Dirigido por irmãos Cohen, longa acerta em cheio no elenco e traz frieza para o clássico sessentista
Remake do clássico homônimo protagonizado por John Wayne, em 1969, o "novo" Bravura Indômita mostra que o quase esquecido gênero faroeste pode sim voltar a ganhar destaque nos cinemas de todo o mundo. Dirigido pelos irmãos Ethan e Joel Cohen, o filme é um colírio para os empoeirados olhos dos fãs do gênero, apostando num elenco avassalador, em uma direção de arte impecável e ,logicamente, na qualidade da dupla de diretores, que apesar do respeito ao "Bravura" original, deixam a sua marca neste novo longa.
Se apegando a trama do clássico sessentista, a principio não temos grandes mudanças no rumo da história apresentada, mas sim na forma como ela é contada. Com menos glamour e mais realismo, os irmãos Cohen voltam a narrar a história da jovem Mattie Ross (Hailee Steinfeld), uma menina de apenas 14 anos que resolve vingar a morte de seu pai, assassinado friamente pelo ex-empregado Tom Shaney (Josh Brolin). Sabendo que não teria condições de realizar o seu desejo sozinha, Mattie sai a procura de um policial disposto a fazer justiça com as próprias mãos e encontra no rabugento e bebum Reuben J. Cogburn (Jeff Bridges) a única alternativa para tal vingança. Para capturar Shaney, no entanto, eles precisam entrar em território indígena e encontrá-lo antes de La Boeuf (Matt Damon), um policial do Texas que está à sua procura devido ao assassinato de outro homem.
Sem grandes mudanças na trama, restou aos irmão Cohen uma maior exploração do relacionamento da jovem Mattie com a dupla de policiais vivida por Damon e Bridges. E talvez, este seja o grande acerto do novo Bravura Indômita, que com um roteiro muito bem conduzido e diálogos extremamente criativos, cativam logo de cara o espectador, sem a necessidade de explorar o famoso bang bang que se tornou comum no gênero nos últimos anos. Além disso, a frieza na narrativa do longa é visível e dá uma atmosfera muito mais densa a este remake.
Isso graças a grande atuação de todo o elenco. A começar pela jovem revelação Hailee Steinfeld, que interpreta Mattie com tamanha segurança que parece uma atriz experiente ao lado da dupla Matt Damon e Jeff Bridges. Bridges, aliás, foi sem dúvida alguma a melhor escolha para o papel, que foi de John Wayne no original. Depois da ótima atuação em Coração Louco, Bridges encarna com brilhantismo o novo oficial Cogburn, não se intimidando com a responsabilidade em substituir o maior astro que o velho oeste já teve. Com uma interpretação fria, mas ao mesmo tempo densa, Bridges mostra porque é um dos grandes nomes do cinema na atualidade e também porque foi lembrado no último oscar. A sua atuação é tão boa, que acaba ofuscando a ótima interpretação de Matt Damon, que na pele do Texas Ranger Le Boef, ganha mais espaço do que no original e acaba tendo uma bela apresentação.
Como se não bastasse a bela atuação de todo o elenco, Bravura Indômita tem uma direção de arte bela e precisa, apostando nos cenário nublados e quase gélidos para contribuir com essa frieza realística do longa. Além disso, apesar das cenas de ação não serem tão exploradas, todas elas seguem essa estética verossímil, já apresentada pelos irmãos Cohen em Onde os Fracos não tem Vez. Em outras palavras, esqueça aquelas intermináveis troca de tiros que marcaram o gênero durante muitos anos. Tudo se resolve rápido e da maneira mais fria possível.
No fim das contas, o novo Bravura Indômita é muito mais do que um bom filme. É a prova que o gênero Western não está morto e que, assim como o oficial Reuben J. Cogburn, só precisa de um incentivo extra para voltar a atingir os seus objetivos.
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