Elogiado por público e crítica, fato raro para filmes do gênero, 500 Dias com ela é um daqueles trabalhos que merece aplausos de pé. Dirigido pelo jovem Marc Webb, o longa não só consegue fugir dos clichês da cada vez mais batida comédia-romântica, como adiciona novos elementos ao gênero, que ganha uma roupagem leve, criativa, sútil e extremamente atual. Explorando uma linguagem pop, uma edição brilhante, um roteiro inovador e um casal que exala química, 500 Dias com ela é uma daquelas raras obras deliciosa de se assistir.
Com roteiro assinado pela dupla Scott Neustadter e Michael H. Weber, o longa mostra que os relacionamentos da vida real, se bem utilizados, podem vir a se tornar uma grande história. Explorando a trama de maneira não linear, mostrando o vai e vem na vida de um jovem casal, o longa narra a história de Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt), um rapaz sonhador e romântico que sonha em encontrar a mulher ideal. Crendo na fábula do "amor a primeira vista", Tom conhece Summer (Zooey Deschanell), a nova e enigmática assistente do seu chefe, pela qual ele se apaixona no primeiro instante. Diferente de Tom, Summer é a típica mulher moderna. Sem acreditar em vínculos amorosos, ela se mostra completamente contrária aos pensamentos de Tom. Porém, como os opostos se atraem, Tom logo fica impressionado com sua beleza, o que faz com que tente, nas duas semanas seguintes, realizar algum tipo de contato. Sua grande chance surge quando seu melhor amigo o convida a ir em um karaokê, onde os colegas de trabalho costumam ir. Lá Tom encontra Summer. Eles também cantam e conversam sobre o amor, dando início a um relacionamento.
Com uma história que aparentemente não se mostra muito inovadora, a trama dirigida por Marc Webb surpreende o espectador pela forma como é contada. Mostrando as idas e vindas durante estes 500 dias que Tom passou ao lado de Summer, o longa explora com bom humor, sensibilidade e associações criativas estas alternâncias na vida do casal. Como não é contado de forma linear, a trama do filme vai e volta mostrando o relacionamento dos dois, quase sempre de maneira inventiva. Com uma edição extremamente contemporânea, cheia de cortes e referências, o filme ganha em ritmo e, principalmente, em originalidade.
Sem se preocupar com cronologia do relacionamento, Webb se mostra muito feliz nas referências que faz cena após cena, e como elas se explicam. Por exemplo, num momento de baixa do casal, Tom faz uma brincadeira em uma loja de moveis e a reação de Summer é extremamente fria. Por si só, esta cena passaria em branco. Mas no momento seguinte, o filme volta no relacionamento, em um momento de auge, onde a mesma brincadeira se originou. Outro ponto que funciona muito bem, e diga-se de passagem de maneira inovadora, é a utilização de narrador. Tão mal explorado ultimamente, o recurso funciona bem nas primeiras cenas, quando mostra a origem dos personagens, e no decorrer do filme, sendo uma espécie de auxílio ao espectador, na compreensão do relacionamento do casal.
Além das excelentes escolhas da direção, e da edição, que foi fundamental para o êxito destas "sacadas" do roteiro, as referências pop são extremamente eficazes. Desde a opção na trilha sonora, que também se alterna dependendo do momento do casal, às ótimas piadas, o longa consegue reformular um pouco do gênero, fugindo dos clichês dos relacionamentos amorosos´. Prova disto são algumas inserções durante o filme, sempre em preto e branco, que discutem o tema de maneira criativa, mostrando cenas de outros filmes e opiniões de alguns personagens do longa. O resultado é feliz, e preenche bem alguns espaços na trama.
Apesar do todo o êxito na parte técnica do filme, o grande sucesso de 500 Dias com ela se deve ao elenco, mais precisamente ao casal Jospeh Gordon-Levitt e Zooey Deschanell. Considerado uma das maiores revelações dos últimos anos, a atuação de Levitt é daquelas inesquecíveis. Grande termômetro do filme, já que as idas e vindas do relacionamento sempre são destacadas pelo ponto de vista dele, Levitt se mostra completamente a vontade no personagem. Oscilando de maneira brilhante, de acordo claro com o momento do relacionamento, o ator consegue, talvez, a grande atuação de sua carreira. Já Deschanell, como sempre, empresta sua beleza e carisma a personagem Summer. Mostrando uma ótima química com Joseph Gordon-Levtt, a atriz abrilhanta o filme, com suas interpretações sempre singulares. É incrível como a personagem consegue conquistar o espectador. Além dos dois, o longa ainda tem a ótima participação da "Hit Girl" Chloe Moretz. A jovem mais uma vez tem atuação madura e extremamente importante para trama, funcionando apesar da pouca idade, como um conselheira amorosa de seu irmão vivido por Levitt. Somado a eles, apesar do pouco tempo em cena, o elenco de apoio funciona muito bem, dando ainda mais ritmo a ótima trama.
Original do início ao fim, 500 Dias com ela é mais um daqueles trabalhos que comprovam a existência de vida inteligente em Hollywood. Prova também, que a simples realidade ainda funciona muito bem, se aproveitada de maneira criativa. O resultado é um longa extremamente elogiado, oferecendo uma nova roupagem ao gênero, que ultimamente, tem migrado mais para a comédia em detrimento do romance.
2 comentários:
Acabei de postar sobre este filme no meu blog. Gostei bastante, o roteiro mostra de uma forma diferente uma história que poderia ser igual a tantas outras.
O par principal ajuda muito neste bom filme.
Abraço
Legal, depois vou dar uma passada lá no seu blog. Sem dúvidas o elenco foi mto bem. Grande abraço e volte sempre.
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