terça-feira, 2 de setembro de 2014

No Olho do Tornado

Visualmente impecável, longa oferece aquilo que o fã do gênero quer ver

Apostando nos impressionantes efeitos visuais, No Olho do Tornado surge como uma boa opção para os os fãs do cinema catástrofe. Após uma década de 1990 marcada por longas como Twister (1996), Inferno de Dante (1997), Volcano - A Fúria (1997), Tempestade (1998), Impacto Profundo (1998) e Armaggeddon (1998), e o novo século dominado por Rolland Emmerich com os seus O Dia depois do Amanhã (2004) e 2012 (2009), o diretor Steven Quale (Premonição 5) volta a colocar o os desastres naturais em foco neste eficiente blockbuster. Com ostentosos US$ 50 milhões de orçamento, o que garante destruição de qualidade em larga escala, a trama pouco original acaba se levando a sério demais ao enfatizar insossos dramas familiares e a típica jornada do heroico pai de família norte-americano.

Estrelado por Richard Armitage (O Hobbit) e Sarah Wayne Callies (Prision Brake, The Walking Dead), dois nomes reconhecidos pelos trabalhos nas séries de TV, No Olho do Tornado entra para a extensa lista de longas que recorrem ao já desgastado tom documental, no estilo mockumentary. Com roteiro assinado pelo pouco experiente John Swetnam, do inexpressivo Se ela Dança, eu Danço 5, somos apresentado a Gary (Armitage), um vice diretor de uma escola que parece não ter muito tempo para os filhos Donnie (Max Deacon) e Trey (Nathan Crey). Em meio aos preparativos para a festa de formatura, um gigantesco tornado se aproxima trazendo consigo uma equipe de caçadores de tempestades liderada pelo obcecado Pete (Matt Walsh). Contando com a ajuda da meteorologista Allison (Callies), os documentaristas chegam à cidade tentando se aproximar do tornado para capturar imagens do fenômeno. Os caminhos de Pete, Allison e Gary acabam se cruzando quando a tempestade se mostra bem maior do que eles esperavam, colocando em risco não só a cidade, como a vida de Donnie e a sua paixonite Kaitylin (Alycia Debnam Carey)


Construído a partir de uma série de clichês, No Olho do Tornado parece um recorte pouco inspirado de alguns clássicos do gênero. Temos o pai herói de O Dia Depois do Amanhã, os caçadores de tornados de Twister, a especialista de Volcano, enfim, uma série de personagens e situações que remetem diretamente a trabalhos anteriores. Por mais que isso não se mostre tão ofensivo, até porque o gênero nunca apresentou nada muito elaborado, não espere surpresas e bons diálogos ao longo das intensas 1h e 30 min de projeção. Encaixando com destreza a narrativa documental, que não se mostra forçada ou artificial, o roteiro aproveita muito bem o lado 'vlogueiro' da nova geração. Com destaque para dupla de caipiras idiotas, que apesar de caricatos, representam bons alívios cômicos na incessante busca por acessos no You Tube.


O argumento como um todo, porém, é exageradamente levado a sério, se prendendo ao superficial desenvolvimento dos personagens e aos descartáveis dilemas envolvendo os documentaristas. Por outro lado, os motivos encontrados para a distribuição de câmeras são explicados de forma satisfatória, permitindo uma série de pontos de vista sobre a catástrofe. E essa opção, diga-se de passagem, deixa claro que os assustadores tornados são a grande estrela desta película.


Ainda que Richard Armitage tenha a qualidade suficiente para tornar plausível o pai herói, e que os jovens Max Deacon e Nathan Crey funcionem a contento, o grande mérito deste longa fica pelo criativo trabalho visual apresentado por Steven Quale.  Responsável pela supervisão dos efeitos visuais de Avatar, o diretor mostra grande habilidade ao construir estas impactantes cenas de destruição. Mesclando animação digital à efeitos especiais artesanais, como os utilizados no empolgante clímax, Quale torna os seus tornados realmente avassaladores. Se preocupando em tentar manter a verossimilhança, com destaque para as incríveis formações das tempestades, o realizador não poupa recursos para destruir casas, igrejas, galpões, ônibus e - até mesmo - aviões. A cena da chuva de carros, por exemplo, mostra a sua capacidade em construir momentos, ao mesmo tempo, sufocantes e espetaculares. Além disso, por mais que o recurso do falso documentário esteja realmente saturado, o diretor conduz com destreza este recurso narrativo, intercalando com precisão os takes em movimento e em primeira pessoa. Fato que, sem dúvida alguma, torna bastante realística toda a intensa experiência envolvendo a gigantesca tormenta.


Pecando pela falta de originalidade narrativa, No Olho do Tornado compensa a trama pouco inspirada com impressionantes efeitos especiais. Por mais que a reciclagem de fórmulas do gênero reduza o impacto do longa, Steven Quale oferece ao espectador aquilo que ele espera assistir em um filme catástrofe: empolgantes, tensas e grandiosas cenas de destruição. O que torna inevitável a sensação de que realmente estamos no olho de um tornado.

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