Neste final de semana chegou aos cinemas o aguardado Star Trek: Sem Fronteiras (confira a nossa opinião aqui), o terceiro filme da nova versão desta cultuada franquia Sci-Fi. Um daqueles raros reboots que deram certo, a trilogia produzida por J.J Abrams revitalizou este verdadeiro ícone da cultura pop mundial, dando uma roupagem mais atualizada as intrépidas missões da nave USS Enterprise. Bem recebida pela crítica e pelos (exigentes) fãs da série, o novo Star Trek comprova que as refilmagens, quando bem arquitetadas, podem ser válidas dentro da cada vez mais efêmera indústria do entretenimento. Aproveitando a estreia do novo Star Trek, neste Top 10 Cinemaniac decidi fazer uma listagem com alguns dos remakes ou reboots cinematográficos que deram certo em Hollywood. E olha, que seleção de filmes!
10º O Homem que Sabia Demais (1956)
E para abrir esta seleta lista nada melhor do que o cultuado Alfred Hitchcock. Numa situação inusitada, o mestre do suspense decidiu fazer um remake de uma das suas próprias obras. Vinte e dois anos após o lançamento do original, Hitchcock resolveu dar uma nova roupagem ao longa O Homem que Sabia de Mais e o resultado não podia ser melhor. Com James Stewart e Doris Day no elenco, o longa se revela um dos trabalhos mais tensos da carreira do realizador, um thriller de espionagem marcado por cenas memoráveis e pela excepcional fotografia. Sem querer revelar muito, a sequência final de quase doze minutos é uma obra prima, uma aula de suspense que até hoje é lembrada pelos fãs da sétima arte.
Remake do clássico nipônico Yojimbo, do aclamado diretor Akira Kurosawa, Por um Punhado de Dólares se tornou o estopim do popular gênero Western Spagheti. O primeiro grande trabalho do mestre Sérgio Leone, o longa estrelado por Clint Eastwood inaugurou a poderosa Trilogia dos Dólares, uma obra visionária e vigorosa que revolucionou os tradicionais faroestes. Mesmo sem apresentar o apuro estético mostrado nos fantásticos Por uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito, Leone mostra em Por um Punhado de Dólares alguns elementos que o transformariam num dos grandes nomes do gênero, e porque não do cinema como um todo, entre eles os enquadramentos milimetricamente calculados, a crescente atmosfera de tensão, o humor afiado e a memorável parceria com o compositor Ennio Morricone. Um filmaço.
Considerado um dos trabalhos mais icônicos do popular John Wayne, ele inclusive ganhou o Oscar de Melhor Ator por este papel, o primeiro Bravura Indômita (1969) é um faroeste envelhecido. Numa época em que o gênero já passava por uma reformulação, vide o ácido Meu Ódio será a sua Herança (1969), o longa dirigido por Henry Hathaway ainda apresentava um velho oeste mais romantizado e moralista. Quatro décadas depois, mais precisamente em 2010, os cultuados irmãos Coen resolveram apresentar a sua releitura para este clássico. E o resultado, meus amigos, é excepcional. Com Jeff Bridges no papel do xerife beberrão, o novo Bravura Indômita é um western de tirar o fôlego. Irônico, sujo e mais realista, o longa absorveu os principais elementos da trama original, entre eles a soberba fotografia desértica e o vínculo afetivo entre os personagens, sem esquecer de adicionar generosas doses de tensão e memoráveis sequências de ação. Isso pra não falar do espetacular elenco, principalmente das marcantes atuações da estreante Hailee Steinfield e do sempre inspirado Matt Damon.
Após o fracasso da versão "Tim Burtiana" de O Planeta dos Macacos (2001), a popular franquia sessentista parecia que não iria sobreviver a mais esse tropeço. Parecia... Fazendo um excelente uso da computação gráfica, o diretor Rupert Wyatt surpreendeu o mundo ao nos brindar com o realístico Planeta dos Macacos: A Origem. Num reboot absolutamente necessário, o realizador se uniu aos melhores na técnica de captura de movimentos, entre eles o laureado Andy Serkis (Smeagol, King Kong), ao mostrar o início da supremacia primata. Impulsionado pela magnífica presença do macaco Ceasar, o longa estrelado por James Franco se revelou um suspense dramático de primeiro nível e abriu espaço para o espetacular Planeta dos Macacos: O Confronto (2014). Sucesso de público e crítica, a nova franquia Planeta dos Macacos irá ganhar um terceiro capítulo em 2017, com o subtítulo A Guerra.
Christopher Nolan merece palmas. Recuperar o respeito ao icônico homem-morcego após o desastroso Batman e Robin (1997) era uma missão difícil. Mas não impossível. Defendendo uma proposta completamente diferente, o realizador norte-americano recuperou o status deste popular herói no realístico Batman Begins. Investindo numa pegada mais sóbria e nebulosa, Nolan decidiu explorar com maturidade os traumas de Bruce Wayne, nos apresentando a uma história de origem tensa e naturalmente instigante. Numa sacada corajosa, o realizador optou por criar um filme de herói mais lento e profundo, se esquivando de alguns dos maiores clichês do gênero, entre eles a necessidade de se ter um vilão ou excessivas sequências de ação. Mais do que uma volta por cima, Batman Begins abriu o caminho para o magnífico Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), um dos maiores e mais espetaculares filmes do gênero. Uma pena que, na hora de tirar o dez, Nolan tenha se rendido a megalomania no oscilante O Cavaleiro das Trevas Ressurge, uma obra empolgante, mas com inegáveis problemas narrativos.
Por falar em franquias que se revitalizaram, Cassino Royale mostrou que o popular James Bond poderia "sobreviver" ao século XXI. Deixando para trás os exageros apresentados nos últimos filmes da franquia, o thriller de ação dirigido por Martin Campbell apostou num 007 mais brutal e vigoroso. Inspirado pelo sucesso da franquia Bourne, o veterano realizador investiu numa pegada mais tensa e realística, encontrando em Daniel Craig o misto de talento e aptidão física necessário para dar corpo a esta nova versão do agente. O resultado não poderia ser melhor. Com os expressivos Mads Mikkelsen e Eva Green no elenco, Campbell construiu uma trama sexy e pulsante, um reboot recheado de estilo e energia. Sem querer revelar muito, apesar das espetaculares sequências de ação chamarem a atenção, as cenas envolvendo o cassino propriamente dito são primorosas. Impulsionado pelo sucesso do longa, a franquia acabou ganhando mais três títulos, o esquecível Quantum of Solance (2008), o espetacular Skyfall (2012) e o tradicionalista Spectre (2015).
Com um Al Pacino inspirado, Brian de Palma fez de Scarface um remake com alma original. Refilmagem do polêmico Scarface: A Vergonha de Uma Nação (1932), obra de Howard Hanks que chocou o público da época devido a sua pegada mais visceral, o clássico oitentista absorveu a essência mais controversa do primeiro filme, indo além da violência ao acompanhar a ascensão e o declínio de um mafioso latino-americano. Com intensidade e energia, Brian de Palma foi a fundo ao investigar as nuances do Tony Montana, incluindo a sua complicada relação com a concorrência, a sua insegurança quanto aos seus aliados e o seu ciúme quase doentio envolvendo a bela Elvira (Michelle Pfeiffer, soberba). Isso para não falar das marcantes sequências de ação, com destaque para a icônica cena final.
Uma ópera pop furiosa, Mad Max: Estrada da Fúria é um reboot\remake\continuação que merece aplausos de pé. Sob a batuta insana do próprio George Miller, a mente por trás da trilogia original, o longa revitalizou a franquia ao investir em poderosas sequências de ação, insanos efeitos práticos e um pano de fundo feminista capaz de surpreender até o espectador mais calejado. Com Tom Hardy no papel que era de Mel Gibson, Miller mostrou a sua reconhecida ousadia ao transformar a guerreira Furiosa numa protagonista de peso, encontrando na intensa Charlize Theron o vigor necessário para construir uma das personagens femininas mais memoráveis da história recente do cinema. Em suma, reconhecido pelo público e pela crítica, Mad Max: Estrada da Fúria representa o resgate de uma espetacular franquia de ação. Uma obra virtuosa, grandiosa e espetacular.
Não, eu não estou falando da versão recente estrelada por Jack Huston e Rodrigo Santoro. Na verdade, muita gente nem deve saber, mas o clássico Ben-Hur é um remake. Antes do sucesso dirigido por William Wyler, duas outras versões já haviam sido lançadas, um curta em 1907 e um longa em 1925. A versão definitiva, no entanto, foi mesmo a estrelada por Charlton Heston e Stephen Boyd. Numa obra à frente do seu tempo, Wyler nos presenteou com o épico definitivo, uma história de vingança imponente e tecnicamente virtuosa. Recheado de espetaculares cenas, a antológica sequência da corridas de bigas é uma ode ao cinema, Ben-Hur fez história e se tornou o primeiro filme a faturar onze estatuetas do Oscar. Uma obra prima e até hoje relevante.
E o primeiro lugar é de Martin Scorsese. Um thriler de ação vibrante e visceral, Os Infiltrados (2007) prova que alguns remakes não são apenas úteis, mas necessários. Refilmagem do suspense Conflitos Internos (2002), uma obra de Hong Kong que foi pouco assistida do lado de cá do ocidente, o longa estrelado por Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson é um daqueles títulos vigorosos e imprevisíveis. Com uma premissa recheada de sufocantes reviravoltas, Scorsese eleva a escala de tensão à última potência ao criar um jogo de gato e rato instigante e surpreendente. Contando com um experiente elenco de apoio e uma enérgica trilha sonora, o veterano nos brinda ainda com repentinas sequências de ação, daquelas que chegam a hipnotizar tamanho realismo e força. Sem medo de errar, um dos trabalhos mais marcantes deste aclamado realizador.
Menções Honrosas
Antes de ser criticado pelo Batman Vs Superman, Zack Snyder deixou um excelente cartão de visitas no memorável Madrugada dos Mortos, um remake à altura do clássico O Despertar dos Mortos (1974), de George Romero.
Confesso não ser fã desta franquia, mas é inegável que ela figura entre os reboots que deram certo. Como se não bastasse o divertido remake Onze Homens e um Segredo (2001), a série ganhou duas continuações: Doze Homens e Outro Segredo (2004) e Treze Homens e um Novo Segredo (2007).
Por essa nem eu sabia. Um dos meus filmes de ação prediletos, Fogo Contra Fogo é um remake. Na verdade, o diretor Michael Mann fez uma refilmagem de um dos seus próprios trabalhos, um filme para TV intitulado L.A. Takedown (1989). E que remake foi esse. Com Al Pacino e Robert De Niro em excelente forma, Mann criou uma obra intensa e estilosa, um trabalho marcado pelo afiado roteiro, pelas memoráveis sequências de ação e pelos realísticos efeitos sonoros.
Com Arnold Schwarzenegger e Jamie Lee Curtis exalando química em cena, True Lies é uma aventura de ação que merece sempre ser elogiada. Engraçado, frenético e absolutamente cativante, o longa dirigido por James Cameron é um blockbuster no mais pleno sentido da palavra. Remake do hit francês La Totale! (1991).
John Carpenter no melhor estilo John Carpenter. Simples assim. Remake não oficial de O Monstro do Ártico (1951).
2 comentários:
Apesar da enorme fama de "Os Infiltrados", o original "Conflitos Internos" está no mesmo nível.
Abraço
Não duvido disso Hugo, mas esse eu não consegui assistir. Acho que esta é a finalidade de um bom remake. Popularizar histórias que, por um motivo ou outro, não alcançaram o grande público. Abs.
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