quarta-feira, 20 de março de 2019

(Mini) Crítica | Seu Filho (2019)

A vingança corrói


Embora interfira demais na nossa perspectiva sobre os fatos narrados, o thriller Seu Filho compensa ao escancarar com veracidade o efeito corrosivo da vingança, a ausência do sistema policial\judiciário e as sequelas mais vis de uma sociedade machista. Um filme desconcertante. Por trás do peso e do realismo impresso pelo intenso ator José Coronado (do excelente O Corpo), porém, se esconde algumas das fragilidades da enervante película espanhola. Se por um lado o roteiro é cuidadoso ao nos colocar na posição do humano pai, ao permitir que sintamos a sua dor, a sua raiva, a sua impotência e o seu sentimento de vingança, por outro sacrifica o drama dos demais personagens na ânsia de criar o clima de mistério em torno dos motivos para tamanha brutalidade. Um problema que não demora a saltar aos olhos, principalmente quando nos deparamos com as óbvias meias verdades escondidas no texto. Uma personagem, em especial, merecia uma atenção muito especial, o que fica bem claro dentro do impiedoso clímax. Incisivo ao escancarar as dolorosas feridas causadas por uma espiral de vingança e violência, Seu Filho contorna esses "lapsos" narrativos (o recurso do flashback poderia ser bem menos literal aqui) ao não se permitir que os seus brutalizados personagens encontrem redenção. O que, diante da proposta realística da obra, faz todo o sentido.

Sinopse: Um respeitado médico (José Coronado) entra em uma dolorosa espiral de vingança quando o seu querido e afetuoso filho (Pol Monen) é brutalmente espancado. E isso sem sequer desconfiar dos reais motivos por trás de um ato tão agressivo.

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