Inspirado na clássica obra de Bram Stoker, Conde Drácula volta aos cinemas em Drácula - A História Nunca Contada. Dirigido por Gary Shore, o longa promete mostrar o processo de construção do mito em torno de Vlad Tepes, príncipe romeno que teria sido a grande inspiração deste clássico literário. Apostando na competência de Luke Evans (O Hobbit), esta versão apresenta uma nova "roupagem" deste reconhecido personagem, que, segundo o Guiness Book, é o monstro fictício com maior número de aparições na mídia. Uma obra que mesmo antes da primeira adaptação oficial, o ainda hoje celebrado Drácula (1931), já ganhava uma "versão não autorizada" nas mãos do diretor alemão F. W. Murnau. Em meio a fixação da indústria cinematográfica por este personagem, confira um pouco da trajetória envolvendo o príncipe da noite em Hollywood.
Um dos pilares do cultuado Expressionismo Alemão, estilo cinematográfico que se popularizou na década de 1920 com os seus cenários distorcidos, inventivos ângulos e temáticas surrealistas, Murnau causou polêmica ao dirigir Nosferatu (1922). Disposto a adaptar o clássico de Bram Stoker, o diretor tentou a todo custo adquirir os direitos junto aos herdeiros do escritor. Como as conversas não avançaram, o alemão fez a sua própria adaptação da obra. Tentando se distanciar do original, o roteirista Henrik Galeen mudou os nomes, Drácula virou Orlok, a caracterização e o cenário da história, deixando de lado a atmosfera charmosa em torno do personagem. Apostando num visual gótico, o Nosferatu de Max Schreck se tornou uma criatura de aparência asquerosa, monstruosa, se distanciando por completo do original. A trama, no entanto, se mostrou extremamente semelhante, fato que levou a família de Stoker a uma importante vitória nos tribunais. Felizmente, apesar do juiz ordenar a destruição das cópias, a obra sobreviveu ao tempo e ainda hoje é considerada uma das versões mais simbólicas e criativas deste clássico literário.
Oficialmente, no entanto, o Conde Drácula só chegou a Hollywood em Drácula (1931), quando se tornou um dos grandes símbolos da "Era de Ouro" dos Monstros da Universal. Com Bela Lugosi como protagonista, o longa dirigido por Tod Browning (Monstros) explorou a essência conquistadora do personagem, que ganhou uma versão elegante, assustadora e extremamente icônica. Uma interpretação que marcou a carreira do ator húngaro, o colocando como a mais simbólica caracterização deste clássico personagem. Quase três décadas depois, mais precisamente em 1958, Drácula voltaria a ganhar destaque nas mãos do estúdio Hammer e do brilhante Christopher Lee. Com a missão de recuperar a aura do personagem, o diretor Terence Fisher ampliou o aspecto sedutor em torno do príncipe da noite, abrindo mais espaço para o romance entre Drácula e Mina (Melissa Stribling). Embalado pelo sucesso do longa, Christopher Lee voltou ao personagem em muitas outras produções, com destaque para Drácula, o Príncipe das Trevas (1966), Drácula Has Risen from the Grave (1968), O Conde Drácula (1970), O Sangue de Drácula (1970) e Drácula no Mundo da Minissaia (1972).
Com o personagem já desgastado, Drácula só voltaria aos holofotes no final da década de 1970. Inspirado na versão que virou sucesso na Broadway, o diretor John Badham (Os Embalos de Sábado a Noite) encontrou em Frank Langella o nome ideal para dar peso ao mitológico personagem em Drácula (1979). Indicado ao Tony Awards - o Oscar do teatro - por seu desempenho na peça que originou este longa, Langella manteve a tradição dos seus antecessores, construindo um Drácula que não fugia da aura icônica popularizada por Lugosi e Lee. O ano de 1979, aliás, marcou a grande retomada deste personagem. Além de Drácula e do remake de Nosferatu dirigido por Werner Herzog, o príncipe da noite recebeu uma bem humorada repaginada em Amor à Primeira Mordida. Dirigido por Stan Dragoti (O Homem do Sapato Vermelho), o Conde Vladmir Drácula ganhou vida nas mãos de George Hamilton (O Poderoso Chefão 3), numa interpretação extremamente divertida que lhe rendeu, inclusive, uma indicação ao Globo de Ouro como Melhor Ator de Comédia\Musical.
E numa dessas despretensiosas comédias surgiu uma das mais cruéis e subestimadas versões do Conde Drácula. Brincando com os clássicos Monstros da Universal, Deu a Louca nos Monstros (1987) surpreendeu graças a intensa atuação de Duncan Regehr (Zorro). Mantendo a aparência clássica do personagem, Duncan ampliou a atmosfera vilanesca do vampiro, concebendo uma das versões mais maléficas do personagem. Um clássico da Sessão da Tarde que colocou o Drácula, o Lobisomem e sua turma contra um grupo de "indefesas" crianças. Sem dúvidas, uma aventura que envelheceu muito bem. Já na década de 1990, ainda no terreno na comédia, o saudoso Leslie Nielsen estrelou o divertido Drácula - Morto mais Feliz (1995). Último trabalho conduzido por Mel Brooks, o longa tentou repetir o sucesso de O Jovem Frankenstein (1974), a primeira investida do realizador nas paródias envolvendo os Monstros da Universal. O resultado, logicamente, não foi do mesmo nível, mas ainda assim conseguiu aproveitar o vácuo do sucesso da franquia Corra que a Policia vem Ai.
A última grande representação do Conde Drácula, no entanto, aconteceu nas mãos do "poderoso chefão" Francis Ford Coppola. Contando com a magistral atuação de Gary Oldman, numa das mais complexas interpretações do príncipe da noite, o longa teve uma recepção extremamente positiva, se tornando uma das obras mais celebradas envolvendo o personagem criado por Bram Stoker. O mesmo, porém, não se repetiu com o inexpressivo Drácula 2000 (2000). Dirigido por Patrick Lussier (Fúria sobre Rodas), o longa apostou no então novato Gerard Butler (300 e Gamer) para viver uma versão atualizada do lendário sugador de sangue. Trazendo no elenco o experiente Christopher Plummer (O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus), no papel de Van Helsing, este terror não fez teve grande repercussão, ganhando duas sequências lançadas diretamente para o Home Vídeo.
Pior ainda foi o Drácula apresentado no desastroso Blade Trinity (2004). Após os dois elogiados primeiros longas, o diretor\roteirista David S. Goyer (Batman: O Cavaleiro das Trevas) teve a ideia de colocar o Conde Drácula como o novo rival do "bad-ass" Blade (Wesley Snipes). Escalando Dominic Purcell como um vampiro bombado, o longa foi um grande fiasco e se tornou uma das piores adaptações do clássico personagem de Bram Stoker. No mesmo ano, aliás, Drácula voltaria a ganhar uma versão extremamente questionada em Van Helsing (2004). Subvertendo o clássico literário, o longa dirigido por Stephen Sommers (G.I Joe) optou por se concentrar no ponto de vista do caçador de vampiros, interpretado pelo carismático Hugh Jackman (X-Men). Apesar do bom resultado do longa, que é realmente divertido, o Drácula vivido por Richard Roxburgh (Moulin Rouge) é uma figura decepcionantemente afetada, distante do peso e da aura icônica que sempre acompanhou o personagem.
Após alguns anos longes das principais produções, o clássico Conde Drácula se renderia às novas tecnologias em 2012. Aproveitando o "boom" dos filmes em 3-D, o cultuado diretor Dario Argento (Suspiria) decepcionou com o seu Drácula 3-D. Apesar do orçamento interessante, cerca de 5 milhões de Euros, o longa se mostrou de péssimo gosto, beirando o cinema trash, não conseguindo tirar proveito da presença de nomes conhecidos como Hutger Hauer (Blade Runner) e Asia Argento (Terra dos Mortos). Pra piorar, o Drácula vivido por Thomas Kretschmann (A Queda) não traz nada de novo, entrando para o grupo dos mais insossos vampiros já apresentados. Neste mesmo ano, porém, fomos surpreendidos com a carismática animação Hotel Transilvânia. Apostando novamente nas icônicas criaturas da Universal, o longa apresentou um conde Drácula agradável e divertido, que se preocupa não só com a administração de seu hotel para monstros, mas também com a criação de sua filha adolescente. Uma prova que Drácula não só sobreviveu aos efeitos do tempo, mas também se tornou um personagem universal, daqueles que alcança as mais diversas mídias e os mais diversos púbicos. E isso, diga-se de passagem, sem precisar brilhar no sol...
Gary Oldman e Gerard Butler |
Pior ainda foi o Drácula apresentado no desastroso Blade Trinity (2004). Após os dois elogiados primeiros longas, o diretor\roteirista David S. Goyer (Batman: O Cavaleiro das Trevas) teve a ideia de colocar o Conde Drácula como o novo rival do "bad-ass" Blade (Wesley Snipes). Escalando Dominic Purcell como um vampiro bombado, o longa foi um grande fiasco e se tornou uma das piores adaptações do clássico personagem de Bram Stoker. No mesmo ano, aliás, Drácula voltaria a ganhar uma versão extremamente questionada em Van Helsing (2004). Subvertendo o clássico literário, o longa dirigido por Stephen Sommers (G.I Joe) optou por se concentrar no ponto de vista do caçador de vampiros, interpretado pelo carismático Hugh Jackman (X-Men). Apesar do bom resultado do longa, que é realmente divertido, o Drácula vivido por Richard Roxburgh (Moulin Rouge) é uma figura decepcionantemente afetada, distante do peso e da aura icônica que sempre acompanhou o personagem.
Após alguns anos longes das principais produções, o clássico Conde Drácula se renderia às novas tecnologias em 2012. Aproveitando o "boom" dos filmes em 3-D, o cultuado diretor Dario Argento (Suspiria) decepcionou com o seu Drácula 3-D. Apesar do orçamento interessante, cerca de 5 milhões de Euros, o longa se mostrou de péssimo gosto, beirando o cinema trash, não conseguindo tirar proveito da presença de nomes conhecidos como Hutger Hauer (Blade Runner) e Asia Argento (Terra dos Mortos). Pra piorar, o Drácula vivido por Thomas Kretschmann (A Queda) não traz nada de novo, entrando para o grupo dos mais insossos vampiros já apresentados. Neste mesmo ano, porém, fomos surpreendidos com a carismática animação Hotel Transilvânia. Apostando novamente nas icônicas criaturas da Universal, o longa apresentou um conde Drácula agradável e divertido, que se preocupa não só com a administração de seu hotel para monstros, mas também com a criação de sua filha adolescente. Uma prova que Drácula não só sobreviveu aos efeitos do tempo, mas também se tornou um personagem universal, daqueles que alcança as mais diversas mídias e os mais diversos púbicos. E isso, diga-se de passagem, sem precisar brilhar no sol...
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