quinta-feira, 14 de março de 2019

(Mini) Crítica | Negação (2016)

Não deem voz a tolos


Numa época em que pessoas tentam reinterpretar os fatos ao seu bel prazer, o drama Negação (Denial, no original) surge como um relato forte contra os que tentam tratar como liberdade de expressão ofensas e preconceitos. Uma obra elegante que, a partir de fatos, é incisiva ao defender o valor da verdade. Com um elenco gabaritado, guiado pela fantástica Rachel Weisz, o longa dirigido por Mick Jackson é cuidadoso ao tentar entender o modo de agir desses que tentam "crescer" a partir da deturpação de fatos, refletindo sobre os perigos em torno da propagação de falaciosas opiniões. Embora o roteiro dê as suas derrapadas na tentativa de manter o mistério acerca do julgamento movido por um "negador" do Holocausto, o longa é sutil ao traduzir o efeito devastador destas reinterpretações na vida dos sobreviventes, prezando pelo drama em detrimento do melodrama. O que fica bem claro, em especial, na sequência ambientada em Auschwitz e no peso conferido por Jackson em cada frame nesta passagem. Contundente ao atacar a irresponsabilidade de alguns em relação a verdade histórica, Negação se revela uma obra envolvente que tem muito a dizer num momento em que 'fake news', boatos e falsas interpretações se tornaram "fundamentos" para a confecção de teses estapafúrdias.

Sinopse: Uma respeitada pesquisadora (Rachel Weisz) vê o trabalho de uma vida ficar ameaçado quando um midiático historiador (Timothy Spall) decide negar a existência do holocausto nos tribunais.

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