quarta-feira, 24 de abril de 2019

Eles nem sempre foram super-heróis! O antes e o depois do elenco original de Vingadores


Nesta quarta-feira chega aos cinemas o aguardadíssimo Vingadores: Ultimato, o filme evento que traz consigo a missão de arrematar uma história arquitetada com extrema minúcia na última década. O ponto final de uma saga que se tornou referência dentro da cultura pop. A essa altura, por sinal, elogiar o Universo Cinematográfico da Marvel pode soar até redundante. Aqui mesmo no Cinemaniac, inclusive, já analisamos com profundidade os predicados que ajudaram a transformar o MCU (no original) num estrondoso sucesso de público e crítica. Muita coisa mudou, entretanto, nos últimos onze anos. Em especial no status dos atores encontrados por Kevin Feige para protagonizar este verdadeiro quebra-cabeças em formato fílmico. Muito mais do que meras peças na engenhosa engrenagem Marvel, o eclético elenco se tornou parte da essência da série de filmes. Alguns, na verdade, cresceram junto do Universo Vingadores. Viram as suas carreiras ganharem um novo rumo. Se tornaram os nomes mais bem pagos de Hollywood. Neste artigo, portanto, nada mais justo que falar sobre as verdadeiras estrelas do espetáculo. Conheça o antes e o depois (nas montagens com fotos em 2008 e 2019) na carreira de alguns dos principais nomes do elenco do Universo Vingadores. 

- Robert Downey Jr. 


A pedra fundamental do MCU, Robert Downey Jr. foi pinçado por Kevin Feige num dos momentos mais complicados da sua vida. Após um início de carreira robusto, com direito a indicação ao Oscar por títulos como Chaplin (1992), o versátil ator viu o sucesso virar contra si próprio. Entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, ele se transformou num verdadeiro ‘bad-boy’ dentro da indústria. Lutando contra o vício em drogas e as suas sequelas, ele foi preso algumas vezes, enfrentou a dura rotina das clínicas de reabilitação e nesse meio tempo sucumbiu as pressões impostas por Hollywood. Desvalorizado, mas recuperado, Downey Jr. não desistiu. Seu talento era tão evidente que, mesmo diante de tantos problemas, ele não viu as portas se fecharem por completo. Com o voto de confiança vieram filmes como os elogiados Beijos e Tiros (2005), O Homem Duplo (2006) e Zodiáco (2007). Mesmo longe do protagonismo absoluto, Robert Downey Jr. estava de volta e pronto para reajustar o curso da sua rota. Foi em Homem de Ferro (2008), porém, que o astro em potencial voltou a flertar com o ‘status’ estrelar. De volta ao papel de protagonista, desta vez em um ambicioso blockbuster, o expressivo ator causou perfeitamente com o seu personagem. Tal qual o seu Tony Stark, ele tinha um passado nebuloso, muito charme e uma sincera vontade de se redimir. O resultado foi instantâneo. Homem de Ferro (2008) inaugurou uma nova era dentro dos filmes de super-heróis. Sucesso ao redor do mundo, o longa deu a então claudicante Marvel Studios o sinal verde para pensar mais longe, resgatar uma marca que até então estava “esquecida”. Nos anos seguintes, embalado por este triunfo, Robert Downey Jr não pestanejou em abraçar a causa, em encarar com a devida seriedade a chance de sua vida. Vieram então Homens de Ferro 2 e 3, Sherlock Holmes, Os Vingadores e o ‘status’ de ator mais bem pago de Hollywood em 2014, 2015 e 2018. Um prêmio a um ator que, me arrisco a dizer, é ainda hoje o coração do MCU e o rosto do Universo Vingadores. 

- Gwyneth Paltrow 


Vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Sheakespeare Apaixonado (1999), Gwyneth Paltrow foi uma escolha ousada para o papel da simpática Pepper Potts. Em 2008, mesmo numa fase mais “pés no chão” da sua carreira, a atriz ainda trazia consigo um status estrelar. Embora as suas tentativas dentro do universo blockbuster tivessem fracassado nas bilheterias, vide o caso do esquecido Capitão Sky e o Mundo do Amanhã (2004), ela parecia ser um investimento “caro demais” para um papel tão “pequeno”. A ideia, porém, era que Paltrow não ficasse reduzida ao arquétipo do interesse amoroso. Segundo a própria, em entrevista recente, o diretor Jon Favreau queria desde o início montar um elenco pesado, recheado de rostos conhecidos, para “revolucionar” a forma como o público via os filmes do gênero. Convencida, Paltrow definitivamente não tem o que reclamar. Com uma personagem crescente, ela ganhou ainda mais relevância nas sequências Homem de Ferro 2 e Homem de Ferro 3, elevando o patamar da sua carreira ao se tornar um rosto recorrente dentro de uma das mais populares franquias do universo blockbuster. Até porque, longe do MCU, Paltrow perdeu espaço, vendo a sua carreira cinematográfica ficar relegada a filmes menores e mais autorais. Embora nos últimos anos a sua Pepper Potts tenha perdido relevância com a expansão do Universo Vingadores, Paltrow seguiu carregando o prestígio por fazer parte do MCU desde o seu primeiro longa, se mantendo em evidência ao longo da última década. 

- Terrence Howard 


Nem tudo são flores no Universo Vingadores. O que fica bem claro com a trajetória do talentoso (e genioso) Terrence Howard dentro da franquia. Mais uma adição de peso para o elenco original de Homem de Ferro (2008), o ator chegou trazendo consigo uma indicação ao Oscar de Melhor Ator pelo poderoso drama musical No Ritmo de um Sonho (2005). Uma escolha que, num primeiro momento, não poderia ser mais certeira. Com carisma, energia e presença cênica, Howard se revelou a “escada” perfeita Robert Downey Jr. na pele do Tenente Rhodes. A química entre os dois era perfeita, a dinâmica entre os conflitantes personagens instigante e o potencial visando o futuro muito claro. Eis que, para a surpresa de todos, a Marvel anunciou que Homem de Ferro 2 (2010) não traria no elenco Terrence Howard. Sem grandes justificativas, Kevin Feige anunciou a demissão e a contratação do igualmente intenso Don Cheadle. Na época houve uma leve grita, com direito a abaixo assinado pedindo a recontratação do primeiro Máquina de Combate. O martelo, entretanto, estava batido. Nos bastidores, durante a pré-produção, as notícias oficiais davam a entender que o comportamento de Howard no set não foi dos melhores. Segundo a EW, ele teria “custado demais” à Marvel Studios em função das inúmeras regravações envolvendo o seu Tenente Rhodes. Além disso, especulações questionavam o ego do ator e o efeito do seu temperamento dentro do set. Nos anos seguintes, foi a vez de Howard contra-atacar. Em 2012, numa visita no Brasil, o realizador criticou o diretor Jon Favreau e a “falta de lealdade” dele por optar pela sua demissão. No ano seguinte, ao site Daily Mail, Howard decidiu se voltar contra o próprio Robert Downey Jr, sugerindo que o astro teria “pego o dinheiro” que iria para ele e o “empurrado” para fora da franquia. Uma informação um tanto quanto desencontrada que nem chegou a reverberar dentro do MCU. O fato é que, longe da franquia Homem de Ferro, Terrence Howard não chegou a emplacar um novo ‘hit’ dentro do universo blockbuster. Ainda assim, seja na TV, seja no Cinema, ele seguiu entregando trabalhos sólidos, se destacando em títulos do porte de O Mordomo da Casa Branca (2013), Os Suspeitos (2013) e a série Empire. 

- Edward Norton 


Em O Incrível Hulk (2008), seguindo a linha adotada em Homem de Ferro (2008), Kevin Feige decidiu investir pesado na contratação do seu protagonista. O escolhido foi o consagrado Edward Norton. Trazendo na bagagem duas indicações ao Oscar (por As Duas Faces de Um Crime e A Outra História Americana), o intenso ator de Clube da Luta (2004), Cruzada (2005) e O Ilusionista (2006) surpreendeu ao topar viver o raivoso gigante verde num filme pipoca “raiz”. Algo até então inédito na sua filmografia. Assim como Robert Downey Jr., Norton trouxe ao personagem um escopo dramático digno de elogios, elevando o nível deste divertido longa ao abraçar a instabilidade do super-herói com propriedade. Embora o longa não tenha causado o mesmo frisson nas bilheterias, o público recebeu muito bem o Hulk de Edward Norton, na expectativa que o respeitado ator pudesse retornar ao personagem mais à frente. Alguns anos depois, quando Feige e a sua turma começaram a pensar o aguardado filme evento (e divisor de águas) Os Vingadores (2012), o espectador foi mais uma vez pego de surpresa com o anúncio que Edward Norton não iria viver novamente o irritadiço herói. Substituído pelo igualmente talentoso Mark Ruffalo, ele deixou o projeto alegando (no popular) que estava à procura de papéis mais desafiadores. Ao contrário de Downey Jr., Norton se sentiu maior enquanto artista do que o engenhoso produto que Marvel Studios estava propondo naquele momento. Em entrevista recente, até com justiça, ele disse que se tivesse topado seguir como o Hulk teria perdido a oportunidade de co-estrelar títulos como os elogiados Moonrise Kingdon, O Grande Hotel Budapeste e Birdman. Compreensível... Nos anos seguintes, porém, o que vimos foi uma queda no status de Norton enquanto estrela da Sétima Arte, perdendo espaço no mainstream em filmes genéricos (Homens em Fúria e O Legado Borne) ou terríveis (Beleza Oculta). Cada escolha traz uma consequência e, aos meus olhos, a opção de Norton custou literalmente muito caro para este talentoso ator. 

- Scarlett Johansson 


Falar que Scarlett Johansson foi “revelada” pelo MCU é um exagero. Embora jovem, a expressiva atriz desde cedo construiu uma carreira sólida, brilhando em longas como O Encantador de Cavalos, Ghost World, Encontros e Desencontros, Match Point e O Grande Truque. Faltava a ela, porém, chegar aos olhos do grande público. E nisso, indiscutivelmente, o Universo Vingadores foi decisivo para a sua carreira. Na pele da dúbia e sedutora agente Romanoff (A.K.A Viúva Negra), Johansson é disparada a melhor coisa dentro do divertido, mas genérico Homem de Ferro 2 (2010). De longe o elemento mais original da continuação, a atriz norte-americana surpreendeu ao abraçar o vigor físico da sua personagem com extrema naturalidade, entregando algumas das melhores sequências de ação da obra. Consciente que a primeira impressão é a que fica, Scarlett Johansson construiu uma heroína ‘bad-ass’ e inteligente, uma heroína que instantaneamente caiu nas graças do público. Talvez o personagem que mais tenha crescido dentro do universo Vingadores, a Viúva Negra logo se tornou uma verdadeira protagonista da saga, se tornando figura chave em títulos como Os Vingadores (2012), A Era de Ultron (2014), Capitão América: Guerra Civil (2016) e (claro!) em Vingadores: Guerra Infinita (2018) e (espero) Ultimato (2019). Se dentro do MCU a heroína prosperou, o mesmo podemos dizer da carreira de Scarlett Johansson. Considerada a atriz mais bem paga de Hollywood em 2018, ela se tornou o que podemos chamar de verdadeira estrela do cinema, se destacando em títulos como o memorável Ela, o cult Lucy e o subestimado Ghost in The Shell. Pena que a Marvel tenha demorado tanto a dar a sua Natasha Romanoff o filme solo que ela tanto fez por merecer... 

- Samuel L. Jackson 


Esqueça as polêmicas iniciais quanto a etnia de Nick Fury. Samuel L. Jackson é o Nick Fury e ponto final. Embora a sua primeira aparição ocorra na fantástica cena pós-crédito de Homem de Ferro (2008), o responsável pela criação da iniciativa Vingadores no MCU recolocou o inesgotável ator nos holofotes do grande público. Ao longo de sua carreira, Jackson se acostumou a estrelar\participar de todo o tipo de produção em Hollywood. Das menores às mais espetaculares. Das populares às mais críticas. Com um currículo pesadíssimo (com marcas do quilate de Jurassic Park, Star Wars e Os Incríveis), Jackson trouxe ao universo Vingadores um tempero urbano que agregou muito a franquia. Assim como Natasha Romanoff, Nick Fury cresceu assustadoramente ao longo dos últimos dez anos no MCU, indo de um ‘easter-egg’ no primeiro longa ao papel de co-protagonista em Capitã Marvel (2019) com enorme destreza. Nada mais justo. O mesmo, aliás, aconteceu para Samuel L. Jackson longe da franquia. Por mais que, a rigor, ele seja daqueles felizardos que na maior parte da sua carreira nunca experimentou uma época de vacas magras, o ator repentinamente ganhou um novo status dentro da indústria, reforçando a sua aclamada filmografia com títulos como Django Livre, Kingsman: Serviço Secreto, A Lenda de Tarzan, Kong: A Ilha da Caveira, Dupla Explosiva e Vidro. Nada mal, hein¿ 

- Don Cheadle 


Com a missão de substituir o carismático Terrence Howard, a Marvel Studios voltou a pensar “fora da caixinha”. No papel, Don Cheadle tinha bem pouco em comum com o Tenente Rhodes do ex-integrante do MCU. Com filmes densos como Colors: As Cores da Violência, O Diabo Veste Azul, Traffic, Crash: No Limite e Hotel Ruanda no currículo, ele parecia ter bem pouco haver o radiante parceiro de Tony Stark. Não podemos, porém, nunca desconfiar de um ator com tantos recursos. Numa mudança de personalidade sutil, mas muito perceptível, o Tenente Rhodes de Cheadle ganhou ares mais certinho, mais responsáveis, se tornando não uma escada, mas um contraponto a figura de Tony Stark. As rixas entre os dois só ficaram mais evidentes. O Máquina de Combate se tornou um personagem mais complexo. Algo potencializado em Guerra Civil, quando, de fato, o ‘sidekick’ virou um dos elementos mais dramáticos do épico longa. Ao contrário dos seus muitos colegas de set, porém, Cheadle não conseguiu alavancar a sua carreira no MCU, encontrando na TV a oportunidade para obter papeis mais desafiadores na série House of Lies. Um ator, ainda hoje, muito subestimado. 

- Chris Hemsworth 


Diferente de Homem de Ferro e O Incrível Hulk, em Thor a Marvel Studios resolveu arriscar mais. E o resultado foi o melhor casting nos onze anos do MCU. Nascido na Austrália e com uma filmografia até então extremamente “humilde”, Chris Hemsworth contornou as baixas expectativas em torno da sua escalação ao já no primeiro filme entregar tudo aquilo que se esperava de um imponente Thor. Sob a vistosa batuta de Kenneth Branagh, o então proeminente ator criou um deus do trovão arrogante, forte e inesperadamente cômico, um tipo desajustado com muito a oferecer ao MCU. Com uma ótima química com os veteranos Anthony Hopkins, Natalie Portman e Rene Russo, Hemsworth abraçou a oportunidade com unhas e dentes, se tornando nos filmes seguintes um dos personagens de maior curva ascendente do Universo Vingadores. Cada vez mais à vontade no papel, ele foi achando o tom do seu Thor ao logo da saga, culminando num dos títulos mais cômicos da franquia, o impagável Thor: Ragnarok. Além disso, a tortuosa relação dele com os demais Vingadores seguiu sendo bem aproveitada dentro do MCU, muito em função do entrosamento de Hemsworth com o restante do elenco e pela sua capacidade de não se levar tão a sério. Impulsionado pela explosão comercial do universo, o ator australiano foi indiscutivelmente o que mais se valorizou dentro do elenco. Longe da Marvel Studios, Hemsworth emplacou ‘hits’ do porte de Branca de Neve e o Caçador, Rush: No Limite da Emoção, No Coração do Mar, Caça-Fantasmas, Maus Momentos no Hotel Royale e o ainda inédito MIB: Internacional, se tornando um dos nomes mais requisitados do momento ao se revelar muito mais do que o rostinho bonito da vez. 

- Tom Hiddleston

 
Se Chris Hemsworth foi o grande achado do MCU, Tom Hiddleston é a maior revelação da franquia Vingadores. Antes de Thor eu sequer conhecia o charmoso ator britânico. Oriundo da TV e com apenas pequenos filmes no currículo, Hiddleston chegou comprovando a capacidade de Kevin Feige em enxergar muito além do que era esperado. Numa opção ousada, a Marvel Studios surpreendeu a todos ao entregar ao nome menos conhecido o papel mais desafiador da sua fase 1. Na pele de um personagem ardiloso, perigoso e pouco confiável, Hiddleston precisou de um filme para fazer de Loki uma das peças mais queridas da engrenagem MCU. Tratado inicialmente como o grande vilão da saga (e por muito tempo o melhor), o antagonista pouco a pouco começou a ser tratado como anti-herói, dando a Hiddleston os ingredientes necessários para que ele pudesse exibir o seu vasto repertório dramático. O que ficou bem claro nos filmes seguintes da franquia. O grande ladrão de cenas do MCU, Loki se tornou um dos símbolos do que melhor o universo Vingadores tem a entregar. Algo que, obviamente, se refletiu também na carreira de Tom Hiddleston. Embora sem o status do seu “irmão” Chris Hemsworth, ele conseguiu brilhar seja no cinema indie\autoral (Amantes Eternos, A Colina Escarlate), seja no universo dos filmes pipocas (Kong: A Ilha da Caveira), se tornando um artista extremamente requisitado em Hollywood. No momento, porém, Hiddleston tem encontrado pouco tempo para outros projetos, já que, além da participação no MCU, o ator migrará para a TV com o seu Loki numa série homônima para o vindouro Disney +. Um artista com muito a oferecer para a Sétima Arte. 

- Idris Elba 


Olha quanta gente boa Thor ajudou a “revelar”. Com uma carreira ascendente, mas recheada de papeis proeminentes em filmes que nunca decolaram (A Colheita Mal, Rock N’ Rolla, Os Perdedores), Idris Elba precisava de um empurrãozinho para entrar no radar do grande público. E ele veio no MCU. Na pele do guardião da bifrost, o ator soube aproveitar a sua oportunidade ao viver o rígido Heimdal, um personagem secundário, é verdade, mas que ganhou relevância ao longo da franquia. Com menos “responsabilidades” dentro da insana cronologia do Universo Vingadores, Elba conseguiu colher com maior liberdade os frutos do seu novo status dentro da indústria, trabalhando com nomes como os de Rydley Scott e Guillermo Del Toro em filmes como Prometheus e Círculo de Fogo. Além disso, ele, embora tenha fracassado com o caótico A Torre Negra, seguiu enfileirando hits como Mandela: O Caminho para a Liberdade, Zootopia, Mogli: O Menino Lobo, Procurando Dory, Star Trek: Sem Fronteiras e o ainda inédito Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw. É difícil mensurar se esta consolidação se deve única e exclusivamente a sua entrada no MCU, mas o fato é que fazer parte do Universo Vingadores não fez nada mal para a carreira de Idris Elba. 

- Chris Evans 


Quando Chris Evans foi anunciado como o Capitão América do MCU houve certa resistência ao nome. Por mais que o primeiro vingador tivesse fama de bom moço, até ali o jovem ator era conhecido por suas comédias\comédias românticas e pela competente performance como o Tocha Humano no infantil Quarteto Fantástico. Bastaram os primeiros minutos de Capitão América (2011), porém, para que todas as dúvidas caíssem por terra. Com um forte senso de bravura, um idealismo sincero e muito carisma, Evans injetou humanidade ao seu Steve Rogers, um herói que desde o seu primeiro filme sempre manteve um pé no drama. Para a surpresa de todos, ele conseguiu capturar as nuances sentimentais envolvendo o seu Capitão com enorme propriedade, crescendo consistentemente ao longo da saga em alguns dos melhores títulos do MCU. Um dos pilares da franquia, Evans não encontrou muito tempo para permitir que a sua carreira avançasse fora do Universo Vingadores, mas, ainda assim, entregou títulos do quilate de Expresso do Amanhã e Um Laço de Amor. Eu fico, aliás, sinceramente curioso para ver quais serão os próximos passos com a despedida de Chris Evans do MCU. Em breve veremos ele no thriller Knives Out (do diretor Rian Johnson) e o drama The Red Sea Diving Resort. Com lançamentos previstos para 2019 nos EUA, os dois longas prometem mostrar um Chris Evans longe do que ele se acostumou a entregar nos últimos anos. 

- Sebastian Stan 


Preciso confessar uma coisa, Sebastian Stan nunca me convenceu muito como o Soldado Invernal. Não sei, ele sempre me pareceu ter uma cara “boazinha” demais. É inegável, porém, que estamos diante de um ator muito talentoso e que se tornou uma peça muito importante em dois dos melhores títulos do MCU (Capitão América: O Soldado Invernal e Guerra Civil). Assim como alguns nomes desta lista, entretanto, a forma como o seu personagem cresceu ao longo da série é de impressionar. Na pele do fiel amigo Bucky Barnes, Stan, que era conhecido pelo público feminino pela sua participação na séria (argh) The O.C, ajudou a formar o caráter do herói no cinema ao dar um pequeno vislumbre do legado de perdas que cercaria a sua jornada. Com uma participação inicialmente menor, mas muito importante para o avançar da série, Sebastian Stan retornou ao “jogo” com muito mais força e agressividade na pele do frio Soldado Invernal na continuação, tornando tudo mais complexo ao entrar, claro!, em rota de colisão com o seu amigo Capitão América. Uma das relações mais complexas do MCU, a dinâmica interação entre Bucky e Steve seguiu rendendo até os últimos filmes, alimentando as dúvidas sobre o futuro de Stan dentro da saga. Embora nos últimos anos os rumores de que Barnes assumiria o papel de Capitão América deram uma diminuída, o fato é que, ao que tudo indica, guardada alguma surpresa, ele seguirá dando as caras na vindoura fase 4. Fora da franquia, Stan segue colecionando papéis importantes em títulos como Perdido em Marte, Eu Tônia, Logan Lucky e o Peso do Passado, encontrando cada vez mais espaço e personagens mais expressivos. Mais um que teve a sua filmografia “turbinada” no pós-MCU. 

- Mark Ruffalo 


Posso estar me repetindo, mas quem, em sã consciência, escalaria o ator Mark Ruffalo para viver o gigante raivoso Hulk¿ Reconhecido por viver personagens frágeis, intenso e em sua maioria dramáticos, ele foi a alternativa pensada por Kevin Feige para a saída de Edward Norton. E olha, que visão certeira. Dono de um carisma inigualável, Ruffalo ajudou a transformar Hulk nos dos personagens mais cativantes do MCU. Esqueça a fera inabalável. O “We Got a Hulk”. Longe de ser o tanque do Universo Vingadores, o super-herói sob o comando deste talentoso ator ganhou nuances mais humanas. A rixa entre Steve Banner e Tony Stark se tornou um elemento muito interessante. A rivalidade entre Thor e Hulk trouxe humor à franquia. O seu comportamento bestial foi sendo gradativamente substituído por uma lógica mais racional. O seu Hulk passou a se divertir, temer, se importar. Algo que começou em Os Vingadores, ganhou força em A Era de Ultron e atingiu o seu ápice em Thor: Ragnarok e Vingadores: Guerra Infinita. Ruffalo deu a Hulk uma identidade. O transformou em algo muito maior do que o monstro digitalizado do grupo. Alçado a posição de astro de blockbuster quase da noite para o dia, ele mostrou despreparo. Falou demais, deu muitos spoilers, levou à loucura qualquer diretor do MCU preocupado com a manutenção dos segredos em torno da franquia. Um “sofrimento” recompensado com performances densas e recheadas de personalidade. Se até 2008 Mark Ruffalo se acostumou a roubar a cena com papéis de coadjuvante em títulos como A Última Fortaleza, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, De Repente 30, Colateral e Ilha do Medo, nos anos seguintes a sua carreira subiu de patamar quase que instantaneamente. Com a popular franquia Truque de Mestre, o adorável drama musical Mesmo se Nada der Certo, o elogiadíssimo drama Foxcatcher e o vencedor do Oscar Spotlight, Mark Ruffalo se tornou uma estrela do cinema no mínimo peculiar. Um artista conhecido por muitos, mas incapaz de renegar a sua veia autoral. No final das contas, o que para muitos é uma pressão, para ele parece uma grande (e milionária) diversão. E ele é tão bom, mas tão bom no que faz, que os geralmente irritadiços fãs de cultura pop nem se incomodaram tanto em ver muito mais Mark Ruffalo nos últimos filmes, do que propriamente o destrutivo Hulk. 

- Clark Gregg 


Algo semelhante, aliás, aconteceu também com Clark Gregg. Um verdadeiro trabalhador dentro da Sétima Arte, o carismático ator se acostumou a viver de pequenas oportunidades. Um coadjuvante aqui, um secundário ali. O negócio era estar fazendo parte dos ‘cast’ de títulos do porte de Perigo Real e Imediato, Os Suspeitos, AI: Inteligência Artificial, Fomos Heróis, Ligados pelo Crime. Era estar dividindo espaço com grandes nomes do cinema. Algo que, diga-se de passagem, se repetiu em Homem de Ferro. Ali, mais uma vez, Gregg vivia um personagem grande o bastante para ser lembrado, mas pequeno demais para se destacar. Para a surpresa de muitos, no entanto, o seu Agente Coulson (um personagem que não existia nos quadrinhos clássicos) tinha algo a acrescentar ao MCU. Pelo menos era isso que Kevin Feige e a equipe criativa pensava. Muito mais do que o homem burocrático responsável por ativar a iniciativa Vingadores, ele trazia consigo sentimentos que aos poucos se tornariam decisivos para o rumo da franquia. Numa sacada de mestre, daquelas que sintetizam a engenhosidade narrativa do MCU, Joss Whedon aprontou das suas ao tornar o “inofensivo” Coulson na bússola moral que viria a embalar o (ainda hoje) melhor filme da franquia. Em Os Vingadores, é o membro da S.H.I.E.L.D o principal agente catalisador da trama. Consciente que estava diante da oportunidade da sua carreira, Gregg abraçou com rara intensidade o senso de integridade do seu personagem, culminando numa das sequências que se tornaram o divisor de águas dentro da franquia. Ali, os heróis passaram a ter um verdadeiro motivo para se unir, Loki se assumiu como o odioso antagonista que todos esperavam ver e Coulson viraria uma espécie de peça chave para a ampliação do universo Vingadores para outras mídias. Dos pequenos papéis para o estrelato, Clark Gregg repentinamente era a estrela da série Marvel Agents of Shield e o seu Coulson um nome frequentemente lembrado dentro do MCU. Atarefado com o frutífero (e ainda hoje no ar) seriado, o ator não conseguiu muito espaço para alçar voos mais altos fora da franquia. Ainda assim, nesse meio tempo, ele trabalhou novamente com Whedon no elogiado Muito Barulho por Nada e “retornou do mundo dos mortos” no MCU no recente Capitã Marvel. Que história, não?

- Jeremy Renner 


O último dos Vingadores originais a entrar para equipe, Jeremy Renner chegou para interpretar um dos personagens (aparentemente) mais dispensáveis do MCU. Como nos acostumamos a ver ao longo da franquia, entretanto, as aparências dentro da Marvel Studios em muitos casos enganam. A rigor, o Gavião Arqueiro surgia como o elo mais fraco da saga. O que, diga-se de passagem, foi brilhantemente explorado dentro de Os Vingadores (2012). Dando aula de como valorizar os seus (no caso) heróis, o MCU transformou Clint Barton numa espécie de peão nas mãos de Loki, criando uma dinâmica funcional ao colocá-lo inicialmente contra o grupo que no futuro ele viria a fazer parte. Ponto! Em poucos minutos Renner tinha um papel importante dentro do primeiro filme evento da Marvel Studios. Uma função marcante que deu ao ator a possibilidade de criar um herói humano, frágil e por isso corajoso. Um homem capaz de lutar entre deuses, feras, criaturas místicas e cibernéticas. A partir daí o Gavião Arqueiro se tornou o protagonista mais “pés no chão” dos Vingadores. Algo que, inclusive, promete ser habilmente explorado em Vingadores: Ultimato, quando ele finalmente assumirá um dos seus mais populares alter-egos, o Ronin. Quanto a carreira pessoal de Jeremy Renner, ao contrário de nomes como os de Robert Downey Jr, Chris Hemsworth e Mark Ruffalo, ele chegou ao MCU no auge da sua carreira. Através de títulos como o tenso Extermínio 2, o implacável Guerra ao Terror, o fantástico Atração Perigosa e o empolgante Missão: Impossível – Procolo Fantasma, o ator já era uma certeza em Hollywood, algo que só foi potencializado com a sua entrada no Universo Vingadores. Desde então Renner seguiu emplacando hits, brilhando em obras do quilate de Era Uma Vez em Nova Iorque, João e Maria: Caçadores de Bruxas (baita filme subestimado), Trapaça, Missão: Impossível – Nação Secreta, A Chegada e Terra Selvagem.


Resta saber agora (quem sabe?) se Tom Holland, Brie Larson, Tessa Thompson, Chris Pratt, Danai Gurira, Benedict Cumberbatch, Paul Rudd, Letitia Wright, Anthony Mackie, Zoe Saldana e Chadwick Boseman conseguirão manter as azeitadas engrenagens do MCU em ação visando o futuro da franquia. Isso só o tempo dirá...

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