Inspirado numa praticamente desconhecida franquia Marvel, mais voltada ao mercado asiático, Operação Big Hero 6 se destaca ao conseguir apresentar, numa mesma animação, elementos marcantes da Disney, da Pixar e da Marvel Studios. No vácuo do fenômeno de público e crítica Frozen - Uma Aventura Congelante, que já havia demonstrado o quão evoluída estava a parceria entre estes dois pilares da animação, o longa dirigido por Don Hall e Chris Williams empolga ao explorar com habilidade o humor infantil e o senso de aventura da Disney, o peso narrativo, a ousadia visual e os curtas-metragens de aberturas da Pixar, e o carisma sempre marcante dos personagens Marvel. Ainda que sob a chancela criativa da Disney, que nitidamente se sobressai em meio a divertida trama, o dedo do produtor executivo e midas da Pixar John Lasseter, aliado a sempre presente figura de Stan Lee, mostram que os méritos desta certeira produção merecem ser divididos.
Baseado nos personagens do mangá criado por Steven T. Seagle e Duncan Rouleau, o supergrupo nipônico ganha uma aparência bem mais afável e original nas mãos da dupla de realizadores. Apostando num caprichado cenário futurista, inspirado em clássicos como Blade Runner, e na infantilização visual dos personagens, com destaque total para a impecável reconstrução do carismático Baymax, a equipe artística é inspirada ao atualizar as características dos personagens visando novos mercados. Por mais que os nomes e as referências sejam orientais, o roteiro assinado por Jordan Roberts, Daniel Gerson e Robert L. Baird nos apresenta à cidade futurista San Fransokyo, uma mistura de São Francisco com Tokyo localizada nos EUA. Nela mora o prodígio da robótica Hiro, um órfão que usa o seu talento para construir robôs de lutas. Após ser detido durante uma das batalhas, ele é convencido por Tadashi, seu genial irmão, a visitar o laboratório em que trabalhava. Encantado por este mundo de invenções, Hiro resolve tentar uma vaga nesta universidade. As coisas, no entanto, fogem do controle quando ele é surpreendido por uma tragédia familiar e pela perda da sua principal invenção. Deprimido, o jovem encontra amparo no carismático robô médico Baymax, uma das últimas criações de seu irmão. Contando com a ajuda deste inocente novo amigo, Hiro inicia uma busca para recuperar o seu invento, sem saber que ele foi parar nas mãos de um misterioso vilão. Disposto a impedir um mal maior, o jovem se une aos amigos geeks de Tadashi para tentar combater tecnologia com tecnologia.
Procurando agradar as crianças e também aos adultos, Operação Big Hero 6 mostra que a Disney está se aproveitando o máximo da integração da Pixar aos seus estúdios. Por mais que se concentre nas populares fórmulas do cinema mais infantil, com direito a gags físicas, as mensagens edificantes e um supergrupo de jovens nerds se divertindo na luta contra o mal, o longa não deixa de flertar com a sensibilidade narrativa popularizada pelos trabalhos de John Lasseter, trazendo profundidade e realismo aos dilemas de seus protagonistas. Elementos que aqui, diga-se de passagem, acabam potencializados pela nada descartável presença dos heróis Marvel, que muito bem atualizados pela Disney não fazem feio perante a qualquer filme da franquia Os Vingadores. Com direito a presença de Stan Lee, alguns bons easter-eggs e referências a clássicos da cultura pop como Homem Aranha, Homem de Ferro e os populares sentais japoneses. Ahh e sem contar a cena pós-crédito que esse que vos escreve não assistiu.
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