Imagine se você, quase que num passe de mágica, pudesse
encontrar todos os seus grandes ídolos. Pudesse, de forma inexplicável, voltar
no tempo e encontrar tudo aquilo que sempre sonhou viver. Baseado nesta
premissa, o diretor Woody Allen segue seu tour pela Europa e nos apresenta o
nostálgico Meia Noite em Paris. Apostando nas belas paisagens parisienses, o
longa tem como grande mérito o clima apaixonante que consegue criar, não só
pela original trama, mas também pelas ótimas atuações. O resultado é uma obra
genuinamente romântica, no mais pleno sentido da palavra, que alia ficção à
realidade criando uma atmosfera mágica.
O curioso é que apesar de premissa um tanto quanto futurista,
o novo trabalho de Woody Allen não pretende ser em nenhum momento uma obra
Sci-Fi. Pelo contrário, apesar da trama ter momentos que não deixem a desejar a
nenhum filme do gênero, Allen não se prende a estas questões e nos apresenta
uma trama envolvente sobre a complexidade de um relacionamento amoroso. Com
roteiro assinado pelo próprio Allen, o longa apresenta a história de Gil (Owen
Wilson), um bem sucedido roteirista hollywoodiano que deseja escrever o seu
primeiro livro. Noivo de Inez (Rachel McAdams), Gil aproveita uma viagem familiar e embarca para Paris na tentativa de encontrar a inspiração necessária
para finalizar a sua obra. Ele não sabia, no entanto, que lá iria achar algo bem
mais interessante, incluindo uma paixão parisiense chamada Adriana (Marion
Cottilard) e toda a inspiração para não só terminar sua obra, como também para
decidir o rumo de seu futuro.
Muito em função, é verdade, da bela fotografia parisiense,
assinada por Darius Khondji. É incrível como em poucas cenas já nos sentimos
dentro de Paris, vivendo todos os encantos e as belezas da cidade luz. Sabendo
explorar estas paisagens, Allen mostra a categoria usual para trabalhar o aspecto visual, que aqui funciona como mais um elemento para conquistar o
espectador. A missão foi muito bem cumprida e, logicamente, transforma Meia Noite em Paris num dos mais belos
filmes de 2011.
Woody Allen mostra eficiência também na condução do elenco.
Apesar de não dar o ar da graça no longa, Allen se mostra presente,
principalmente, na atuação do comediante Owen Wilson. Mostrando ser mais do que
o ator pastelão que nos acostumamos a ver, Wilson tem uma atuação acima da média,
lembrando em muitas cenas o próprio diretor à frente das câmeras. Desde
os trejeitos, como a fala acelerada e o estilo desajeitado, até os sempre
presentes monólogos, Owen Wilson consegue criar um personagem genuinamente
“Woodyalliano”. O ator, aliás, mostra ótima química com os seus dois
“amores”: a sempre competente Rachel McAdams (Sherlock Holmes) e a deslumbrante
Marion Cotilard (Piaf). Diferente do seu grande último trabalho, Vicki Cristina
Barcelona, aqui o triangulo amoroso não se apóia em relações físicas ou apenas
sexuais, mas sim, comportamentais. Com diálogos eficientes, muito bem filmados
por Allen, apesar da leveza da trama o trio dá ênfase a temas que proporcionam
interessantes discussões. Vale destacar ainda o excelente elenco de apoio, que
preenche bem as possíveis arestas do argumento com as atuações vibrantes de Kathy
Bates (Titanic), Michael Scheen (A Rainha), Adrian Brody (O Pianista), incrível como
Salvador Dali, e a primeira dama Carla Bruni, numa atuação rápida,
mas eficiente.
Com ótimo elenco, um
roteiro original e uma fotografia incrivelmente bela, Meia Noite em Paris é
acima de tudo uma preciosa homenagem à arte, em seu mais pleno sentido, sem grandes
mistérios ou complicações. Um romance que foge da mesmice, e com certeza se destaca
em meio ao marasmo que infelizmente insiste em atingir o gênero.
2 comentários:
Lindo e Emocionante. Alguma outra palavra descreve tão bem este título?
Resume bem o q é o filme. Minha aposta para melhor roteiro no Oscar. Cada vez mais to aprendendo a gostar de Woody Allen. abs.
Postar um comentário