Ela brilhou como vilã, brilhou como heroína, brilhou como elfa e também
como bailarina. Uma verdadeira "monstra" na arte de atuar, a
australiana Cate Blanchett mostrou em 2017 os motivos que a transformaram numa
das realizadoras mais versáteis de Hollywood na atualidade. Como de costume na
sua filmografia, a multifacetada atriz sempre soube explorar o melhor dos
"dois mundos", transitando entre a popularidade do universo
blockbuster e o refinamento do cinema autoral com extrema naturalidade. Um
predicado que fica bem claro quando, na mesma semana, Blanchett "invade"
o circuito brasileiro com duas obras indiscutivelmente distintas: a irreverente
comédia aventureira Thor: Ragnarok e o artístico\inclassificável Manifesto (foto abaixo). No
primeiro, a mais nova (e audaciosa) peça da poderosa engrenagem Marvel, a
estrela de Elizabeth e O Senhor dos Anéis entregou uma das vilãs mais marcantes
do MCU, a destruidora Hela. Numa performance sedutora e recheada de
maneirismos, a atriz absorveu com absoluta desenvoltura a proposta extravagante
do diretor Taika Waititi, tornando a deusa da morte um dos principais trunfos
da película. Já no segundo, uma película experimental idealizada pelo artista
plástico Julian Rosefeldt, Blanchett desfila o seu vasto repertório ao encarar
treze personagens diferentes, dando voz as opiniões e críticas do diretor num trabalho
singular. Uma produção que só uma fera com o talento e o prestígio dela poderia
tirar do papel. Antes de brilhar em trabalhos deste nível, entretanto, Cate
Blanchett teve que trilhar um longo caminho da Oceania para Hollywood. Uma
jornada recheada de papéis marcantes, títulos variados e incontáveis sucessos.
Nascida em Melbourne na Austrália, Caterine Elise Blanchett demorou a
abraçar a sua veia artística. Após um curto período estudando Economia e Belas
Artes na Universidade de Melbourne, ela decidiu repensar a sua vida, largou os
respectivos cursos e decidiu viajar para outros continentes. Foi numa dessas
viagens, alias, que a então turista viveu a sua primeira
"experiência" cinematográfica. Se é que podemos trata-la desta forma.
Durante a sua estadia no Egito, Blanchett foi convidada para fazer uma
minúscula ponta num filme local. Em entrevista ao The Guardian, ela falou sobre
o inusitado convite e confessou que desistiu do trabalho ao chegar no set de
filmagens. "Então, eu estava num pulgueiro no Cairo, que provavelmente nem
existe mais, o hotel Oxford. Um escocês aleatório apareceu e disse que estavam
procurando por extras de língua egípcia e que pagaria cinco libras egípcias e
um falafel (salgado típico da região). No momento eu não tinha dinheiro
suficiente para pagar o meu quarto durante a semana. Eu fui e havia um árabe
com um megafone, como se fosse um filme mudo, e estava tão quente e tão chato
que eu desisti", admitiu ao jornal britânico. De volta a sua terra natal
pouco tempo depois, a então aspirante a atriz decidiu abraçar a sua vocação e
voltou ao curso de Belas Artes, desta vez na National Institute of Dramatic
Art. Na época, ela revelou que tratava a atuação como um "terrível
vício" e que "sentiu que precisava dar cinco anos da sua vida para
ver onde chegava". Formada em 1992, Blanchett começou a chamar a atenção
no mesmo ano ao contracenar com o eclético ator Geoffrey Rush e o diretor David
Mamet na peça Oleanna. No ano seguinte, após brilhar nas peças Elektra e Kafka
Dances, a então jovem atriz entrou no radar das premiações em grande estilo ao
levar, em 1993, os prêmios de Revelação e Melhor Atriz no respeitado Sydney
Theatre Critics. Impulsionada pelo seu desempenho nos palcos, ela tentou a
sorte na TV e no Cinema. Os grandes papéis, porém, não vieram tão facilmente.
Após atuar em pequenos filmes e séries, entre eles Heartland (1994) e Parklands
(1996), Cate Blanchett entrou no radar de Hollywood ao ganhar destaque no drama
Um Conto de Esperança (1997) e no romance Oscar e Lucinda (1997). Este último,
aliás, foi bem recebido pela crítica na época do lançamento, preparando o
terreno para o primeiro (e consagrador) grande papel de Blanchett, uma indomável Rainha da Inglaterra em Elizabeth (1998).
Sob o viés épico de Shekhar Kapur (Honra e Coragem), Cate Blanchett
escreveu seu nome na história da Sétima Arte ao absorver com vigor a magnitude
desta respeitada monarca, revelando a sua aptidão para viver personagens
femininas fortes. O que, diga-se de passagem, se tornaria recorrente na sua
filmografia. Escolhida pelo realizador indiano após ele assistir ao trailer de
Oscar e Lucinda, Blanchett se tornou a alma desta premiada película,
conquistando generosos elogios do público e da crítica. Ao The Guardian,
Blanchett admitiu o choque com o seu repentino triunfo e admitiu certo
pessimismo após a realização do longa. "Você sabe, eu liguei para o meu
agente depois de fazer Elizabeth e disse: Eu acho que terminei minha carreira
antes mesmo de começar. Então, sim, fiquei completamente chocada com a forma
como esse filme foi recebido." confessou. Curiosamente, porém, a indicação
ao Oscar e as estatuetas de Melhor Atriz no Bafta, no SAG e no Globo de Ouro não
renderam tantos frutos num primeiro momento. Embora "prestigiada"
pela indústria, ela se viu inicialmente presa ao rótulo coestrelar. Ainda
assim, Blanchett exibiu a sua versatilidade em produções variadas. Mesmo
distante das grandes protagonistas, ela roubou a cena em títulos como
a elogiada comédia romântica O Marido Ideal (1999), o curioso thriller Alto
Controle (1999), o instigante suspense O Talentoso Ripley (1999) e o fraco
romance dramático Porque Choram os Homens (2000). Na busca por trabalhos mais
desafiadores, Blanchett fechou os anos 90 estrelando o suspense O Dom Da
Premonição (2000), um thriller paranormal tão instigante quanto subestimado.
Dirigido pelo criativo Sam Raimi (Uma Noite Alucinante), o longa mostrou a face
mais dramática da atriz ao narrar a história de uma vidente que se torna a
testemunha de um crime graças aos seus poderes paranormais. Trazendo no elenco
nomes como os de Keanu Reeves, Giovani Ribisi, Katie Holmes, Hilary Swank e J.K
Simmons, o longa não fez grande sucesso, mas mostrou que a australiana estava
preparada para brilhar em produções maiores.
Blanchett em Vida Bandida e O Senhor dos Anéis |
E a sua chance surgiu logo no início dos anos 2000. Reconhecida juntos
aos cinéfilos, Cate Blanchett entrou no radar do grande público com a comédia
de ação Vida Bandida (2001) e no épico O Senhor dos Anéis (2001). Dividindo a
tela com Bruce Willis e Billy Bob Thorton, ela, no primeiro, entregou uma das
personagens mais carismáticas da sua carreira, uma mulher neurótica envolvida
num triângulo amoroso com dois assaltantes. Num daqueles trágicos acasos do
destino, porém, o longa calhou de estrear na semana dos atentados de 11\09, um
período doloroso que explica o fracasso comercial da produção. O tão esperado
sucesso nas bilheterias, no entanto, veio na grandiosa adaptação da obra de
J.R.R. Tolkien. Na pele da poderosa elfa Galadriel, Blanchett adicionou mais
uma imponente personagem feminina para a sua coleção, se tornando um dos
inúmeros triunfos da majestosa obra de Peter Jackson. Com orçamento de US$ 93
milhões, A Sociedade do Anel faturou expressivos US$ 871
milhões ao redor do mundo, catapultando a carreira da atriz e de todos os
envolvidos no projeto. Transitando habilmente entre as pequenas e as grandes
produções, Cate Blanchett seguiu construindo uma filmografia sólida e
diversificada. Após brilhar no thriller Paraíso (2002) e retornar ao universo
da fantasia em O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002), ela voltou a encarar
uma marcante história real no comovente O Custo da Coragem (2003). Dando vida à
jornalista Veronica Guerin, uma mulher forte e independente que se insurgiu
contra o crime organizado irlandês na década de 1990, Blanchett elevou o nível
do irregular trabalho do diretor Joel Schumacher ao capturar a resiliência, a
ousadia e os mais sinceros medos desta fascinante personagem. Embora o filme
não tenha sido tão bem recebido pela crítica, principalmente pelo seu forte
teor melodramático, O Custo da Coragem deu a australiana a sua terceira
indicação ao Globo de Ouro, mostrando que uma grande atriz pode salvar qualquer
projeto.
Blanchett em O Aviador e Notas sobre um Escândalo |
Após trabalhar com o cultuado Jim Jamursch no elogiado Sobre Cafés e
Cigarros (2003) e com Ron Howard no esquecível faroeste Desaparecidas (2003),
Cate Blanchett iniciou uma daquelas sequências cada vez mais raras em
Hollywood. De volta a majestosa Galadriel, ela começou marcando uma pontual (e
relevante) presença no fenomenal O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003).
Vencedor de 11 estatuetas do Oscar, o último capítulo da trilogia faturou US$
1,19 bi ao redor do mundo, a maior bilheteria da carreira da atriz. Do
blockbuster para o cinema cult, Blanchett exibiu o seu inquestionável charme no
criativo A Vida Marinha de Steve Zissou (2004). Sob a virtuosa batuta de Wes
Anderson, ela interpretou uma curiosa repórter trabalhando ao lado de nomes do
porte de Bill Murray, Owen Wilson, Anjelica Huston, Willem Dafoe, Michael
Gambom e o brasileiro Seu Jorge. No ano seguinte, a atriz australiana entregou
uma das grandes performances da sua carreira no excelente O Aviador (2004).
Acostumada a interpretar mulheres fortes, Blanchett exibiu o seu refinamento ao
viver uma das grandes damas de Hollywood, a lendária Katherine Hepburn, uma
atuação fantástica potencializada pela direção intimista de Martin Scorsese e
pelo extraordinário trabalho do seu parceiro de cena, o astro Leonardo Di Caprio.
Muito mais do que um simples sucesso de público e crítica, O Aviador alçou a
sua carreira a um novo patamar ao lhe render o Oscar (o seu primeiro) de Melhor
Atriz Coadjuvante. Com a liberdade para brilhar em papéis cada vez mais
desafiadores, Blanchett seguiu explorando as suas múltiplas facetas. Após
retornar as origens no elogiado thriller australiano Sob o Efeito da Água
(2005), ela usou o seu prestígio em prol da sua arte, trabalhando com nomes do
quilate de Alejandro G. Iñarritu no intenso drama Babel (2005), de Steven
Soderbergh no esnobado noir O Segredo de Berlim (2006) e com o respeitado
Richard Eyre no elogiado Notas sobre um Escândalo (2006). Neste último, aliás,
Blanchett conquistou novas indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro ao viver uma
professora novata de passado nebuloso que, após se envolver com um dos seus
alunos, tem os seus segredos ameaçados pela severa diretora do colégio (Judi
Dench).
E a sua excelente fase não parou por ai. Num das atuações mais
surpreendentes da sua filmografia, Cate
Blanchett desfilou o seu talento ao viver o cantor Bob Dylan (foto acima) em Não Estou Lá
(2007). Dirigido por Todd Haynes, o longa deu a seis atores a oportunidade de interpretar
a lenda da música, entre eles Christian Bale, Heath Ledger e Richard Gere. A
australiana, porém, foi a única mulher entre os selecionados e roubou a cena ao
retratar a fase mais controversa da carreira de Dylan. Na sequência, ela
reviveu uma das suas maiores personagens no igualmente relevante Elizabeth: A
Era de Ouro (2007). Embora não tenha sido tão bem recebido pela crítica quanto
o antecessor, o longa marcou a volta de Blanchett a protagonista que a revelou,
expondo o amadurecimento e os conflitos políticos\íntimos da monarca com a sua
usual intensidade. Com estes dois expressivos trabalhos, inclusive, ela entrou para uma seleta lista ao ser indicada, num mesmo ano, ao
Oscar de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar. Antes dela apenas
sete mulheres* tinham conseguido feito semelhante, entre elas Juliane Moore
(por As Horas e Longe do Paraíso), Emma Thompson (Em Nome do Pai e Os Vestígios
do Dia) e Holly Hunter (O Piano e A Firma).
O ano de 2008, aliás, marcou um novo rumo na sua vida profissional. Após retornar ao universo blockbuster para viver a marcante vilã Irina Spalko no bem sucedido Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal (2008) e a charmosa bailarina Daisy (foto acima) no fantástico romance O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), Cate Blanchett decidiu pisar no freio. Ao lado do seu marido, o dramaturgo Andrew Upton, ela se tornou a diretora artística do Sidney Theatre Company, uma aposta praticamente inédita para uma realizadora do seu porte e indiscutivelmente arriscada. Ao The Guardian, ela falou sobre a decisão, lembrou os alertas recebidos e admitiu ter sentido medo de não conseguir uma nova chance. "Quando me afastei para dirigir a companhia de teatro muitas pessoas disseram: - Isso é um erro. Mas eu acho que isso me fez uma atriz melhor. Se não, eu sou uma maldita idiota. Mas você carrega esse medo. Quando eu estava me preparando para deixar (o teatro) eu pensei: Bem, eu já tenho 40 anos, não sei se eu terei uma carreira cinematográfica para voltar. E, em seguida, Blue Jasmine caiu no meu colo.", confidenciou a atriz lembrando o seu memorável trabalho com o veterano Woody Allen.
O ano de 2008, aliás, marcou um novo rumo na sua vida profissional. Após retornar ao universo blockbuster para viver a marcante vilã Irina Spalko no bem sucedido Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal (2008) e a charmosa bailarina Daisy (foto acima) no fantástico romance O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), Cate Blanchett decidiu pisar no freio. Ao lado do seu marido, o dramaturgo Andrew Upton, ela se tornou a diretora artística do Sidney Theatre Company, uma aposta praticamente inédita para uma realizadora do seu porte e indiscutivelmente arriscada. Ao The Guardian, ela falou sobre a decisão, lembrou os alertas recebidos e admitiu ter sentido medo de não conseguir uma nova chance. "Quando me afastei para dirigir a companhia de teatro muitas pessoas disseram: - Isso é um erro. Mas eu acho que isso me fez uma atriz melhor. Se não, eu sou uma maldita idiota. Mas você carrega esse medo. Quando eu estava me preparando para deixar (o teatro) eu pensei: Bem, eu já tenho 40 anos, não sei se eu terei uma carreira cinematográfica para voltar. E, em seguida, Blue Jasmine caiu no meu colo.", confidenciou a atriz lembrando o seu memorável trabalho com o veterano Woody Allen.
Após atuar com Ridley Scott no esquecível Robin Hood (2010) e fazer uma
ponta como a elfa Galadriel em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012), Cate
Blanchett mostrou que estava no auge da sua forma ao viver uma ricaça falida à
beira de uma crise de nervos no irregular Blue Jasmine (2013). Com uma
impagável entrega emocional, ela transitou com desenvoltura entre a comédia e o
drama, nos brindando com uma das mais particulares performances da sua
carreira. O processo de filmagens, no entanto, não foi dos mais fáceis. Segundo
Blanchett, Allen a tratava com uma "negligência benigna". Em
entrevista ao The Guardian, ela lembrou que o primeiro dia no set foi
"brutal". "Ele veio até mim e disse: - Isso é horrível e você é
horrível. Como se ele estivesse falando sobre outra pessoa, alguma outra atriz,
e que talvez eu pudesse ir e ter uma palavra com ela. E então, três semanas
depois, eu descobri que ele não gostava dos figurinos, não gostava dos lugares,
não gostava da cena. Ele disse: - Você deve me ajudar a resgatar esse filme.",
confessou. E ela ajudou. Um dos maiores sucessos recentes de Woody Allen, Blue
Jasmine rendeu à Cate Blanchett o Oscar de Melhor Atriz, a consagração de uma
obra indiscutivelmente singular. Fascinada pela imperfeição dos seus
personagens, a australiana seguiu à procura de novos e diversificados desafios.
Com George Clooney ela co-estrelou o ingênuo drama de guerra Caçadores de Obras-Primas (2014). Com Peter Jackson
assombrou o público com uma memorável participação espacial no irregular O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014). Com Terrence Mallick tentou
salvar o fraco romance dramático Cavaleiro de Copas (2015).
Em 2015, aliás, Cate Blanchett esbanjou versatilidade ao estrelar três
produções completamente distintas. Escolhida a dedo por Kenneth Branagh, ela
roubou a cena ao viver uma nova vilã, a ardilosa Madrasta Má, na lucrativa adaptação em live-action do clássico Cinderela. Do sucesso comercial ao êxito artístico,
a australiana entrou novamente no radar das grandes premiações ao protagonizar um
romance lésbico no extraordinário Carol (foto acima). Na pele de uma mulher divorciada
envolvida num caso de amor com uma pacata vendedora (Rooney Mara), ela desfilou
o seu charme e maturidade ao criar uma protagonista sedutora, uma mulher forte e independente oprimida pelo preconceito e pela ignorância. Uma
atuação fenomenal que, impulsionada pela condução refinada do diretor Todd
Haynes, rendeu a sua sétima indicação ao Oscar e a nona ao Globo de Ouro. Durante o período de divulgação do longa, aliás, Blanchett não se omitiu do
debate em torno do preconceito e da igualdade de gênero. Ao The Guardian, ela
admitiu a urgência do tema, mas frisou que não tinha interesse no teor
panfletário. "Bem, o fato de estarmos falando sobre isso significa que
ainda existem barreiras. É como a situação com as mulheres no cinema - ou,
francamente, as mulheres em todas as indústrias - não sendo pagas do mesmo modo
que os homens. Você deve mantê-lo na agenda. Você deve manter isso politizado.
Mas não estou muito interessado no cinema de propaganda. Esse é o domínio do
documentário. É aí que pertence o jornalismo investigativo." afirmou a
atriz. Por falar no tema, Blanchett voltou a interpretar uma jornalista no
subestimado Conspiração e Poder (2015). Dividindo a cena com os talentosos Robert
Redford, Dennis Quaid e Elizabeth Moss, ela esbanjou intensidade ao viver a
astuta Mary Mapes, uma produtora destemida que se viu envolvida numa grande
denúncia envolvendo o ex-presidente George W. Bush.
Com charme, carisma e uma entrega cênica de fazer inveja a qualquer
estrela da nova geração, Cate Blanchett mostrou em Thor: Ragnarok os motivos
que a transformaram numa das atrizes mais versáteis da atualidade. Na pele da
imponente Hela, a australiana entendeu a proposta cômica idealizada por Taika
Waititi, criando uma figura propositalmente afetada, mas sedutora e
naturalmente ameaçadora. Mesmo com pouco tempo de tela, Blanchett rouba a cena
ao valorizar cada gesto da sua personagem, uma performance recheada de
maneirismos capaz de transformar a deusa da morte numa das vilãs mais marcantes do
Universo Marvel. Em entrevista ao Entertainment Weekly, Blanchett falou sobre a
oportunidade de viver a primeira grande antagonista do MCU e admitiu ter se
surpreendido com o fato. "Você acredita nisso? Você pode acreditar que, em
2017, estamos tendo essa conversa e estamos falando sobre a primeira vilã? É
ridículo. Há muita vilania potencial inexplorada em mulheres. É realmente
emocionante. Eu acho que finalmente está começando a ser reconhecido que
mulheres e homens querem ver personagens diversificados, e isso é raça, gênero
em todo o espectro sexual.", constatou a atriz. Ela, inclusive, não fugiu
da raia ao explicar os motivos que a levaram aos filmes de super-heróis.
"Bem, vamos encarar: como mulher, essas oportunidades não surgiram no
passado com muita frequência e acho que há uma revolução acontecendo dentro da
Marvel", frisou a realizadora afirmando também que foi fisgada pela
inusitada presença do diretor neozelandês Taika Waititi. Com a coragem e a entrega
física necessária para topar novos desafios deste nível, Cate Blanchett usou as
suas múltiplas facetas em prol da arte de atuar, realçando a humanidade\feminilidade das
suas personagens em produções de todos os tipos e para todos os gostos. Isso que eu chamo de uma atriz completa.
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