sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Frozen - Uma Aventura Congelante

A Disney no melhor estilo Disney!


Desde o curta metragem que antecede Frozen, o original Get a Horse, com Mickey Mouse indo do clássico ao 3-D, percebemos que estamos diante de um verdadeiro filme da Disney. É inevitável a comparação, mas no momento em que o estúdio passou a distribuir os filmes da Pixar, no ano de 1995 com Toy Story, ele foi deixando de lado o seu estilo marcante, consagrado por filmes como O Rei Leão, Alladin e A Bela e a Fera. Muito em função, é verdade, do êxito artístico e comercial dos filmes criados por John Lesseter e sua turma. Desde então, poucos lançamentos concebidos pelo Walt Disney Studios fizeram realmente sucesso junto ao público e a crítica. Pior, menos ainda conseguiram mostrar a verdadeira "cara" do estúdio. Puxando pela memória, lembro-me de O Irmão Urso (2003), A Princesa e o Sapo (2009) e Enrolados (2010). Felizmente, temos mais um nome para adicionar a esta lista. Frozen: Uma Aventura Congelante é, sem dúvidas, um dos melhores trabalhos recentes com a verdadeira essência Disney. Se inspirando no clássico A Rainha da Neve, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, o inocente e carismático musical consegue criar uma história que oferece uma nova abordagem a temas geralmente batidos dentro do gênero, entre eles a amizade, o companheirismo e o amor.


E para ser um bom filme Disney, o longa deve preencher dois pré-requisitos básicos. O primeiro, ter personagens carismáticos. Frozen tem! O segundo, e mais importante, ser embalado por uma boa trilha sonora. Frozen é! Dirigido pela dupla Chris Buck e Jenifer Lee, Frozen narra a história das princesas Anna e Elsa, duas irmãs inseparáveis. Enquanto Anna (Kristen Bell no original) é uma criança hiperativa, Elsa (Idina Menzel) guarda um segredo poderoso: ela pode criar e manipular a neve. Ciente dos seus poderes, Elsa acaba os usando para divertir a sua irmã mais nova. Um acidente no entanto, coloca a vida de Anna em risco, fato que acaba obrigando a separação das duas. Por temor dos pais, elas passam a viver enclausuradas no castelo e em quartos separados. Os anos vão se passando e a agora adulta Elsa alcança a idade para assumir o trono. Empolgada com os festejos e com a possibilidade de finalmente deixar o recluso castelo, Anna se apaixona repentinamente por um príncipe e de forma repentina decide se casar. Irritada com essa situação, sua irmã perde o controle e coloca a sua cidade dentro de um tenebroso inverno. Elsa acaba fugindo. Para reverter a situação, Anna parte atrás dela e para isso vai contar com a improvável ajuda de Kristof (Jonathan Groff) e de Olaf (Josh Gad), um carismático boneco de neve criado através da magia de Elsa.


Se utilizando desta adaptação livre do clássico livro de Andersen, a também roteirista Jenifer Lee - do expressivo Detona Ralph - cria uma trama que não se apoia somente em piadas e cenas mais aceleradas. Pelo contrário, já que surpreendentemente o roteiro apela muito pouco para essas situações. Na verdade, o humor, apesar de infantil, é extremamente agradável também para os adultos, principalmente pela inocência do texto. O personagem Olaf, por exemplo, é a grande prova disso. Dublado aqui no Brasil por Fabio Porchat, o boneco de neve mágico é divertido, cheio de boas sacadas e, mesmo sem ter uma grande participação no desenvolvimento da trama, acrescenta muito ao longa. Apostando em personagens que esbanjam simpatia e em números musicais de extremo bom gosto assinados por Cristophe Beck, a grande sacada de Frozen, no entanto, é a atualizada que oferece a alguns temas já batidos. Como em todo filme das princesas da Disney, com exceção talvez de Valente (que é produzido pela Pixar), um dos primeiros objetivos das jovens é encontrar um príncipe encantado, um herói disposto a salvar a situação. Aqui não é diferente. No entanto, o roteiro consegue dá uma abordagem mais atual a essas situações, destacando - sob uma ótica infantil - que as aparências podem enganar e levantando questões interessantes sobre amizade, companheirismo e amor. Tudo isso sem apelar para vilões estereotipados ou situações forçadas. Diferente dos filmes da Pixar, no entanto, essa "atualização" é mais despretensiosa, não tão brilhante, mas ainda assim eficaz.


Se a trama consegue um resultado amplamente satisfatório, visualmente Frozen é surpreendente. Explorando toda a estética invernal, o longa é criativo ao brincar com os poderes de Elsa. A cena em que ela constrói o seu próprio castelo de gelo é antológica, e remete diretamente aos grandes momentos dos clássicos Disney. Melhor ainda é a construção estética do reino de Arendele. As cenas inicias no gigantesco castelo são extremamente detalhistas e contribuem muito para os números musicais. Com relação a dublagem, a ausência de atores globais dá um desenvolvimento de ótimo nível para os personagens. Único não especialista, o comediante Fábio Porchat não decepciona dando voz a Olaf, mantendo a inocência do boneco de neve.


Desenvolvido de forma ágil e equilibrada, Frozen consegue resgatar aquele encantamento no espectador, que, ao longo de décadas, consagraram os clássicos do estúdio Disney. Explorando personagens cativantes, uma trilha sonora certeira e um equilíbrio entre alguns recursos que consagraram o gênero, Frozen vai buscar no passado glorioso da Disney a fórmula para levar multidões aos cinemas. Desde já um dos franco-favoritos ao Oscar de Melhor Animação.


Um comentário:

Lucas disse...

Muito top esse filme.