo força diante do crescente e sincero vínculo afetivo entre os órfãos. No final das contas, Minha Vida de Abobrinha se revela então um precoce ‘coming of age movie’, um filme ora triste, ora inspirador, sobre um grupo de crianças resilientes capaz de extrair do companheirismo a força necessária para superar os seus respectivos traumas.

- Paranorman (2012)


Indicado ao Oscar de Melhor longa animado, ParaNorman se tornou uma das grandes surpresas do ano de 2012. Convidando o espectador a uma daquelas divertidas jornadas, o longa dirigido por Chris Butler e Sam Fell apresentou uma brilhante mistura de terror e aventura, fazendo referência a uma série de clássicos do cinema de Horror. Na trama, acompanhamos o jovem Norman, um garoto de 11 anos que tem o dom de ver e falar com os mortos. Levando uma vida aparentemente normal no colégio, ele vê a sua rotina mudar quando um dos seus tios revela que uma velha maldição está próxima de atingir a cidade e que só o garoto poderia livrar todos os habitantes da região. Através de traços criativos e personagens particulares, ParaNorman é tecnicamente um dos trabalhos mais bem resolvidos desta lista, sendo lançando, inclusive, em 3-D. Toda a sequência final, aliás, é digna de aplausos. 

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