quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cinemaniac Indica (Zona Verde)

Sob a sombra do surpreendente sucesso de Guerra ao Terror, que conseguiu a façanha de derrotar o fenômeno Avatar em plena cerimonia do Oscar, Zona Verde chegou aos cinemas como uma espécie de "primo pobre" do filme de Kathryn Bigelow. Afinal, a temática era parecida, a guerra do Iraque, e aparentemente, o desenvolvimento também seria semelhante. Porém, diferente da linguagem dramática utilizada por Bigelow, que explora a guerra de forma mais independente e autoral, o longa dirigido por Paul Greengrass, dos excelentes a Supremacia e o Ultimato Bourne, utiliza mais a ação convencional, sem perder o viés crítico do tema. O resultado é uma obra tão empolgante quanto o seu "primo rico", que acabou não tendo uma grande repercussão, em função do êxito de Guerra ao Terror.

Terceiro filme da parceria Paul Greengrass com o ator Matt Damon, Zona Verde é baseada na história real apresentada pelo escritor Rajiv Chandrasekaran, na obra "A Vida Imperial na Cidade Esmeralda", o filme narra a trajetória do capitão Roy Miller (Matt Damon), um líder da inteligência do exército, responsável pela procura de Armas de destruição em Massa. Muito engajado com este que seria o grande objetivo da guerra no Iraque, o soldado começa a se frustrar com as tentativas desencontradas de encontrar as tais armas. Preocupado se este seria o "verdadeiro" motivo da guerra, o soldado passa a questionar os seus superiores, incluindo o responsável pelo comando das tropas, o politico Clark Poundstone (Greg Kinear), mas acaba não tendo êxito. Até que em uma das incursões, o soldado acaba se deparando com um iraquiano aflito, que dá pistas de onde está acontecendo uma reunião do alto comando Iraquiano. Lá Miller, passa a perceber que a algo está fora do lugar, o que o deixa dividido entre aplacar o anseio do governo de encontrar algo que justificasse a invasão ou descobrir a verdade dos fatos.

Apesar de em alguns momentos, o filme ainda beber da fonte que deu certo na trilogia Bourne, colocando Matt Damon como um soldado praticamente "perfeito", Greengrass consegue manter o espírito questionador da obra literária. Explorando muito bem a ação da trama, com cameras na mão e takes extremamente rápidos, o espectador acaba sendo engolido pelo êxito da narrativa. Além disto, diferente de Guerra ao Terror, que em alguns momentos acaba apenas ficando preso na reação dos personagens, o longa de Greengrass em nenhum momento se esquece que é um filme de ação, conseguindo inclusive ótimas sequências. A grande sacada é que mesmo não fugindo do estilo que o consagrou, o diretor consegue manter o engajamento esperado, ou seja, a crítica é bem clara e extremamente bem apresentada. Inclusive, no que diz respeito ao pouco êxito do conflito e principalmente ao governo norte-americano, que visivelmente tinha outros interesses dentro do conflito. Infelizmente, porém, estes interesses acabam não sendo bem desenvolvidos no longa, que deixa "apenas" no ar, a ineficiencia da guerra. Principalmente com relação as tais armas de destruição em massa.

Se a direção se mostra extremamente bem, o mesmo pode se dizer do elenco. A parceria entre Matt Damon e Paul Greengrass tem obtido excelentes resultados. Aliás, Damon é um ator em franca ascensão. Desde o ótimo Os Infiltrados, o ator tem acertado nos seus papeis, e conseguido excelentes atuações. Além de Damon, o longa ainda traz boas atuações de Greg Kinear (Pequena Miss Sunshine), muito bem na pele do politico controverso, do sempre eficiente Bredan Gleeson (Coração Valente), mais uma ótima atuação como o agente da CIA Martin Brown, e bons coadjuvantes, como Jason Isaacs (Harry Potter) e Amy Ryan (Medo da Verdade).

Enfim, mesmo sem ter o vanguardismo mostrado por Bigelow em Guerra ao Terror, Zona Verde pode se considerado sim um dos bons filmes sobre o tema, e talvez uma das grandes obras do ano. Afinal, consegue aliar uma boa trama, muito bem dirigida por Greengrass à uma crítica interessante e a boas doses de ação. Um filme completo.

Por que assistir ?

- Pela boa parceria entre Paul Greengrass e Matt Damon.
- Por todo o clima criado pelo diretor, que consegue atrair o espectador para dentro da trama.
- Pela boa e oportuna crítica apresentada, que assim como em Guerra ao terror, tem muito fundamento.


Um comentário:

Bruno Cunha disse...

Já não me desperta interesse apesar do que dizes.

Abraço
Cinema as my World