Com 2014 se aproximando do fim, chega aquele momento de analisarmos os pontos altos e baixos desta temporada cinematográfica. Num ano em que muitos blockbusters acabaram oscilando e que os filmes de baixo orçamento roubaram a cena, coube aos heróis Marvel, ao pioneirismo do diretor Richard Linklater e a ótima fase das animações computadorizadas a missão de dar uma cara diferenciada aos lançamentos que já saíram em solo brasileiro. Enquanto não divulgamos a lista com o dez melhores filmes do segundo semestre e do ano, neste especial do Cinemaniac vamos fazer um balanço sobre os pontos positivos e negativos dentro do que já assistimos em 2014.
Surpresas
- Após um 2013 pouco inspirado, o ano foi muito bom dentro da animação computadorizada. Ainda que Rio 2 tenha ficado um pouco abaixo do original, longas como Frozen, Festa no Céu, Como Treinar o Seu Dragão 2, Uma Aventura Lego, Operação Big Hero 6 e Os Boxtrolls fizeram um grande barulho, recebendo muitos elogios da crítica e conseguindo bons resultados também nas bilheterias. Prova disso é que das vinte maiores bilheterias do ano, até o momento, três são de longas animados: 9º Como Treinar o seu Dragão 2 (US$ 618 milhões), 12º Rio 2 (US$ 498 milhões) e 14º Uma Aventura Lego (US$ 468 milhões). Já Frozen, que foi lançado nos EUA em 2013, fez ainda melhor e liderou as bilheterias internacionais do ano passado com US$ 1,2 bilhão em arrecadação.
- Enquanto Transformers - A Era da Extinção fez um estrondoso sucesso de público, com US$ 1,08 bilhão nas bilheterias mundiais, mas decepcionou pelos excessos e pela trama clichê, a franquia Marvel tratou de elevar o patamar dentro do gênero. Preparando o terreno para o aguardado Os Vingadores 2, Capitão América - O Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia empolgaram não só o público, mas também boa parte da crítica. Com boas atuações, interessantes tramas e efeitos digitais realmente espetaculares, os dois longas se tornaram os principais exemplos do cinema pipoca que deu certo em 2014. Resultados que -logicamente - se refletiram nas bilheterias, com Guardiões da Galáxia faturando mais de US$ 770 milhões e Capitão América 2 mais de US$ 710 milhões.
- O ano de 2014 foi também muito bom para o cinema de ação. Apesar do problemas envolvendo o terceiro capítulo da franquia Os Mercenários, que caiu na internet em alta definição antes do lançamento, longas como Sem Escalas, Godzilla, Robocop, No Limite do Amanhã, De Volta ao Jogo, Lucy, The Rover - A Caçada, Planeta dos Macacos - O Confronto e Hércules mostraram não só qualidade, como também agradaram ao público, destacando a força do gênero. Dentro do gênero, aliás, o ano foi espetacular para Scarlett Johansson, que além de ter praticamente coestrelado o empolgante Soldado Invernal, surpreendeu a todos ao dar vida a heroína Lucy no mais novo longo de Luc Besson.
- Enquanto o cinema blockbuster nacional naufragou em 2014, esse assunto você lerá mais abaixo, os filmes mais autorais brasileiros conseguiram grande destaque durante esta temporada. Longas como O Lobo Atrás da Porta, Hoje eu Quero voltar Sozinho, Boa Sorte, Entre Nós, Praia do Futuro e Tatuagem mostraram um cinema nacional mais maduro, que infelizmente ainda parece não agradar o grande público. Por outro lado, como grande salvador do cinema pipoca em 2014, as cinebiografias mostraram a força do "cinemão" brasileiro, com destaque para Tim Maia, Getúlio, Irmã Dulce e Trinta.
- Por falar no cinema independente, 2014 foi também realmente fantástico para esse segmento. Desde a última edição do Oscar, que já havia nos apresentados longas como Philomena, Clube de Compras Dallas, Nebraska, e Fruitvale Station - A Última Estação, esta temporada ficou marcada pelos bons lançamentos do gênero, com destaque para o "estranho" sci-fi Sob a Pele, o interessante vampiresco Amantes Eternos, o indie Mesmo se Nada der Certo e o brilhante Boyhood - Da Infância à Adolescência. E isso, logicamente, sem levar em conta que longas como Birdman, O Jogo da Imitação e A Teoria de Tudo ainda não estrearam por aqui.
Decepções
- Enquanto blockbusters como Guardiões da Galáxia, Malévola, X- Men Dias de Um Futuro Esquecido e Interestelar conseguiram um bom destaque junto ao público, boa parte dos filmes considerados pipoca acabou não tendo a mesma sorte. Da extensa lista de longas "questionáveis", Need for Speed, Trascendence, Frankenstein - Entre Anjos e demônios, O Doador de Memórias, A Lenda de Hércules, Sin City 2 e Os Mercenários 3 lutaram para ao menos pagar os seus custos. Um símbolo da oscilação do cinema pipoca em 2014.
- Se os grandes estúdios estão se esforçando para lançarem os blockbusters com o mínimo de atraso no Brasil, longas como O Hobbit 3, Guardiões da Galáxia e Jogos Vorazes - A Esperança (parte 1) chegaram a estrear antes em solo brasileiro, as pequenas produções seguem esbarrando na ineficiente distribuição em território nacional. Enquanto os blockbusters lotam a maioria das salas espalhadas pelo Brasil, longas mais autorais, ou de baixo orçamento, são lançados em pouquíssimas sessões no circuito nacional. Como se não bastasse isso, apesar do frenesi em torno de alguns filmes, os lançamentos considerados mais artísticos estão chegando com muito atraso aos cinemas brasileiros. Prova disso é que dos principais indicados ao Globo de Ouro, apenas Boyhood, O Grande Hotel Budapeste e Garota Exemplar já estrearam em circuito comercial. Uma pena, principalmente num ano em que o cinema considerado independente vem roubando a cena em todo mundo.
- Com exceção das expectativas em torno de Annabelle, que conseguiu destaque maior graças a ótima campanha promocional, o gênero Suspense\Terror teve um ano para se esquecer. Apesar do sucesso em torno de Garota Exemplar, talvez o único longa que teve realmente destaque dentro deste segmento, o longas de baixo orçamento fizeram bem menos barulho do que o esperado. Chama a atenção, no entanto, a ridícula distribuição de Uma Noite de Crime: Anarquia, longa que, apesar do expressivo desempenho em solo norte-americano, passou despercebido em solo brasileiro. Com modestos US$ 9 milhões de orçamento, o longa faturou mais de US$ 70 milhões nos EUA, um desempenho muito melhor do que Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal, que aqui teve uma larga distribuição, mas não correspondeu as expectativas.
- Como dito acima, o blockbuster nacional teve um ano realmente abaixo do esperado. Com exceção da comédia O Candidato Honesto, com mais de dois milhões de espectadores, o segmento não obteve números expressivos, levando pouco mais de 17 milhões de pessoas às salas brasileiras, o equivalente a 12,4% do total de público no Brasil. Pra se ter a noção exata, em 2013 os números do cinema nacional giraram em torno de 18% do público total, valores bem acima dos apresentados até dezembro deste ano.
- Por fim, entre as principais decepções individuais deste ano 2014, longas como Trash - A Esperança vem do Lixo, Homens, Mulheres e Filhos, Rio, Eu Te Amo e Caçadores de Obras Primas acabaram prometendo bem mais do que cumprindo. Longe de ser ruim, estes foram alguns exemplos dos longas que decepcionaram por terem criado grande expectativa antes dos seus respectivos lançamentos.
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