segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Moonlight: Sob a Luz do Luar é o grande vencedor dos Oscar 2017


Com direito a reviravolta nos minutos finais, Moonlight: Sob a Luz do Luar foi consagrado como o grande vencedor do Oscar 2017. Dirigido por Barry Jenkins, o poético drama levou não só a estatueta de Melhor Filme, como também as de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante. A confusão, porém, aconteceu durante a entrega do prêmio máximo da noite. Numa trapalhada da organização, os apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway receberam o envelope da categoria referente ao prêmio de Melhor Atriz, vencido por Emma Stone, e anunciaram La La Land: Cantando Estações como o vitorioso. Após quase dois minutos de agradecimento, o produtor Jordan Horowitz percebeu o erro e confirmou a vitória de Moonlight, para constrangimento dos presentes no palco e euforia dos antes "derrotados". Assista abaixo.



O musical, porém, não saiu de mãos abanando. Longe disso. Estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone, o longa comprovou o seu status ao faturar seis estatuetas, entre elas as de Melhor Direção, Melhor Atriz e Melhor Trilha Sonora Original. Com apenas 32 anos, aliás, Damien Chazelle se tornou o realizador mais jovem ao levar o prêmio de Melhor Diretor. Ainda nas categorias individuais, enquanto Casey Affleck contrariou as expectativas ao levar o Oscar de Melhor Ator por seu introspectivo trabalho em Manchester à Beira-Mar, Stone confirmou o seu favoritismo ao ganhar o prêmio de Melhor Atriz pelo seu revigorante trabalho.


Uma das grandes surpresas da desastrada noite, entretanto, ficou com o "detonado" Esquadrão Suicida. Questionado por público e crítica, o longa faturou o Oscar de Melhor Maquiagem, uma vitória inesperada, mas justa, já que esteticamente o filme tem inúmeros predicados. Já entre as apostas certas, enquanto o carismático Mahershala Ali comprovou o seu favoritismo ao levar o (merecido) Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Moonlight: Sob a Luz do Luar, a excelente Viola Davis abocanhou o prêmio pela sua devotada atuação no drama Um Limite Entre Nós. Por fim, no momento mais político da noite, o diretor iraniano Asghar Farhadi não foi receber o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro pelo seu trabalho em O Apartamento. Num discurso lido pela escolhida por ele para aceitar a estatueta, a engenheira Anousheh Ansar, o realizador se disse contrário as ofensivas políticas internacionais norte-americanas e saiu em defesa dos imigrantes. Quem também quebrou o protocolo, aliás, foi o ator mexicano Gael Garcia Bernal que, durante o discurso ao prêmio de Melhor Animação, também se posicionou contra as palavras do presidente Donald Trump. Já a Academia se manifestou sutilmente, dando voz aos realizadores estrangeiros, incluindo os brasileiros Lazaro Ramos e Seu Jorge, num vídeo relevante recheado de depoimentos sobre a história do cinema americano. Leveza que, aliás, se refletiu na afiada presença de Jimmy Kimmel, completamente à vontade na função de apresentador. O 'host', inclusive, "tirou o elefante da sala" após a confusão, riu de Warren Beatty e amenizou a situação ao prometer nunca mais voltar a premiação.


Num ano marcado pelo elevado nível das produções e pela diversidade étnica, a Academia priorizou o contexto social em detrimento do entretenimento. Uma decisão justa. Desde a polêmica racial em torno do #Oscarsowhite, o público, a crítica e grande parte da indústria se insurgiu contra esta "pasteurização" étnica, contra a falta de pluralidade dentro da premiação, culminando numa bem vinda atualização envolvendo a lista dos membros votantes. Seria um enorme pecado, entretanto, afirmar que Moonlight só levou o prêmio de Melhor Filme em função deste clamor popular ou do pano fundo sócio-político aflorado pela eleição de Donald Trump. Embora a tentativa de se criar uma espécie de rivalidade com La La Land seja absurda, um descabido dualismo incentivado por uma interpretação rasa dos dois filmes, o fato é que o longa de Barry Jenkins era o único que podia bater o musical. E isso, verdade seja dita, se deve a maneira sensível com que o talentoso realizador extrai a poesia por trás do realismo, da dolorosa rotina dos marginalizados. Neste sentido, inclusive, é possível enxergar um paralelo entre as duas obras. Enquanto o romance realça o aspecto mais mundano de um gênero tipicamente escapista, o drama racial valoriza os lirismo em torno da corrosiva jornada de um personagem reprimido. Em outras palavras, ainda que essencialmente distintos, Moonlight e La La Land pertencem ao mesmo mundo. São duas produções dispostas a encontrar um algo a mais por trás das suas histórias, dois filmaços que não merecem cair neste "Fla x Flu" monocromático que tem tomado conta das discussões virtuais nos últimos anos. Na verdade, no Oscar 2017 venceu Moonlight, venceu La La Land, venceu o Cinema. Confira abaixo a lista completa com os vitoriosos. 

Melhor Filme


La La Land
Moonlight: Sob a Luz do Luar
Manchester à Beira-Mar
Lion
Até o Último Homem
A Qualquer Custo
Fences
A Chegada
Estrelas Além do Tempo

Melhor Diretor



Damien Chazelle (La La Land - Cantando Estações)
Mel Gibson (Até o Último Homem)
Barry Jenkins (Moonlight: Sob a Luz do Luar)
Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
Denis Villeneuve (A Chegada)

Melhor Ator



Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
Denzel Washington (Fences)
Andrew Garfield (Até o Último Homem)
Ryan Gosling (La La Land)
Viggo Mortensen (Capitão Fantástico)

Melhor Atriz




Emma Stone (La La Land)
Natalie Portman (Jackie)
Meryl Streep (Florence: Quem é Essa Mulher?)
Isabela Huppert (Elle)
Ruth Negga (Loving)

Melhor Edição



A Chegada
Até o Último Homem
A Qualquer Custo
La La Land
Moonlight

Melhor Ator Coadjuvante


Mahershala Ali (Moonlight)
Jeff Bridges (A Qualquer Custo)
Michael Shannon (Animais Noturnos)
Lucas Hedges (Manchester à Beira-Mar)
Dev Patel (Lion)

Melhor Atriz Coadjuvante



Viola Davis (Fences)
Naomie Harris (Moonlight)
Nicole Kidman (Lion)
Octavia Spencer (Estrelas Além do Tempo)
Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar)

Melhor Roteiro Original



Taylor Sheridan, por A Qualquer Custo
Damien Chazelle, por La La Land: Cantando Estações
The Lobster, por Yorgos Lanthimos
Kenneth Lonergan, por Manchester à Beira-Mar
20th Century Women

Melhor Roteiro Adaptado



Eric Heisserer, por A Chegada
Luke Davies, por Lion
August Wilson, por Fences
Allison Schroeder e Theodore Melfi, por Estrelas Além do Tempo
Barry Jenkins, Moonlight

Melhor Fotografia



Greig Fraser  (Lion)
James Laxton  (Moonlight)
Rodrigo Prieto  (Silêncio)
Linus Sandgren (La La Land)
Bradford Young  (A Chegada)

Melhor Canção Original



"Can't stop the feeling" ("Trolls")
"City of stars" ("La la land: Cantando estações")
"Audition" ("La La Land: Cantando Estações)
"The Empty Chair" ("Jim: The James Foley Story")
"How far I'll go" ("Moana")

Melhor Trilha Sonora



Moonlight (Nicholas Britell)
La la land: Cantando estações (Justin Hurwitz)
Jakie (Mika Levi)
Lion (Volker Bertelmann e Dustin O'Halloran)
Passageiros (Thomas Newman)

Melhor Maquiagem



A Man Called Ove
Star Trek: Sem Fronteiras
Esquadrão Suicida

Melhor Edição de Som



A Chegada
Horizonte Profundo
Até o Último Homem
La La Land
Sully

Melhor Mixagem de Som



A Chegada
Até o Último Homem
La La Land
Rogue One
13 Horas

Melhor Figurino



Aliados
Animais Fantásticos e Onde Habitam
Florence Foster Jenkins
Jackie
La La Land

Melhor Design de Produção



A Chegada
Animais Fantásticos e Onde Habitam
Ave, César!
La La Land
Passageiros

Melhor Animação



Kubo e as Cordas Mágicas
Moana – Um Mar de Aventuras
My Life as a Zuchini
Zootopia
A Tartaruga Vermelha

Melhor Curta Animado



Blind Vaysha
Borrowed Time
Pear Cider and Cigarretes
Pearl
Piper

Melhor Efeitos Visuais



Horizonte Profundo - Desastre no Golfo
Doutor Estranho
Mogli, o Menino-lobo
Kubo e as Cordas Mágicas
Rogue One - Uma História Star Wars

Melhor Curta-Metragem

Ennemis Intérieurs
La Femme et le TGV
Silent Nights
Sing
Timecode

Melhor Filme Estrangeiro



Land of Mine (Dinamarca)
A Man Called Ove (Suécia)
The Salesman (Irã)
Tanna (Australia)
Tonni Erdmann (Alemanha)

Melhor Curta Documentário




Extremis
4.1 Miles
Joes Violin
Watani: My Homeland
The White Helmets

Melhor Documentário



Fire at Sea
I am Not Your Negro
Life, Animated
O.J: Made in America
A 13ª Emenda

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