Apresentando uma inusitada sátira sobre a vida no velho oeste, Seth Macfarlane mostra a sua reconhecida irreverência em Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola. Subvertendo o tradicional gênero Western, geralmente marcado por homens fortes e destemidos, o diretor abusa do politicamente incorreto ao mostrar o cotidiano do seu típico "loser" em meio a esse árido cenário. Se inspirando nos clichês que sempre cercaram o gênero, MacFarlane atira para todos os lados com seu humor ácido, porém, bem mais prudente em relação aos temas polêmicos. Acertando ao não se levar a sério, principalmente na exaltação dos perigos desse período, a escatologia excessiva e a falta de inspiração no desenrolar da trama se tornam um desserviço a essa paródia recheada de absurdos.
Mantendo o ar debochado dos seus trabalhos, Macfarlane se mostra aqui bem mais cuidadoso ao rir dos temas polêmicos. Ainda que não se distancie do seu reconhecido humor, marcado pelas piadas de cunho étnico, racial, sexual e históricas, o "pai" do ursinho Ted é bem menos ousado ao lidar com temas marcantes desse período, como a escravidão, que rende uma espetacular cena pós-crédito, e o genocídio indígena. Fazendo uma série de certeiras referências, algumas realmente inesperadas, o roteiro assinado por Wellesley Wild, Alec Sulkin e pelo próprio Seth Macfarlane é brilhante ao conduzir uma espécie de caricatura do popular cenário Western criado por Hollywood.
A começar pelo inusitado protagonista, o fazendeiro covarde Albert Stark (Macfarlane). Em meio a baixa expectativa de vida, a pobreza e a incessante violência, o criador de ovelhas vê a sua vida ruir no dia em que rompe com a sua namorada Louise (Amanda Seyfried). Percebendo que ela já tinha um novo interesse amoroso, o próspero Foy (Neil Patrick Harris), Albert parece convicto em deixar o velho oeste. Após uma briga de bar, no entanto, ele conhece a bela Anna (Charlize Theron), uma mulher recém-chegada à cidade. Acostumada a tipos turrões e pouco inteligentes, ela se comove com a desilusão amorosa de Albert e decide ajuda-lo a reconquistar a namorada. O que Albert não sabia era que Anna já tinha um marido, o temido pistoleiro Clinch (Liam Neeson), e que ele não ficaria nada feliz ao saber que sua esposa estava se apaixonando por outro homem.
Com um humor ágil e eficiente, o longa é certeiro ao introduzir um perdedor\nerd nesse cenário caótico. Muito a vontade como a estrela do seu próprio filme, MacFarlane demonstra um ótimo tempo de comédia, conseguindo uma interessante química com a atriz Charlize Theron. Em meio à violência quase banal, as mortes acontecem das formas mais variadas possíveis, e a exótica exploração sexual, rendendo momentos hilários com a prostituta recatada de Sarah Silverman, o ator\diretor\roteirista é sagaz ao mostrar o velho oeste sob um olhar atual. Na verdade, enquanto a trama faz piadas com a desvalorização do dólar, problemas com as drogas, a baixa expectativa de vida, com a tecnologia, e os dogmas envolvendo o casamento, o resultado se mostra original e absurdamente divertido. A regressão alucinógena de Albert, por exemplo, remete aos melhores momentos de Uma Família da Pesada. Nesse meio tempo, porém, a exagerada repetição de gags, a excessiva escatologia e a falta de inspiração do roteiro deixam muito a desejar, rendendo situações constrangedoras. Numa destas, Albert se volta ao público para explicar uma de suas gags, fato que geralmente revela o quão ruim era ela.
Mesmo sem repetir a precisão de Ted, Seth MacFarlane mostra uma dose a mais de ambição em Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola. Apostando em cenários grandiosos, com uma expressiva reconstrução de época, em boas sequências de ação e na bela fotografia de Michael Barrett, o longa acaba pecando justamente pelos excessos. Ainda que as duas horas do longa se mostrem exageradas, e que algumas boas piadas tenham se perdido na tradução, incluindo ai o ótimo título original, o realizador demonstra coragem para tocar, com o seu ácido humor, nas feridas da sociedade norte-americana. Muitos podem não gostar, alguns sempre o questionam, mas MacFarlane se mostra um dos poucos capazes de fazer uma paródia envolvendo um dos maiores gêneros da Era de Ouro de Hollywood.
Mantendo o ar debochado dos seus trabalhos, Macfarlane se mostra aqui bem mais cuidadoso ao rir dos temas polêmicos. Ainda que não se distancie do seu reconhecido humor, marcado pelas piadas de cunho étnico, racial, sexual e históricas, o "pai" do ursinho Ted é bem menos ousado ao lidar com temas marcantes desse período, como a escravidão, que rende uma espetacular cena pós-crédito, e o genocídio indígena. Fazendo uma série de certeiras referências, algumas realmente inesperadas, o roteiro assinado por Wellesley Wild, Alec Sulkin e pelo próprio Seth Macfarlane é brilhante ao conduzir uma espécie de caricatura do popular cenário Western criado por Hollywood.
A começar pelo inusitado protagonista, o fazendeiro covarde Albert Stark (Macfarlane). Em meio a baixa expectativa de vida, a pobreza e a incessante violência, o criador de ovelhas vê a sua vida ruir no dia em que rompe com a sua namorada Louise (Amanda Seyfried). Percebendo que ela já tinha um novo interesse amoroso, o próspero Foy (Neil Patrick Harris), Albert parece convicto em deixar o velho oeste. Após uma briga de bar, no entanto, ele conhece a bela Anna (Charlize Theron), uma mulher recém-chegada à cidade. Acostumada a tipos turrões e pouco inteligentes, ela se comove com a desilusão amorosa de Albert e decide ajuda-lo a reconquistar a namorada. O que Albert não sabia era que Anna já tinha um marido, o temido pistoleiro Clinch (Liam Neeson), e que ele não ficaria nada feliz ao saber que sua esposa estava se apaixonando por outro homem.
Com um humor ágil e eficiente, o longa é certeiro ao introduzir um perdedor\nerd nesse cenário caótico. Muito a vontade como a estrela do seu próprio filme, MacFarlane demonstra um ótimo tempo de comédia, conseguindo uma interessante química com a atriz Charlize Theron. Em meio à violência quase banal, as mortes acontecem das formas mais variadas possíveis, e a exótica exploração sexual, rendendo momentos hilários com a prostituta recatada de Sarah Silverman, o ator\diretor\roteirista é sagaz ao mostrar o velho oeste sob um olhar atual. Na verdade, enquanto a trama faz piadas com a desvalorização do dólar, problemas com as drogas, a baixa expectativa de vida, com a tecnologia, e os dogmas envolvendo o casamento, o resultado se mostra original e absurdamente divertido. A regressão alucinógena de Albert, por exemplo, remete aos melhores momentos de Uma Família da Pesada. Nesse meio tempo, porém, a exagerada repetição de gags, a excessiva escatologia e a falta de inspiração do roteiro deixam muito a desejar, rendendo situações constrangedoras. Numa destas, Albert se volta ao público para explicar uma de suas gags, fato que geralmente revela o quão ruim era ela.
Mesmo sem repetir a precisão de Ted, Seth MacFarlane mostra uma dose a mais de ambição em Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola. Apostando em cenários grandiosos, com uma expressiva reconstrução de época, em boas sequências de ação e na bela fotografia de Michael Barrett, o longa acaba pecando justamente pelos excessos. Ainda que as duas horas do longa se mostrem exageradas, e que algumas boas piadas tenham se perdido na tradução, incluindo ai o ótimo título original, o realizador demonstra coragem para tocar, com o seu ácido humor, nas feridas da sociedade norte-americana. Muitos podem não gostar, alguns sempre o questionam, mas MacFarlane se mostra um dos poucos capazes de fazer uma paródia envolvendo um dos maiores gêneros da Era de Ouro de Hollywood.
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