Em uma época em que a criançada anda cada vez mais precoce, temas como fadas, príncipes encantados, donzelas indefesas e o sempre citado amor verdadeiro já não são tão recorrentes dentro do imaginário infantil. Percebendo esta mudança de perfil, a Walt Disney resolveu sair da sua zona de conforto. Buscando dar uma nova roupagem aos seus projetos, a Disney procurou atualizar as suas histórias, sem deixar de lado a marcante essência do estúdio. Foi assim com o expressivo Frozen, quinta maior bilheteria de todos os tempos, e agora com Malévola, uma criativa reinterpretação do clássico A Bela Adormecida. Contando com a inspirada atuação de Angelina Jolie, magnética no papel da icônica bruxa Má, o longa consegue fazer com que a realidade invada os contos de fadas.
Demonstrando grande respeito à clássica animação de 1959, o estreante diretor Robert Stromberg nos brinda com um trabalho surpreendentemente ousado para o gênero. Ainda que mantenha os principais elementos e personagens em relação ao longa original, a trama assinada por Linda Woolverton praticamente remonta toda a história envolvendo a jovem Aurora. Na verdade, nesta tentativa de subverter o clássico conto, o centro das atenções passa a ser o da antagonista. Explorando a narrativa em primeira pessoa, somos então apresentados a jovem Malévola (Isobelle Rose Molloy), uma poderosa e justa fada que zelava por um mágico e pacífico reino na floresta. Em meio às brincadeiras e os sonhos, Malévola acaba conhecendo o jovem Steffan (Michael Higgins), um rapaz que acaba ultrapassando a fronteira entre humanos e as criaturas mágicas. Os dois então se aproximam e daí nasce uma grande relação de amizade.
O tempo passa, ambos crescem e a relação entre eles esfria. Com a cabeça repleta de ganância, o adulto Stefano (Sharlto Copley) acaba cometendo um grande ato de traição para chegar ao poder, transformando a inocente Malévola (Angelina Jolie) em uma vingativa figura. Irada com a atitude do agora Rei Stefano, ela acaba aproveitando a grande festa de batizado da jovem Aurora para entrar no castelo. Enquanto as fadas Knotgrass, Flittle e Thistletwit (divertido trio vivido por Imelda Staunton, Lesley Manville e Juno Temple) oferecem beleza, saúde e alegria como presentes, a raivosa Malévola resolve lançar uma maldição contra a jovem filha do rei. Quando completar 16 anos, Aurora (Elle Fanning) irá espetar o dedo no fuso de uma roca e dormirá o sono eterno, só conseguindo despertar com o beijo do amor verdadeiro.
Deixando de lado as motivações banais da animação original, a amplamente conhecida trama explora sentimentos e temas bem mais críveis para o espectador atual. Dando uma eficiente nova roupagem a este conto de fadas, com direito a uma original investida no passado de Malévola, os roteiristas são felizes ao atribuírem características humanas aos principais personagens. Desenvolvendo muito bem a relação entre Stefano e Malévola, toda a transformação dos dois protagonistas é concebida de forma extremamente precisa. Utilizando sentimentos como vingança, raiva e ganância na construção desta rivalidade, a narrativa se mostra certeira e cheia de ritmo na primeira metade da projeção. Embalado pelos coloridos efeitos visuais, que se mostram pouco originais na construção do reino mágico, o desenvolvimento inicial da história ganha contornos extremamente interessantes. Explorando a ambiguidade presente nas atitudes da bruxa má, principalmente na relação com a "praguinha" Aurora, o grande mérito do diretor Robert Stromberg fica pela forma como ele conduz o talento de Angelina Jolie. Grande destaque do longa, Jolie mostra o seu carisma na concepção de uma multidimensional personagem, capaz de assustar e cativar em uma mesma cena. Fazendo um baita uso da expressividade da atriz, Stromberg dá a liberdade que Jolie precisava para brilhar com a complexa Malévola. De longe a melhor atuação de Jolie desde A Troca (2008). Vale destacar também a ótima química com o ator Sam Riley, muito bem como a versão humana do seu fiel corvo.
Melhor ainda é a forma como o diretor explora a personagem, com direito a belos planos aéreos e diversos focos na expressão de Jolie. Contando com um impactante trabalho de maquiagem, aliado a bela fotografia assinada pelo experiente Dean Semler, Stromberg concebe uma Malévola que remete diretamente a icônica personagem de 1959. Vide a fantástica cena em que ele enquadra somente a silhueta da bruxa, numa bela homenagem à clássica animação. Quem também ganha uma interessante caracterização é o rei Steffano, conduzido com segurança por Sharlto Coopley (Distrito 9). Por outro lado, o mesmo já não acontece com o desenvolvimento da Bela Adormecida. Ainda que Elle Fanning tenha um desempenho acima da média como a inocente Aurora, a trama dá uma grande patinada no segundo ato. Apostando nos clichês que consagraram o gênero, incluindo ai a entrada do frágil Príncipe Encantado (Brenton Thwaites), Stromberg e os roteiristas praticamente não ousam na apresentação da carismática, mas vazia personagem. Menos mal que o empolgante clímax, com direito a ótima construção digital e boas cenas de ação, torna a o último ato condizente a esta nova roupagem dada aos clássicos personagens.
Angelina Jolie contracenando com sua filha Vivienne, de 4 anos, estreando nos cinemas.
Melhor ainda é a forma como o diretor explora a personagem, com direito a belos planos aéreos e diversos focos na expressão de Jolie. Contando com um impactante trabalho de maquiagem, aliado a bela fotografia assinada pelo experiente Dean Semler, Stromberg concebe uma Malévola que remete diretamente a icônica personagem de 1959. Vide a fantástica cena em que ele enquadra somente a silhueta da bruxa, numa bela homenagem à clássica animação. Quem também ganha uma interessante caracterização é o rei Steffano, conduzido com segurança por Sharlto Coopley (Distrito 9). Por outro lado, o mesmo já não acontece com o desenvolvimento da Bela Adormecida. Ainda que Elle Fanning tenha um desempenho acima da média como a inocente Aurora, a trama dá uma grande patinada no segundo ato. Apostando nos clichês que consagraram o gênero, incluindo ai a entrada do frágil Príncipe Encantado (Brenton Thwaites), Stromberg e os roteiristas praticamente não ousam na apresentação da carismática, mas vazia personagem. Menos mal que o empolgante clímax, com direito a ótima construção digital e boas cenas de ação, torna a o último ato condizente a esta nova roupagem dada aos clássicos personagens.
Equilibrando ação, aventura e drama com destreza, Malévola é acima de tudo uma grande atualização do histórico A Bela Adormecida. Ainda que as soluções envolvendo o relacionamento entre Aurora e o Príncipe Encantado sejam forçadas - até mesmo para um conto de fadas - o diretor Robert Stromberg evidencia o lado humano por traz do conto, trazendo uma revigorante multidimensionalidade aos personagens deste clássico Disney. Tudo isso, no entanto, sem deixar de lado as tradicionais concessões dentro dos filmes do gênero. Até porque os anos passam, as gerações mudam, mas tudo o que nós queremos é um cativante Final Feliz.
2 comentários:
Estou doida pra ver!
http://corujicesnomundo.com.br
Pelo menos a mim me surpreendeu. Veja sim que é um bom filme. Abs e volte sempre.
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