Antes de qualquer coisa, que filme legal. Cheio de atitude e energia, Nós Somos as Melhores! mostra através de duas jovens e inseparáveis adolescentes toda a pegada transgressora que popularizou o punk rock. Conduzido com extremo naturalismo pelo sueco Lukas Moodysson (Corações em Conflitos, Para Sempre Lilya), o longa explora com rara felicidade o espírito indomável deste gênero underground, utilizando o bom e velho rock 'n' roll como um pano de fundo para uma história de amizade, respeito e amadurecimento. Tudo isso embalado por uma trilha sonora afiada e pelas carismáticas presenças das personagens Klara e Bobo, duas jovens que aprenderam desde cedo a lutar por seus ideais, promovendo uma pequena e vigorosa revolução nos corredores da escola.
Apostando em diálogos incrivelmente leves, recheado de discussões ingênuas e completamente inerentes a esta faixa etária, o argumento assinado por Moodysson, inspirado na HQ homônima de sua esposa Coco Moodysson, nos leva de volta aos anos 80 ao mostrar a rotina das jovens de treze anos Klara e Bobo. Enquanto a maioria das meninas cultivava cabelos longos e celebrava as músicas pop, as duas deslocadas adolescentes viviam no seu próprio mundo, cultivando riffs de guitarra, cortes moicanos e roupas completamente estilizadas. Apesar da enorme autoestima, Klara e Bobo passam a se sentir incomodadas quando um grupo de colegas, membros de uma banda de hard rock, as ofende moralmente. Revoltadas com tal situação, as duas resolvem dar um contragolpe e reservam um horário na sala de música do colégio, impedindo que eles seguissem os seus ensaios. Mesmo sem saber tocar qualquer instrumento, as duas começam a compor as suas próprias músicas, tirando proveito da filosofia punk do "faça você mesmo". Dispostas a encontrar um novo membro para o grupo, elas acabam esbarrando na talentosa Edwig (Liv LeMoyne), uma isolada musicista católica que em nada combinava com o estilo da banda. Juntas, no entanto, Klara e Bobo começam a mudar a realidade desta recatada jovem, construindo uma amizade repleta de respeito e rock 'n' roll.
Levando o sentimento anárquico do punk rock para a rotina de três adolescentes, Lukas Moodysson é habilidoso ao explorar a essência deste gênero musical de maneira inocente, completamente integrada ao confiante discurso de Klara e Bobo. Enquanto os 'Sex Pistols' defendiam a revolução dizendo que "Não há futuro nos sonhos da Inglaterra", o trio levanta a sua bandeira contra as aulas de educação física no seu hit chiclete "Hate the Sports". Em meio a afirmações rasas, repletas de "eu odeio" ou "maldita coisa", o argumento é criativo ao explorar os dilemas desta fase da vida, discutindo com extremo bom gosto temas como o primeiro amor, a descoberta da beleza e o respeito às diferenças. Através de um texto impecavelmente natural, que transforma a realidade daquelas jovens em algo completamente universal, o diretor utiliza com inspiração o cenário do punk rock para levantar também questões mais complexas, a maioria delas envolvendo o choque cultural e o papel da religião na formação de uma jovem. Numa das melhores cenas do longa, aliás, a mãe religiosa de Edwig repreende Klara e Bobo de maneira fantástica, provando por a + b os malefícios desta tentativa de impor - a qualquer custo - uma determinada doutrina ou ideologia.
Explorando o cenário musical sueco do início da década de 1980, o grande trunfo de Nós Somos as Melhores! fica pelo talentosíssimo elenco. A começar pela vibrante Mira Grosin, totalmente à vontade como o furacão Klara. Cheia de atitude e indolência, Grosin dá vida a uma personagem alto astral, que naturalmente se torna a líder deste cativante grupo. O centro das atenções, no entanto, fica para Mira Barkhammar, expressiva como a simpática Bobo. De longe a personagem mais complexa do longa, é a baterista a integrante mais frágil do grupo, sempre incomodada com a sua aparência andrógina e com a necessidade de acompanhar a reluzente Klara. Sem recorrer aos clichês do gênero, o roteiro é sútil ao construir esta poderosa relação de amizade, tirando um belíssimo proveito da abundante química entre as duas atrizes. Na verdade, em muitas sequências, a impressão que fica é que o diretor simplesmente deixa a sua câmera ligada e pede para as duas conversarem como se estivessem em seus respectivos quartos. O mesmo, aliás, acontece com a contida Liv LeMoyne, impecável como a virtuosa Edwig. Defendendo a sua fé de maneira convincente, a guitarrista da banda passa por uma grande transformação sem perder a sua essência, se tornando uma espécie de pilar dentro desta banda.
Carregando um inestimável discurso de autoafirmação, Nós Somos as Melhores! pincela um apaixonante retrato sobre a juventude ao acompanhar a curiosa jornada de um trio de adolescentes adeptas ao rock 'n' roll. Explorando a encantadora dinâmica entre as jovens protagonistas, o diretor Lukas Moodysson encontra no texto leve e objetivo um caminho seguro para dialogar com as novas gerações, fazendo da energia do punk rock o estopim para um sincero e bem vindo grito de liberdade.
Levando o sentimento anárquico do punk rock para a rotina de três adolescentes, Lukas Moodysson é habilidoso ao explorar a essência deste gênero musical de maneira inocente, completamente integrada ao confiante discurso de Klara e Bobo. Enquanto os 'Sex Pistols' defendiam a revolução dizendo que "Não há futuro nos sonhos da Inglaterra", o trio levanta a sua bandeira contra as aulas de educação física no seu hit chiclete "Hate the Sports". Em meio a afirmações rasas, repletas de "eu odeio" ou "maldita coisa", o argumento é criativo ao explorar os dilemas desta fase da vida, discutindo com extremo bom gosto temas como o primeiro amor, a descoberta da beleza e o respeito às diferenças. Através de um texto impecavelmente natural, que transforma a realidade daquelas jovens em algo completamente universal, o diretor utiliza com inspiração o cenário do punk rock para levantar também questões mais complexas, a maioria delas envolvendo o choque cultural e o papel da religião na formação de uma jovem. Numa das melhores cenas do longa, aliás, a mãe religiosa de Edwig repreende Klara e Bobo de maneira fantástica, provando por a + b os malefícios desta tentativa de impor - a qualquer custo - uma determinada doutrina ou ideologia.
Explorando o cenário musical sueco do início da década de 1980, o grande trunfo de Nós Somos as Melhores! fica pelo talentosíssimo elenco. A começar pela vibrante Mira Grosin, totalmente à vontade como o furacão Klara. Cheia de atitude e indolência, Grosin dá vida a uma personagem alto astral, que naturalmente se torna a líder deste cativante grupo. O centro das atenções, no entanto, fica para Mira Barkhammar, expressiva como a simpática Bobo. De longe a personagem mais complexa do longa, é a baterista a integrante mais frágil do grupo, sempre incomodada com a sua aparência andrógina e com a necessidade de acompanhar a reluzente Klara. Sem recorrer aos clichês do gênero, o roteiro é sútil ao construir esta poderosa relação de amizade, tirando um belíssimo proveito da abundante química entre as duas atrizes. Na verdade, em muitas sequências, a impressão que fica é que o diretor simplesmente deixa a sua câmera ligada e pede para as duas conversarem como se estivessem em seus respectivos quartos. O mesmo, aliás, acontece com a contida Liv LeMoyne, impecável como a virtuosa Edwig. Defendendo a sua fé de maneira convincente, a guitarrista da banda passa por uma grande transformação sem perder a sua essência, se tornando uma espécie de pilar dentro desta banda.
Carregando um inestimável discurso de autoafirmação, Nós Somos as Melhores! pincela um apaixonante retrato sobre a juventude ao acompanhar a curiosa jornada de um trio de adolescentes adeptas ao rock 'n' roll. Explorando a encantadora dinâmica entre as jovens protagonistas, o diretor Lukas Moodysson encontra no texto leve e objetivo um caminho seguro para dialogar com as novas gerações, fazendo da energia do punk rock o estopim para um sincero e bem vindo grito de liberdade.
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